Aqui um comentário de minha querida, eloqüente amiga, Eliana Caminada, que em si já é uma postagem. Maravilhosa, por sinal!
Ricardo
P.S. Eliana. olhe só acima: trema!!!! Dedicada a voce!
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Ricardo, não postei no Tertúlias porque, quando vi, tinha escrito um artigo inteiro, enorme.
Manda o reclamante reclamar na tonga da mironga do kaubuletê. Diziam Toquinho e Vinicius que isso é um palavrão em nagô.
Ricardo querido, sabe de uma coisa? Precisei reler sua postagem de sexta feira para entendê-la.
De que se reclama? Quem reclama?
Fiquei passada sim. Lembrando-me do guarda-chuva do Allan de La Fille Mal Gardée (inevitável lembrar daquele chapliniano personagem tão bem desenvolvido por Ashton a partir do original de Dauberval) tive vontade de bater sim, no descontente, com uma sombrinha.
Lembra-se de quando ou quem chamava guarda-chuva de sombrinha? A propósito, antigamente guarda-chuva tinha hífen, e agora? Eu já sou uma órfã do hífen.
Por temperamento, e certa falta de talento, fui procurar uma definição para Tertúlia e não encontrei nada que me satisfizesse. Mas, lendo um senhor chamado Carlos Brito
aprendi que a palavra é de origem castelhana, provavelmente atribuída no séc. XVII à parte do teatro onde se situavam os espectadores mais cultos, que citavam Tertuliano nos seus discursos, sendo por isso chamados de tertulianos.
Entretanto, o significado mudou tanto que preferi continuar com minha idéia de que tertuliar era participar com amigos, do prazer de trocar idéias sobre vários assuntos, sem ordem definida, remetendo também a qualquer coisa do tipo sarau. Sarau no sentido de uma casa particular onde as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem. No seu caso, quase sempre será uma manifestação artística, claro.
Mas como particular se estamos na Internet? Bem, por causa da peculiaridade do Tertúlias, da sua frequência (quero meu trema de volta), da cor de sua página, dos assuntos abordados.
E voltamos ao reclamante.
Ricardo, eu, ao contrário dele, amo entender o meu presente através dos retalhos de passado com que você nos brinda várias vezes por semana. Já me remeti a meu avô, um radical ouvinte de música erudita que só ouvia Wagner e árias de ópera, que não gostava da voz de Caruso e amava Gigli. Ele tinha aqueles álbuns enormes de discos de 78 rotações (como se abrevia rotações?). Era uma trabalheira, mas ele tinha prazer nessa operação demoradíssima.
Retornei, o farei sempre, para meu pai e minha mãe. E Dadá. Com eles eu viajo sem limites e compreendo o ofício que escolhi, o homem com quem casei, o filho que criei. Lembrando deles através de você vivo três dimensões que, para mim, não existem sozinhas: passado, presente e futuro. Com eles os nomes seriam infinitos, começando pelos cantores. Eu teria que falar em Del Monaco, em Claudia Musio, em Tito Gobbi, Tebaldi, Capuccilli, Magda Olivero, etc. E ia ter que lembrar desde Sílvio Caldas a Maria Bethânia, que papai ainda conheceu cantando Carcará. Vou parar, senão escrevo um livro por conta do reclamente.
E estarei aqui aguardando velharias e bugigangas que me fazem voltar a hoje e gostar de uma música dos Titãs. É isso mesmo, dos Titãs. É verdade que é só uma, mas gosto, ponto.
Por conta de papai não resisto e lhe mando o link do final de It’s a wonderful life: http://www.youtube.com/watch?v=ErrzjGCi3gY&feature=related
Sabe, amigo, o anjo Clarence se tornou um personagem de casa. Toda vez que estávamos/estamos aflitos chamávamos/chamamos Clarence, o anjo que precisava salvar uma vida para ganhar um par de asas.
A refilmagem não interessa. Não é dirigida por Frank Capra, não é com James Stewart nem Donna Reed, tampouco com Lionel Barrymore.
Ah, se encontrar, coloca também A foggy day, de George e Ira Gershwin, se possível com Lena Horne (segue a letra, existe mais charmosa?). Papai e mamãe amavam. Nos seus últimos dias mamãe lembrou-se dessa canção e a cantarolava. Isso quando não cantava Gonzaguinha: “Viver, e não ter a vergonha de ser feliz...”
Mais uma coisa do nosso nó de amigos, artistas, assuntos. Acabei de achar Judy Garland cantando A foggy day. Será coincidência que a postagem de ontem é com Judy em Mágico de Oz? O link dela cantando?
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Viu como tudo se entrelaça entre nós, tertulianos? Reclamante bobo, sem assunto.
Bjsss.
A Foggy Day
I was a stranger in the city
Out of town were the people I knew
I had that feeling of self-pity
What to do, what to do, what to do
The outlook was decidedly blue
But as I walked through the foggy streets alone
It turned out to be the luckiest day Ive known
A foggy day, in London town
Had me low, had me down
I viewed the morning, with much alarm
British museum, had lost its charm
How long I wondered,
Could this thing last
But the age of miracles, hadn’t past
For suddenly, I saw you there
And through foggy london town,
The sun was shining everywhere
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