Lillian, a ATRIZ e eterna e inesquecível heroína de Griffith no período de auge do cinema mudo(Nascimento de uma nacao, Intolerancia, Broken blossons, Way down east, Orphans of the storm) que estava no cinema desde 1912 foi chamada para a Metro em 1925. Lá ela fez filmes de "prestígio" na mesma época em que Garbo, a "temptress destruidora de lares", "abria a boca" para beijar seu gala (pela primeira vez na estória do cinema) em "The flesh and the devil".
Lillian e sua imagem etérea estavam saindo de moda.
As sedutoras vamps que Garbo interpretava (e que quase sempre eram castigadas no final do filme e morriam) encontravam mais empatia e simpatia com o público.
A MGM queria sómente UMA estrela no firmamento do cinema e estava conseguindo alcancar seu objetivo. Trazendo Gish para o estúdio o management da Metro ficou com sua carreira nas maos, para aniquilar com a única carreira que poderia ter sido capaz de ameacar o "fenomeno" Garbo.
Se Garbo seduziu John Gilbert em "The flesh and the devil" (no qual ela, além do "beijo pecador", até transforma um cálice de comunhao na igreja num intrumento profano... Haja!) e as cenas de amor deixaram o público suando, a dupla Gish/Gilbert em "La Bohéme" nao deixou o público nem tépido...
Os filmes de prestígio de Gish (entre eles o maravilhoso "The scarlett letter") foram fracassos totais de bilheteria. Mas este foi um investimento da Metro que foi totalmente calculado: a grande perda de dinheiro que os filmes de Gish causou (porque foram producoes de prestígio) seria ínfima comparada às futuras cifras que Garbo traria como lucro para este estúdio... Um investimento caríssimo e extremamente cruel.
A última aventura cinematográfica desta atriz, antes do filme falado, foi o belíssimo e ao mesmo tempo assustante "The wind" de Victor Seastrom (Um filme mudo no qual a sensacao de se ouvir um ensurdecedor e ameacador barulho de vento é impressionante - levando a heroína à loucura - uma linguagem cinematográfica de muita classe!). À partir desta época, e junto com o advento do cinema falado, Lillian Gish passou à simbolizar para o público de cinema uma representante de um tempo passado (como, entre outras, também Gloria Swanson ). A hierarquia do estúdio mudou e Garbo passaria uma década reinando mas nao realmente mais com o público dos Estados Unidos. O público europeu era o público de Garbo e seus filmes faziam sucesso e ganhavam dinheiro na Europa, nao nos Estados Unidos. Quando a guerra comecou e, de certa forma, uma grande parte do mercado europeu ficou fechado para a industria cinematográfica americana, a MGM desesperadamente ainda tentou mudar a imagem de Garbo, transformando-a numa americana de cabelos no permanente que (até) dancava "rumba" em "Two faced woman" de George Cukor. O resultado nao poderia ter sido mais forcado e vexaminoso... e Garbo despediu-se das telas... ou seja nada de "I want to be alone!"
Gish continuou no teatro, trabalhou durante os anos 30, 40, 50 e 60 contínuamente no cinema ( Em 1947 sob a direcao de King Vidor, ela seria nominada para um "Oscar" de melhor atriz coadjuvante por "Um duelo ao sol"). Em 1978 ela fez uma aparicao fantástica no faladíssimo "Um casamento" de Robert Altman (ao lado de Mia Farrow, Geraldine Chaplin, Carol Burnett).
Em 1971 recebeu um "Oscar" especial por sua contribuicao ao cinema, em 1978 um "Life achievement award" pelo mesmo motivo. Que homenagns mais adequadas!
Seu canto de cisne no cinema aconteceu no sensibilíssimo "The whales of august" ao lado de Bette Davis, Ann Sothern e Vincent Price. Aos 94 anos de idade (sim, que fenomeno, nao? ela morreu em 1993 com 99 anos!) ela nao só deu uma magnífica interpretacao como ainda mostrou porque seu rosto foi considerado um dos mais bonitos e fotogenicos do cinema, pois, apesar de toda a idade ela ainda está linda - e eu recomendo este filme, muito...
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