sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Supporting actors/actresses V: Estelle Winwood


A quinta postagem desta série segue distintos nomes do teatro e cinema como Mary Boland (agôsto de 2008), Gladys Cooper (outubro de 2008), Jean Hagen e Elsa Lanchester (novembro de 2008) é dedicada a outro rosto, um rosto muito interessante por sinal, que vimos e revimos muitas vêzes ao passar dos anos: a deliciosa Estelle Winwood.

Estelle “Goodwin” nasceu em 1883 (algumas fontes dizem 1882) , em Kent/ Inglaterra e “decidiu” aos 5 anos de idade tornar-se atriz! Ela frequentou a escola de teatro da “Liverpool Repertory Company” antes de ir para Londres, trabalhar no West-End. Estamos falando de 1899! Depois de muitos anos de experiência no teatro inglês, ela resolveu ir em 1916, já não mais uma “criança” para a época (33, 34 anos), para os Estados Unidos onde ela debutou na Broadway.

Até o início dos anos 30 ela dividiu sua carreira entre os palcos londrinos e americanos e seus muitos sucessos foram “Why marry?” (1918) que tem a distinção de ser a primeira peça da Broadway a ganhar um Pullitzer Prize, “The Circle” de Somerset Maughan (1921), “The Importance of being Earnest” (que ela também dirigiu em 1939) e “Lady Windermerer’s Fan” (1947), ambos de Oscar Wilde, assim como “O pirata” (“The Pirate”,1942) que depois no cinema viraria um musical com Judy Garland e Gene Kelly dirigido por Minnelli e musicado por Cole Porter, “Ten Little Indians” (1944) e “A louca de Chaillot” (“The Madwoman of Chaillot”, 1948), uma magnífica peça do fantástico Jean Girardoux que muitos anos depois transformou-se num bom (porém esquecido) filme com Katharine Hepburn.
Aqui uma de minhas fotos preferidas de Estelle, como a "Madwoman".

Como uma grande maioria de atores do seu tempo, Estelle expressava uma aversão ao cinema… Tanto que só debutou no cinema em 1933 (já com 50 anos) em “The House of Trent”, apesar de ter-se destacado pela primeira vez só aos 54 anos em “Quality Street” (1937), um veículo para Katharine Hepburn, que estava numa fase muito crítica de sua carreira, tendo sido rotulada “Box-Office-Poison” (ao lado de grandes ilustres da “Silver Srceen” como Garbo, Crawford e vários outros).
Ela, apesar de muito calma, sempre foi conhecida por atitudes muito inesperadas e surpreendentes... como por exemplo trabalhar na televisão ("Blithe Spirit", 1946) numa época em que esta ainda engatinhava... Nos anos 50 ela trabalhou muito na TV em Shows semanais como “Robert Montgomery presents...”, Alfred Hitchcock presents...”, “Donna Reed presents...”, “Anne Sothern presents...” e o ótimo “Studio One”. Todos programas que lhe davam oportunidade de apresentar-se em vários personagens e mostrar sua versatilidade...

Estamos falando de uma atriz secundária, de muito pêso e carisma, que já estava com seus setenta e poucos anos, quando realmente encantou-nos com uma mágica interpretação da Fada-Madrinha de Cinderella (Leslie Caron) em “The Glass Slipper” (“Sapatinho de Cristal”, MGM 1955) e como a engracadíssima Tia de Grace Kelly no eterno “The Swan” (“O Cisne”, MGM 1956) de Mólnar.

A Fada-Madrinha é uma criação mais do que excepcional. Nela vejo um pouco de uma mendiga, de uma velha Hippie, de uma filósofa, de uma louca de rua, o sopro de uma Diva e muita, muita mágica... Encantadora! E que dimenção ela deu a este personagem!

Mal poderia imaginar-se então que aquela interessante Senhora, com olhos tão grandes e saltados e traços tão finos e marcantes, tinha sido um dia na juventude considerasa uma verdadeira “Beldade”... Nós só a conhecemos mais velha... Mesmo assim, acho-a bonita! É a transparencia com que trata seus papéis...

Mas Winwood nunca parou, sua energia parece ter sido inesgotável. Trabalhou em “Os desajustados” (“The Misfits”, 1961) com Marilyn, Gable e Clift, em “The notorious Landlady” (1962) um maravilhoso (e infelizmente também esquecido) filme de Richard Quine com Kim Novak, Jack Lemmon e Fred Astaire – com roteiro de um jovem Blake Edwards - e que, como sequência final, possui uma “perseguição” na melhor tradição de Mack Sennett... sim, na melhor tradição do cinema mudo... E a perseguição, colina abaixo é toda encenada ao redor de uma cadeira de rodas, na qual Estelle está todo o tempo sentada! Hilariante! Este filme deveria ter uma “Revival”.
Winwood era amissíssima da notória Tallulah Bankhead (vide minha postagem de 01.03.2008, esta eu realmente recomendo se quizerem rir... ). Duas personalidades tão opostas só poderiam ser tão próximas; as duas foram amigas íntimas dos anos 30 (quando bebiam muito no “Algonquin” em NY) até a morte de Tallulah em 1968. Aqui elas duas, ao lado Joan Blondell, no palco da Broadway em “Crazy October” (1958).


Estelle a “lady”, "inglesíssima" (ou como alguém a definiu: prim, soft-spoken and proper) disse uma vez a um amigo que acabara de ver Tattulah (“The outrageous”) andando nua pela casa: “ I don’t know why Tallulah likes to run around naked. She has so many pretty frocks”.
Aos 84 anos trabalhou em “Camelot” (1967, vide minha postagem de 03.03.2008) e aos 85 em “The producers” (1968) de Mel Brooks – filme que depois ela mais ou menos renegou, acentuando que não tinha-o feito senão pelo dinheiro... Hoje é o filme mais “cult” de todos que participou!

Continuou, apesar da idade em seriados da televisão como “Dr.Kildare”, “Perry Mason”, “O agente da U.N.C.L.E.”, “A feiticeira”, “Dennis, o travesso”, “Batman”, “Cannon”, “The Twilight Zone” e “Police Story”. Como disse, de uma energia inacabável!

Seu último papel no cinema foi em 1976, aos 93 anos, no MAGNÍFICO e INTELIGENTÍSSIMO “Murder by Death” de Neil Simon, como a enfermeira de Elsa Lanchester, que na vida real era uma “arqui-inimiga”... as duas sempre se detestaram e se insultavam todo o tempo! Para mais sobre Elsa vide minha Postagem de 14.11.2008. Neste ultimo filme ela dividiu “a ribalta” com nomes como David Niven, Maggie Smith, Alec Guiness, Peter Sellers, Eillen Brennan, Nancy Walker, Peter Falk, Truman Capote e James Coco. Este é um dos meus filmes preferidos... Assisti-o na época com minha mãe no “Bruni Copacabana” e já revi-o muitas (muitas mesmo) vêzes... e rio sempre!

Winwood foi casada seis vêzes e nunca teve filhos. Alguns desses casamentos foram considerados “lavender marriages”, ou seja, casamentos de conveniência, já que alguns dos maridos eram abertamente “gays” (um deles, Guthrie McClintic, tinha sido casado com Katherine Cornell, famosíssima no teatro em sua época e abertamente lésbica).
Quando ela apareceu pela última vez na televisão em 1979, na série “Quincy”, tornou-se, com 96 anos, a atriz mais velha ainda ativa nos Estados Unidos.
Ao completar 100 anos um jornalista perguntou-lhe como “se sentia” em ter 100 anos? Ela respondeu: “”Que rude de voce lembrar-me!” (“How rude of you to remind me!”).
Winwood alcancou 80 anos de carreira – dos 16 aos 96 anos - e quando morreu, dormindo, aos 101 anos de idade era o membro mais velho do Screen Actors Guild.

No livro inacabado de Truman Capote, “Answered Prayers”, ela aparece como ela mesma: ela vai à uma festa, onde todos estão bêbados, inclusive Tallulah Bankhead, Dorothy Parker e Montgomery Clift!

No último 24 de Janeiro, ou seja, seis dias atrás, Estelle haveria completado 126 anos. Querida Estelle, onde voce esteja: HAPPY BIRTHDAY, LOVE!!!!!!!!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Os sapatinhos de rubi – The rubby slippers


Os célebres sapatinhos usados por Dorothy no País de Oz (Judy Garland, The Wizard of Oz, MGM 1939) ainda são muito disputados.
Num leilão da prórpria MGM em 1970 um par foi vendido por $ 15,000 (este par está até hoje em exposição permanente na ala de cultura popular do American History Museum). Um outro par pertencia originalmente à Roberta Baumann, uma moradora de Tenessee que ganhou-o em 1939 num concurso chamado “Name the best Movies of 1939” no seu colégio. Ela foi dona deles até 1988 quando então vendeu-os para a casa de leilões “Christie’s East” por $ 165,000 + comissão. Anthony Londini comprou este par e imediatamente colocou-os em exposição nos Disney Studios de Orlando/Florida.

Duas semanas depois de Landini ter comprado o par, um outro par autêntico apareceu: préviamente propriedade de Kent Warner, que encontrou a maioria dos pares ainda existentes enquanto trabalhou em Hollywood na área de guarda-roupas. Este par foi oferecido, sigilosamente, ao perdedor do leilão do par de Roberta Baumann. Este Senhor, chamado Philip Samuels de St.Louis/Missouri comprou-os pelo mesmo preço que Anthony Londini comprou seu par : $ 165,000. Mr.Samuels até hoje usa seu par para levantar verbas para fins caritativos. Anthony Landini leiloou seu par mais uma vez em Christie’s East em 24.05.2000 e conseguiu $ 666,000, preço este que incluiu também a comissão para a casa de leilões. O comprador foi David Elkouby, que tem lojas de «memorabilia » em Hollywood. Elkouby porém foi preso por vender peças roubads de guarda-roupas de filmes! Então foi obrigado a se desfazer do seu par, que ainda não foi leiloado.
Por incrível que pareça, um outro par, propriedade de Michael Shaw, ía ser colocado numa exposição no « Judy Garland Museum » (que é parte de um museu de crianças em Minnesota). Pouco antes da Vernissage, em agosto de 2005, este par foi roubado e até hoje não recuperado. Para mais estórias sobre este ilustre par de sapatos, que nos encantou na infância e que levou Dorothy de volta a Kansas, leiam : The Ruby Slippers of Oz, por Rhys Thomas (1989).

Marília Pêra e Pippin (1974)

No pequeno mundo do teatro musical carioca sempre constou que, sendo voce bailarino, era um horror trabalhar com Marília Pêra… Muitos reconfirmaram-me isto, de atores e bailarinos a produtores de várias produções como “Pippin”, Deus lhe pague” e “A estrêla Dalva”. Ela parece ter “infernizado” a vida de muita gente. Porque? Dizem que ela é uma bailarina frustrada… será? Bem… analizemos esta afirmação:
Eu lembro-bem daquele « Show « chamado « Deus lhe pague » (1976) no Canecão com Marília, Marco Nanini e Valmor Chagas… Nao pode-se realmente chamar aquela produção de uma peça, melhor chamá-la de Show… No final das contas, não estávamos todos nós comendo e bebendo enquanto o cast atuava? Bem… A música era ótima (Vinícius e Edu Lobo) e o personagem de Marília apoiava-se em três canções, por sinal muito boas. Naquela época (o bom tempo de Dona Fernanda, grande professora de canto que colocou não só Marília mas também Marco Nanini e Ronaldo Resedá “tinindo”) Marília estava muito “de bem” com seu instrumento (voz), muito diferente da voz irritante, gasguita e fanhosa que hoje tem (como demonstrou naquela horrível produção sobre Carmen Miranda). Por este motivo o público não incomodava-se muito em vê-la “lutando”, realmente suando e esforçando-se loucamente para acompanhar os bailarinos. Numa certa cena, chamada “Labirinto” (um horror!) ela era levantada todo o tempo por dois ótimos bailarinos, numa boa tradição Zizi JeanMaire, que à partir de um certo ponto de sua vida, não conseguia mais fazer muito e todos faziam tudo AO REDOR dela (Mas Zizi entrou neste esquema aos 60 e tantos de idade, depois de ter dancado muito). Estes dois bailarinos chamavam-se Nestor Ragadale, um argentino que sumiu, e Ronaldo Resedá, que faleceu já há muitos anos (Ronaldo, na época ficou furioso com uma crítica que ignorou completamente o seu “número” que chamava-se “Samblues do Dinheiro” e no qual ele cantava, pela primeira vez – o coitado também estava com faringite na época da estréia – e só se referiu aos dois bailarinos que levantavam Marília como “Dois garbosos bailarinos”).

Bem, de volta à Marília… Um dia destes lembrei-me de uma coisa interessante: Marília Pêra trabalhou na produção do incrível espetáculo, vencedor de muitos "Tonys", de Bob Fosse; “Pippin” (Teatro Adolpho Bloch, 1974, direção Flávio Rangel, com quem eu trabalharia em 1978 no “O rei de Ramos” – vide minha postagem de 18.08.08) também com Marco Nanini assim como Carlos Kleber, Tete Medina, Ariclê Perez, Carlos Koppa entre outros e um “corpo de baile” que incluía Ronaldo Resedá, a linda Rosane Maia, Cecília Badasi (Barbosa da Silva), Cecília Salazar (Muitos que trabalhariam no « Rei ») entre outros.
A verdade é uma : Maríília abandonou a produção poucos tempo depois da estréia – Na época alegou-se que ela não considerava o espetáculo bom… (ou que tinha se acidentado?). Eu particularmente acho que ela estava completamente "perdida" neste producao e que na verdade não deu conta da coreografia de Bob Fosse (trazida para o Rio pelo bailarino e dance-captain Gene Foote), afinal de contas… Não é nada fácil seguir nas pegadas de um papel que foi estrelado na Broadway por Ben Vereen… Realmente não é o “calibre” de Marília Pêra, que como bailarina deveria estar mais à vontade como “corista” de My Fair Lady (Postagem de 17.12.2008). Uma parte linda de Pippin é o "Manson-Trio". Lembro-me de Marília nada à vontade tentando... embarassing!


Um ano depois eu estava no Teatro Casa Grande assistindo um Show seu chamado “Feiticeira” (Muito bonzinho por sinal) quando umas três “tiétes” jogaram uma entrada de “Pippin” no chão do palco… acho que provávelmente para irritar Marília (“tiéte”… ainda usa-se esta expressão? Bem, uma delas virou atriz… veja a postagem à qual me referi acima… ela trabalhou no “Rei” e suas iniciais são MT… Quem solucionará esta charada?). Marília apanhou a entrada, olhou e disse “Cruzes, Pippin…” e fez uma cara de nojo enquanto jogou a entrada para fora no palco, em cima das “tiétes"… Aqui a capa da Manchete da época – mais uma das lembranças da maravilhosa caixinha de recortes que encontrei, que voltam para nos divertir (ou para assombrar Marília, que, nao me compreendam mal, considero uma atriz adequada - apesar de muito repetitiva -, que porém nunca deveria ter tentado um musical).

Marília foi substituída em "Pippin" da noite para o dia por Suely Franco que arrasou como a “Conferencier” num estilo bem “Fosseesco”. E por favor nao esqueçamos do jovem Nanini que foi um excelente Pippin!!!!!

Stop buying Israeli goods! Boycott now!

"Tertúlias" lida normalmente com artes em várias formas. Devido porém aos fatos que nos assombram no momento, sinto como meu dever publicar esta postagem - que é na realidade "emprestada" do blog amigo "Robinson em Ithaca" e traduzida do gallego para o portugues! Obrigado!






Pelas criancas assassinadas sem piedade. Pelos bombardeamentos indiscriminados contra a povoamento civil. Porque tréguas tem que ser respeitadas. Por tentar conseguir votos com as vidas dos demais. Porque todos os povos tem direito a existir. Pels casinhas levantadas com o esforco de uma vida e que agora estao destruídas. Por ignorar que o diálogo é um caminho. Por cortar a entrada de remédios e provisoes numa cidade sitiada.
E acima de tudo, porque nem sempre vencem as balas.

Ajudem boicotando os produtos de Israel. Um boicote á a forma mais pacífica de dizer: NAO!
Passem esta mensagem para seus amigos, sua família... Ajudem! Obrigado.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"Candide": de Voltaire a Leonard Bernstein


Ah, “Candide”...
Há dois anos, eu finalmente coloquei o meu exemplar de Candide de Voltaire na minha mala de viagem (vide acima) e, depois de vários anos na minha estante (tenho uma prateleira que acumula os livros que ainda não foram lidos) levei-o para umas férias que passei no Algarve/Portugal.
E que pena que não tinha lido este livro antes... Um dos trabalhos mais cheios de humor e graça que li na minha vida. Devo ter apresentado uma figura muito estranha para os outros clientes do hotel... Eu normalmente tenho que proteger-me muito do sol... e com toda a idumentária “anti-sol” e chapéu e óculos, lá estava eu sentado debaixo de uma barraca gigante, simplesmente às gargalhadas, altas gargalhadas... morrendo de tanto rir... sem poder controlar-me!
“Candide” é a estória de um homem muito gentil, que é dragado, sugado, levado e esbofeteado pela vida e suas eventualidades como catástrofes, guerras, roubos, intrigas, mentiras e desilusões. Mesmo assim ele acredita viver “no melhor de todos os mundos possíveis” (“It’s the best of all possible worlds!”). Superficialmente poderia-se interpretar esta Novella como uma “estorieta” do século 18 mas abaixo da superfície se encontra uma reposta bem satírica à certas interpretações e tentativas filosóficas da época (também da igreja católica) que pregavam que qualquer desgraça e sofrimento são partes “benevolentes do plano cósmico” e necessárias para nossa vida e desenvolvimento espiritual. Como aquela séria besteira que muita gente diz até hoje: é necessário sofrer...
A narrativa de Voltaire, o mestre imortal, é rápida, fácil de ler, digerível, ousada e muito, muito engraçada. Na verdade hilariante! Candide cruza o mundo... da Westphalia (onde morava num Castelo, o “Schloss Thunder-ten-thronckh") à Franca, depois Lisboa durante o terremoto... cruzando o mundo para Montevideo, Buenos-Aires e toda a América-do-Sul até encontrar “Eldorado” para voltar à Europa riquíssimo e depois ir para Constantinópola e ficar palpérrimo... sómente para estar junto de sua amada Cunigunde e para para descobrir (ao contrário dos ensinos de seu mestre Dr.Pangloss) que nem sempre “tudo acontece para o melhor” (“It all happens for the best”!).

“Candide” de Voltaire é uma pequena Novella e obra-prima que insiste em nos divertir e fazer rir. “Candide” de Bernstein, além de uma abencoada idéia, é uma Operetta na qual todos ensistem em cantar – e muito – para nosso deleite! E nao deixem-se irritar pelo “rótulo” Operetta... A música é fascinante!

Um título musicalmente realmente muito considerado e respeitado, “Candide” não teve em 1956 nem o sucesso nem uma recepção como merecia. Talvez pelo fato da sua ironia e ousadia não terem sido muito bem captadas, entendidas ou até aceitas pela América do Norte dos anos 50, tão cheia de pudores. E imaginem só logo quem contribuiu “palavras” para as lyrics: as ousadas e política- e ideológicamente corajosas Lillian Hellman e Dorothy Parker e também Stephen Sondheim entre outros!!!!!!

Em 2005 “Candide” teve finalmente uma belíssima recepcao: No Lincoln Center.
A produção “concertante” atreveu-se com seis intérpretes principais, vários secundários, dois côros (um bem “clássico”, o Westminster Chorus e outro, The Julliard Student Chorus, que se movimenta mais e faz vários papéis) e a New York Philarmonic (conduzida pela “elétrica”, incrívelmente musical Marin Alsop) a dar uma nova “leitura” desta Operetta.

Candide é interpretado pelo fantástico e internacionalmente aclamado tenor Paul Groves, com um timing comico pouco comum em cantores líricos. Que voz...

Cunegunde é um prato cheio para a incomparável Kristin Chenoweth. Não só para divertir-se (e como ela se diverte...) como também para nos encantar, deleitar, impressionar, fazer rir e deixar completamente estonteados com tanto talento. Ela é – desculpe-me Barbara Cook (a primeira Cunegunde de Bernstein) a definitiva encarnação de Cunegunde já que a interpreta nao só “bonita” e "straight" (como geralmente numa operetta) mas extremamante cômica! Kristin, mais uma vez, consegue aqui, no puro sentido da palavra, “arrasar”. Uma maravilha! ( Sua ária “Glitter and be gay” é recebida por um tao longo aplauso que este teve que ser reduzido no DVD pois durava muito!).

A “Old Lady” (with one buttock...) é interpretada por ninguém menos do que Patti LuPone – O que mais posso dizer? Uma jóia de interpretação. Tenaz, exuberante, excitante...

Também Dr. Pangloss (Sir Thomas Allen, que é também o narrador), Maximiliam (Jeff Blumenkrantz) e Paquette (Janine LaManna) nao deixam-se intimidar pelo grande talento dos três primeiros citados e são maravilhosos.
Um detalhe interessante é que protagonistas, secundários, coros e orquestra encontraram-se pela primeira vez quatro dias antes do primeiro espetáculo (ao todo foram só quatro espetáculos!).

A coreografia é precisa e ideal para os protagonistas (que não são bailarinos), o guarda-roupa é perfeito... “cheira” a Voltaire! A direção é animada, dinâmica, engraçada, ousada (só o fato do padre “gay” e da crítica aos judeus é em si, hoje em dia ainda (e de novo), uma ousadia!), cômica, propositalmente exagerada e depois de mais de duas horas um se pergunta: “Mas já acabou? Já? Ohhh... Que pena!”

Na noite da Premiére o filho de Bernstein, Alexander Bernstein, correu para Lonny Price (Direção) e disse: “This is exactly what my father would have wanted”. Mais tarde suas duas irmãs Jamie e Nina, articularam semelhantes pensamentos.

Divertimento de altíssimo nível...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sally Bowles: a wonderful picture for Cláudio

Procurei como um louco, entre as minhas coisas, algumas fotos para colocar na minha última postagem (A matter of Time) já que no Internet nao encontrava bom (ou quase nennhum) material... acabei encontrando esta foto de Sally Bowles - e a dedico ao Cláudio, criador de Sallies... Just a bit of inpiration!

A matter of Time („Uma questão de tempo“, 1976)




„Uma questão de tempo“ (Vincente Minelli, 1976) é, para mim, um filme inacabado... Uma pena pois poderia ter sido muito brilhante... Eu o assisti na época no Cine Caruso (Copacabana, pôsto seis) e me lembro da crítica ter comentado irônicamente o seguinte fato, mais ou menos com as seguintes palavras: “O “velho” saiu de moda. O público nao correrá aos cinemas para assistir “Uma questão de tempo”. A América (do Norte) só se preocupa com o novo, o jovem. Filmes como este são desagradáveis para os expectadores que só se fixam na juventude”. Incrível como este processo, o culto pela juventude, hoje em dia, 32 anos depois, se “aprimorou”. Pensem nisso.

Baseado no livro “Film of Memory” de Maurice Druon (um pequeno trabalho, sensível, as vezes até cheio de uma poesia triste), êle conta a estória de “Nina” (Liza Minnelli), uma mocinha do interior da Itália que vai trabalhar em 1949 como camareira num hotel em Roma. Lá ela conhece uma hóspede fixa do hotel: Contessa Sanziani (Ingrid Bergman), que na sua juventude foi uma das mulheres mais belas, famosas e ricas da Europa, foi retratada por todos os impressionistas (!!!), abandonou o marido (Charles Boyer) para viver seu/seus amor/amores... Hoje ela está à beira da miséria num quarto sujo deste hotel de terceira classe. Confusa...
A Condessa, para quem o tempo nunca significou nada, perdeu totalmente a noção dêle. As vezes não sabe que seu grande amor “Doraccio” morreu, que sua antiga criada é hoje a grande figurinista de um Ballet russo, que é pobre, que envelheceu e que foi esquecida ("Nós deixamos as pessoas morrerem quando esquecemos dela" diz no filme).
Ela começa a contar suas memórias à Nina, que inicialmente fica fascinada por elas. Com o passar do tempo a fascinação cresce, transforma-se quase numa obsessão e Nina começa à “viver” as memórias da Contessa como suas próprias fantasias... da conquista de Maharajahs, às mesas de jogo de Monte Carlo...


Minha cena preferida, uma das poucas com um certo élan: um canal em Veneza. A Contessa (neste caso como é uma memória/fantasia, interpretada por Liza) despede-se de seus convidados de uma festa de fantasias. Ela diz adeus ao “Kaiser” (“Chame-me de Wilhelm, por favor!”) e ao entrar no seu Palazzo vai deixando a roupa cair até o ponto de estar práticamente só de combinação. Ela não deixa os cinco músicos negros pararem de tocar e canta “Do it again!” de Gershwin. Nao é a Contessa, nao é Nina... porém Liza.
As filmagens começaram num clima entusiástico, com grandes esperanças para um sucesso. Mas vamos ser sinceros, tudo indicava: Minnelli & Minnelli (êle, a lenda que é, com toda a sua técnica. Ela, apesar de ter tido alguns fracassos como por exemplo “Lucky Lady” com Burt Reynolds e Gene Hackman, ainda muita considerada por sua recente Sally Bowles de “Cabaret”), a grande Ingrid Bergman num de seus últimos filmes, Charles Boyer (êste em seu último filme. Êle e Ingrid, além de serem muito amigos, já haviam trabalhado duas vêzes juntos na juventude: no fabuloso “Luz de Gás” de George Cukor – veja minha postagem de 23.05.2008 – e no, quase traumatizante, “Arco do Triunfo”, baseado na novela de Erich Maria Remarque). No elenco secundário Fernando Rey, Tina Aumont e, na sua primeira aparição no cinema, Isabella Rossellini, como a freira que cuida da Contessa antes de sua morte (Quando ela pergunta: foi isso? Isso foi a vida?)

Grandes figurinos, duas novas canções de Kander & Ebb (a canção título do filme e “The me I haven’t met yet” que se passa “na cabeça” de Nina: êste nao é de nenhuma forma um musical) e filmagens “in loco” em Roma e Veneza. Todos estes ingredientes contribuíram para uma grande expectativa!

MAS a American International Pictures, muito consciente dos gastos, tirou o filme das mãos de Minnelli quando êste ficou “over budget”. O resultado não poderia ter sido mais patético – e trágico! O filme, além de ser todo o tempo interrompido por cenas à la “cartao postal” de Roma (horríveis... com turistas que definitivamente não são de 1949), foi revelado da forma mais barata possível (Mesmo assim existem aqui e acolá cenas de um grande poder visual, a marca registrada de Vincente). A música de fundo é uma catástrofe assim como a forma na qual o filme foi cortado. Uma vergonha! Martin Scorcese deu vários depoimentos criticando a forma como a AIP maltratou e humilhou uma lenda cinematográfica como Minnelli. Numa conferência para a imprenssa, Vincente rompeu oficialmente a sua relacao, ligacao com este filme, já que não mais o considerava “seu”.

Triste pensar que este foi sua “canção de cisne”, já que nunca mais voltaria a dirigir um filme.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Peach Melba: o comentário/postagem de Maurette Brandt.... Que maravilha!

Recebi hoje este comentário para a minha última postagem... Mas é um comentário tao brilhante que já é em si uma postagem - e maravilhosa por sinal. Tudo comecou porque me referi ao legado que a atriz francesa Anabella deixou no Brasil: o tal do salto Anabella... Maurette, com tua permissao quero transformar este comentário numa postagem, OK? Que maravilha! Voce é genial!!!

Maurette deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Carmen Miranda: Film Posters (Pré-Tropicália?)":

Caro Ricardo, a célebre sobremesa "Peach Melba" foi criada em 1892 ou 1893 pelo chef Auguste Escoffier, do Hotel Savoy de Londres, em honra da célebre soprano australiana Dame Nellie Melba (19/05/1861 - 23/02/1931), conhecida não só por sua voz deslumbrante como pelo temperamento difícil. Segundo a lenda, não admitia rivais e não hesitava em destruir carreiras quando farejava a possibilidade de ser ofuscada por alguém. Uma das poucas exceções foi Enrico Caruso, a quem elogiou em sua autobiografia e por quem nutria um desinteressado carinho, além de cultivar uma boa química e camaradagem nos palcos.
Os famosos pêssegos Melba combinam duas frutas típicas do verão: pêssego e framboesa, esta numa calda especial que inclui groselha e amido de milho. Tudo isso regado a sorvete de baunilha.

O chef Escoffier esteve presente numa apresentação de Melba em Lohengrin no Covent Garden e inspirou-se nisso para criar uma sobremesa especialmente para ela. Havia rumores de que ela adorava sorvete, mas não se atrevia a degustar a iguaria pois acreditava que afetaria suas cordas vocais. Na sobremesa que ficou conhecida como Peach Melba, o sorvete – por ser apenas um dos elementos de um todo – não ficava tão gelado assim e, portanto, não faria mal às delicadas cordas vocais da diva. O chef Escoffier serviu os pêssegos Melba pela primeira vez em um jantar oferecido pela diva, apresentados sobre a escultura de gelo de um cisne, também inspirada em Lohengrin.
O chef Auguste Escoffier devia ser mesmo um fã de carteirinha; além dos pêssegos Melba, criou outras três delícias em homenagem à estrela. O molho Melba, um purê doce de framboesa e groselha; a torrada Melba, sequinha e crocante; e a guarnição Melba - tomates recheados com frango, trufas e cogumelos com velouté.
A Dama devia ser mesmo muito boa, não? :)
Beijos
Maurette


Agora eu digo: Nao é uma maravilha ter-se amigos assim, tao sabidos???? Maurette querida! Obrigado!!!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Carmen Miranda: Film Posters (Pré-Tropicália?)

Gosto de Carmen Miranda mas entendo o porque do público americano (em questoes de cinema) ter-se canssado dela. Os primeiros anos foram muito divertidos... Ahhh, todos aqueles "tico-ticos para lá e tico-ticos para cá"... Mas os anos passaram e Carmen nao aprendeu outra língua (como até Garbo teve que fazer). Nao, continuou nos "tico-ticos para acoli e tico-ticos para acolá"... Ficou repetitiva, chata... Mas este nao é meu assunto hoje...

Nao quero falar aqui sobre seu valor como "produto exportacao" nem sobre o valor de seus filmes, porém sim sobre o valor em termos gráficos dos posters para os seus filmes. "Pré-Tropicalistas" no mais puro sentido da palavra... Delícias coloridas que passavam também um pouco do "som", do "feeling", do jeitinho do Brazil para os americanos, Posters divertidíssimos, coloridíssimos que "vendiam" o filme por causa de seu Technicolor... Será que nós também aprendemos a ser tao coloridos por influencia destes posters???? O Brasil era tao "europeu" ainda no final dos anos 30... Sóbrio, ingles, Sweep-Stakes no Jockey Club, Afternoon tea na "Americana" e na "Colombo", casacos de pele para as Galas no Theatro Municipal... até Tweed se usava no Rio... Samba era "coisa de nego", de Favela... Nem colorido, nem animacao eram vistas como coisas "bem" em sociedade... Muito pelo contrário... Coisa de "gentinha".

Mas, ah, que tempos... ir-se ver "cor" (quando cor era "prohibida") no cinema (nos Odeons, Palácios,Metros da vida, da respeitável Cinelandia) ainda era uma novidade e a Fox nao queria perder esta chance

como por exemplo no primeiro filme de Miss Miranda lá... "Down Argentine Way" no qual só tinha (com muito Technicolor e "Mamae eu quero") 5 minutos na tela... um sucesso.. (By the way, as cenas de Carmen e do Bando da Lua foram filmadas num estúdio em Nova York e só adicionadas ao filme... Eles trabalhavam na Broadway e Carmen estava fazendo muito sucesso, virando até moda...), depois

um dos melhores posters, senao o melhor, no filme "That night in Rio" (20th Century Fox e no Brasil: Uma noite no Rio) que tinha como "carro-chefe" a cancao homonima que era dedicada a Tyrone Power e sua namorada, com quem visitou o Rio, Anabella (uma já esquecida atriz francesa que deixou uma "heranca" no Brasil... O que? O saltinho "Anabella"... Sim, ela o usava e este ficou com seu nome no Brasil)

e mais colorido para "The gang's all here" (20th Century Fox e no Brasil "Entre a loura e a morena"),

um outro poster incrível para "Week-end in Havana" (20th Century Fox), no qual Carmen canta boas cancoes do tipo "enrola-a-língua")

e em "Springtime in the Rockies" (2oth Century Fox) com Technicolor, neve, Rockie Mountains e Carmen cantando "Chatanooga Choo-Choo" numa "outrageous" versao em portugues,

um ótimo poster para o (para mim) melhor filme de Carmen: "Greenwich Village" (20th Century Fox e no Brasil: Serenata Boemia) no qual ela teve "Top-billing" e cantou ótimos números - além de ser um cigana que lía a sorte...

e o bom poster de "Doll Face" (2oth Century Fox) com tanta cor, representava já uma producao "B" (os tempos estavam mudando para Carmen e seu declínio, depois de uma curtíssima carreira já comecava...) em preto e branco,

e numa curta, porém ótima, "renaissance" e numa boa comédia da Metro; " A date with Judy" (o melhor padrao em termos de musicais de Hollywood)com um maravilhoso poster

e no seu último "bom filme" na MGM, "Nancy goes to Rio". O canto do cisne em cores (desta vez em "Metrocolor")... Seu último poster interessante... Depois deste a vida transformou-se mesmo em preto-e-branco!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Moira Shearer: The Red Shoes, Vicky & "The Others"


Moira Shearer nasceu na Escócia em 1926. Em 1931 sua família imigrou para a Rodésia onde ela teria seu primeiro encontro com o Ballet: comecou aos 5 anos a fazer aulas com um ex-pupilo de Cecchetti. Voltou para a Inglaterra em 1936, tornado-se em pouco tempo aluna de Nicholas Legat. Ela entao entrou para o International Ballet em 1941 e mudou-se para o Sadler Wells em 1942.

Desde o início de sua carreira foi colocada numa posição de concorrência, de quase antagonismo, em relação à uma outra jovem Ballerina: Margot Fonteyn.

Shearer alcançou fama internacional com o papel de Victoria Page (« Vicky ») na produção inglêsa de 1948 « The Red Shoes » de Powell & Pressburger, que dois anos mais tarde nos dariam o clássico “Gone to Earth” com Jennifer Jones. Mesmo tendo trabalhado em outros filmes como « The Tales of Hoffman » (USA, MGM 1951) e no sensibilíssimo e inesquecível (e muito recomendável pelos seus solos!) “The story of Three Loves” (USA, MGM 1953), ela sempre será para várias gerações a linda Vicky que, também na « vida real », está prêsa aos sapatinhos vermelhos e só tem a morte como solução para o seu dilema. Na vida real de Moira, ela soube escolher entre o amor e a carreira.


Como nós, ainda adolescentes, choramos no escuro do cinema vendo nossa querida Vicky morrendo, mutilada por um trem… Que contraste mais horrível… Nosso mundo precioso e inatingível do Ballet tao « agredido » e até "sangrado"… Mas, por outro lado, nas nossas cabeças nunca nos livraríamos daquelas imagens inesquecíveis de Shearer dancando o Ballet « Os sapatinhos vemelhos ». E da homenagem que lhe fazem depois de morta… Só a luz de um holofote iluminando seu lugar: muito eficaz… o mesmo que fizeram com Pavlova quando faleceu, só que com a música da « A morte do Cisne ») e aí nós choramos mais ainda.
Shearer tinha, o que considero até hoje, um corpo diferente das suas Ballerinas contemporâneas : muito longelínea, magra, esguia, com bracos, pernas e pescoço bastante longos. Estes “dotes” unidos à certas « especialidades » de sua técnica (como, por exemplo, lindos arabesques ponchée) e à uma beleza clássica, very "genteel english rose", deram-lhe um charme todo especial… Apesar de estar-mos falando de uma performance de 1948, consigo imaginar Moira, apesar da sua técnica inglesíssima, como uma Ballerina de Balanchine
Pena nao ter-mos presenciado suas atuacoes nos palcos (que ela sempre preferiu mais do que o cinema)…

…como por exemplo em Giselle

ou em La Sylphide

ou em Ballet Imperial

ou como Odille, o Cisne Negro no "Lago"

ou como Cinderella

e como Aurora em “The sleeping Beauty”.

Shearer casou-se em 1950 com Lord Ludovic Kennedy. Tiveram um filho e três filhas.
Aqui Lady Kennedy escolhendo luvas antes de uma Tournée com Sadler’s Wells Ballet.
Moira Shearer retirou-se muito cedo dos palcos, em 1954, aos 28 anos.
Dizem as “más linguas” que Fonteyn respirou fundo com muito alívio quando Moira abandonou a carreira…
Ela continuou trabalhando como atriz. Como por exemplo como Titania em “Midsummers’s Night dream” de Shakespeare no Festival de Edinburgo em 1954 (Que linda Titania deve ter sido!) e no filme escandaloso de 1960 “Peeping Tom” com Karlheinz Böhm que custou a Michael Powell sua carreira. Engraçado pensar-se que uma jovem atriz britânica que estava trabalhando de novo nos palcos britânicos nesta época foi cogitada para este papel: Julie Andrews – o mundo nunca teria visto Mary Poppins…

A coreógrafa Gillian Lynne convenceu Moira a voltar ao Ballet como a mãe de L.S.Lowry em “A simple man” que foi filmado pela BBC em 1987. Aqui ela ao lado do, já falecido e talentosíssimo Christopher Gable (vide minha postagem de 20 de marco de 2008 “The boy friend”), um bailarino que abandonou o Covent Garden, muito desiludido, na época da “fase Nureyev” durante a qual muitas carreiras inglêsas foram mais ou menos ignoradas.
Moira Shearer, a eterna “Vicky” dos Sapatinhos vermelhos faleceu dia 31 de janeiro de 2006 em Oxford. Por alguma razão, que nao sei explicar, o seu apelido no mundo do Ballet era “Unicorn”!