Uma peça não muito popular de George Bernard Shaw que foi encenada pela primeira vez em 1906. Um tema muito revolucionário para a época e, hoje em dia, até nauseante: como pode alguém colocar-se na posição de “Deus” para decidir se vidas serão ou não salvas???? Um lado porém muito positivo deste trabalho é o fato de Shaw ter mostrado abertamente como dinheiro também “compra” a vida e o trabalho de cirurgiões... Na época Shaw baseou o médico da peça num exemplo da vida real, um otorrino-laringologista de Londres que “inventou” uma certa cirurgia para retirar a úvula (palatine uvula), que não ajudou ninguém; nenhum de seus pacientes, porém lhe trouxe uma pequena fortuna, apesar desta realmente nao ter nenhuma função ou uso, em termos de medicina. Shaw analiza a falta de sentido que pode existir na medicina em comparação à real necessidade desta que muito existe. Mas o dinheiro às vezes “fala mais alto”... Estamos muito distantes disto hoje em dia?
Mrs. Dubedat ama e idolatra seu marido Louis, um artista. Ele porém está morrendo de tuberculose. Ela consulta um médico e consegue convencê-lo de salvar sua vida...Êste médico não consegue mais atender tantos pacientes e têm que escolher entre as vidas que vai salvar (Êle decide entre a vida e a morte! Êle assumiu o papel de Deus... ). Ele está convencido de que a vida de Louis é “digna” de ser salva. Mas quando seus colegas de profissão conhecem Louis descobrem que ele é uma pessoa que só “brinca com a vida” – pegando emprestado dinheiro de todos, sendo desonesto, mentiroso e até bígamo (por uma coincidência do destino, sua primeira esposa é empregada na casa aonde estão todos reunidos nesta noite para um jantar). Entao o inevitável acontece e médico entra em seu dilema: deve ele deixar Louis morrer, deixando Mrs. Dubedat com a imagem positiva (e quase idolatrada) que faz dêle ou deve salvá-lo – junto com seus talentos artísticos – mas porém forçá-la a encarar seus defeitos, seu caráter, suas falhas desapreciáveis e sua bigamia??????? Êle opta por não operá-lo...
Vivien Leigh fez Mrs. Dubedat no palco inglês, aqui ela, uma hippie da época, é interpretada por uma sensível Leslie Caron, distante anos luz de An american in Paris (Sinfonia em Paris), Daddy long Legs (Papai Pernilongo), Lili, Gabi e Gigi (apesar dêste ter sido feito no mesmo ano que “The doctor’s dilemma”). Papéis maravilhosos ainda estavam para vir... como a filha da peixeira em “Fanny”, o grande “The L-shaped room” – filme pelo qual seria nominada ao Oscar de melhor atriz e a “louca” avant-gardista Ala Nazimova em “Valentino” de Ken Russel (vide minha postagem). “The brute” Louis é interpretado por Dirk Bogarde. Grandioso. Como sempre. Aqui a foto da hora da morte de Louis... ela se dá conta e pergunta quase secamente: "Was that it? was that death?" - um grande momento...
O Diretor foi Anthony Asquith. Uma produção inglêsa da MGM de 1958.
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