quinta-feira, 21 de maio de 2009

Mendelssohn-Bartholy, o rádio, um momento em Viena...



A caminho do trabalho ontem (20.05.2009), como quase todos os dias, ouvi meu programa preferido de rádio: „Pasticcio“ (Vide minha postagem de 27.03.2009 e na qual escrevi: Eu “vibro” como este programa aborda os mais diferentes temas – às vezes ao mesmo tempo. Isto sim para mim é uma visão universal de encarar a arte. Sem preconceitos. Sem “rótulos”.).

Ontem, os temas deste programa, que normalmente vão se encadeando e embaralhando uns nos outros, numa fusao quase organica, realmente me interessaram demasiadamente e culminaram numa imagem tão linda que tenho necessidade de preservá-la aqui em papel. Para voces. Para mim.

Falava-se sobre Felix Mendelsson-Bartholdy (1809-1847), o compositor alemão, chamado por Robert Schumann de “Mozart do século 19” (e que por razões anti-semitas, culminadas na destruição de um monumento dedicado a ele em Leipzig, teve sua música proibida durante o regime “nacional socialista”, mais conhecido como "Nazista"!). Os comentários e fatos ao rádio estavam interessantíssimos... de sua família à musicalidade de sua irmã Fanny, de encontros com Weber ou Rossini à sua “Ouverture” do Sonho de uma Noite de Verão... Até sobre os (infelizes) escritos de Richard Wagner de 1850 (“O Judaísmo na Música”) foram feitos comentários. Estes sao os escritos que muito contribuíram para o fato de Mendelssohn – quase 100 anos depois de sua morte – ter sido “proibido” na Alemanha. Teorias eloquentes porém muito tendeciais e quase (como digo) "fundamentalistas" (pensem no público de Bayreuth... mais sobre este fundamentalismo musical um outro dia!) de Wagner que foram confundidas e misturadas (propositalmente) com as intencoes do partido Nazista.

De volta ao programa do rádio: rápido e flexível, “Pasticcio” prima por esta cadeia incansável e incessável de pensamentos. Como numa conversa durante uma boa e animada “Tertúlia”. Fascinante.

Ao tocarem no nome de um certo Banqueiro vienense (Não Rotschild, este já havia, por sorte, conseguido fugir daqui!), a seguinte estória foi contada:
Imaginem um apartamento de Mezzanino (como o meu) em Hietzing (o bairro número 13 em Viena, aonde também moro). Ao terminar a Segunda Guerra a mãe deste certo banqueiro, uma pianista, uma concertista, pediu que todas a janelas da casa fossem abertas. Então sentou-se ao piano e começou a tocar livremente e com grande felicidade várias composições de Mendelssohn de memória, sem partituras... Obras que estiveram proibidas e "cozinhando", "amadurecendo" dentro dela por anos... Liberdade mais uma vez... Passantes e vizinhos ouviram abismados estes maravilhosos acordes, estas cadencias inconfundíveis, não mais proibidos pelos nazistas. E o medo de ter-se visto delatado à polícia não mais existia... Como deve ter sido bom para ela sentir-se livre de novo, interpretando um grande artista...

Não é um lindo e emocionante momento?

Vejo as janelas abertas desta casa (e o fato dela ter necessitado-as abertas), cortinas brancas voando durante uma tarde de verão e, apesar da destruicao da cidade que a guerra trouxe, a música flutuando sobre o ar. Um símbolo de paz. E também vejo passantes, vizinhos deleitando-se ao som de boa música... Mais uma vez!

Aqui, em homenagem a Mendelssohn e à esta concertista (da qual nao consegui, infelizmente, gravar o nome), o Andante do segundo Movimento de seu Concerto para violino com a fabulosa, talentosa, incrível Sarah Chang em 1995! Eu sei... nao é piano mas é, entre centenas de outras, uma maravilhosa obra de Mendelssohn-Bartholdy, deste maravilhoso compositor que só viveu 38 anos...

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