sábado, 28 de fevereiro de 2009

Happy Birthday!!!!!!!!!!

Nossa, como o tempo têm passado rápido… e eu, quando menino, ria dos tios, dos meus pais, da minha querida avó quando diziam esta frase… pior ainda era quando ouvia “cada vêz o tempo passa mais rápido”, não é? Bem, cá estou e de pleno acôrdo com estas afirmativas e com êles... Como a gente muda…

Há um ano e 99 postagens atrás
(SIM!!!!! Estou orgulhoso, esta é realmente a centésima postagem!) nasceram estas “Tertúlias”… Foi dia 29 de fevereiro de 2008 (Na verdade este Blog só fará aniversário mesmo no dia 29 de fevereiro de 2012… mas deixamos esta passar!) e o nascimento foi difícil, complicado… Um Blog que começou meio “desconfiado”e muito encabulado e que só pouco a pouco foi descobrindo seu estilo, sua razão de ocupar um espaço aqui nesta nossa vida virtual, o seu “porque” de existir… O “padrinho” foi Cláudio, o menino sabido, talentoso e inteligente do “Mundo do Cláudio” e amigo desde 32 anos, que deu muita força para que este bebê pudesse-se transformar numa criança marota…

Parabéns… hi hi…


Com “Tertúlias” vieram muitos presentes: comentários positivos, discussões as vezes até polêmicas, trocas de idéias, divagações (lembram do « Peach Melba » da Maurette ????? Que exemplo!), conversas, novos pontos de vista… Ou seja, “tertúlias” no verdadeiro sentido da palavra. Uma troca de informações maravilhosa, de lembranças, de memórias, de muito sentimento… que bom sentir que criei um espaço de certa forma positivo…

Entraram na minha muitas pessoas das quais estou sempre esperando ansioso a opinião quando faço uma postagem e também uma amiga querida, a Maurette, que já conheci pessoalmente no Rio em setembro e que virá em breve visitar-me em Viena e muitas pessoas parecidas, próximas, interessadas, carinhosas, inteligentes…
Diz-se normalmente que os opostos se atráem, nao é? Acho que aqui no Internet acontece um fenomeno oposto: as similaridades se atraem… Penso em Paçoca (Oh, a Márcia, que pessoa mais rica!!!!!), a incrível Olga, das “Arenas cariocas”, Efigênia e sua fascinante eloquência, Martha com tanta cultura, Madame – chiquééééérrima!, Kaplan, a doce Zélia do Mundo azul, Táis, a carinhosa Dani, Vera Mayerle, Laura Felici (as duas últimas amigas anteriores à era “Tertuliana”) e tantos outros (desculpem por não mencionar todos, OK?). Todos pessoas interessadíssimas, cultas, cheias de humor e amor, de carinho, de curiosidade… abertos para o novo e que, mesmo sem tempo como a maioria de nós, sempre encontram um tempinho para ler, interpretar, analizar uma postagem e deixar-me uma mensagem…
Nossa, e como deixar de mencionar a “Ursa” e seu interesse???? Nao posso… Ursa, seguidora da primeira hora… que querida! Ursa, eu sou o “curió”, lembra?

2008 foi um ano em que me distanciei de muita gente negativa - como por exemplo de uma mulher gorda e negativa que conhecia já há mais de 30 anos, da época da faculdade... mas ganhei desta forma paz de espírito, tranquilidade na vida... (Que horror estas pessoas!) e assim estou ganhando novos amigos... distanciar-se do negativismo é muito importante e saudável!

Além de tudo “Tertúlias » conseguiu reaproximar-me de amigos que estavam um pouquinho ausentes, distantes de minha vida… Cristina Martinelli (« La » Martinelli, a maravilhosa prima-ballerina), Adelia Reid (que jogou camélias para Vivien Leigh no Theatro Municipal quando o « Old Vic » esteve no Rio… Fiquei « boquiaberto » com esta estória que ela me contou ontem!) , Silvinha /Marroney Caminada (minha grande e querida amiga e filha da querida Miriam, uma das pessoas mais lindas que conheci! Pena ela nao poder ter conhecido as "Tertúlias"... acho que teria gostado!), Louise Cardoso, Tatiana Leskova (mestra, eterna… e agora amiga !), Mauri Aklander (lindo amigo !), Eliana Caminada (mais uma linda bailarina!) e Eric, Cláudia Toller (eterna, linda e querida amiga de toda uma vida!), Jutilde (oh, Juhhhh !), Regina Vaz (Mi Magroton? Outra querida… ) e a linda “redhead” e maravilhosa bailarina, irmã e amiga para toda a vida Colleen O’Connor do Canadá (e antes de Viena e que nao entende uma palavra de portugues mas entende tudo…). Tão bom a gente, já ”à esta altura do campeonato” ainda ter tanta coisa nova e boa para contar uns para os outros, ainda ter tantos “segrêdos” , estórias, revelações que muitos não conheciam e que não nos tínhamos contado e, o mais importante, AINDA TER O QUE DIZER… Ah, e eu que pensava que estava ficando velho… Nada disto, it’s just the beginning! (Ah, se os meus ossos pudessem escutar isto… ). Brincadeira de lado : Foi bom este ano perceber que tenho tanto para contar, dividir… não era mesmo consciente deste fato.

Trocando em miúdos… dar, receber… dei muito aqui… e recebi em dobro!

As “Tertúlias” estão completando seu primeiro aninho – Obrigado a vocês pelas visitas, prestígio, carinho e por este presente lindo chamado interesse!
O Ricardo das “Tertúlias” está imensamente grato a todos e celebra com uma taça de Champagne, também para voces, este ano gostoso em tão boa e agradável compania! Que continuemos assim!

Prost!!!!!!!!!!!!!


Aqui a postagem inicial de 29/02/2008… Mal sabia eu que poucas horas depois já faria a primeira postagem de cinema… sobre Louise Brooks… dando assim o primeiro « perfil » às Tertúlias…

Hoje, ao sair de casa de manha, senti depois de muito tempo um "cheiro de primavera" no ar... na realidade ainda é muito cedo para se pensar no início da primavera mas a temperatura tem estado amena, gostosa... diga-se porém, de passagem, para "esta" época do ano! O dia amanheceu lindo - céu azul, sol carinhoso...
Penso derepente na praia do Rio e do ritmo da vida no verao... Nunca fui muito de praia enquanto vivi no Rio mas talvez pelo ritmo aqui ser tao inverso nesta época do ano, fico relembrando as poucas vezes que passei veroes numa praia como se estas fases tivessem acontecido mais frequentemente...
ah primavera, chegue logo e traga os narcisos, as tulipas, os sininhos de maio e toda as flores assim como temperaturas gostosas...
Que o inverno logo se derreta numa linda primavera!
Como era aquela estórinha, de uma formiguinha, que eu amava??? "Ó sol, voce que é tao forte, derreta esta neve que prende meus pézinhos!"

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Waterloo Bridge (1931 & 1940)



Waterloo Bridge foi inicialmente um peça de teatro de Robert E.Sherwood sobre um trágico romance e sobre injustiça social. Numa Londres da Primeira Guerra, uma americana, dançarina de “Revista”, chamada Myra passa por maus tempos financeiramente e acaba prostituindo-se. Ela conhece e se apaixona por um jovem oficial inglês que não sabe do seu “segredo”. Eles planejam casar-se e ela viaja com ele para a propriedade de campo de sua família.

Em 1931 o inglês James Whale (“Frankenstein”, “The Bride of Frankenstein” – vide minha postagem sobre Elsa Lanchester de 14.11. 2008) dirigiu esta sutíl versão que foi estrelada pela então muito “en vogue” Mae Clarke (“The public Enemy”, “Frankenstein”) – que acabaria a década de 30 como atriz nem secundária e sua carreira como uma mera “figurante”, como por exemplo, a cabelereira de Jean Hagen, a fabulosa “Lina Lamont” de “Singin’ in the rain” (MGM, 1952, vide minha postagem sobre Hagen de 08.11.2008). Mais sobre Miss Clarke uma outra vez… Neste filme aparece também Bette Davis, num minúsculo papel, em início de carreira. O "gala" Kent Douglass depois transformou-se em Douglass Montgomery...

Numa era anterior ao código “Hays” (que tiraria da indústria cinematográfica, toda a liberdade intelectual sacrificando-a em nome de um pudor excessivo, que também transformou muito a mente e a moral americana), este filme usa e abusa de uma liberdade surpreendente para Hollywood, apresentando a prostituição de uma forma não esteriotipada e num contexto bem adulto e maduro. Myra teve que escolher entre o “pecado” e “morrer de fome” e odeia a si mesma. A sua decisão em não casar-se com o oficial é o fruto de uma conversa sobre “honra” com a simpática mãe do seu noivo. Myra transforma-se numa vítima do cruel código de conduta da sociedade. Mais uma.


Em 1940 este filme foi refeito com Vivien Leigh (seu primeiro papel depois de Scarlett) e Robert Taylor. Foi um sucesso imediato e hoje em dia, ainda que quase esquecido, é considerado um filme muito sensível, de amor (por incrível que pareça um grande sucesso na China!). Existem porém pormenores desta estória, pequenos detalhes que foram completamente modificados nesta versão para agradar o público da época. Muitos deles impostos pela censura da época, já que o original “Waterloo Bridge” tinha sido proibido pelo código Hays desde 1934 (tendo desaparecido até alguns anos atrás, quando uma cópia foi por acaso encontrada num arquivo da Universal). Aqui vao algumas explicações:

A Myra de Leigh é uma inglêsa (este filme é mais um de uma série de filmes que foram feitos como “propaganda de guerra” como “Mrs.Miniver” com Greer Garson) que fala um belíssimo inglês “upper crust”. Ela não é uma dançarina de “Revista” porém uma Ballerina – e exatamente por este motivo é aceita pela família aristocrática de Roy (Robert Taylor): cultura, “Upbringing”, bom-gosto e Finesse sempre foram fatores essenciais para alguém agradar num bom filme de Hollywood (outro ponto "cultural": « O lago dos Cisnes » é apresentado, numa horrorosa versão Hollywoodiana - este um dos poucos fatos que me perturba no filme). Ela não é uma “Street Walker” quando encontra Roy, transforma-se sim numa, para sustentar-se e poder comer, quando pensa que ele morreu durante a guerra. Mêses depois.
Sua “caída na vida” não nos é mostrada completamente… só muito sutilmente, na ponte. Reconhecemos que ela virou uma “Dama de Noite” pelo fato de ver-mos-a com um vestido de cetim muito diferente das roupas que Myra, a pura Ballerina usou na primeira parte do filme. Nesta cena ela está na Waterloo Station nervosamente procurando “clientes” quando vê Roy, que julgava estar morto, saltando de um trem. Uma cena sofrida, forte.


Mesmo assim ela manteve-se (visualmente) glamourosa e com aspecto saudável; sua nova profissão só expressada nas suas tristes, às vezes desesperadas, expressões faciais. Incrível como Leigh/Myra "envelhece" em sua maneira de ser na segunda parte do filme.

Mas o fato que Myra é uma “fallen woman” é sua sentença de morte. No momento em que, para o público, seu “Status” cai de Ballerina para prostituta, o seu destino está decidido. A peça de Sherwood e o filme de 1931 imploram por compreensão, a versão de Metro de 1940 aceita as coisas como elas são, não as questiona e deixa o destino acontecer “como ele deve ser”. Pelo menos como o público da época pensava que devia acontecer.

O filme tem vários cuidados puritanos como por exemplo em certos diálogos: quando a mãe de Roy lhe pergunta porque ela não quer, não “pode” casar-se com Roy, ela diz: “Was there another?” ao que Myra lhe responde: “Lady Margaret, Don’t be naïve!”, escandalizando a velha senhora. Também a preocupação em deixar claro para o público que Myra e Roy não tiveram nenhuma relação sexual, nenhum “Hanky-Panky”, é extrema (ao contrário da versão de 1931, na qual os dois até vivem juntos por um tempo). Este último fato é muito importante para a percepção subjetiva do caráter de Myra para o público da época: Ele separa distintamente a “boa” Myra, da “má” Myra.
Porém o fato mais interessante é a morte de Myra. Mae Clarke, na primeira versão, acende um cigarro, quebrando assim o “Black-out” de Londres e atraíndo a atenção de um Zeppelin alemão que deixa uma bomba cair. Este fato tira no final do filme qualquer simpatia que o público poderia ter com este personagem. Ela morre e, além disto, leva muitos com ela. A Myra de Leigh suicida-se por causa de sua consciência na Ponte de Waterloo. Sua angústia, em não poder “honrar” o homem que ama não lhe dá mais a liberdade de viver em paz consigo mesma. Este fato transforma-a imediatamente numa “boa alma” no final do filme e o público chora por ela.
Esta é a grande diferença entre as Myras de Clarke e Leigh. A forma como o público, ao sair do cinema, as leva como lembrança…

Pensado-se bem, “Waterloo Bridge” da MGM tem grandes similaridades com “Dr.Jekyll and Mr.Hyde” (“O médico e o Monstro”, também da MGM, 1940): Nem Myra nem o Doutor Jekyll querem causar dano a alguém mas eles causam, e reagindo assim transformam-se em “Monstros” anti-sociais. Durante a época do código puritano Hays nem monstros nem “mulheres caídas na vida” tinham um lugar dentro da sociedade, direito à vida. Pelo fato deles serem o que eram, deviam morrer…

O roteiro foi originalmente escrito para Leigh e seu amor (porém não ainda marido) Laurence Olivier. Vivien ficou muito deconcertada com a escolha de Robert Taylor. Este porém pegou a chance no que seria seu trampolim para tornar-se um ator sério. Os dois tem uma grande química nas telas e Vivien nunca foi fotografada tão lindamente como neste filme, talvez só em “That Hamilton Woman” (com Olivier, a história de Lord Nelson, MGM 1941). Vindo de sua tempestuosa “Scarlett” sua transformação na doce e muito meiga Myra é um lindo e inteligente trabalho de atriz (“Bridge”, na realidade, foi-lhe dado como “prêmio” por ter perdido “Rebecca” com Olivier… Viv tinha saído do set de GWTW e não teve suficiente tempo para “desglamourizar-se” de Scarlett para virar a “Menina”… Raríssimos “takes” deste teste são a prova: Hitchcock achou-a bonita demais para o papel e contratou Joan Fontaine – vide “Letter from an unknown Woman”, uma postagem de 13.08.2008 que foi dedicada à minha amiga Maurette).

Muito bem dirigido por Mervin LeRoy o filme conta com a presença de ótimos atores como Lucille Watson (a mãe de Roy e num dia futuro um bom motivo para um postagem aqui), Virgina Field (sua amiga sincera que porém a leva para a prostituição), Maria Ouspenskaya (como a tirana Madame Olga Kirowa que despede Myra da compania de Ballet pelo fato dela ter perdido uma apresentação para poder ter-se despedido de Roy na Waterloo Station) e o inimitável C. Aubrey Smith (como o “Duque”, tio de Roy que inocentemente fala de “Honra” para Myra, levando-a à sua final crise). O filme porém pertence a Leigh & Taylor. Lindos. Apaixonados. Sinceros. Românticos.

Eles já tinham trabalhado juntos em 1937 em “A Yank in Oxford” MGM inglêsa), ela num papel secundário e distante “anos luz” de Scarlett… (A principal atriz do filme era uma “pedrinha no sapato” de Vivien, pois na infância tinha estudado no mesmo colégio interno que Viv e era uma menina pobre, de família simples e Viv o “sucesso” da escola: Maureen O’Sullivan… sim, a Jane do Tarzan e mãe de Mia Farrow).

Vejam esta sensível cena, bem no meio do filme. Myra e Roy apaixonados, na noite anterior à sua despedida em direção à guerra… Ah, Hays Code ou não, diferenças do original ou não, puritanismo ou não, não é uma linda cena romântica ?????? Acho que esta cena “dá a bandeira” do “mood” deste filme. Que direcao... que mestre do cinema era Mervin LeRoy!
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Quando uma vez lhe perguntaram qual era seu filme preferido, “Lady Olivier” (Vivien) contestou sem titubear um segundo: “Waterloo Bridge”, colocando este pequeno e esquecido clássico na frente de dois filmes pelos quais recebeu “Oscars”. "GWTW" (…e o Vento levou!) e “A Streetcar named Desire” (“Um bonde chamado Desejo") no qual ela deu vida à Blanche Dubois… Mas isto já é uma outra estória!<

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Fascinatin' Rhythm (Lady Be Good, MGM 1941)

No comments... just enjoy Eleanor Powell... She was the best tap dancer of them all...

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Rosalie (MGM 1937)

Incrível este mundo do Youtube... (apesar de perigoso... a gente poderia até parar de escrever e só mostrar as cenas dos filmes etc.). Em questao de musicais eu realmente tenho um "arquivo" e tanto... porém NUNCA tinha visto esta cena completa (só no "That's Entertaimment" / "Era uma vez em Hollywood" (1974) e mesmo assim bastante cortada, quase picotada...).
Aqui uma raridade com Eleanor Powell, Frank Morgan, Ray Bolger e o canastroníssimo Nelson Eddy... Eleanor simplesmente "arrasa"... Nao poderia existir expressao melhor! Que sapateadora!!!!!! E, prestem atencao, no final da cena às centenas de figurantes que foram usados só para esta cena... those surely were the good old days of the movies... Que producao!!!!!!!!

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Túnel do Tempo => Arquivo do Blog

Engracado... Efigenia querida escreveu-me que eu estava levando-a pelo "túnel do tempo" (em questao de filmes, atores etc.). Imagino que é verdade... Mas aí comecei a pensar... Porque será que o verdadeiro "Túnel" nao é visitado??????? E percebi que muitos nao se dao conta que existe um arquivo das postagens ao lado esquerdo do Blog... o

ARQUIVO DO BLOG

Sim, aí pode-se ver TUDO que escrevi (aqui) até hoje... de 29 de fevereiro 2008 até hoje... é só clicar nos meses! Os assuntos serao sempre atuais - já que meus assuntos na realidade NUNCA sao atuais... hi hi... Divirtam-se queridos... (ah.... como é bom divertir voces!).

Principalmente para muitos de voces, seguidores de pouco tempo, vendo um pouco do "meu passado" entenderiam mais o "por que" desta louca "tertuliacao".... destas incessáveis tertúlias.

Um lindo Carnaval para voces !!!!!!!!! Aqui na Austria nao temos isto... só o Baile da Ópera, ontem... Devo fazer uma postagem? Acho que sim... vamos ver!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

The Forgotten III : Carol Haney

As vezes criar uma postagem transforma-se num trabalho quase artesanal... mas quanto prazer "trazer de volta" personalidades como Carol Haney... com tanta vida e talento...

Haney nasceu em finais de 1924. Aos 15 anos abriu sua própria escola de dança mas quando acabou a High School dirigiu-se a Hollywood.
Foi « descoberta » pelo legendário coreógrafo Jack Cole (“Gentlemen prefer Blondes” só para citar um filme), de quem tornou-se assistente e com quem trabalhou de 1946 a 1948, sendo depois substituída por outra “lenda” no mundo da dança, Gwen Verdon, - outra “esquecida” a quem um dia dedicarei uma postagem (Gwen foi quem ensinou à Marilyn Monroe a movimentar-se, a sorrir, a ser como Marilyn, durante “Os homens preferem as louras”, principalmente no número “Diamonds are a girl’s best friend”).
Carol tornou-se então a assistente de Gene Kelly, com bastante mais prestígio e melhor salário na Metro… Ela trabalhou com ele constantemente em alguns de seus melhores filmes, divididndo a criatividade deste incrível homem: “On The Town” (1949), “Summer Stock” (1950), “An American in Paris” (1951), “Singin’ in the Rain” (1952” e no seu “sonho”, o projeto “Invitation to dance” (1954). Todos da MGM.

Só isto já seria motivo suficiente para um grande currículo mas Carol continuava também a dançar na Metro ,como fez na cena de “sonho” de “On the Town”, como a menina de verde,


no coro “Summer Stock”, filme com Gene e Judy Garland e também na Warner no musical de Doris Day e Gene Nelson “Tea for Two” (1951) aonde nao só dançou em todos os “production numbers”
como também neste Charleston, abusando realmente do direito de roubar uma cena… Incrível. Vale a pena rever este chato Remake de “No, no, Nanette” só por esta cena!

Apesar do filme só ter estreiado em 1954 “Invitation do Dance” foi filmado muito antes. Na realidade antes de “An American in Paris”. Aqui Carol, na frente de um fundo azul, dando vida ao personagem da princesa, que depois, no filme acabado seria uma figura de animação. Que lindo trabalho dela e Gene… o filme fracassou na bilheteria.


Em 1953 lhe foi oferecida uma cena em “Kiss me Kate” (coreografia de Hermes Pan, o único coreógrafo com dois "Deuses" no nome...) que mudaria sua vida. Ela encontrou Bob Fosse, que estava fazendo para este filme seu “Debut” coreográfico em “From This Moment on”. Carol e Bob literalmente roubaram o filme e aquele estilo tão especial de Fosse nasceu. Acho que depois desta cena ninguém mais lembrou-se de Ann Miller, Bobby Van e Tommy Rall. Fosse na época já estava casado com Gwen Verdon. Aqui algumas fotos desta incrível cena em ordem cronológica.









Daí foi um pulo para a Broadway, por insistencia de Fosse, onde o papel de Gladys Notchkiss foi criado especialmente para ela.

Carol causou mais do que uma sensacao em „The Pajama Game“, parando o Show todas as noites com o fabuloso „Steam Heat“ – num estilo Fossiano já mais maduro, mas Chaplianesco... Do outro lado da rua trabalhava, também num Show coreografado por Fosse,"Damm Yankees", Gwen Verdon, sua mulher.

Em “Pajama” Carol também cantou “Hernando’s Hideaway” (que transformou-se na música predileta de Callas… pode?).

Carol foi responsável pela carreira de Shirley MacLaine – que era a substituta de Carol mas que, já sem esperanças de entrar em cena, chegou um dia atrasada no teatro, para pedir demissão: Carol tinha quebrado o pé e abaixo de vaias Shirley entrou em cena – bem a carreira dela dura até hoje… e que maravilhosa carreira (apesar do fracasso de “Sweet Charity” – também com Fosse como diretor e coreógrafo – no papel de Charity Valentine que tinha sido imortalizado na Broadway por ninguém mais nem menos do que Gwen Verdon nesta versão musical de “As noites de Cabíria”).

Carol recebeu o “Tony” de melhor atriz coadjuvante num musical de 1955.
Havia “chegado”.
Ele voltou a Hollywood para a versão cinematográfica de “The Pajama Game”, trabalhando desta vez num outro “Status” com Doris Day.

O seu projeto seguinte seria “Les Girls” (MGM 1957) com Cyd Charisse e Leslie Caron. Mas Cyd quebrou o pé, Caron engravidou e uma terrível diabete foi constatada em Carol. O projeto foi em frente com a incrível Kay Kendall, Mitzi Gaynor e Taina Elg (e Gene).
Ela foi aos poucos engordando, inchando e depois de poucas aparições na Televisão (como aqui ensaiando com Neil Sedaka) dedicou-se à coreografia. Fez na Broadway “Bravo Giovanni”, “Flower Drum Song” e, com uma novata chamada Barbra Streisand, um musical que já em 1964 transformaria-se numa lenda: “Funny Girl”.

Um mes depois da estréia de „Girl“ na Broadway, Carol morreu, aos 39 anos de uma pneumonia que foi agravada pela sua diabete e por um terrível caso de alcoolismo, que a acompanhava já há mutos anos devidos ao seu corpo torturado pela fatiga da dança (Muitos disseram que Carol era uma pessoa muito auto-destrutiva, usando seu corpo até à fatiga completa) e à grandes frustrações devido à uma carreira que, assim como comecou, de um momento para o outro, acabou. Ela, na realidade poderia ter feito mais… mas o tempo nao foi amável com ela.

Carol, “Steam Heat” SEMPRE será seu… vejam "Steam-Heat" (eu nao disse acima "Chaplianesco"?) e "From this moment on" (em homenagem a minha querida amiga Cristina Martinelli) que acabei de copiar do Youtube!!!! Nao era ela também uma bailarina maravilhosa???? Qual sua cena preferida? ">">

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Solidão...

...vista por Chico Buarque de Hollanda



Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo…
Isto é carência.

Solidão
não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar…
Isto é a saudade.

Solidão não é o retiro involuntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos…
Isto é o equilíbrio.

Solidão
não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsóriamente para que revejamos a nossa vida…
Isto é um princípio da natureza.

Solidão
não é o vazio de gente ao nosso lado…
Isto é a circunstância.

Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa Alma.

Francisco Buarque de Hollanda

Pinocchio (1940)

Esta produção de Walt Disney de 1940 tem um lugar destacado porém meio estranho na minha vida, minha relacao com ele é "meio oblíqua".

Lembro-me muito bem de ter ido criança assistir este desenho animado. E lembro-me mais do que nítidamente de uma cena, na qual Pinocchio transforma-se num burrico… berrando, gritando, nervoso, fora de controle… Até hoje lembro-me do mêdo que me assolou naquele momento. Uma coisa realmente horrível para crianças verem… Comparada à esta cena a madrasta de Branca-de-Neve é uma Senhora “meiga e pueril”. E apesar do resto do filme ser muito interessante e lindo (inclusive o “Grilo Falante” cantando com tanta eloquência “When you wish upon a star!”, que transformou-se práticamente num “hino Disney”) só ficou este “feeling” de meio desconforto ao pensar em Pinocchio.

Interessante foi porém eu ter lido anos depois (acho que até já morava aqui em Viena) num velho exemplar dos famosos “Cahiers du Cinemá”, que o genial François Truffaut também tinha pavor desta cena e que a considerava como uma das mais horripilantes e assustadoras (e para criancas principalmente, de uma agressividade louca) da história do cinema.

Bem, eu nunca disse que, em questão de opiniões, ando em má companhias, nao é?

sábado, 14 de fevereiro de 2009

The portrait of Jennie (1948)

Um filme inesquecível... apesar de ter sido completamente esquecido... Quanta mágica, quanta poesia!

Como explicar o “jogo” com o tempo que este filme indica, sugere??? Difícil…
A estória de um pintor sem exito que um dia conhece uma menina, muito estranha, muito peculiar, no Central Park. É comeco de noite, inverno, neve , 1948, apesar da Novella ter sido escrita para 1934, e esta pequena, ínfima pessoa de uns treze anos de idade (a linda Jennifer Jones ao lado de um altíssimo Joseph Cotten, que óbviamente estava em outro plano para a camera, para parecer mais alto do que “Jennie”) aparece como uma surpresa na vida do pintor e desperta uma nova motivacao para o seu trabalho, para sua carreira.. . Sua “cancao” já revela um pouco do “mistério” de seu “caráter”: “Where I came from, nobody knows, and where I am going, everyone goes”. Jennie só conta estórias que aconteceram há muitos anos... no início do século.
Ele para de pintar imagens de natureza morta e comeca a trabalhar num quadro lindo, cheio de vida : o retrato de Jennie - Jennifer Jones. E é incentivado por uma
Marchand de tableaux, no caso Ethel Barrymore.

A menina transforma-se de encontro em encontro, rápidamente, numa linda, fascinante mulher... Mas nao durante anos, porém durante dias, horas,minutos.…

Sua curiosidade e amor o levam à uma busca louca… Ele visita um convento onde Jennie estudou ( a madre superiora, Lillian Gish, vide minha postagem “ Lillian Gish vs. Greta Garbo – Manipulacoes da MGM“ de 16 de Maio de 2008) conta-lhe que Jennie foi uma linda estudante etc. e tal mas que sua MORTE foi muito trágica… num farol, num verdadeiro maremoto… e o dia do maremoto chega… e Joseph Cotten tenta salvar Jennie do seu destino, pela segunda vez… a manipulacao do tempo, o jogo com o tempo... Oh, que filme lindo… Só a forma como a música de Debussy é usada… e a direcao de William Dieterle. e meus queridos atores: Jennifer Jones, Joseph Cotten, Lillian Gish e a MARAVILHOSA Ethel Barrymore…
Este é também um filme que, no início, nao mostra o nome nem dos atores nem do diretor… Uma coisa muito “nova” para a época.
O quadro de Jennie, uma obra que, comprada por David O. Selznick, foi parte da decoracao do salao de Jennifer Jones durante o tempo em que foi casada com o famoso produtor (…e o vento levou)acabou nos leiloes da vida. O que entendo, pois é um lindo quadro realmente.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

The forgotten II : Jackie Coogan

Jackie Coogan foi a primeira „estrêla infantil“ da história do cinema. Ele conquistou o coração do mundo depois de sua aparição em “O garoto” (The Kid, 1921), escrito e dirigido por Charles Chaplin. Um filme de uma linda poesia e simplicidade e de um encanto quase inigualável.

Jackie ganhou durante sua infância mais de $ 4.000.000 e esta quantia deveria ter sido-lhe entregue ao completar 18 anos. Sua mâe vivia separada do pai mas nunca se divorciou dele… O pai morreu poucos meses antes de Coogan cumprir 18 anos e ela herdou todo o dinheiro do “Garoto”. Bem, to make a long story short, Coogan processou a mãe mas acabou “a ver navios” pois o dinheiro tinha-se já acabado . Como tudo é efêmero, não? Por causa deste episódio foi criada nos U.S.A. a “Coogan Law” que protege o capital de menores de idade que trabalham em "show-business" (bem, pelo menos 15%).

Coogan continuou trabalhando sem o menor êxito até voltar nos anos 60 à televisão como o Uncle Fester (Tio Funéreo) na maravilhosa série “The Adams Family” (1964-1966). Como tudo é efêmero, hein ????

Coogan morreu em 1984 aos 69 anos de idade (Oh my... quando ele fez o Tio Funéreo em 1964 ele tinha a minha idade... Help!).

P.S. Quem me ajuda a lembrar do nome de todos os personagens???? Lembro-me bem de “Covas” ( no original “Gomez”), Mortiça (Morticia) – a maravilhosa, charmosíssima e inesquecível Carolyn Jones, Venenilda (Wednesday), Seu Coisa (“The thing”) mas não lembro-me mais do nome nem do filho, nem da tia ou do Mordomo (Sinfrônio?). A planta carnívora era “Cleopatra”, não?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Marguerite & Garbo


Garbo foi razoávelmente uma boa atriz.
Mas talvez nunca tenha sido tão boa como em “Camille”.
Marguerite Gautier foi um papel que parece ter sido “encomendado sob medida” para ela.
Como um crítico comentou sobre sua cena final:
“One feels the moment in which her soul leaves the body”.

Garbo foi uma bonita mulher.
Mas talvez nunca tenha sido tão bonita como em “Camille”.
Marguerite Gautier com seus cachos acentuando a linda testa arredondada que Garbo tinha.
Seu colorido e seus olhos azuis... apesar de só ter-mos a visto em preto-e-branco nas telas... será que a foto acima foi realmente tirada em cores?
Garbo translúcida e fulgurante. Apaixonada e vulnerável.


Aqui meu momento – em têrmos visuais – preferido de Garbo.
Irradiando e resplandecendo felicidade no "set" de "Camille". Belíssima. Completa. Inteira...



(“Camille”, MGM 1936 com Robert Taylor e Lyonel Barrymore. Direção: George Cukor)