sexta-feira, 28 de maio de 2010

Swing Time

Uma das minhas cenas prediletas de Ginger e Fred...



Como daquelas mencionadas na minha charge preferida sobre os dois: „Sure he was great: But don’t forget Ginger Rogers did everything he did… Backwards and in high heels!”

">

sábado, 22 de maio de 2010

Callas, Sutherland e "Lucia"

Em 1959 Callas assinou um contrato interessantíssimo com o Covent Garden: Neste estava estipulado que ela cantaria na produção de Zefirelli de “Lucia di Lammermoor” e na produção de Minotis de “Medea” (o que implicava numa troca transatlantica das duas produções entre o Covent Garden e Dallas).
A produção de “Lucia” tinha sido concebida originalmente para o jovem Soprano australiano, Joan Sutherland, que despontava nos palcos de Ópera.
Callas voou de Milão para Londres para assistir o ensaio geral de Sutherland e, sentada na platéia, sem tirar nem seu casaco, nem seu chapéu de arminho (como que preparada para sair a qualquer momento… talvez para sómente dar a impressão de que não estaria ali por muito tempo...), ouviu deslumbrada, concentrada e silenciosa toda a “performance” de Joan: “Eu ficaria enciumada de qualquer pessoa cantando tão bem mas não de voce”, ela disse à mulher que sete anos antes cantou a pequena parte da confidente de “Norma” para a própria Callas.
Imediatamente ela contatou a direção da famosa Casa de Ópera e disse a David Webster: “O que a imprensa disser não importa: Voces tem uma GRANDE “Lucia”. Nunca mais me peçam para cantar «Lucia». Voces tem a sua própria Lucia britanica e deveriam estar mais do que orgulhosos dela!”.
Confrontada com real talento, Maria sempre reconheceu-o, sem vaidade.

(Um episódio contado por Zefirelli: Ele tinha lhe dado um disco antiquíssimo chamado “The golden Age of the Metropolitan”. Ela riu descontroladamente (até chorar) ouvindo Tetrtazzini e Galli-Curci mas quando Rosa Ponselle começou a cantar, ela beijou a capa do disco e manteve-a bem colada ao seu coração!)

Aqui Dame Joan Sutherland, não em “Lucia”, não em “La Traviata” e nem em “Norma” – três das várias Óperas que imortalizou – mas em uma das minhas “preferidas”: a “quase esquecida” Lakmé de Delibes. O “Dueto das Flores”. Um lindo, inesquecível momento!
">
e com Marilyn Horne no mesmo dueto, porém concertante.
">

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"I love Paris" (ou "Um Ballet sobre o Pecado")

Por causa de minha volta de Paris? Pode ser...

De qualquer forma mais uma vez uma cena de „Can-Can“, continuando a tertúlia de 15.05.2010.
Aqui, sem muitas cerimonias, o Ballet de “I love Paris” ( ou "O Jardim do Eden"), uma pequena “obra-prima” com MacLaine (Eva), Prowse (irresistível como a “Serpente”) e o talentoso Marc Wilder, como Adão, cujo nome nem sequer foi mencionado nos “Credits” do filme!
Lembrando as “sábias” palavras de “Simone Pistache”: Este Ballet prova que o pecado não foi criado em Montmartre, só aperfeiçoado lá!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Chéri", Colette, Pfeiffer e (O doce Pássaro da) Juventude...

O que? Ricardo tertuliando sobre um filme feito “depois de 1945”? E ainda por cima deste século? Um item assim “tão” moderno? O que????? Mas... (Digam o que digam de mim: jamais perderei meu senso de humor e nem deixarei de rir sobre mim mesmo…
Mas como diz a música de Jacques Prévert: «Je suis comme je suis, je suis faite comme ça…»).
Na última semana assisti em duas noites consecutivas «Chéri» filme de 2009 de Stephen Frears e com a linda Michelle Pfeiffer no papel principal (Explicação: assisti o filme na primeira noite e o reassisti na noite seguinte!). Baseado no romance homonimo de Colette, o filme é mais uma outra «excursão» no pequeno (demi)monde das cortesãs parisienses (que em sua época “governaram” de certa forma o país, arruinaram homens – como o rei da Bélgica – e por nunca conseguirem um “status” de mulher casada, exigiam “muito” e tornavam-se riquíssimas… bem, uma grande parte, pelo menos).

O filme, sem dúvida, aborda o tema de forma um pouco mais «real» do que as cortesãs que vimos ao lado de Leslie Caron em «Gigi» e mais fiel à (picante) obra de Colette.

Sim, as cortesãs... Léa (Pfeiffer) é uma delas. Já um pouco mais madura, ela comete um pequeno malheur: se apaixona por um jovem rapaz (Chéri). Ainda bonita, ela leva corajosamente à frente um relacionamento que (do ponto de vista de Colette) mostra como frágil o homen é quando comparado à mulher. Ela paga todas as despesas de Chéri. Ela lhe compra presentes. Ele usa sua pérolas. Ele dorme em pijamas de seda. Ele é o «brinquedo» e ela, em sua (provávelmente última) «paixão», esquece-se que ele um dia deveria transformar-se num homem. Ele permanece emocionalmente um menino de 12 anos. O egoísmo de Léa, que alimenta o seu medo da idade, consome Chéri.

Num certo ponto do filme, o «tempo», cruel com Léa, finalmente chega. Nós, como público, notamos alguma coisa, alguma coisa muito sutil. Eu não consegui descrever, articular o que via. Não soube definir o que Stephen Frears me mostrava.
Quando Léa disse porém a frase «E o que voce encontrou quando voltou? Uma mulher velha…”, entendi o que via.
Sim.


A sutileza da camera, da maquiagem, da iluminação não nos contou aberta- e óbviamente o que tinha acontecido. Não transformou Léa de um momento para o outro em uma velha.
Muito sutilmente nos mostrou como ela envelheceu. Como num encontro com um amigo que não se ve há muito tempo. Como demora-se a perceber o que o tempo pode devastar… O filme trata com extrema delicadeza, sensibilidade e respeito, não só no plano emocional como também no cênico, o preciso, fragilíssimo momento em que a juventude abandona o rosto de Léa. Bem ao contrário da forma brutal e quase grotesca com que “Alexandra del Lago” (heroína de Tennessee Williams) é tratada em “ O doce Pássaro da Juventude”. Mas esta é uma outra estória que ficará para outra vez...

O que impressiona é esta colaboração íntima entre Pfeiffer e Stephen Frears, já datada das filmagens de “Les Liaisons dangereuses” (abaixo com Malkovich).
Muito pode ser lido sobre a falta de «vaidade» de Pfeiffer durante as filmagens de "Chéri", como todo o efeito de “velhice” foi conseguido só com o efeitos de luz, etc. etc.… O que importa? O resultado é belo. Digno. Bom cinema.

Colette escreveu uma continuação para Léa e Chéri (“Le fin de Chéri”) e a última cena do filme explica em questão de segundos todo o segundo livro (inclusive seu final). Todo um livro estampado em um take, no rosto de Pfeiffer. Mais uma vez a “filosofia” de Colette que a mulher é bem mais forte que o homem. Custe o que custe. “Take” genial. Direção soberba!

(E, detalhe, que produção, que excursão pelo mundo da Art nouveau… de cenários a figurinos… )

Cinema de altíssima qualidade emocional e artesanal. Ótimos atores (a grande Kathy Bates quase “rouba” o filme). Digam os críticos o que quiserem. Eu amei este filme e o recomendo a todos que não o assistiram… É “daqueles” que nos movem e incentivam a ler livros… E - posso ser sincero? - Pfeiffer é absolutamente linda (e muito "apart") em qualquer idade!

sábado, 15 de maio de 2010

"Can-Can" (1960): uma dança desenfreiadamente contagiante (mas óbviamente não para Nikita Kruschev!)


„Can-Can“ (1960), um maravilhoso e divertidíssimo musical (Cole Porter) que em 1953 não só fez de Gwen Verdon uma estrela (ela roubou o show de uma cantora chamada “Lilo”) como foi o grande causador do seu longo “love affair” com a Broadway (vide a tertúlia de 23.04.2009).

O personagem de Lilo “La Mome” foi “fundido” com a dançarina (personagem de Verdon) dando vida à “Simone Pistache” (um nome hilário, que adoro), interpretada no filme por Shirley MacLaine (apesar de “Claudine” uma outra bailarina, interpretada por Juliet Prowse, na época a “noiva” de Sinatra, ter sido mantida no Script). Mais um “amálgama” hollywoodiano… do qual Shirley bastante lucrou!

A 20th Century Fox começou a vasta produção em 1959 e as expectativas eram grandes.
Shirley chegava de um grande sucesso chamado “Some came running” (na MGM, de Vincente Minnelli e pelo qual recebeu sua primeira nominação – foram cinco ao total – para um Oscar por sua "primeira prostituta" nas telas – foram mais de cinco!) e lutou para voltar “à forma” para este musical (Na foto abaixo uma visívelmente cansada e esbaforida Shirley - o figurino, de veludo, não era só quentíssimo como também pesadíssimo - recebendo uma visita de seu irmão Warren Beatty e de sua namorada da época: ninguém menos do que uma elegante Joan Collins!).

Mas uma outra visita foi bem mais divulgada e trouxe grande publicidade para o filme: no auge da "guerra fria", o presidente da antiga U.D.S.S.R., Nikita Kruschev não só visitou os U.S.A. (acompanhado de Mme.Kruschev “himself”) como “deu um pulinho” a Hollywood e aos estúdios da Fox.

Neste dia Sinatra fez-se de “Emcee” e cantou para o casal Kruschev (que foi bem acomodado num “camarote”). Eles assistiram alguns ensaios com Jourdan e Chevalier e a “performance” de Shirley e Prowse dançando o endiabrado “Can-Can”, que é o real motivo desta postagem.


Numa entrevista depois, foi perguntado a Kruschev o que achara do “Can-Can”. No jornal do dia seguinte foi publicada sua lacônica e ao mesmo tempo reticente resposta em letras garrafais: "The face of humanity is prettier than its backside". A imprensa perguntou imediatamente a Shirley o que opinava e ela disse espontaneamente (sera que ela é áries como eu?): “Ora, ele está chateado porque estávamos usando calcinhas!”

Nota: Kruschev deve ter nutrido uma extrema antipatia por Shirley… Um ano depois, numa outra visita aos U.S.A., os dois estiveram, por coincidencia, ao mesmo tempo no mesmo restaurante (o famoso “Sardi’s”). Ela tinha acabado de filmar “The Appartment” (Se meu apartamento falasse) de Billy Wilder e se encontrava numa fase muito produtiva como atriz, sendo aclamada pela crítica e pelo público. Kruschev enviou-lhe uma mensagem: “Assisti “The appartment”. Voce melhorou.”

De volta a “Can-Can”:

Além de números maravilhosos e eternos de Cole Porter como “I love Paris”, “C’est Magnifique”, “Montmartre”, “Let’s do it!”, o filme ainda conta com um cast maravilhoso e harmonioso: Sinatra, MacLaine, Louis Jourdan, Chevalier e a incrível Juliet Prowse numa de suas poucas aparições cinematográficas. A direção de Walter Lang é impecável com um “ritmo” gostoso, vezes surpreendente, muito dinamico. Mas a coreografia do mestre Hermes Pan e a execução dos números musicais literalmente “roubaram” o filme e são um grande motivo de sua popularidade até hoje:

- O “Apache”, com esta “garota” de 25 anos (MacLaine), solta, sem medo de cair, de se bater e de se machucar, é hilariante e prende nossa atenção.

- “I love Paris” (o “Ballet” no “Jardim do Eden”) é uma pequena obra prima (Shirley é Eva, Juliet “a Serpente”) – a iluminação é sútilmente fascinante já que as “cores” trazem à tona a “Mood interior” dos personagens (e a “picante descoberta” que estão fazendo por causa da serpente e da Maçã…). Mais sobre este número numa próxima postagem.

- Finalmente o “Can-Can”, o tema título que finaliza o filme (ao contrário de um “Hello Dolly”, com coreografia de outro mestre, Michael Kidd, no qual a canção título é interpretada no meio do filme e faz que nosso interesse diminua a partir deste ponto) que simplesmente vem encontrar todas nossas expectativas e até mais: um número maravilhoso, divertido, dinamico, fervilhante, endiabrado e contagiosamente, desenfreiadamente animado! Contrário à “tradição” do Can-Can, ele “usa” também também bailarinos, o que dá um ar mais universal à Dança, além de criar boas “figuras”. Muito boa idéia!

Nunca vi ou voltei a ver um Can-Can como este! Tenho sempre um certo receio em dar opiniões muito “temporalmente decisivas” , finais mas hoje, não podendo resistir, farei uma exceção: este certamente é o melhor Can-Can que já assisti até hoje! (aumentem um pouco o som...)

">

quarta-feira, 12 de maio de 2010

REMEMBERING: Lena Horne (1917 - 2010)


Dia 9, preparando uma postagem sobre Magnólias, na qual tertuliei um pouco sobre “Show Boat”, Kathryn Grayson e Ava Gardner, pensei muito em Lena Horne e como "perdeu Julie” para Ava por causa de sua cor de pele – apesar do ironico fato de Julie agradecer seu “afastamento” do “Cotton Blossom” (o Barco das ilusões) ao fato de ter sangue negro correndo em suas veias… Lena tinha criado e composto sua Julie em 1946 para o filme “Till the clouds roll by” (Uma biografia sobre Jerome Kern), e, mais uma vez ela teve que usar os roxos e rosas que a Metro lhe impunha e que a tornavam muito mais uma “Caribeña” do que uma nativa do Harlem…
Pensei tanto nela e até no fato que lhe deveria fazer uma postagem… brevemente… sobre “Stormy Weather” talvez? Seu melhor filme – no qual foi emprestada para a 20th Century Fox e teve realmente um “papel” (explicações depois). Tudo isso no dia 9, dia em que morreria… Coincidencia?

Jamais me contentei em só ouvir Lena Horne. Gostava de ouví-la vendo-a. Alguma qualidade sua, de uma força eletrificante e ao mesmo tempo indescritível, sempre chamou-me a atenção.
Lena, nos anos da MGM, teve uma carreira muitas vezes extremamente injustiçada. A maioria de suas aparições na tela eram simplesmente cenas musicais, nunca papéis principais – estas poderiam ser fácilmente retirada dos filmes no Sul dos Estados Unidos, já que a platéia sulista não estava de acordo com a aparição de artistas da raça negra nas telas dos cinemas e poderia “ofender-se” (O mercado do Sul era muito importante para os estúdios e estes – como o dinheiro sempre manda – estavam dispostos à fazer qualquer concessão… ).

Ela mesmo descreveu como sua maquiagem era esbranquiçada para torná-la um tipo muito mais claro do que era e de como, num filme chamado “Cabin in the sky” (1943, vide foto acima: o primeiro filme dirigido por Vincente Minnelli), uma cena sua numa banheira, na qual cantava “Ain’t it the truth?”, foi cortada porque o estúdio considerou muito “risquée” uma mocinha negra tomando um banho de espuma… O seu nariz nunca foi realmente explicado mas comparando-se fotos é óbvio que passou por uma “remodelagem” como anos depois Diana Ross e Michael Jackson (em muito maior escala) passariam… Aliás, eles a consideravam a "mãe" de todos os artistas negros americanos (ela trabalhou com ambos em "The Wiz").


Lena, como citado acima, perdeu “Julie” para sua amiga Ava Gardner, foi colocada numa lista negra (por causa de suas convicções políticas), não conseguiu empregos, engoliu terríveis humilhações, teve que esconder seu casamento durante anos (misturas raciais não eram “bem-vistas” em Hollywood) e numa questão de seis meses perdeu seu pai, seu marido e seu filho. Uma Lena reclusa voltou à indústria de forma nova. Ela transformou-se numa Lena mais agressiva, mais sofrida, mais real. Madura. Inteira. Esta nova «qualidade», que o destino lhe colocou, deu-lhe sua segunda carreira. Magnífica. Impressionante como ela pode canalizar a dor, torná-la quase palpável para nós.

Lena disse no final de sua vida: "My identity is very clear to me now. I am a black woman. I'm free. I no longer have to be a 'credit'. I don't have to be a symbol to anybody; I don't have to be a first to anybody. I don't have to be an imitation of a white woman that Hollywood sort of helped me become. I'm me, and I'm like nobody else."

Aos 92 anos ela nos deixou e, para repetir o que sempre digo, quando estes grandes mitos nos deixam: sinto-me meio viúvo de novo. Meio triste.
Mais uma das que “restavam” se foi. Difícil as vezes imaginar o mundo sem tantos talentos...

Grande Lena!


Aqui uma das canções (e cenas) preferidas de meu pai : Stormy Weather.
">

domingo, 9 de maio de 2010

Magnolias...


Acho que já torna-se aos poucos uma tradição o fato de mostrar todos os anos aqui fotos da minha linda “magnólia” em flor. Este ano estou um pouco atrasado, já que o período em que ela floresce e nos encanta com toda sua beleza, é demasiado curto. Mesmo assim aqui vão duas fotos e os meus parabéns à todas as mães leitoras de "Tertúlias" (assim como aos filhos e filhas que desfrutarão deste dia em companhia delas!).
Penso na força deste caule, que junta toda sua seiva, todas suas forças durante o pesado inverno austríaco e lança suas flores no ar da primavera como que num esplendor cheio de felicidade. Que lindas expressões de beleza, de esperança para um bom verão, que fazem-nos ficar mais conscientes de como efemera a primavera é.
Penso nas Magnólias do Sul dos U.S.A., em como uma «outra» Magnolia sempre esteve presente na minha vida, no (para muitos) melhor musical que a MGM já fez, “Show Boat” (O Barco das Ilusões, 1951): Kathryn Grayson (1922-2010), como Irene Dunne na versão de 1936 e Laura La Plante em 1929, deu vida à esta sensível e forte Magnolia, que com toda sua fragilidade sobrevive as “tempestades” que o destino lhe traz e floresce eternamente antes que “THE END” apareça nas telas para dizer-nos que agora “ESTE” sonho acabou e que devemos procurar um outro.
Sua pureza e força já fazem-se notar em sua relação com a triste e malograda Julie (personagem fascinante, interpretado pela linda Ava Gardner – vide minha postagem de 09/10/2009 sobre “Show Boat”),
na forma resoluta em que decide-se pelo amor e não pelo “Barco”
e chegam ao ápice quando ela, abandonada pelo marido, grávida e sem dinheiro consegue um emprego de cantora num local de “duvidosa reputação”.
Em sua estréia ela, pelo nervosismo, não tem voz … seu pai está por acaso na platéia… é Noite de Ano-Novo… o resto, embalado em belíssimo Technicolor e na melhor tradição melodramática (e lacrímosa) da Metro, é história… "After the Ball is over". O que acontece depois? E o que acontece depois da Magnólia florescer?

Magnolia tornou-se mãe e, de certa forma, nunca parou de lutar por sua felicidade!

">

“Show Boat”, um filme às vezes esquecido e extremamente injustiçado pelos historiadores de Cinema, é um dos grandes, senão o maior Musical do Teatro americano. Muitos dizem até que «Show Boat» é o teatro musical americano! “Show” estreiou em 1927 e celebrou com muito sucesso seu retorno à Broadway mais de 70 anos depois.
Jerome Kern e Oscar Hammerstein escreveram aqui um de seus melhores „scores“, fascinantemente americano, que (baseado no livro de Edna Ferber e também pelo tema de preconceitos raciais) ainda é de uma atualidade fascinante…

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Time heals everything...


Uma das mais lindas canções compostas para um musical da Broadway, “Time heals everything” é, apesar de muito simples, de uma honestidade e emoção devastadoras.
“Mack and Mabel” (1974) de Michael Stewart e Jerry Herman (Hello Dolly!) conta a atribulada estória de amor entre o diretor de cinema (mudo) Mack Sennett e sua “descoberta”, a adorável Mabel Normand, que transformou-se numa de suas maiores estrelas.
O musical, que originalmente teve o magnífico Robert Preston (para uma geração mais nova conhecido de “Victor, Victoria”) como Sennett, a talentosíssima “Broadway’s Darling” Bernadette Peters como Normand e o brilhante Gower Champion como diretor, não foi realmente o que se possa chamar de um “sucesso”. Desde sua “revival” em 1995 no West End ele ganhou porém um outro “status” e, hoje em dia é realmente “compreendido”.




O “enredo” nos leva dos dias dos “two-reeler” da Keystone às “Bathing Beauties” de Sennett (Gloria Swanson, que esteve entre elas, aqui encima na primeira fila) e ao amor trágico dos dois, interrompido pela prematura morte de Normand, a primeira “rainha da comédia” de Hollywood, em 1930 de tuberculose.
Gostaria de chamar atenção às lyrics de “Times heals…". Ainda me emociono com elas. Impressionante como uma música pode captar nossa sensibilidade, incrível como a gente pode se identificar com uma canção...
Aqui, mais de 30 anos depois do show original, Bernadette Peters, em grande forma, dando sua “rendition” da talvez mais linda balada que lançou ao longo de sua rica carreira.

♪ ♫ Time heals everything
Tuesday, Thursday
Time heals everything
April, August
If I'm patient the break will mend
And one fine morning the hurt will end

">
So make the moments fly
Autumn, Winter
I'll forget you by
Next year, Some year
Tho' it's hell that I'm going through

Some Tuesday, Thursday
April, August
Autumn, Winter
Next year, Some year
Time heals everything
Time heals everything
But loving you… ♫ ♪

terça-feira, 4 de maio de 2010

"Carmen" e a reabertura do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Chegam-me às mãos impressões variadas, críticas e elogios, sobre a apresentação de “Carmen”, ballet de Roland Petit, escolhido para a «reabertura» do nosso querido Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

„Carmen“ de Petit, é um trabalho gasto, ultrapassado e muito envelhecido. Com ele sucedeu a mesma coisa que se passou ao “Cinema Novo” no Brasil: Trabalhos que são tão “filhos do seu tempo”, que nele ficam presos e enclausurados. Fora do contexto da sua própria época eles tornam-se até patéticos e de um imenso tédio (Um bom exemplo é o “canto” de “La Habanera” – cena esta que na época queria “chocar” desperdiçando – sem dança – a parte mais conhecida desta mais popular das óperas!).

Trabalho de um “modernismo academico”, cheio do que brevemente seria chamado de “clichée” do moderno ou seja, “elementos” usados para dar a “embalagem” do moderno a um trabalho que em si nada tinha de revolucionário e que, em sua essencia, não é nada moderno. Além disso não DEVEMOS esquecer que Carmen foi coreografado para uma temporada londrina em 1949. E acima de tudo também não PODEMOS esquecer que Petit coreografou “Carmen” para sua esposa, Zizi Jeanmaire (de quem aliás leio a biografia no momento)

e para ele mesmo – com todas suas dificuldades e gravíssimos limites técnicos.



Zizi, com seu corte curto de cabelo (que "alongou" um pouco seu curto pescoço) deu toda uma qualidade andrógina à sua Carmen (como tudo que funcionava no palco e na vida para os dois, as chamadas “fórmulas de sucesso”, Zizi grudou nesta idéia andrógina e jamais mudou de corte… ter o mesmo corte de cabelo por 61 anos não deve ser fácil. Que coisa mais chata, não ?). Como voces percebem, eu definitivamente não me incluo na lista de fãs do casal Jeanmaire/ Petit ( Nem mesmo em “Le jeune Homme et la Mort").


Fazendo meu resumo: considero a „Carmen“ de Petit um trabalho chatérrimo (como aliás, para mim, a maioria de seu trabalho… Dormi uma vez em plena Praça de São Marcos em Veneza assistindo seu “As Quatro Estações” apesar de talentos como Dominique Khalfouni e de uma bailarino que adorava, Jean-Charles Gil). Como já conhecia a obra, não teria comprado uma entrada para a “reabertura” do Theatro. Teria esperado por algo, ao meu ver, mais apropriado para mim.
Mas temos que levar em conta que este é um momento e tanto : « Carmen » com 61 anos de atraso…

Gostaria muito de convidar a todos que assistiram este espetáculo a contribuir aqui com suas variadas opiniões… Seria um enriquecimento para as “Tertúlias” e para mim, tão longe em Viena, é mais do que um prazer receber notícias assim, fresquinhas como pãezinhos saíndo do forno e dividí-las com voces!

sábado, 1 de maio de 2010

REMEMBERING: Dolores Duran & "A Noite do meu Bem"

Realmente já fazia algum tempo desde que as Tertúlias se ocuparam d'um tema sómente nacional. Com grande prazer comento hoje um grande "ídolo" meu!
Dolores Duran
Este “mito” (que tinha o nome burgues de Adiléia Silva da Rocha) de quem não sabemos muito, é, de certa forma, um sinal de interrogação na música popular brasileira. Cantora de “boites” e depois do rádio, da televisão e de discos, parceira de Jobim em canções como «Por causa de voce» e «Estrada do Sol», ela foi uma da poucas brasileiras que chegou a fazer uma tournée pela antiga União Soviética em 1958. Depois em Paris, onde passou certo tempo, ela conheceu muitos “ícones” do panorama internacional (Ella Fitzgerald disse que a melhor interpretação que conhecia de “My funny Valentine” havia sido cantada por Duran).

Sua morte prematura (um ataque do coração supostamente causado por uma “overdose” de barbitúricos) nos privou de um talento que ainda teria muito o que contribuir e dar... Imaginar que outros caminhos a MPB teria tomado sob sua influencia é tarefa difícil para nossas mentes. Pouco se sabe sobre ela mas as “lendas urbanas” (como noitadas e bebedeiras com outros compositores e "artistas" no então famoso “Beco das Garrafas”) viraram folclore com o passar do tempo. A boemia de um Rio que se acabou... Esta sensível (e machucada?) mulher abandonou este mundo aos 29 anos, em 1959, e nos deixou um dos maiores “poemas” musicais jamais compostos no Brasil: A Noite do meu Bem. Que mestra das palavras… Quanta delicadeza de expressão! De certa forma Duran e «A noite do meu bem» serão eternos! Admiro talento assim. E muito.


Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje eu quero a paz de criança dormindo
E o abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem

">
Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem
Ah! eu quero o amor o amor mais profundo
Eu quero toda a beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem
Ah! como este bem demorou a chegar
Eu já nem sei se terei no olhar
Toda ternura que eu quero lhe dar.

(Dolores Duran)