sábado, 3 de janeiro de 2009
Moira Shearer: The Red Shoes, Vicky & "The Others"
Moira Shearer nasceu na Escócia em 1926. Em 1931 sua família imigrou para a Rodésia onde ela teria seu primeiro encontro com o Ballet: comecou aos 5 anos a fazer aulas com um ex-pupilo de Cecchetti. Voltou para a Inglaterra em 1936, tornado-se em pouco tempo aluna de Nicholas Legat. Ela entao entrou para o International Ballet em 1941 e mudou-se para o Sadler Wells em 1942.
Desde o início de sua carreira foi colocada numa posição de concorrência, de quase antagonismo, em relação à uma outra jovem Ballerina: Margot Fonteyn.
Shearer alcançou fama internacional com o papel de Victoria Page (« Vicky ») na produção inglêsa de 1948 « The Red Shoes » de Powell & Pressburger, que dois anos mais tarde nos dariam o clássico “Gone to Earth” com Jennifer Jones. Mesmo tendo trabalhado em outros filmes como « The Tales of Hoffman » (USA, MGM 1951) e no sensibilíssimo e inesquecível (e muito recomendável pelos seus solos!) “The story of Three Loves” (USA, MGM 1953), ela sempre será para várias gerações a linda Vicky que, também na « vida real », está prêsa aos sapatinhos vermelhos e só tem a morte como solução para o seu dilema. Na vida real de Moira, ela soube escolher entre o amor e a carreira.
Como nós, ainda adolescentes, choramos no escuro do cinema vendo nossa querida Vicky morrendo, mutilada por um trem… Que contraste mais horrível… Nosso mundo precioso e inatingível do Ballet tao « agredido » e até "sangrado"… Mas, por outro lado, nas nossas cabeças nunca nos livraríamos daquelas imagens inesquecíveis de Shearer dancando o Ballet « Os sapatinhos vemelhos ». E da homenagem que lhe fazem depois de morta… Só a luz de um holofote iluminando seu lugar: muito eficaz… o mesmo que fizeram com Pavlova quando faleceu, só que com a música da « A morte do Cisne ») e aí nós choramos mais ainda.
Shearer tinha, o que considero até hoje, um corpo diferente das suas Ballerinas contemporâneas : muito longelínea, magra, esguia, com bracos, pernas e pescoço bastante longos. Estes “dotes” unidos à certas « especialidades » de sua técnica (como, por exemplo, lindos arabesques ponchée) e à uma beleza clássica, very "genteel english rose", deram-lhe um charme todo especial… Apesar de estar-mos falando de uma performance de 1948, consigo imaginar Moira, apesar da sua técnica inglesíssima, como uma Ballerina de Balanchine…
Pena nao ter-mos presenciado suas atuacoes nos palcos (que ela sempre preferiu mais do que o cinema)…
…como por exemplo em Giselle
ou em La Sylphide
ou em Ballet Imperial
ou como Odille, o Cisne Negro no "Lago"
ou como Cinderella
e como Aurora em “The sleeping Beauty”.
Shearer casou-se em 1950 com Lord Ludovic Kennedy. Tiveram um filho e três filhas.
Aqui Lady Kennedy escolhendo luvas antes de uma Tournée com Sadler’s Wells Ballet.
Moira Shearer retirou-se muito cedo dos palcos, em 1954, aos 28 anos.
Dizem as “más linguas” que Fonteyn respirou fundo com muito alívio quando Moira abandonou a carreira…
Ela continuou trabalhando como atriz. Como por exemplo como Titania em “Midsummers’s Night dream” de Shakespeare no Festival de Edinburgo em 1954 (Que linda Titania deve ter sido!) e no filme escandaloso de 1960 “Peeping Tom” com Karlheinz Böhm que custou a Michael Powell sua carreira. Engraçado pensar-se que uma jovem atriz britânica que estava trabalhando de novo nos palcos britânicos nesta época foi cogitada para este papel: Julie Andrews – o mundo nunca teria visto Mary Poppins…
A coreógrafa Gillian Lynne convenceu Moira a voltar ao Ballet como a mãe de L.S.Lowry em “A simple man” que foi filmado pela BBC em 1987. Aqui ela ao lado do, já falecido e talentosíssimo Christopher Gable (vide minha postagem de 20 de marco de 2008 “The boy friend”), um bailarino que abandonou o Covent Garden, muito desiludido, na época da “fase Nureyev” durante a qual muitas carreiras inglêsas foram mais ou menos ignoradas.
Moira Shearer, a eterna “Vicky” dos Sapatinhos vermelhos faleceu dia 31 de janeiro de 2006 em Oxford. Por alguma razão, que nao sei explicar, o seu apelido no mundo do Ballet era “Unicorn”!
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