Comentário da “redação”: Nossa, esta postagem saiu longa! Foram dias e dias do maior “brain-storming” para me lembrar de tantas coisas. E estou certo que esqueci de centenas de outras... Já estou curioso com os “inputs” e com as lembranças de todos!
Tantas coisas que vivemos e tivemos na nossa infancia são referenciais para o resto de nossas vidas. Passei minha unfancia em Copacabana, numa época em que não éramos tao massacrados pelo “consumo” como hoje em dia, mas mesmo assim existiam coisas que “tínhamos” que ter e que faziam parte do “status” que possuíamos ainda na escola primária (A coisa ficou anos depois mais séria e complicada quando na adolescência descobrimos “Marcas” e “Griffes”): Os brinquedos quando não importados ou enviados ou por meus avós da Austria ou por minha tia que morava em Londres, eram da “Estrêla”... Joguinhos (“Memória”), brinquedos mais básicos (“Bambolê”) e até invenções geniais (Quem se lembra do “Fio Mágico” que parecia uma pistola e na frente tinha uma espécie de fio de arame que esquentava e com este podíamos cortar isopor perfeitamente? Como eu gostaria que isto ainda existisse... logo na Europa onde as vezes necessitamos cortar isopor para fins de isolação...).
O mais engraçado era que todos nós tínhamos os mesmos brinquedos. Do velocípede ao Autorama e até aos bonequinhos de plástico de Walt Disney que acompanhavam as garrafinhas de Coca-Cola (ou as de Crush? De Grapette? Nao me lembro mais)
até aquele joguinho de “Varetas”... ou “Monopólio”...
Ser “igual” era um “Must”. Num ponto porém eu não era... Na minha casa a comida sempre foi meio diferente da casa dos meus amigos... Comíamos muito “Gulasch” com bolinhos de pão, assados diferentes, peixes defumados, Liptauer e queijo de primavera com pão preto e pepinos em conserva, muitas Panquecas bem fininhas com geléia ou açúcar e canela acompanhadas de um bom chocolate quente aos domingos e festejávamos a Páscoa em grande estilo comendo fillets de “Haddock” cozidos no leite, o que meus amiguinhos achavam estranho pois eles só ganhavam ovos de Páscoa e assistiam aqueles filmes deprimentes nos quais Jesus só aparecia de costas(!!!!!!).
Mas esta, às vezes maravilhosa, influência européia vinda do meu pai, deixou-me adorando coisas que eu só via nas casas 100% brasileiras. Casas onde na hora do lanche eram servidos biscoitinhos Maria com Manteiga, onde se tomava suco de Cajú “Maguary”, onde se comia pastéizinhos feitos de Massa “Nápoli”. Casas onde o lanche de domingo tinha Guaraná, Q-Suco (ou Ki-Suco?),
e Pão doce com aquele creme amarelo (e perigosíssimo) de qualquer padaria.
Casas nas quais as sobrêmesas eram “Gelatina Royal” (e não pudim de Sêmola com suco de groselha quente ou “Apfelstrudel”, que hoje em dia amo!).
Meu pai orgulhava-se de uma geléia que comíamos em casa (“Homemade”) e dos frios da “Santo Amaro” de São Paulo, na melhor tradição alemã/austríaca... Eu achava o máximo quando era convidado para comer fora de casa e comia geléia (ou era marmelada) da “Cica” (terrível!) e aquelas salsichinhas em lata (estas nem mencionar!). Bem, certas coisas eu realmente não voltaria a comer mas outras, Uhmmm! Na nossa casa nunca entrou nem “Pão frances” nem coentro... Tudo o que hoje “amo”!
Acho que meu pai nunca tocou num livro de Jorge Amado, apesar de amar “Stanislaw Ponte Prêta” (o fabuloso Sérgio Porto... lembram do “Samba do crioulo doido”??? Hoje em dia título políticamente meio incorreto, nao?) e seu “Febeapá”... lembram? O FEstival de BEsteira que Assola o PAís! Sérgio Porto também tinha suas "Certinhas do Lalau" - lista esta na qual apareceram nomes como Carmen Veronica, Iris Bruzzi, Elisabeth Gasper, Neide Aparecida e tantas outras... Mas, tirando a parte “gastronômica” e “literária” éramos na maioria das vezes todos parecidos...
Todos tínhamos uma Televisão (Acho que a nossa era uma “Philco”) com aquele seletor de canais rotativo – e todos nós tínhamos que nos levantar para trocar de canal. No Rio "pegávamos" a TV Excelsior (2) com suas boas novelas... "Os quatro filhos", "A megera domada", "Redencao",
a “TV Globo” (4) ainda com as novelas de Glória Magadan – durante o “reinado” dew Ioná Magalhães - com o seu “Padrão Globo de Qualidade” ainda sendo desenvolvido por Walter Clark) , a “TV Tupi” lá na Urca (6)
onde Neide Aparecida fazia anúncios dos brinquedos nos intervalos do “Teatrinho Trol” (mas a querida da garotada era "Norminha Blum" que sempre era a heroina, a "boazinha"!),
a “TV Continental” (9) e a “TV Rio” (13), que era lá no posto seis de Copacabana.
Existiam muitos progamas de música e cantores como Doris Monteiro, Lenny Everson, Lana Bittencourt, Carlos José, Ivon Cury, entre outros, tinham sua fama...
Vimos o anúncio da Danone, revolucionar a publicidade no Brasil...
E nossos pais fumavam - era chic, nao? - os mesmos cigarros. O meu fumava “Minister”.
Todos colocavam “Um Tigre no seu carro”...
mas, morando em Copacabana, ir ao centro, tomar lanche na “Mesbla” era “longe” assim como a Sorveteria do “Moraes” no Leblon... Só no fim-de semana!
As revistas mais lidas eram “Manchete”, “Fatos e Fotos” e “O Cruzeiro” (Não era aqui que aparecia o “Amigo da Onça” na última página?). Os jornais eram “O Jornal do Brasil”, “O Globo”, ambos como até hoje, mas existiam também “O Correio da Manha”, “A última Hora” e até o sensacionalista “O Dia”. As “nossas” revistinhas eram “O Pato Donald”, “Mickey”, “Tio Patinhas”, “Luluzinha”, “Super Homem”, “Super Boy”, “Ferdinando” – Mônica e Cebolinha ainda não haviam sido criados. Amávamos na TV “Os Fintstones”, “Pepe Legal”, “Zé Colméia” e “Os Jetsons”. Eu comprava minhas revistinhas aos sábados na “Banca” do “Seu Atílio” (Esquina de Av.Copacabana e Rua Dias da Rocha). Todos frenquentávamos os lindos Cinemas de Copacabana. As primeiras televisões a cores (monstros imensos de uma profundidade assustadora) apareceram só nos anos 70. Como meus amiguinhos íam lá para casa ver nossos desenhos-animados...
Comprava-se Pipoca e “picolé” da Kibon nas carrocinhas da esquinas (E aqueles Senhores de branco que vendiam uns espetinhos de uvas carameladas? Nunca provei). Mandava-se amolar as facas com o amolador, que tinha uma máquina barulhentíssima. Na praia uns coitadinhos vendiam “Mate-Limão” debaixo daquele sol sem piedade! Os taxis não tinham ar-condicionado e os chauffeurs usavam gravata!!!!! Os açougues eram um horrores cheios de sangue e vacas inteiras ficavam de cabeça para baixo, penduradas (Admiro-me que não viramos todos vegetarianos!). Na Rua Barata Ribeiro havia uma loja que vendia galinhas e frangos vivos. Todos passavam pelo outro lado da rua – o cheiro era insuportável!
Todas as empregadas tinham um “radinho” (as vezes de pilha) na cozinha. O leite era em garrafa (depois era vendido em sacos, que furavam por qualquer coisa... ). Todo mundo foi ver as obras do “Calçadão” da praia de Copacabana, a Abertura do Corte do Cantagalo e a Rainha Elizabeth com Prince Philipp quando passearam de carro-aberto pela Avenida Atlântica durante sua visita ao Rio... O terrorismo ainda não tinha sida descoberto...
Haviam assaltos e roubos mas não como hoje. O Rio de Janeiro vivia cheio de turistas e a “Garôta de Ipanema” (..é ela menina que vem e que passa!) tinha acabado de “passar”.
Todos ficamos em casa, assustados com as notícias do desabamento do elevado Paulo de Frontin no Rio Comprido ou, numa outra ocasião, com o incêndio do Edifício Andraus em São Paulo. Todos assistimos “Miss Guanabara”, “Miss Brasil” e “Miss Universo”. E a todos os festivais de “Canção” no Maracanãzinho pela televisão... O FIC (Festival internacional da Canção) assim como os concursos de fantasia durante o carnaval! Clóvis Bornay, Evandro Castro Lima e Wilza Carla pareciam ganhar todo ano!
E como faltava água no Rio de Janeiro...
E a Av. Copacabana?
Toda criança que “se prezasse” era apanhada na porta de casa pelo Onibus da escola particular e usava “Japona” de la (azul marinho, por favor!) comprada no Pavilhão (onde fui visitar o “Capitao Furacão”) na Avenida Copacabana, alí, bem ao lado do “Bicho-da-Sêda” que está na esquina da Constante Ramos. Sim, o Pavilhão se encontrava entre uma loja de brinquedos (que depois transformou-se na “Entrelivros”) e o “Bicho-da-Seda”. Atravessando a “Constante” se chegava à “Ducal” (uma loja de Roupa masculina) e passando para o outro lado da “Av.Copacabana” estava a “Polar” (loja de calçados). Fazendo a volta completa, ou seja, cruzando-se a Constante Ramos de novo, chegáva-se ao Supermercado “Gaio Marti” e ao lado deste existia uma casa de lanches (da qual eu adorava a “Pizza”): “A Brasiliana”. Seguindo-se em direção à Rua Santa Clara passava-se pelo “Helio Barki” (boa loja de cama-e-mêsa, com vários andares e com uma filial do lado oposto da Av.Copacabana), pelo “Cinema Copacabana”, pelo “Mercadinho Azul” (onde comprei muitos disquinhos compactos para a minha vitrolinha portátil, inclusive “Satisfaction” dos Rolling Stones que eu cantava aos berros aos 5 – sim, cinco – anos de idade em 1965! A loja, lembrei-me, chama-se “Copadisco”... a “Modern Sound” também nao existia... foi criada no final dos anos 60 e era uma “lojinha” só). Passando pelo Cinema Arte-Palácio, via-se já a linda “Sloper” e as “Lojas Brasileiras” (onde eu comprava moedinhas de chocolate, Balas Soft - que eram duras! - e Drops Dulcora!) do outro lado da Avenida
e aí era só um pulinho para passar pelo Metro Copacabana, a sorveteria “Zero”, o “Cirandinha” (que existe até hoje, graças a Deus, com seus cajuzinhos, olhos-de-sogra, brigadeiros e um “divertissement” de salgadinhos bem engordativos!) e a “Barbosa Freitas”, uma loja de departamentos linda, que lembrava, com suas escadarias, boas vendedoras e bom serviço de atendimento, a um magazin em Paris... Bem, se continuássemos pela Av.Copacabana (uhmmm... o sanwich “angélico” do “Gordon”!) e a atravessásse-mos chegaríamos na “Galeria Menescal” (uma jóia arquitetonica dos anos 40) – e qual era a criança que não ficava encantada com aquela loja de flores que tinha “água escorrendo” pela vitrine?????
Antes de ir para escola se assistia no canal 4 “Unidinitê” com a Tia Fernanda e um pouquinho do National Kid em suas inesquecíveis aventuras e lutas contra os “Inca-Venuzianos” que gritavam “Auíka!” (Sei cantar a canção de abertura até hoje, num “japones” inventado...) .
Os tempos passaram, tudo mudou, a infância se foi e Copacabana transformou-se quase num outro bairro sem seus cinemas, sem sua linda Confeitaria Colombo e boas Lojas.
Mas uma coisa aconteceu durante uma estadia no Rio que foi extremamente interessante. Foi supreendente constatar que na maioria de casas de pessoas, que não se desfizeram dos seus “discos”, ainda são encontrados muitos discos que “Todos” compravam (e que “tinha-se” que ter!).
Comprava-se na época muitos discos com trilhas sonoras de filmes... e esta foi a real “inspiração” para esta postagem que ficou um pouco mais longa do que o previsto já que nao consegui freiar as memórias que estas capas de disco trouxeram...
A Volta ao mundo em 80 dias – que produção mais incrível...
A Noviça Rebelde – quem nao viu na época? Eu assisti não sei quantas vezes!
Glen Miller Story – com James Stewart & June Allyson,
My Fair Lady – nao faltava em nenhum lar. Já a versão com Bibi Ferreira e Paulo Autran não vi muito,
Mary Poppins – que não podia faltar em casas com criança! Este filme foi meu primeiro encontro com Julie Andrews, que transformaria-se numa paixao para a vida toda.
Candelabro Italiano – Suzanne Pleshette (oh, que linda!) e “Aldi lá”,
Born Free com a orquestra de Percy Faith (“Livre”, que também era cantada em portugues por Agnaldo Rayol... )
E para os mais modernos, principalmente para a minha prima:
Chubby Checker – que também foi muito tocado quando meus pais davam festas para dançar o « Twist «,
Rita Pavone, juventude "transviada",
a « terrível » Gigiola Cinquetti,
Tijuana Brass,
Sergio Mendes
e para finalizar esta seleta lista : Trini Lopez
Tudo isto para não mencionar os compactos : Quem se lembra do sucesso «Pata-Pata » da sulafricana, já falecida Miriam Makeba?
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