terça-feira, 22 de abril de 2008

Valentino (1977)

Valentino foi, na época, o filme mais caro de Ken Russell, apesar do fato que os $5 milhoes que custou em 1977 parecem ser absurdamente baratos comparados aos orcamentos dos filmes da atualidade. Um fracasso total na época, este filme causou um grande set-back na carreira de Russell, do qual ele realmente nunca recuperou-se.

Na verdade, NINGUÉM gostou de Valentino quando ele foi lancado em 1977 – bem, acho que “ninguém” é um pouco exagerado... eu gostei muito, vários amigos meus gostaram muito (!!!???). Mas isto é de uma certa forma explicável. Nós tínhamos amado “The boyfriend” (vide minha postagem) e um ou outro filme de Ken como “Tchaikowsky”ou “Women in love”. Ken vinha nos anos 70 desenvolvendo aos poucos uma outra linguagem cinematográfica em filmes como “Mahler”, “Tommy” e “Liztomania”, que nao foram realmente nossos preferidos. Com “Valentino” ele retornou à uma linguagem ligeiramente mais academica (apesar de que Ken Russell e a palavra “academica” jamais vao “rimar”) porém muito ousada. Os fas de Russell citicaram “Valentino” por achá-lo muito pouco experimental e talvez um pouco convencional, a outra metade do mundo achou-o porém demasiadamente experimental, muito inconvencional e “muito louco”. A campanha publicitária nao ajudou nada, especialmente quando foi divulgado que este filme vinha “from the producers who gave you Rocky” !!!!!!! Um filme mais distante do trabalho, da linguagem cinematográfica de Ken Russell nao poderia ser encontrado ou mencionado.

Mas o tempo foi amável com “Valentino”, que parece agora ser muito mais experimental do que na época de sua estréia. E ele ainda é “muito louco”, o que é um grande elogio quando se constata que este filme foi feito há 31 anos!

Ken Russell mistura ousadamente fatos, fantasias e lendas de/sobre/com Valentino e sucede com um “cast” maravilhoso, principalmente com os atores coadjuvantes: uma sincera Felicity Kendal aparece como June Mathis, Leslie Caron “dá um banho” com sua egoísta, neurótica, glamourosa (e quase beirando à loucura) Alla Nazimova (a primeira diretora avant-garde de Hollywood que chocou o mundo com sua “all homosexual” producao de “Salomé” em homenagem à Oscar Wilde), a incrível Carol Kane como a primeira mulher de Valentino, uma mistura de “glamour”, oportunismo, “french fries & ketchup” e sotaque texano é uma delícia - principalmente “dancando” com Valentino, Leland Palmer (que anos mais tarde teria um papel bem destacado em “All tha jazz”) como uma dancarina bebada merece mais do que nosso respeito por um grande, patético momento cinematográfico (com muita técnica além de muita emocao), o grande bailarino britanico Anthony Dowell aparece como Nijinsky numa inspirada (porém completamente fictícia) cena, na qual Valentino lhe ensina “how to tango”...
Apesar de Nureyev e Michelle Phillips (como Natascha Rambova) nao estarem perfeitos nos papéis principais, suas performances nao se desgastaram com o tempo.
Visualmente este filme é uma festa, talvez ópticamente o filme mais lindo de Ken Russell, emanando um ar de “riqueza” cinematográfica raramente visto nos anos 70 e desde entao. Como sempre a colaboracao com Shirley Russell é uma coisa fascinante – cada detalhe de vestuário é pura perfeicao!
Como era a música com que o filme acabava? "There's a new star in heaven tonight..." Ah, como tudo é efemero, nao é verdade?

Nenhum comentário: