Encontrei esta interessante foto de Baryshnikov como São Sebastião... Como sou um grande fã de “Misha” guardei-a, pensando um dia em transformá-la numa postagem. Era, mal sabia eu, o começo de uma longa e confusa pesquisa e estória...
Realmente, uma coisa leva a outra… e por incrível que pareça (e se isto é possível !) acho que andei “tertuliando” comigo mesmo: revi o quadro de São Sebastião de Botticelli (abaixo) e dei de cara com um dos casos mais incríveis de “popularidade” que conheço!
Lembrando-me de quantas cidades no Brasil, Portugal e outros países devem seu nome a ele (Até minha cidade natal que tradicionalmente chama-se por completo São Sebastião do Rio de Janeiro assim como sua horrorosa catedral no centro da cidade!), “tropecei” em nomes divertidíssimos como São Sebastião da Amoreira (no Paraná), São Sebastião de Lagoa de Roça (na Paraíba), São Sebastião do Uatumã (no Amazonas) assim como várias outras como uma perto de Lisboa, outra em Setúbal, Loulé e até nos Açores! Ao total mais de cem só em terras de fala portuguesa! E quantas mais nos países de "Habla Española"... Além disto encontrei várias até aqui na Austria, na Alemanha, na Itália... À estas alturas parei minhas pesquisas geográficas.
Pensei no lado “padroeiro”, “protetor” mas aí descobri que São Sebastião é padroeiro dos que estão à beira da morte, dos ferreiros, dos que fazem cerâmica, dos jardineiros, dos fabricantes de escovas, dos policiais, dos soldados, dos inválidos de guerra, dos fabricantes de armas, dos que constróem túmulos, dos que carregam caixões e por aí vai a lista... além de tudo ele foi o padroeiro contra a peste (de 680) e é o protetor da polícia de Munique e de toda a polícia da Itália! Abaixo o quadro de Mantegna.
Desde a Renascença as imagens de São Sebastião levam pouquíssima roupa, tem às vezes até uma atitude lasciva, possuem um simbolismo nas flechas penetrando seu corpo e um que erótico, até de “extase” em seu rosto numa mistura de dor e prazer... Um certo “culto gay” foi inspirado a partir do século XIX pelas obras de mestres da Renascença e do Barroco como Tintoretto, Mantegna, Titian, Guido Reni, Giorgine, Botticelli. São Sebastião também aparece em trabalhos de Frank O’Hara, Marsden Hartley, F.Holland Day, Marcel Proust e até atualmente de Pierre et Gilles! Qual minha surpresa ao descobrir que muitos Gays tem uma grande afinidade com São Sebastião e que o consideram seu padroeiro!
E a transformação de sua imagem ao decorrer dos séculos: No século V ele era um guerreiro com um adaga e uma lança (pelo que me lembro à la São Jorge)!
Nos quadros germanicos e holandeses ele está, na maioria das vezes, coberto de feridas, nada como acima no quadro de Guido Reni.
Mas quem foi realmente este Santo? Aqui uma versão:
Um oficial da Guarda Pretoriana em Roma, que assumiu públicamente ser Cristão ou seja, teve seu “coming-out”. Por este motivo o Imperador Diocleciano sentenciou-o à morte por flechadas – e este é o momento que conhecemos dos quadros, das imagens, como também no quadro, abaixo, de Perugino.
Ele porém não morreu e uma viúva chamada Irene tratou-o, curando-o. Mas Sebastião voltou a Dicleciano (que insistente... ) e desta vez foi realmente morto num circo à pauladas. Jogaram seu corpo na “Cloaca Maxima” perto do Tibre mas ele foi resgatado pelos Cristãos que o enterraram nas “Catacumbas”. O resto da estória conhecemos: ele foi canonizado.
Existe também uma outra versão que conta que por causa de sua beleza Sebastião despertou o interesse do Chefe da Guarda Pretoriana (ou do Imperador) e como negou seu afeto, foi sentenciado à pena de morte (Acima o trabalho de Pierre et Gilles).
Uma foto atualíssima:
Até o ex-policial transformado em modelo, Sebastien Moura, foi fotogrado há pouco tempo como Sebastião.
Um mito que hoje em dia ainda parece ter um sabor de atualidade!
De qualquer forma; que popularidade, não? Imaginem só o fato de ter sido pintado por tantos mestres... e mencionado por tantos pensadores... e ainda por cima ser padroeiro em tantas partes do mundo e de tantos grupos de trabalho. Sebastião, para voce, realmente: Chapeau!
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