sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Algumas Estórias sobre "Casablanca" (Warner, 1942)

Umas estórias que juntei e guardei sobreCasablanca“.


„Everyone comes to Rick’s“, uma peça teatral criada por Murray Bennett e Joan Allison, foi a inspiração para o filme „Casablanca“ (Warner, 1942). Apesar de ser em vários pontos completamente diferente do roteiro final do filme, a maioria dos personagens e o „plot“ básico são os mesmos. Bennett e Allison receberam $ 20.000 da Warner pela sua peça - que nunca foi produzida – e até o final de suas vidas arrependeram-se amargamente por terem vendido os direitos autorais por tão pouco.

“Casablanca”, um filme eterno, que não envelhece (e pelo menos no momento, ainda um filme sobre o qual não se está planejando um “remake”). Alguém pode esquecer do "Rick's Café Américain"????

Difícil escrever sobre este clássico. Aqui alguns detalhes sobre a estória deste eterno milagre cinematográfico, que ainda nos fascina.
Rick Blaine (no original um advogado expatriado, divorciado, que não é uma figura nada heróica, possui um Night Club em Casablanca, no qual se apresenta uma "Band“ de jazz composta por negros, e que tem uma amizade bem cínica com o chefe da polícia) transformou-se, no filme, num homem íntegro que se envolvia em causas políticas liberais, que lutava pela paz – um ativista político que até lutou na Guerra Civil Espanhola contra Francisco Franco. Um papel definitivo para Humphrey Bogart, que transformou-se num Astro de primeira magnitude depois deste filme.
Lois Marshall, uma „aventureira com um passado“, uma mulher americana, cínica e amoral, que estava disposta a dormir com Rick para obter os „vistos de saída“ para ela e seu marido, Victor Lazlo, transformou-se em Ilsa Lund – óbviamenrte uma européia – uma mulher correta, não tão engajada políticamente mas óbviamente corajosa. Personagem perfeito para a jovem Ingrid Bergman (Detalhe: no original Rick havia-se divorciado por causa de Lois – esta depois deixou-o por Lazlo… Rick a amava e a odiava por isto. Nada daqueles personagens com “mais moral” como conhecemos do filme…).
O original Victor Lazlo, um homem sem força foi transformado num brilhante e corajoso trabalhador da Resistencia – interpretado pelo austríaco Paul Henreid (Mas se ele era tão respeitado e admirado, qual a razão dos franceses terem começado a cantar „La Marseillaise“ – para abafar o „Die Wacht am Rhein“ dos Nazistas – só depois de Rick ter dado seu „OK“? Henreid reclamou muito desta cena, tirava a credibilidade de seu personagem).

O “Comissário” foi extremamente desenvolvido para o filme – um papel cheio de sarcasmo e ironia. Claude Rains deu “um banho” como Louis (que no original seria « Rinaldo »).
O Strasser (o comandante “Nazi”) da peça não era tao antipático como no filme. Quando a peça foi escrita os U.S.A. ainda não tinham entrado na II Guerra Mundial e a necessidade de uma propaganda anti-nazista ainda não existia (incrível pensar que Hitler foi votado “O Homem do Ano” nos U.S.A. pelo "Times Magazine" em 1938… Fato este que não é tocado mais hoje em dia... mais um capítulo esquecido da história americana, como tantos outros). Engraçado pensar que este protótipo do Nazista (Strasser) foi interpretado justamente pelo alemão Conrad Veit, grande ator por sinal, que era um grande oponente, na realidade um inimigo, do Nacional Socialismo e tinha deixado a Alemanha exatamente por este motivo. Na foto acima o sarcasmo deste filme: o alemão e o frances – quando é hora de ser oportunista esquece-se até de que lado se está…


Num pequeno papel, daqueles inesquecíveis, o magnífico ator Peter Lorre (outro austríaco) interpretando um “pequeno ladrão” – Lorre comecou sua carreira internacional na Alemanha no (assustante) “M, o Vampiro de Düsseldorf” e já tinha trabalho com Bogart em “The Maltese Falcon” (Adoro-o bailando no número "Siberia" do maravilhoso “Silk Stockings” como um dos “camaradas”).

Um terceiro austríaco trabalhou neste filme: o incrível e simpático comico S.Z.Sakall que tem uma cena inesquecível... Falando um péssimo ingles (como a maioria dos austríacos e alemaes que jamais perdem o "acento" e falam como que com uma batata quente na boca; isto além dos erros gramaticais... imperdoáveis! ), ele explica a Rick que já fala muito bem e que nao terao problemas na América, para onde querem imigrar - e pergunta demonstrativamente à sua esposa, indicando com o dedo o relógio: "Mama, which watch?" e ela responde, super orgulhosa: "Papa, four watch"...


Quase que o personagem de Sam (Dooley Wilson, que canta “As times goes by” – uma canção aliás ODIADA por Max Steiner, compositor do fundo musical), transformava-se numa “Samantha”. A Warner pensava em colocar esta canção interpretada por uma cantora negra e considerou Lena Horne e até Ella Fitzgerald para o papel. Imaginem…

Interessantíssimo detalhe:
Acima mencionei os « vistos de saída » (Exit Visas) : este detalhe passa quase desapercebido mas Exit Visas nunca existiram, em nenhum lugar do mundo!!! Isto é só uma “invenção” hollywoodiana para ajudar o plot do filme a desenvolver-se.


Bergman não foi a primeira atriz a ser considerada para Ilsa:
Hedy Lamarr, atriz austríaca que tinha, escandalosamente, aparecido nua no filme tcheco “Extase” (1938) e que na época era chamada „The most beautiful Woman in the World“ – invenção de Louis B.Mayer - foi a primeira opção mas não aceitou o papel (Lamarr não aceitaria no futuro outro filme que foi depois passado para Bergman e no qual esta recebeu um Oscar: Luz de Gás -vide minha postagem de 23.05.2008 sobre um “Drama vitoriano e claustrofóbico” - Pobre Hedy… nunca foi muito bem aconselhada). A bela bailarina Tamara Toumanova (que não fotografava bem e por ser péssima atriz nunca alcançou nenhum sucesso em Hollywood) e até Ann Sheridan, a „Ooohmph-Girl“ (ninguém até hoje conseguiu exlicar-me o que significa isto) foram também consideradas No último momento a francesa Michele Morgan quase ficou com o papel de Ilsa mas como pediu US$ 55.000 a Warner decidiu-se rápidamente por Ingrid Bergman que por meros US$ 25.000 estava à disposição (ela era contratada de Selznick que emprestou-a à Warner. e deve ter ficado com metade do salário dela).

O roteiro nunca foi realmente finalizado. Ninguém sabia como o filme acabaria. Os atores estavam criando seus personagens de um dia para o outro – como na vida real… Também não sabemos o que nos vai acontecer amanha, não é? Bergman reclamou muito do fato de não saber se teria seu „Final feliz“ com Rick ou com Victor Lazlo. Eu acho que este fato é um fator decisivo na finalização deste filme e de sua interpretção. Nao há „hints“ de nenhuma forma – Nem os expectadores nem os atores estão sabendo, escondendo alguma coisa uns dos outros. Os atores recebiam páginas de roteiro, escritas à mão, quase que diáriamente… Um processo de criação em conjunto, vital !
O final original (Rick seria preso) era muito súbito para Hollywood. O final no qual Ilsa deixaria seu marido para ficar com Rick nada “bem-vindo” pelo Hayes-Code. Já o final no qual Victor Lazlo era morto (para possibilitar o “Happy-End” de Ilsa e Rick) não seria ideal, principalmente numa época em que o mundo passava pela ameaça do Nazismo era necessário divulgar grandes homens: os “Victor Lazlos” da vida, os lutadores pela paz, os queperderam a vida lutando.
Na realidade foi David O.Selznick (…e o vento levou!) que aconselhou o húngaro Michael Curtiz a manter o final no qual Ilsa vai embora com Lazlo e Rick, conversando com o chefe de policia (o magnífico Claude Rains), diz: "Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship."


Estou destruindo aqui várias lendas e estórias sobre um segundo final, no qual Ilsa ficava em Casablanca com Rick e Victor Lazlo voava só e que foi recusado pelo público. Nunca foi filmado.
Quando, finalmente, algumas decisões foram tomadas para filmar sequencias extras e refilmar outras, Ingrid Bergman já tinha cortado seus cabelos para intepretar Maria no clássico “Por quem os sinos dobram” (For whom the Bell tolls, 1943).
Este corte de cabelo também salvou outra cena: a sequencia em que a eterna “As Time goes by” era cantado por Sam, por exigencia de Max Steiner, teria que ser refilmada com outra canção. Ingrid, voce destruiu a vida de muitas mulheres com seu penteado (Vide minha postagem de 08.10.2009) mas, do fundo do meu coração : OBRIGADO!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

The Trolley Song - A arte de transformar banalidades em momentos eternos!


Judy Garland conheceu seu futuro marido, o grande diretor Vincente Minelli, durante as filmagens de Meet me in St.Louis („Ainda seremos felizes", MGM 1944 – aliás, uma boa dica para a época do Natal!).
Minelli, num de seus primeiros trabalhos cinematográficos (Ele vinha da direção dos Shows no Radio City Music Hall, onde criava também os cenários e os figurinos e este era seu terceiro filme, seu primeiro em cores) com uma linguagem cinematográfica toda especial, usava angulos até então desconhecidos na „sétima arte“ (vide minha postagem de 14.10.2009).

Seu uso dos cenários era fenomenal e único – os tetos dos aposentos eram vistos (em Hollywood só usados anteriormente em „Citizen Kane“ de Orson Welles), os atores (e a camera) passavam de sala para sala. Enfim, uma linguagem dinamica, cheia de um „Grandeur“ visual, cheia de „visões“, sofisticada e natural ao mesmo tempo.
E „Meet me in St.Louis“ foi só o começo.

Seu uso da cor tornaria-se inesquecível como em „O Pirata“ (MGM, 1948), „An Americam in Paris“ (Sinfonia em Paris, MGM 1951), em „Gigi“ (MGM, 1958), alcançando porém sua melhor e mais densa expressão em „Some came Running“ (1958) durante a cena em que Shirley MacLaine, mais uma vez como uma prostituta, é assassinada enquanto defende Frank Sinatra, num parque de diversões! Uma festa visual que „joga“ com nossos nervos!

Judy contou que uma vez, durante as filmagens de „Meet me…“, a MGM entregou-lhes uma música muito boba sobre um Bonde. Ela e Minelli ficaram desanimadíssimos pensando: „Um Bonde? Um Bonde????? O que vamos fazer com uma canção boba sobre um Bonde? Como transformar uma coisa tão banal como um Bonde em „Cinema“? E logo com estas letras, que não tem o mínimo que ver com a estória, com o roteiro do filme?“

Final da estória – ter talento é realmente uma dádiva:
aqui uma das mais brilhantes cenas musicais deste filme, e talvez da história da grande MGM e do cinema, pela qual Judy e Minelli nutriam um imenso e profundo orgulho! Também não é para menos!

Falando das cores e de como dinamica era sua direção… e sobre uma boba canção sobre um Bonde.
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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A „Folhinha“, a „Sessão das Duas“ e vários filmes esquecidos.

Gostei muito quando a querida Márcia (a "Paçoca") comentou que tinha gostado da postagem „tipo Sessão da Tarde“ (Judy e Mickey dançando a „Conga“). Esta sua exclamação espontânea trouxe-me, como um presente, boas lembranças.

Remexendo em recortes velhos de jornal, artigos de revistas, programas de teatro, fotos de cinema e muitas recordações dos anos 60, 70 da „famosa caixinha“ encontrei este recorte (acho que do „Jornal do Brasil“) que, creio eu, é dos anos 70: „Star!“ com Julie Andrews foi/ é um filme que adoro – apesar de ter sido um dos maiores fracassos da história do cinema e ter catapultado a carreira de Andrews para um poço de esquecimento durante muitos anos. Um dia falaremos sobre ele.

Deixando tantas recordações passarem por minhas mãos, lembrei-me de um fato gostoso: já nos anos 60 – digamos que com uns 8, 9 anos de idade – eu „colecionava“ estes „quadradinhos“ do jornal sobre os filmes que assistia e gostava. Cliquem no recorte de jornal para ve-los. Naquela época minha principal fonte de informação cinematográfica eram os maravilhosos cinemas do Rio (vide minha postagem de 17.12.2008) e a „Sessão das Duas“ (que sempre começava atrasada) muitos anos antes de ter-se transformado na „Sessão da Tarde“. Lembro-me de uma folhinha de papel (sim só uma) na qual eu colecionava e colava (dos dois lados) estes quadradinhos com o nome do filme (muitas vezes o título original em ingles estava mal escrito, com erros), elenco, a data e uma pequena descrição da estória. Eu colava aqueles recortezinhos de jornal com todo cuidado para nem sujar nem lambusar minha preciosa folhinha importante (usando cola „Polar“, lembram? Era branca, nada parecida à „Goma arábica“ ou „Araldite“ – tirei esta agora do fundo do baú, hein?). Se penso bem, há quarenta anos atrás, aquela folhinha foi o início da minha vida de colecionador, catalogador de coisas em referencia a cinema. Meu primeiro real „Arquivo“. Naquela idade eu já era descaradamente um amante do cinema! Não mudei muito... Este "state of mind", melhor, este "Love Affair" existe até hoje. Raras vezes quando revejo um filme que não "leio" alguma coisa nova nele.

Hoje em dia tenhos meus filmes, meus DVDs (alguns vídeos ainda), CDs (Long-Plays e compactos também; nunca me desfiz deles) e ainda recortes, programas, fotos etc.etc. minuciosamente organizados e catalogados. Encontro tudo.

Mas, aqui entre nós, fiquei com saudades daquela folhinha que foi perdida. Como seria bom te-la ainda… Saudades daquela simplicidade e ingenuidade de criança. Saudades do orgulho que tinha em ter uma folhinha dos MEUS filmes prediletos. Saudades dos tempos em que cada filme de Fred & Ginger era uma emocionante surpresa e descoberta. Saudades do dia em que descobri que já tinha assitido 9 dos 10 filmes que esta dupla tinha feito e de como fiquei orgulhoso. Saudades de chegar em casa do colégio e as vezes almoçar vendo um filme (na TV „Philco“, ainda em preto-e-branco). Saudades de não entender porque todos meus amiguinhos gostavam mais de Ié-ié-ié do que das baladas de Nat „King“ Cole, das Chansons de Jacqueline François, da música de Gershwin, Cole Porter e Irving Berlin ou dos sucessos mais populares de Doris Day. Ou porque preferiam assistir „Se meu Fusca falasse“ em vez de „Cantando na Chuva“…

Lembro-me ainda de alguns recortes que enchiam aquela folhinha:

Filmes antiquíssimos - quase que invariavelmente da RKO (porque?) – alguns dos quais nunca voltei a rever, como por exemplo:

„Em Pessoa“ (In Person, RKO 1935) com Ginger Rogers - foi dificílimo encontrar uma foto deste filme,

„O Corcunda de Notre Dame“ (RKO, 1939) com Charles Laughton e Maureen O’Hara como „Esmeralda“,
„O céu é o limite“ (The Sky’s the Limit, Columbia, 1943) com Fred Astaire e Joan Leslie,
„No Teatro da Vida“ (Stage Door, RKO, 1937) um „clássico“ de Gregory LaCava com Ginger, Katherine, Ann Miller, Eve Arden, Lucille Ball entre várias outras,
„Espelho d’alma“ (Dark Mirror, 1946) no qual Olivia de Havilland interpretava gêmeas. Um bom film-noir,
„O Covil das Serpentes“ (The Snake Pit, 1948) mais uma vez Olivia, desta vez num hospício (aqui na foto com a adorável Celeste Holm),
„A Mestiça“ (Spitfire, RKO 1934) – um dos mais ridículos títulos em português para um péssimo filme – com Katherine Hepburn,
„Dance, Girl, Dance“ (RKO, 1940) com O’Hara e Ball. Ótimo filme sobre Stripers... (veja minha postagem de 02.06.2008
e „Cleopatra“ (RKO, 1934), com a deliciosa Claudette Colbert no mesmo ano de "Aconteceu naquela Noite" (It happened one Night) e com muita „ousadia“ de Cecil B. de Mille (numa era anterior ao Hays-Code de censura – e isto na „Sessão das Duas“!).


Pena eu não lembrar-me de outros títulos... Sim havia um filme chamado "Stella", sobre uma mulher que foi presa... Do resto nao me lembro... quem eram os atores? Quando foi feito? Nenhuma idéia mais...

- Será que voces conhecem ou lembram-se de algum destes filmes acima?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Londres & Chicago & meu amigo Antonio

Passar um prolongado fim-de-semana em Londres é uma coisa muito gostosa que já não fazia há mais de 10 anos apesar do voo ser realmente curtíssimo. Ter tempo para passear e fazer compras no „Harrods“ ou (para mim melhor) no „Selfridges“ é uma delícia. Encontrar um amigo querido e do coração como o bailarino Antonio Negreiros e passar o tempo conversando, „fofocando“, passeando, jantando, matando as saudades e rindo é um presente ainda maior. É como estar em casa fora de casa. Amizade sincera é assim.
Para dar uma „nota especial“ extra ao fim-de-semana assisti pela primeira vez (pasmem, 34 anos depois da estréia!) „Chicago“ – espetáculo musical original de 1975 que, nesta nova versão „supervisionada“ por Ann Reinking (100% a coreografia original de Fosse), voltou às luzes da Broadway e desde 1997 está no West-End!
Eu, já nos anos 70, tinha o disco, sabia as músicas, as falas de cor e salteado mas NUNCA tinha tido a oportunidade de ve-lo completo, ao vivo. A coreografia de Bob Fosse foi, é e sempre será um dos meus elementos preferidos num Show. Talvez este tenha sido um dos motivos de não ter gostado da versão cinematográfica. Não foi baseada no original de Fosse.

Fiquei deslumbrado com a „diversão e animação“, com o „tempo“, com o „pique“ que este Show tem. O tempo literalmente „voou“ e quando me dei conta o Show tinha acabado. Tudo perfeito com uma maravilhosa orquestra, elenco secundário e bailarinos/cantores (apesar de achar os bailarinos no West-End muito musculosos, muito "body-builders". Mas esta parece ser agora a „moda“. Todos porém com extensoes incríveis… Que pernas!).

Descobri uma nova „Roxie Hart“ e me apaixonei por ela. Linzi Hateley. Sensacional. Lembrem-se deste nome. Uma ótima cantora., ótima bailarina, ótima atriz e por cima de tudo engraçadíssima! Ela de certa forma (além do fato de ser mignon e ter a cabeça um pouco grande para o corpo), tem aquela qualidade elétrica e energética, quase neurótica que Judy Garland tinha. Como se tivesse acabado de tomar uma xícara de chocolate com anfetaminas… Uma daquelas pessoas que nos faz pensar: Tanto talento e energia dentro de um tão pequeno corpo!

Eu saí do teatro em „extase“ (apesar da cena final com Roxie e Velma ter sido "fraca"): como faz bem ver-se tanto talento, tanta inventividade, tanta disciplina numa só noite – e isto num pequeno espaço de 2 horas e meia, durante as quais nem por um segundo perdi a atenção ou me desprendi do palco, de cada detalhe, de cada passo, de cada nota… Que noite maravilhosa. Batemos papos até as altas horas num restaurante italiano no West-End… „digerindo“ o Show (Antonio veio da nova produção de „La Cage“ e nos encontramos para jantar).

(Para finalizar o fim-de-semana, antes do embarque no aeroporto de Heathrow, sentou-se ao meu lado na Sala VIP ninguém mais nem menos do que Susan Boyle, que há alguns meses atrás comoveu o mundo inteiro quando apareceu naquele programa ingles de „calouros“ chamado „Britain’s got Talent“.

Uma pessoas simpática e faladora – falava simplesmente com todo mundo! E como sorria... Adoro pessoas que sorriem...)

Aqui Linzi em 2003, num vídeo amador, no West-End como Roxie... nestes seis anos ela mudou: Sua Roxie ficou loira e ainda melhor!
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terça-feira, 20 de outubro de 2009

La Conga: vamos nos divertir com Judy e Mickey?


Vamos hoje só nos divertir?

Desde minha última postagem sobre Lucille Bremer e uma dança com Fred Astaire com um Back-Ground que era supostamente Copacabana, fiquei pensando em como Hollywood durante a II Guerra Mundial, por razões politicas ( o mercado Europeu estava fechado), estava completamente voltada para a América Latina (não foi à toa que Carmen Miranda, Carlos Ramirez, Cesar Romero e tantos outros, tiveram tantas chances "musicais" e viraram de certa forma, "história" nos U.S.A. Ora, até Aurora Miranda, a Dona Aurora que tive o prazer de conhecer, bailou com Donald e Zé (Joe) Carioca...). Roteiros, músicas, ritmos, bananas, Technicolor, roupas de rumbeiras, chapéus mexicanos e camisetas de malandro... tudo misturado. MAS, temos que reconhecer: mais uma eficaz "fórmula" para promover a "Good Neighbourhood Policy" de Roosevelt. Não era à toa que os nossos cinemas também se enchiam para estes fimes. Aqui um brilhante exemplo desta época para nos divertir: a fabulosa dupla de “teen-agers”, Judy Garland, só um ano depois de "Oz", e Mickey Rooney, dançando uma “Conga” (maravilhoso e animado ritmo latino que infelizmente nunca teve um “Come-Back”, uma “Renaissance”) em “Strike up the Band” (MGM 1940)- um daqueles musicais da época para adolescentes. Sim, cada geração tem o "Dirty Dancing" que merece... Tenham um pouco de paciencia… a partir do quarto Minuto a coisa esquenta gostosamente. Divertimento puro, animação pura, nada de técnica… que vontade de dançar agora uma "Conga" numa festa! (Meus pais sempre me contavam como era gostoso “bailar La Conga” nos bailes dos anos 40!), One Two Three… Uhmm!

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

THE FORGOTTEN: Lucille Bremer (e Copacabana?)


A talentosísssima Lucille Bremer (1917 – 1996) teve uma curtíssima carreira: depois de ter aparecido num papelzinho secundário na Broadway em “Panama Hattie” (detalhe: no côro também estavam June Allyson e Vera Ellen) ela chamou a atenção de Hollywood, da MGM e de Louis B.Mayer. Estava, por assim dizer, práticamente “predestinada” para uma longa carreira de sucesso.

Seu primeiro papel foi um secundário, como a irmã de Judy Garland e Margaret O'Bien em “Ainda seremos felizes” (Meet me in St. Louis, MGM 1944). Ah... a sensível camera de Vincente Minnelli com angulos desconhecidos na época... vejam a próxima cena, o perfil das duas ao cantar ao piano... puro Minnelli e sua opulencia visual! Alguém já reparou no detalhe da estátua sobre o piano em relação ao perfil das duas? Pensem...



Seu próximo filme, já na qualidade de estrela principal, foi “Iolanda e o Ladrão” (Yolanda and the Thief, MGM 1945) com Fred Astaire
Ela voltaria a trabalhar com Astaire em “Ziegfeld Follies” de 1946. Olhem só os outros nomes do filme…
Neste filme, ela bailou “Limehouse Blues” com ele… Música esta, uma das minhas preferidas, que foi introduzida nos U.S.A. por Gertrude Lawrence na “Charlot’s Revue” de 1924, sobre a qual um dia terei que escrever mais.
"Follies" foi feito no mesmo ano de seu último “grande” filme "A" (“Till the Clouds roll by”, uma biografia sobre o magnífico Jerome Kern… compositor de Ol’ Man River entre centenas de outras). E também aqui vale a pena ler os outros nomes do filme…
A partir deste filme a Metro começou a perder o interesse por ela – alguma coisa não “funcionava” na sua “persona” cinematográfica. Ela simplesmente não atraía simpatia, o público… e não atraía US$ para as bilheterias! Apesar de ser bonita, glamourosa, fotogenica para o Technicolor (branquíssima e com lindos cabelos ruivos), dançar e cantar brilhantemente e ser boa atriz…. Ela simplesmente não funcionou com o público.

Lucille fez ainda alguns filmes “menores” depedindo-se do cinema na produção (práticamente “B”) de 1948, “Behind locked Doors” (um “filminho” de 62 Minutos).
Ela , muito decepcionada com sua carreira, resolveu não renovar seu contrato e deixou Hollywood pare sempre. Esteve no cinema ao total 4 anos. 2 1/2 deles como “Estrela”. Durante este tempo foi até capa do “Life-Magazine”…

Dizem as más línguas que ela era uma “protegée” de algum Big-Shot da MGM… lembro-me de ter lido, ouvido isso alguma vez… Ela casou-se no mesmo ano em que se despediu do cinema, foi morar numa cidadezinha do interior da California e até sua morte em 1996 (aos 79 anos, de uma ataque do coração) nunca voltou a reativar, de nenhuma forma, sua carreira . Um pouco “amarga” sobre este capítulo de sua vida. Triste. Que pena.

Mas esta sua curta passagem pela tela deixou-nos lindos momentos.

Em homenagem à esta linda bailarina, gostaria de colocar aqui uma cena sua com Fred Astaire (a partir de 2:15 minutos para quem nao puder esperar!) que, além de ser preciosa, nos lembra o calçadão do Rio pois o filme se passa no Rio... e esta cena é durante o Carnaval... (Carioca é muito orgulhoso! Bem, nossa cidade é realmente linda... He he…



E para os aficcionados pela dança existe ainda um detalhe interessantíssimo: a orquestra toca um 4/4 e os bailarinos dançam um 5/4. Eugene Loring, o brilhante coreógrafo da MGM (outro “esquecido”) estava, nos anos 40, bem à frente do seu tempo! Eu não conheço outro trabalho assim… Alguém talvez?


domingo, 11 de outubro de 2009

Juarez Machado (1975) e "a caixinha"!

Para quem ainda não sabe, quando me mudei para o apartamento onde atualmente moro, reencontrei, entre meus pertences do porão, uma “célebre” caixinha. Eu a chamo de "caixinha", mas na realidade suas proporções são mais próximas a um caixote… Mil recordações dos tempos em que vivi no Brasil: redações da escola, desenhos, fotos, recortes de jornal, programas de teatro, do Theatro Municipal, revistas (encontrei um dia destes porém, numa outra caixa 50 exemplares da revista « Cinelândia » do início dos anos 60… postagens seguirão com certeza com anúncios da Pond’s, Avon etc.!) e muitas outras coisas !
Estas memórias todas devem ser reabsorvidas em « doses homeopáticas » senão mexem muito com a gente!

Entre os recortes que vou aos poucos selecionando, reencontrei estes do trabalho de um pintor que admirava muito na época : Juarez Machado – lembram?
Este pintor de Joinville, nascido em 1941, vive hoje em Paris onde continua pintando. Expoe na Europa, nos U.S.A. e também no Brasil. Fez-se com os anos um pouco "caricato" e seu visual recorda um pouco Salvador Dali. Charme... Seu trabalho atual é maravilhoso e muito mais complexo, porém já não mais me fascina tanto como antes…

Sinto falta não só da simplicidade daquele traço elegante (e inconfundível) mas acima de tudo, do seu lado crítico, muito bem-humorado e social… vejam este exemplo de 1975 que recortei na época do Jornal do Brasil!