terça-feira, 26 de maio de 2009

A cara do espelho

Como era o texto da música?

"As vezes pergunto,
pra cara do espelho,
que olhos sao esses?
que sonhos nao mostram?
que dores escondem?
nenhuma resposta...
só novas perguntas!"

Interessante encontrar uma pequena foto... feita aos meus 18 anos. Ricardo. Eu. Mais osso do que carne. Olhos abertos. Bailarino. Aprendiz. Sonhador.

The red Blues, Ninotchka, Silk Stockings & Cyd Charisse - TAKE TWO



The red Blues: sei que vao adorar... pois depois de terem visto Cyd de branco duas vezes e também de vermelho, verde e azul (a mais pura das "vamps" da danca), estou mais do que certo que amarao este número, no qual ela demonstra mais uma vez uma nova faceta... Ninotchka... Considero esta "performance" como uma de suas mais naturais, dinamicas... às vezes até atlética!

Obrigado querida Danielle, por toda esta atencao!
Um novo "anjo"! Olhem só que preocupacao e que carinho...

Ricardo, vc não vai crer... Consegui fazer um clipe só com o número The red Blues, mas o you tube barrou-o porque ele feria os direitos autorais, acredita!... Isso nunca me aconteceu.
Então, postei o vídeo direto no meu blog. Olha só o link:

http://ofilmequeviontem.blogspot.com/2009/05/red-blues-meias-de-seda-1957.html

O som está mais ou menos, mas dá pra ouvir!


Eu particularmente recomendaria uma visita ao Blog "Filmes, filmes, filmes" (vejam o buttom abaixo à esquerda). Magnífico!!!!!!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Construção/ La Construccion (Chico Buarque/ Nacha Guevara)

Uma de minhas preferidas versoes, gravacoes, traducoes desta música... Inclue uma certa musicalidade muito especial que nao existe na versao original Buarquiana (Nacha Guevara aliás traduziu o texto para o castellano).

Nacha, com todas suas vozes (aliás, técnica nao muito usada na época: Ela faz todos os Backgrounds... e algumas variacoes sobre o tema principal), realmente fascinantes!

Nao quero comparar com gravacoes brasileiras, nem tirar o mérito destas... mas Nacha aqui dá "um banho" de musicalidade, nao é verdade?

Amó aquella vez como si fuera LA ÚLTIMA.
Besó a su mujer como si fuera LA ÚLTIMA.
Y a cada hijo suyo cual si fuera el ÚNICO.
Y atravesó la calle con su paso TÍMIDO.
Subió a la construcción como si fuera MÁQUINA.
Alzó en algún lugar cuatro paredes SÓLIDAS.
Ladrillo con ladrillo en un diseño MÁGICO.
Sus ojos empapados de cemento y LÁGRIMAS.
Se puso a descansar como si fuera SÁBADO.
Comió frijol y arroz como si fuera UN PRÍNCIPE.
Bebió y sollozó como si fuera NÁUFRAGO.
Bailó y se rió como si OYERA MÚSICA.
Y tropezó en el sol como si fuera UN CÓMICO.
Se bamboleó y tembló como si fuera UN PÁJARO.
Y terminó en el suelo hecho un paquete ALCOHÓLICO.
Y agonizó en el medio del paseo PÚBLICO.
Murió a contramano interrumpiendo EL TRÁFICO.

Amó aquella vez como si fuera EL ÚNICO.
Besó a su mujer como si fuera LA ÚLTIMA.
Y a cada hijo suyo cual si fuera el PRÓDIGO.
Y atravesó la calle con su paso CÓMICO.
Subió a la construcción como si fuera SÓLIDA.
Alzó en algún lugar cuatro pareces MÁGICAS.
Ladrillo con ladrillo en un diseño LÓGICO.
Sus ojos empapados de cemento y TRÁFICO.
Se puso a descansar como si fuera UN PRINCIPE.
Comió frijol y arroz como si fuera TÓXICO.
Bebió y sollozó como si fuera MÁQUINA.
Bailó y se rió como si FUERA EL PRÓJIMO.
Y tropezó en el sol como si OYERA MÚSICA.
Se bamboleó y tembló como si fuera SÁBADO.
Y terminó en el suelo hecho un paquete TÍMIDO
que agonizó en medio del paseo NÁUFRAGO.
Murió a contramano interrumpiendo AL PÚBLICO.

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Amó aquella vez como si fuera MÁGICO.
(Amó aquella vez como si fuera LA ÚLTIMA)
Besó a su mujer como si fuera TÓXICO.
(Besó a su mujer como si fuera ALCOHÓLICO)
Y a cada hijo suyo cual si fuera UN PRÍNCIPE.
Y atravesó la calle con su paso LÓGICO.
(LÚCIDO, MÍSTICO)
Subió a la construcción como si fuera ALCOHÓLICO.
(Subió a la construcción como si fuera EL ÚNICO)
Alzó en algún lugar cuatro pareces TÍMIDAS.
Ladrillo con ladrillo en un diseño LÚCIDO.
Sus ojos empapados de cemento y VÉRTIGO.
Se puso a descansar como si fuera UN NÁUFRAGO.
Comió frijol y arroz como si fuera LÁGRIMAS.
Bebió y sollozó como si fuera SÁBADO.
Bailó y se rió como si FUERA UN CÓMICO.
Y tropezó en el sol como si fuera UN PÁJARO.
Se bamboleó y tembló como si OYERA MÚSICA.
Y terminó en el suelo hecho un paquete TRÁGICO.
Y agonizó en medio del paseo INCRÉDULO.
Murió a contramano interrumpiendo AL PRÓJIMO.

Amó aquella vez como si fuera MÁQUINA.
(Besó a su mujer como si fuera LÓGICO)
Alzó en algún lugar cuatro pareces TÍMIDAS.
(Se puso a descansar como si fuera UN PÁJARO)
Y tropezó en el sol como si fuera PRÍNCIPE.
Y terminó en el suelo hecho un paquete ALCOHÓLICO.
Murió a contramano interrumpiendo EL SÁBADO.


Te quiero (Mario Benedetti)

Neste lindo dia 22.05.2009 queria colocar aqui o texto de uma canção de amor... sim, só de uma canção de amor…
Canção e poema de Mario Benedetti, interpretados pela talentosíssima Nacha Guevara.
Nacha era uma mistura andrógina de David/ Angie Bowie, Brecht/Weil, Musicais e Lucille Ball. Uma figura "limpa", branca, alva no palco. Delicada, ousada, forte, fresquíssima... Linda, linda, linda...

Tive a grande sorte e a incrível de honra de assistir Nacha em sua única visita ao Rio de Janeiro, em 1976. Vi seu espetáculo no Teatro Casa Grande (ainda existe?) e no dia seguinte “esbarrei” literalmente com ela no “Canecão”antes de uma apresentação de “Deus lhe pague” com Marília Pêra (que devia estar bem nervosa nesta noite!).

Seu “Show” chamava-se “Nacha de Noche”. Que grande profissional!
Num minuto ela cantava « Bundas y tetas » (”Tits and Ass” do, na época, famosíssimo “A Chorus Line”) fazendo-nos chorar de rir para logo em seguida nos fazer realmente chorar de emoção ao “recitar” “Un Padre Nuestro Sulamericano » (« Padre Nuestro que estás en los cielos, junto a las golondrinas e a los missíles, no te olvides de nosotros que estamos aqui al Sur del Rio Grande… ») culminando, sorrateiramente, com uma canção de amor descabido como esta, « Te quiero », de Mario Benedetti, do poético ciclo « Canciones de Amor y Desamor ». Sim, de amor e desamor...
Esta é uma das poucas canções de amor que incluem moral, política, ativismo e até dever cívico… uma beleza ! Completa...

Justamente hoje quero colocar esta canção aqui. E mais do que nunca compreendo este maravilhoso texto e o porque de Nacha tê-lo cantado, cada vez com mais emoção durante todos estes anos… e tantas coisas aconteceram com/para ela... como por exemplo o exílio madrileno (Nacha teve que afastar-se da Argentina na segunda fase peronista do país!).

Ouçam com paciência esta obra-prima e leiam este texto emocionante… que densidade de emocoes...

Te quiero


Si te quiero és porque sós,
Mi amor, mi complice y todo,
en la calle codo a codo,
somos mucho más que dos,
somos mucho mas que dos…

Tus manos son mi carícia
Mis acordes cotidianos
Te quiero porque tus manos
Trabajam por la justícia

Si te quiero és porque sós,
Mi amor, mi complice y todo,
en la calle codo a codo,
somos mucho más que dos,
somos mucho mas que dos…

Tus ojos son mi conjuro
contra la mala jornada
Te quiero por tu mirada
que mira y siembla futuro

tu boca que es tuya y mia
tu boca no se equivoca
te quiero por que tu boca
sabe gritar rebeldias

Si te quiero és porque sós,
Mi amor, mi complice y todo,
en la calle codo a codo,
somos mucho más que dos,
somos mucho mas que dos…


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Y por tu rostro sincero
Y tu paso vagabundo
Y tu llanto por el mundo
Porque sos pueblo
Te quiero

Y porque amor no es aureola
Ni candida morajela
Y por que somos pareja
Que sabe que no esta sola

Te quiero en mi paraíso,
es decir que en mi país
la gente viva feliz
aunque no tenga permiso

Si te quiero és porque sós,
Mi amor, mi complice y todo,
en la calle codo a codo,
somos mucho más que dos,

En la calle codo a codo,
somos mucho más que dos.


e aqui uma Nacha mais madura, mais velha (fará 70 anos no dia 3 de outubro de 2009), mas eternamente "touching":
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Sim, neste lindo dia!
Neste rico e abencoado 22.05.2009!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Mendelssohn-Bartholy, o rádio, um momento em Viena...



A caminho do trabalho ontem (20.05.2009), como quase todos os dias, ouvi meu programa preferido de rádio: „Pasticcio“ (Vide minha postagem de 27.03.2009 e na qual escrevi: Eu “vibro” como este programa aborda os mais diferentes temas – às vezes ao mesmo tempo. Isto sim para mim é uma visão universal de encarar a arte. Sem preconceitos. Sem “rótulos”.).

Ontem, os temas deste programa, que normalmente vão se encadeando e embaralhando uns nos outros, numa fusao quase organica, realmente me interessaram demasiadamente e culminaram numa imagem tão linda que tenho necessidade de preservá-la aqui em papel. Para voces. Para mim.

Falava-se sobre Felix Mendelsson-Bartholdy (1809-1847), o compositor alemão, chamado por Robert Schumann de “Mozart do século 19” (e que por razões anti-semitas, culminadas na destruição de um monumento dedicado a ele em Leipzig, teve sua música proibida durante o regime “nacional socialista”, mais conhecido como "Nazista"!). Os comentários e fatos ao rádio estavam interessantíssimos... de sua família à musicalidade de sua irmã Fanny, de encontros com Weber ou Rossini à sua “Ouverture” do Sonho de uma Noite de Verão... Até sobre os (infelizes) escritos de Richard Wagner de 1850 (“O Judaísmo na Música”) foram feitos comentários. Estes sao os escritos que muito contribuíram para o fato de Mendelssohn – quase 100 anos depois de sua morte – ter sido “proibido” na Alemanha. Teorias eloquentes porém muito tendeciais e quase (como digo) "fundamentalistas" (pensem no público de Bayreuth... mais sobre este fundamentalismo musical um outro dia!) de Wagner que foram confundidas e misturadas (propositalmente) com as intencoes do partido Nazista.

De volta ao programa do rádio: rápido e flexível, “Pasticcio” prima por esta cadeia incansável e incessável de pensamentos. Como numa conversa durante uma boa e animada “Tertúlia”. Fascinante.

Ao tocarem no nome de um certo Banqueiro vienense (Não Rotschild, este já havia, por sorte, conseguido fugir daqui!), a seguinte estória foi contada:
Imaginem um apartamento de Mezzanino (como o meu) em Hietzing (o bairro número 13 em Viena, aonde também moro). Ao terminar a Segunda Guerra a mãe deste certo banqueiro, uma pianista, uma concertista, pediu que todas a janelas da casa fossem abertas. Então sentou-se ao piano e começou a tocar livremente e com grande felicidade várias composições de Mendelssohn de memória, sem partituras... Obras que estiveram proibidas e "cozinhando", "amadurecendo" dentro dela por anos... Liberdade mais uma vez... Passantes e vizinhos ouviram abismados estes maravilhosos acordes, estas cadencias inconfundíveis, não mais proibidos pelos nazistas. E o medo de ter-se visto delatado à polícia não mais existia... Como deve ter sido bom para ela sentir-se livre de novo, interpretando um grande artista...

Não é um lindo e emocionante momento?

Vejo as janelas abertas desta casa (e o fato dela ter necessitado-as abertas), cortinas brancas voando durante uma tarde de verão e, apesar da destruicao da cidade que a guerra trouxe, a música flutuando sobre o ar. Um símbolo de paz. E também vejo passantes, vizinhos deleitando-se ao som de boa música... Mais uma vez!

Aqui, em homenagem a Mendelssohn e à esta concertista (da qual nao consegui, infelizmente, gravar o nome), o Andante do segundo Movimento de seu Concerto para violino com a fabulosa, talentosa, incrível Sarah Chang em 1995! Eu sei... nao é piano mas é, entre centenas de outras, uma maravilhosa obra de Mendelssohn-Bartholdy, deste maravilhoso compositor que só viveu 38 anos...

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segunda-feira, 18 de maio de 2009

The red Blues, Ninotchka, Silk Stockings & Cyd Charisse.

Para finalizar um pequeno ciclo de postagens sobre Cyd Charisse infelizmente nao consegui totalmente um vídeo de uma cena de "Silk Stockings" chamada "The red Blues", na qual Ninotchka, de volta a Moscou, danca ao som deste "ritmo decadente" agora criado por seu "Camarada" músico (que está fascinado por esta forma de música). Teria adorado colocar esta cena, em sua versao completa, aqui - também por que o nome é práticamente uma boa (e simpática) continuacao à postagem anterior "Red, Hot and Blue". Mas o que fazer?

De qualquer forma, aqui, um curto documentário sobre Cole Porter e "Silk Stockings" (Meias de Seda, MGM 1957), uma da últimas pérolas da Metro, já de uma época em que já nao mais se produziam muitos musicais e os estúdios se dissolviam ("Les Girls", também da MGM, é do mesmo ano). Silk Stockings tinha tido na Broadway em 1955 como intérpretes principais Hildegard Kneff e Don Ameche. O foco era mais em cima das cancoes e, nao como no filme, nas dancas... E que encantadores estao Fred e Cyd aqui, mais uma vez juntos depois da "Roda da Fortuna" ("The Band Wagon", MGM 1953, vide minha postagem "Dancing in the Dark" de 19.04.2009).

Muita atencao deve ser dada ao lado erótico do número "Silk Stockings" (que causou muitas dores de cabeca à Metro por causa da censura da época) e à uma parte do número "The red Blues", o que consegui, a partir do minuto 6.44 do vídeo...
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domingo, 17 de maio de 2009

Cyd Charisse: RED, HOT and BLUE (or red, green and blue?)

Há pouco tempo nós a vimos duas vezes de branco aqui... Mas ela tinha outras faces, outros lados... pensemos em tres cores: vermelho, verde e azul...

Vamos dar Gracas a Deus por Tula Ellice Finklea ter um dia deixado Amarillo, Texas para tornar-se esta maravilhosa bailarina e lenda que foi!
A magnífca Cyd Charisse...
Aqui tres momentos (e vídeos) desta incrível bailarina... red, hot and blue? Quase... red, GREEN and blue...

Primeiro o vermelho: The band Wagon (MGM 1953) no inteligentíssimo "The Girl Hunt Ballet"... Cyd, Fred Astaire e a maravilhosa direcao de Vincente Minelli com todo seu valor visual.




Em segundo lugar o verde - no inesquecível número de "Cantando na Chuva" (Singin' in the Rain, MGM 1952, Direcao de Stanley Donen e Gene Kelly) no qual faz de certa forma, com Gene Kelly, uma homenagem à Louise Brooks. À esta cena Cyd agradece o seu Status de estrela... Sim depois de anos e anos na Metro...




e de azul num filme nao muito conhecido (vamos ser sinceros... um filme completamente desconhecido!) da Metro do qual nem consegui fotos em cor para mostrar o azul: Meet me in Las Vegas (MGM 1956, Direcao Roy Rowland) . Porém, diga-se de passagem, SENSACIONAL! A música (cantada por Sammy Davis Jr.), seu Partner e sua "Inimiga" - Liliane Montevecchi (Que assisti na producao de Tommy Tune "Grand Hotel" nos anos 80 na Broadway como "Grusinskaya", a bailarina. Montevecchi deixou a producao e foi substituida por quem? Cyd Charisse... Bem, Grand Hotel é realmente assunto para uma futura postagem!) Esta cena de Meet me in Las Vegas é uma coisa sensacional e maravilhosa. Talento puro! Que maravilha redescobrir esta cena!





Comparem os tres vídeos... E digam-me sua opiniao!

sábado, 16 de maio de 2009

Duas biografias „on the rocks“: Lillian Roth & Helen Morgan


Ao decorrer dos anos 50 Hollywood produziu várias biografias mais “populares” em comparação a filmes de questionável “gabarito” dos anos 40, como a biografia de Chopin com Cornel Wilde ou a de Clara Schumann com Katherine Hepburn… Alguns exemplos: “The Glenn Miller Story” (Universal, 1953) com James Stewart no papel título e June Allyson, “Three Little words” (“Três palavrinhas”, MGM 1950) com Fred Astaire e Red Skelton interpretando Kalmar & Ruby acompanhados da adoráveis Vera-Ellen e Arlene Dahl e “The Eddy Dunchin Story” (1956) com Tyrone Power e Kim Novak.

Hollywood neste período parece ter tido também uma certa fascinação com “mulheres que cantavam” e que, por algum motivo, levavam alguma tragédia consigo: Jane Froman e seu trágico acidente de avião em Lisboa durante a guerra (“With a Song in my Heart, 1952”) foi interpretada por Susan Hayward, Grace Moore com sua trágica morte num acidente (também de avião) em 1947 (“So this is love”, 1953) com Kathryn Grayson, Ruth Etting e seu envolvimento com um gangster (“Love me or leave me”, MGM 1955) que deu a primeira chance séria à Doris Day e o magnífico Soprano Marjorie Lawrence (vide minha postagem de 03.03.2009 com uma cena deste filme) que teve que lutar contra os efeitos de uma fortíssima poliomielite (“Interrupted Melody”, 1955) com a não menos magnífica Eleanor Parker, que foi mais uma vez nominada para um Oscar por este trabalho.

Devemos mencionar aqui que a Hollywood da época tomava ainda mais liberdade com fatos históricos, ou até bíblicos, do que toma hoje em dia (Ou alguém já esqueceu que “Salomé”, com Rita Hayworth, tem um final feliz? Ela “acaba” feliz com João Batista ?!?!?!?).

Apesar destas liberdades (que supostamente eram feitas para melhorar o roteiro), duas das melhores “biografias” do período foram “I’ll cry tomorrow” (1955) e “The Helen Morgan Story” (1957). Ambos filmes, sobre mulheres com muito talento, podem ser descritos como “de certa forma bastante úmidos”. Não, não estou referindo-me a nenhum número musical com Esther Williams porém ao fato das estórias de Lillian Roth e Helen Morgan estarem intímamente ligadas a muito “booze”: gin, whisky, vodka etc.

Ambos filmes e suas principais intrérpretes demonstraram extrema coragem numa época em que em Hollywood a grande maioria das atrizes queriam só ser “bonitas” (ou sexy). Susan Hayward e, supreendentemente Ann Blyth, descem à sarjeta, à sordidez, ao final do poço... ao asqueroso declínio moral, psicológico e físico causado pelo abuso do álcool.

Lillian Roth começou no teatro (“Artists and Models”) e chegou às produções requintadas de Ziegfeld (“Midnight Frolics”). Em Hollywood fez vários filmes, entre eles “The Love Parade” (com Maurice Chevalier, 1930), “Honey” (1930), “Madame Satan” (1930), “Animal Crackers” (com os Marx Brothers, 1930) e até um filme “forte” sobre mulheres na prisão “Ladies They talk about” (Warner 1933, com Barbara Stanwyck). Seu repertório era simples com alguns “carros-chefes” (por exemplo “Sing you Sinners”).

Susan Hayward, sempre uma boa e competente atriz, deu uma vida sem muita personalidade à sua “Lillian Roth”. Baseado na Auto-biografia de Roth “I’ll cry tomorrow” o filme conta a ascenção de Lillian, levada por sua ambiciosa mãe, ao estrelato. Lillian parece nunca opinar sobre sua vida, seus direitos, suas vontades... Quando seu noivo morre, ela, descobre o álcool. Este transforma alguns de seus momentos em felicidade, faz com que ela durma melhor, traz-lhe segurança e “personalidade” quando canta (Corajosamente Susan Hayward usou sua própria voz no filme, ao contrário da biografia de Jane Froman na qual foi dublada pela própria Froman). Porém a situação vai-se tornado cada vez mais precária e ela vai contínuamente, gradativamente perdendo o controle sobre si mesma. Ela começa a pedir cadeiras para se apoiar no palco enquanto canta (como por exemplo numa magnífica cena na qual canta uma daquelas trágicas canções de mulher vítima, dependente, sofrida: “Joe” – ♫♪ It seems like happiness is a just a thing called Joe ♪ ♫ ), começa a beber às escondidas, a cair em restaurantes e bares... Quando se casa com um alcoólatra (que lhe agride físicamente) ela foge. Seu destino está selado. Bares de última categoria. Sujeira no rosto e nas mãos. Roupas rasgadas. Tiques nervosos na boca e nos olhos. Sarjeta. O inferno.

A direção de Daniel Mann é muito sutil. Muito estruturada. Ele nos faz compreender momentos muito fortes mostrando muito pouco. Até, assombrante para os anos 50, uma cena na qual Lillian, sofrendo por causa de falta de alcool, é violada por um mendigo qualquer na “instituição” para mendigos onde passava a noite. Fatos tristes da biografia de Lillian Roth.

Lillian entrou para os alcoólatras anônimos em 1946, conseguiu retomar sua carreira e em 1962 até fez Broadway de novo no musical “I can get it for you wholesale” (peça na qual ninguém brilhou, só uma novata de 18 anos que tinha dois números e pouquíssimas falas: Barbra Streisand). Por estas épocas ela já tinha voltado a beber. Passando por altos e baixos, falta de dinheiro, sete casamentos, empregos como cantora, atriz (Broadway em 1971 no musical de Kander & Ebb70, Girls 70” e dois filmes, um em 1976 e outro em 1979), assistente de padaria, atendente num hospital e até empacotando embrulhos... ela morreu aos 69 anos.

Helen Morgan, considerada por muitos até hoje como a “diva” da “Torch-Song” (Lá vem mais canções tipo “mulher vítima”, sim sobre aquelas que eram maltratadas por seus homens mas não deixavam de amá-los, de esperar por eles, de padecer por eles, de serem agredidas por eles). Tinha uma “marca registrada”: em todas suas aparições em Night-Clubs cantava sempre sentada sobre a cauda do piano. Mulher de um vasto repertório, bem mais interessante do que o de Roth, Morgan cantou muito Gerschwin e eternizou as baladas de “Show Boat” – produção de Ziegfeld (mais um paralelo em sua vida com Lillian Roth) na qual interpretou Julie, outra destas vítimas apaixonadas, dependentes de um homem e que (por coincidência) acaba não só num mar de lágrimas como também de gin...

The helen Morgan Story” é um bom filme, dirigido pelo legendário Michael Curtiz (“Casablanca”).
Ann Blyth, uma atriz “correta” (A filha de Mildred Pierce/ Joan Crawford, no filme homônimo, a esposa de Caruso no “O grande Caruso” ao lado de Mario Lanza e até na Opereta “Rosemarie” na qual usou sua própria voz que tendia muito a um registro bem “Soprano”), surpreendeu: Sua “Helen” é uma moça cheia de vida, do interior, que não bebe, não mente, não “circula”.
Quando ela é usada pelo cafajeste Larry Maddux (um jovem Paul Newman!) e logo depois abandonada, transforma-se numa pessoa triste. Sem “luz”. Aquela mulher de um homem só, sofrida, amargurada, vítima. Ela comeca entao a cantar. Abaixo, duas fotos de Helen Morgan.

Peu à peu vemos e reconhecemos certas tendências em sua personalidade... inseguranças, tristezas, angústias, solidão...
Morgan desenvolve sua música, seu “canto” e tem a grande chance de sua vida como “Julie” (já mencionada acima). Sua interpretação de “Bill” é um mundo de amor (mas também de sofrimento por causa de UM só homem... como Lillian Roth acima com “Joe”. Mais uma vez as sofredoras, as vítimas daquela época... Será que ainda existem hoje ou saíram mesmo de moda?).

Por vários motivos Morgan cai no álcool. Primeiro conscientemente, sabendo que tem que freiar-se, parar, voltar a ser normal. Depois não mais controlando-se até chegar ao ponto de cair de cara no palco. Fato que todos os jornais de N.Y. publicaram! Também uma caída fulminante na sarjeta. E um final, ao contrário de Lillian, não com os AA mas num hospital. Delirium Tremens, banhos de gelo, gritos, muito sofrimento e humilhacoes...
Blyth impressiona nestas cenas. Realistas para os padrões de 1957.

O final do filme é “positivo” transformando sua saída do hospital quase numa volta aos palcos, numa espécie de “Come-Back” e cantando, finalmente, para finalizar o filme, a linda balada de Julie em “Show-Boat”,“Can’t help loving that man of mine!”. E mais uma vez somos confrontados com dependência, sofrimento, vítimas do amor!

O filme não foi muito bem aceito pelo público e pela crítica, sendo o ponto mais criticado o fato de Ann Blyth não ter usado sua voz, tendo sido dublada por uma famosa cantora da época chamada Gogi Grant. O disco fez bastante mais sucesso que o filme. Não imagino porém como o registro de Soprano de Blyth teria adaptado-se às “Torch Songs” do período.

Helen Morgan trabalhou no cinema muito pouco, imortalizou porém sua “persona” nas duas primeiras versões de “Show-Boat” (O Barco das Ilusões, 1929 e 1936) que não devem ser confundidas com a versão de 1951 na qual Ava Gardner deu vida à trágica Julie.
O filme porém no qual mostrou mais coragem chamou-se “Applause” (1929) no qual ela interpreta a derrocada de uma corista de “Burlesque” alcoólatra que acaba suicidando-se. A arte imita a vida?

O “final feliz” de “The Helen Morgan Story” nunca aconteceu. Ela nunca parou de beber e morreu de cirrose no fígado aos 40 anos de idade em 1941.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Tim Wengred

Curioso como certas coisas nos marcam... Uma foto por exemplo.

Nunca tive a oportunidade de assistir Tim Wengred dançando. Mas esta foto sempre me fascinou.

Um Bailarino balançando precáriamente entre cair e se levantar, como alguém uma vez descreveu-a. Que metáfora, se pensar-mos na vida e no seu decorrer...

Tim Wengred foi um bailarino que morreu em 1989, aos 44 anos de idade, quando depois de uma carreira com a Companhia de Martha Graham, já começava com sucesso a coreografar seus próprios trabalhos e a ser considerado como um coreógrafo muito promissor . Quando comecou a dançar com Graham, no final dos anos 70, muitos o compararam a Eric Hawkins – o “Danseur” original de Graham (e seu companheiro na vida) – por sua força e presença!

Como poderíamos descrever este movimento? Ele está caíndo? Ou se levantando? Só estamos certos de uma coisa: Ele nos olha.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Tico-Tico no Fubá

Uma curta mensagem : como sei que hoje Dona Odette, mãe de minha querida amiga Cristina Martinelli, virá aqui às “Tertúlias” pela primeira vez de visita, quero dar-lhe as Bem-Vindas, dedicar-lhe esta postagem (principalmente o segundo vídeo do youtube que está no final dela) e aproveitar para desejar-lhe um lindo Dia das Mães!
Com muito carinho
Ricardo


Zéquinha de Abreu (1880-1939) foi o nome como José Gomes de Abreu ficou conhecido. Aos dez anos de idade ele já tocava requinta, flauta e clarineta e ensaiva suas primeiras composições. Contemporâneo de Ernesto Nazareth, compos um grande repertório de choros (apesar de ter composto muitas valsas singelas, bem menos sofisticadas que as de Nazareth). Ele é o autor do choro “Tico-Tico no Fubá” tão associado com a cultura brasileira e que de certa forma virou um hino “nao oficial” do Brasil no mundo. Não poderemos jamais comparar as composições de Zéquinha com o “Chopinianismo Nazarehno”, porém não poderemos jamais deixar de dizer que ele foi um dos primeiros, senão o primeiro, a trazer um total e intenso conceito de contemporaneidade à música brasileira. É só, por exemplo, pensar no "choro" “Pintinhos no Terreiro”.

Infelizmente durante minhas curtas pesquisas sobre Zequinha deparei-me com um fato que me deixou de certa forma decepcionado. A similaridade de “Tico-Tico” com uma melodia do primeiro movimento do Concerto para Piano Op. 15 de Beethoven é bem mais do que uma mera coincidência... Dei-me ao trabalho de ouvir e reouvir certas passagens do concerto acima mencionado. E... bem... Temos que aceitar que, como organisador e regente de várias orquestras e bandas, Zéquinha teve bastante acesso a um repertório clássico que, de certa forma, abriu-lhe outros “horizontes”.

“Tico-Tico” transformou-se num clássico da música internacional. Na verdade, mundialmente, uma das músicas mais gravadas de todos os tempos; executada em todos os ritmos, gingas, versões e “sotaques”. Incrível certas imagens que esta música me traz: Vejo Tonia Carrero no antigo filme da Vera Cruz “Tico-Tico no Fubá” entrando com o circo (ela era uma “artista”) na cidadezinha de Zéquinha, sentadinha num burrico! Uma linda imagem, inesquecível. Tão brasileira... tao pura...

Não assisti todas as versões de “Tico-Tico” em Hollywood (na realidade filmadas depois da morte de Zéquinha) mas lembro-me intensamente da incrível organista Ethel Smith, no primeiro musical aquático de Esther Williams (“Bathing Beauty”/”A escola de Sereias”, MGM 1944)

e também de Carmen Miranda, no chatíssimo “Copacabana” (com Groucho Marx) de 1947 (vejam minha postagem de 30.05.2008).

Nota da redação: Todos que não gostarem de Miss Miranda pulem o próximo vídeo mas não saiam da postagem. Uma linda surpresa ainda virá no final!">
E, como disse antes, “Tico-Tico” transformou-se num “carro-chefe”, num quase “hino” brasileiro no exterior. Tocado por em centenas de versões: de Carmen Miranda à Ethel Smith, de Ray Coniff a Mantovani... Foi “acubanado” por Desi Arnaz e sua orquestra, transformou-se num Mambo por Perez Prado, a orquestra Tabajara tocou-o como Frevo, virou “swing” com Tommy Dorsey e até uma peça flamenca com Paco de Lucia! Liberace o floriou e Henry Mancini deu-lhe um touch quase Novayorkino... Esqueçam porém aquela cena terrível de “Radio Days” (Dias do Rádio) de Woody Allen.

Nota da redação Nr.2:
Uma pseudo-atrizinha brasileira que chamava-se Denise Dummond - tentava fazer teatrinho infantil quando eu saí do Brasil em 81 - que não cantava nem atuava e na realidade não sabia nem sorrir ou até ficar em pé, transforma “Tico-Tico” numa coisa horrenda e de péssimo gosto... Woody, o que aconteceu com este “casting”? Mas que Faux-pas...

Uma de suas mais impressionantes versões foi tocada durante o concerto de Ano-Novo de 1999/2000 quando, em Londres, os “Berliner Philarmoniker” tocaram-o soberbamente sob a regência de Barenboim, um dos meus grandes Ídolos (sim, com I maiúsculo!). Um momento incrível que queria que voces vissem/ ouvissem. A partir do terceiro minuto a “coisa esquenta” e emociona demais. Divirtam-se! Plágio ou nao...

(P.S. Zéquinha deve ter ficado muito feliz, onde quer que esteja, ao ouvir seu “Tico-Tico” com um arranjo maravilhoso e tão prodigiosamente tocado!)
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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Porquinhos vários... Uma postagem suína!

Pobrezinhos dos porquinhos…

Esta Gripe mexicana quase lhes tira a reputação de bichos simpáticos, inteligentes (sim, sabiam disto?) e extremamente sensíveis que são.

Vamos prestigiar nossos porquinhos…
Sou, por exemplo, apaixonado por Miss Piggy,

Jamais me esquecerei do porquinho « Babe » (Na Austria, no cinema, ele falava dialeto austríaco e cada bicho falava um dialeto de uma diferente região… Todas as turminhas das escolas com seus “Nananús » - minha palavra para « Crianças », um dia explico - foram ver este filme! Fenomeno interessante, nao? - o "dialeto" também é a cultura de um povo!)

E até um dos meus livrinhos preferidos (que roubei da minha prima, a mãe do “original” Nananú) na infância foi “O Piquenique do Porquinho”. Pode? Que coisa mais linda, não é verdade?

Então… vamos restaurar a “imagem” destes nossos amiguinhos de longas datas???? A gripe deve ser chamada de gripe mexicana - isto sim seria políticamente mais correto!

Para celebrar este “estar de bem” de novo coloco aqui um clássico de Disney: seu curta metragem "The three little Pigs" de 1932! Que já naquelas datas nos ensinou (como a estórinha da formiguinha e da cigarra) que tínhamos é que trabalhar… dar duro na vida... será que é verdade?
Bem, este já é um outro assunto, talvez para uma futura tertúlia?
Divirtam-se agora com "Os tres Porquinhos" !

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terça-feira, 5 de maio de 2009

Remembering: Alphonse Mucha

Alfons Maria Mucha (Alphonse Mucha) nasceu em 1860 em Mähren e morreu em 1939 em Praga. Este incrível e genial pintor, gráfico, ilustrador é reconhecido hoje em dia como um dos maiores representantes do “Art Noveau” ou como se diz aqui: “Jugendstil”.
Já que foi recusado como estudante na Academia de Belas Artes de Praga, começou sua carreira como um auto-didata. De 1879 a 1881 visitou uma escola de Cenografia em Viena durante o dia e às noites uma escola de desenho. Depois, de 1885 a 1887, pode estudar mais séria- e intensamente na Academia de Belas Artes em Munique com o apoio da Família Khuen-Belasi que já tinha-lhe dado alguns trabalhos de decoração nos seus palácios tanto na Boemia como no Tirol-Sul (Hoje parte da atual Itália) e muito acreditava em seu talento.

Mas durante a época da Exposição Mundial em Paris, o jovem artista, como vários outros, foi atraído por Paris, nesta época a “Mecca” das Artes gráficas. Foi uma época muito difícil para ele. Com pequenos trabalhos ele conseguiu “manter-se”, sobreviver. Durante um curto tempo ele até dividiu um Studio com outro pintor: Paul Gauguin. Mas o frio e a fome fizeram parte de sua vida.

Mucha conseguiu sua “estréia”, seu “Breakthrough” com ajuda e por intermédio de Sarah Bernhardt. A famosa e incansável atriz estava em 1894 em busca de um novo artista, de um novo talento que lhe fizesse urgentemente o poster de sua nova peca: “Gismonda”. Mucha começou seu trabalho imediatamente e da noite para o dia, com seu poster pendurado em toda Paris, transformou-se numa celebridade. Bernhardt adorou seu trabalho.
Seus posters foram tão bem recebidos que a maioria deles foi roubada – por amantes da arte! Seus posters fizeram dele uma das personalidades mais conhecidas da “Belle Époque”. O resto, e uma série de posters para Bernhardt, ilustrações para Moët & Chandon, são agora parte da história! Seu poster de 1896 para “La Dame aux Camélias” de Bernhardt é considerado hoje em dia como um dos ápices das artes gráficas da “Art-Noveau”. Agora, se voces repararem bem, vao notar que ele nao fazia em realidade nenhuma diferenca entre seus posters para "A divina" Bernhardt e anúncios de Moet Chandon ou até um anúncio para uma impressora... Gosto disto... Abaixo meu poster preferido de Sarah: Medéa. Quanta tragédia...





Como Mucha tinha uma inspiração contínua e maravilhosa (e pelo que parece, inesgotável) continuou seu trabalho individual (na maioria das vezes num formato vertical, notaram?) e paralelamente executou muitas obras encomendadas por diversas companias (na maioria das vezes francêsas) como a loja de departamentos “Paris-France” que em poucos anos tinha conseguido expandir seus negócios de uma forma tal, que em 1914 já possuía 70 filiais em toda a França. Sómente para esta emprêsa ele desenhou 13 ações (Sim, ações! Eles estavam na Bôlsa e nestas épocas até investir dinheiro tinha mais “chic” mais “flair”... imaginem... Ações ilustradas por Mucha!) e 16 posters. Trabalhou também para “Société des Immeubles de France”, para o seguro “Slavia” (mais ações!), para a “Sociéte Anonyme de L’Exposition Réligieuse Internationale de 1900” e para muitos outros ...








Em 1904 ele dirigiuu-se aos U.S.A., onde, além de ter sido muito “festejado”, “badalado” e admirado (teve até tido um caderno especial de várias páginas no “New York Times”) passou dois anos como docente da Academia de Belas Artes lecionando em New York, Philadelphia e Boston.

Depois da Primeira Guerra Mundial seu sucesso acabou da noite para o dia. Os tempos mudavam. As lembranças de dor e perda de uma guerra, de trincheiras, fome e tragédia que arrasaram metade da Europa não deixaram muito espaço para os lírios, as rosas, as orquídeas, as luzes, rubis e nuances do seu trabalho. Os tempos mudavam. Brevemente chegariam os anos "20", os "roaring Twenties", que hoje em dia parecem-nos "romanticos e puros" (e sao, na realidade, se comparados ao mundo de hoje) mas que na época foram a verdadeira "ruptura" com valores considerados antiquados - Pensem em "O fio da Navalha" de Maughan). Ele retornou à sua pátria, à Tchecoslovakia. Aí ele trabalhou e trabalhou mais uma vez incansávelmente: sêlos, cédulas, ordens... Mas seu trabalho só seria mesmo redescoberto nos anos 70.

Então uma "encomenda" vinda de um milionário americano: A Epopéia Eslava. Uma série de 20 quadros (monumentais por sinal, imensos...) que Alphonse Mucha pintou num período de 18 anos!!!!! Este foi seu trabalho mais criticado e mais esquecido – nunca chegando perto à admiração que seu trabalho mais “comercial” teve – que está desde 2006 em Praga.


Mucha (agora financeiramente independente) e sua família viveram num Castelo ao Norte de Praga. Aqui um lindo retrato de suas filhas, mostrando uma outra técnica, assim como um estudo de uma mulher numa cadeira datado de 1936 (o que nao está muito de acordo com seus trajes tao "1890's").


Alfons Mucha foi, em 1939, um dos primeiros Tchecos a serem “internados” pelos nazistas, morrendo pouquíssimo tempo depois por consequência de uma pneumonia aos 79 anos.

Este ano Viena tem a grande honra de ter uma exposição com um acervo quase completo dos trabalhos de Mucha. No Schloss (Palácio) Belvedere (que em si mesmo já é uma jóia de um dos mais puros rococós em toda a Europa. Ele pertenceu ao francês, Príncipe Eugenio, que veio morar aqui na época de Metternich e do Congresso vienense... e que certamente teria adorado o trabalho de Mucha se nao tiversse vivido antes e... bem, esta já é uma outra estória/história... fica para a próxima!). A exposição estará aqui só até o dia primeiro de junho!