quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Doris Day reinventada: "Ten Cents a Dance" - a much darker side...
Há algumas semanas coloquei aqui uma tertúlia sobre Doris Day dançando!
E como fiquei surpreso com a quantidade de pessoas que não sabiam que Doris tinha tido anos de ballet antes de um acidente ter acabado com seus sonhos de bailarina e ter-nos dado uma cantora (e depois uma atriz) já que não sabiam nem que ela havia dançado nos seus filmes!
Fiquei refletindo e cheguei à conclusão que Doris só é lembrada pelas suas comédias com Rock Hudson & co. dos anos 60 (nas quais ela sempre dava a impressão de ser uma “eterna virgem”) e não pelos (muitos) bons filmes que fez nos anos 50, época anterior ao clichée em que foi colocada - e do qual parecemos nos lembrar mais vívidamente...
Doris apareceu em deliciosos musicaizinhos como “By the Light of the silvery Moon”, “No, No, Nanette” , “Lullaby of Broadway”, “April in Paris” no qual ela parece ainda “bem verde” mas ao mesmo tempo fez filmes sérios nos quais se constata que ela, com uma boa direção, funcionava – e muito bem por sinal! Lembro-me em especial de um bom filme com Ginger Rogers chamado “Storm Warning”… sobre o Ku-Klux-Kan - estamos falando de 1951!
Seguiram outros filmes com mais “conteúdo” como
“The Man who knew too much” (Hitchcock) com James Stewart,
“Julie” com Louis Jourdan,
o fantástico “Midnight Lace” (A Teia de Renda negra) de Stanley Donen ao lado de Rex Harrison
e o excelente “Ama-me ou Esqueça-me” (Love me or leave me, MGM 1955) de uma época em que estava "en vogue" filmar-se biografias de cantoras...
Neste Doris interpreta a carreira de Ruth Etting,
cantora americana, que despontou nos palcos da Broadway e depois foi levada para Hollywood – com certa “ajuda” de um gangster que se chamava Snyder (no filme interpretado por James Cagney) que, depois de estuprá-la, casou-se com ela.
Doris dá vida a um caráter real, sofrido, vezes amargo e cínico cantando vários números do repertório de Etting.
Gosto muito deste número, chamado ♫ ♪ “Ten Cents a Dance” ♪ ♫ (no filme o número é inspirado no próprio “passado” de Etting e este mesmo número, aliás, foi também brilhantemente cantado por Michelle Pfeiffer em "The fabulous Baker Boys") no qual dá vida à uma “Taxi-Dancer” (uma forma mais “leve” de prostituição), antes de ter entrado numa barata “revista”…
By the way: AMO esta foto!
Mais uma daquelas baladas que me fascinam: a música das mulheres que sofrem, das eternas vítimas, das dependentes ou de um amor ou de um homem…
Doris – bem diferente de suas interpretações à la “Que sera, será” ou "Tea for Two" - tem aqui a boca caída nos cantos das mulheres que sofrem, um olhar opaco, cansado e a postura, com pernas ligeiramente separadas (um pequeno “toque” de vulgaridade, bem sutil) daquelas que tinham “um passado”, das mulheres “da rua”.
Gosto de Doris aqui, este lado, quase nunca revelado… e nunca mais usado desde então. A dark side… interessante de se assistir... Penso em sua carreira e no que seu marido "produtor" nos privou de ver... Sim, sua carreira poderia ter-se desenvolvido de outra forma (sem o clichée dos filmes de "eterna virgindade").
Nota: A cena que sucede "Ten Cents" é quase como uma "moldura" e nos mostra mais do caráter de Etting
Nota 2: A maioria vai se dar conta, pela primeira vez na vida, que Doris tinha "curvas" e também um busto!
Nota 3: Uma pena Doris não cantar a introdução do número. Penso que a MGM achou que era "bandeira" demais sobre "Taxi-dancers" e detalhes de sua profissão...
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