terça-feira, 10 de junho de 2008

Paul Gallico e suas lindas estórias: de Mrs. 'Arris à Lili

Quem não gosta de ouvir uma estória? Eu particularmente adoro ouví-las e, às vezes, até contá-las. Mas as estórias não são minhas, nao fui eu que as criei, eu só as repito. Paul Gallico, sabia como escrevê-las, contá-las... Poucas vezes li “estórias” tão cheias de magia e fantasia como as suas, apesar de serem às vezes corriqueiras e tratarem de fatos que não são nem explendorosos, nem significativos. Seus livros, que contém um humor maravilhoso, lembram-me às vezes de pequenas composições de Schumann... Eles falam das coisas “pequenas” da vida, das pequenas emoções, de um jantar simples, de uma cerveja num pub, de um relógio, do amor... nada de tragédias explendorosas numa fragata ao som do barulho de saias de sêda, nenhum duelo, nehuma morte trágica ao som de violinos ciganos... só das coisas simples da vida... e de gansos, vacas, gatos, de marionetes e até de um vestido de Dior, entre outros!
Um dos meus preferidos é “Flowers for Mrs Harris” – a estória sobre a “linda” Mrs. Ada ‘Arris – uma das pessoas mais queridas que já encontrei num livro, uma charwoman inglesa e cockney de idade (indefinida), que acidentalmente na casa de uma de suas patroas vê um vestido de Dior: A partir deste dia “ter um vestido de Dior” passa a ser o sentido de sua vida (apesar de só querer tê-lo, nao para usá-lo!). Muito tempo depois, depois de ter jogado no sweepstake, de ter recebido um recompensa por ter achado (e devolvido) jóias, de ter parado de ir ao pub para beber uma cervejinha com uma amiga, de ter deixado de apanhar o ônibus para ir trabalhar e de ter encontrado várias faxinas extras e trabalhos de lavadeira etc. Para fazer, Ada ‘Arris sobe num vôo para Paris – com um chapéu que tem uma flôr que, por alguma razao só conhecida a Paul Gallico, sempre está em direção ao Norte, com sua “leather-imitation handbag” e o exato dinheiro economizado com muito suor para comprar um vestido de Dior e para comer um sandwich e tomar um chá. Mas aí suas aventuras começam e este anjo de pessoa só leva o bem e o amor a todos que entram em contato com ela...

Ada ‘arris ainda apareceria em três mais livros de Paul Gallico: Mrs ‘Arris goes to New York, Mrs ‘Arris goes to Parliament e Mrs ‘Arris goes to Moscow.

Um livro de uma magia incrível é seu “Jennie”: a estória de um menininho de boa família que é transformado, por circunstâncias do destino, num gatinho branco e que encontra Jennie – uma gatinha “de rua” (porém de decendência egípcia) que o ensina a como se portar como um gato... Os dois fazem viagens e vao até à Escócia juntos. Um lindo conto de fadas para adultos!

Seu trabalho, muito variado, inspirou também a muitos outros: “The Clock” um sensibilíssimo filme de Vincente Minelli com Judy Garland e Robert Walker foi inspirado numa de suas estórias, assim como o filme “Poseidon” (muito estranho vêr este nome associado ao de Gallico, talvez por ser muito diferente do resto do seu trabalho em têrmos de estilo).


Um trabalho muito lindo foi o livro”The love of the seven dolls” – que gerou o filme da MGM “Lili” em 1953 com a linda Leslie Caron (nominada ao Oscar!) e Mel Ferrer. Esta fábula que tanto encantou as criancas da minha geracao (lembro-me de te-lo visto no extinto Metro Copacabana... que cinema mais lindo!) , foi depois transformada num musical da Broadway chamado “Carnival” (com Ana Maria Alberghetti). Inesquecíveis: as várias personalidades do “Puppeteer” reflexionadas individualmente em cada uma de suas marionetes (e todas apaixonadas por Lili) e o fato até sobrenatural com o qual o livro e o filme acabam – enquanto os braços dêle estao ocupadíssimos abraçando Lili, as marionetes se dirigem ao proscênio e sorriem, como que dando sua benção, sua aprovacao a êste amor...

Seu único sucesso de crítica foi lancado em 1940: The Snow Goose.
Gallico nunca recebeu um Pullitzer-Prize, como as vezes é contado erroneamente em várias páginas do internet. Ele morreu em 1976 em Antibes.

Nenhum comentário: