Realmente já fazia algum tempo desde que as Tertúlias se ocuparam d'um tema sómente nacional. Com grande prazer comento hoje um grande "ídolo" meu!
Dolores Duran…
Este “mito” (que tinha o nome burgues de Adiléia Silva da Rocha) de quem não sabemos muito, é, de certa forma, um sinal de interrogação na música popular brasileira. Cantora de “boites” e depois do rádio, da televisão e de discos, parceira de Jobim em canções como «Por causa de voce» e «Estrada do Sol», ela foi uma da poucas brasileiras que chegou a fazer uma tournée pela antiga União Soviética em 1958. Depois em Paris, onde passou certo tempo, ela conheceu muitos “ícones” do panorama internacional (Ella Fitzgerald disse que a melhor interpretação que conhecia de “My funny Valentine” havia sido cantada por Duran).
Sua morte prematura (um ataque do coração supostamente causado por uma “overdose” de barbitúricos) nos privou de um talento que ainda teria muito o que contribuir e dar... Imaginar que outros caminhos a MPB teria tomado sob sua influencia é tarefa difícil para nossas mentes. Pouco se sabe sobre ela mas as “lendas urbanas” (como noitadas e bebedeiras com outros compositores e "artistas" no então famoso “Beco das Garrafas”) viraram folclore com o passar do tempo. A boemia de um Rio que se acabou... Esta sensível (e machucada?) mulher abandonou este mundo aos 29 anos, em 1959, e nos deixou um dos maiores “poemas” musicais jamais compostos no Brasil: A Noite do meu Bem. Que mestra das palavras… Quanta delicadeza de expressão! De certa forma Duran e «A noite do meu bem» serão eternos! Admiro talento assim. E muito.
Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje eu quero a paz de criança dormindo
E o abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem
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Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem
Ah! eu quero o amor o amor mais profundo
Eu quero toda a beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem
Ah! como este bem demorou a chegar
Eu já nem sei se terei no olhar
Toda ternura que eu quero lhe dar.
(Dolores Duran)
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