Tenho que dizer... esta é uma longa postagem... mas para os aficionados ao Ballet... quem sabe?
Roberto Bolle não pertence a lista dos meus bailarinos realmente preferidos. Ele é técnicamente maravilhoso, tem uma linda figura em cena, possui musicalidade… Passa-me porém uma impressão completamente estática. Como se sua dança fosse só o que se encontra entre duas poses… Muito longe daquela fluidez de movimentos que, aliás, os russos dominam maravihosamente, muito longe daquela poesia que é o nunca “congelar-se” numa pose…
Movimento…
Lembro-me de te-lo visto aqui em Viena, na nossa “Staatsoper” e de não ter ficado nada impressionado com aquele bailarino que achei “certinho demais”, com aquele bailarino que tinha cara de ser o “genro dos sonhos de toda mãe” ou de ter sido um “menino exemplar na escola”. Não entendi a publicidade, o marketing que estava sendo feito: onde estava a criatividade de um Baryshnikov? O impacto que um Richard Cragun causava ao entrar em cena? O ator “danado” que era um Dowell? O “animal” Nureyev? A presença de um Vassiliev?
Anos depois recebi de uma conhecida "Excelsior"... Uma das grandes jóias do mal-gosto do Ballet italiano (recomendo muito!). Este Ballet reconfirmou não só minha opinião sobre as produções italianas mas também minha primeira impressão sobre Bolle: estático.
Engraçado é que vendo alguns de seus videos no Youtube encontrei uma entrevista muito pessoal. E várias sequencias numa sala de aula com ele à “barra”. Dei-me conta de como bom ele é - na sala de aula.
Mas quase esquecia-me do real motivo desta postagem: a “máquina” chamada Marketing…
Aurea Hammerli escreveu-me há pouco tempo estas palavras sobre Antoinette Sibley: “Tem tantas lindas bailarinas que são esquecidas em termos de publicidade..... “.
Nem só isso…
Roberto Bolle-Superstar está “a mil”, fazendo tudo o que pode: bailarino,
modelo de "catwalk",
modelo fotográfico,
objeto de livro de Bruce Weber,
pin-up,
pin-up gay,
símbolo sexual…
A poderosa máquina chamada “Marketing” produz mais uma vez um “Superstar”.
Temos um exemplo bem parecido no nosso Brasil. No Ballet. Uma pura criação da união de publicidade e proteção junta à chamada “flexibilidade” de querer mobilizar toda a “mídia” fazendo o que quer que seja…
O que porém mais me fascina em Roberto é esta insistencia em mostrar o corpo. Gradativamente ele usa menos e menos roupa no palco – o que me faz ponderar se o público italiano vai assistir Ballet pelo Ballet em si ou se, com uma campanha publicitária bem estruturada, está conseguindo levar um “novo público” para os teatros, uma espécie de “following” (groupies?), que só vai assistir espetáculos para admirar Mr.Bolle “sex symbol” e sem roupa. Não o Ballet.
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(Aqui Excelsior com o Duo Bolle/ Seabra)
Parece-me que em qualquer material que voce possa ler sobre ele, sempre aparece uma foto dele nu…
Em épocas em que se fala tanto sobre a “humilhação” passada pelas mulheres já que muitas vezes são reduzidas a objetos puramente sexuais na publicidade, Roberto Bolle transforma a imagem do bailarino à uma redução da mesma classe... "Marketizando" o seu corpo.
A "loucura" de tudo isso é que toma-se até uma grandíssima liberdade com os clássicos para acomodar a “imagem” de Bolle.
"Giselle”, numa nova montagem do teatro de San Carlo (Nápoles), conta agora com uma cena de nú para satisfazer o “following” de Bolle. Pelo o que se ve neste video a cena parece estar completamente fora do contexto bem, não consigo imaginar uma razão plausível para Albrecht aparecer no traje de Adão. Qual o motivo na estória para justificar um nu? (Ou será que sua noiva colocou toda sua roupa na máquina de lavar para ele nao poder ir visitar o túmulo de Giselle?). Adeus ao Albrecht de Baryshnikov.
Existem tantos Ballets para bailarinos semi-nús… ou se pelo menos remontassem os Ballets de Ted Shawn para ele… Mas “Giselle”? Qual será o próximo passo? Um nú em “O Quebra-Nozes”?
Sim, Roberto é um belíssimo rapaz que está usando o Ballet como uma escada para chegar a outros lugares. É bom ve-lo pois seu visual é, especialmente quando se fala de uma beleza clássica, muito agradável.
Mas eu me pergunto: o que tem tudo isto que ver com Ballet????????
Italia mia, che cosa fai?????
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Um comentário:
que homem belissimo!!é perfeito demais!!Mayara Pitanga!
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