sexta-feira, 29 de abril de 2011

Carta de uma mulher desconhecida (1948)

Decidi recolocar aqui uma postagem de agosto de 2008... Ela é muito "querida" para mim... Talvez os atuais leitores das "Tertúlias" a compreendam melhor...
Ricardo


"Carta de uma mulher desconhecida" ("Brief einer Unbekannten"), "novella" escrita em 1922. Aqui mais uma vêz estamos confrontados com o maravilhoso estilo e tratamento psicológico que Stefan Zweig sempre deu aos seus personagens, suas narrações... porém com uma sutíl diferença: desta vêz o livro, por ser simplesmente do início ao fim uma carta, é escrito na primeira pessoa. As nuances da personalidade de Lisa (que é a escritora da carta e, por êste motivo, a óbvia narradora do livro) não são descritas. Elas são detectadas pelo leitor nas entrelinhas. O leitor de Zweig não pode deitar-se e relaxar enquanto lê este curto livro. Êle têm que "trabalhar", êle têm que manter-se atento, vigiando, mastigando, digerindo, interpretando tôdo e qualquer detalhe que lhe é "dado" sutílmente pelo autor. E Zweig nêste livro não dá detalhes demais... Ele mantém informações guardadas, êle as economiza muito e só as vai deixando sair de sua caixinha de surprêsas à medida que o livro e o relato se desenvolvem: de uma simples manifestação de amor à uma tragédia; de um caso de amor que se transforma quase num caso patológico que envolve várias pessoas, não só os "protagonistas" Lisa e Stefan.
E tudo isto num "timing" preciso... mas o leitor só se dá conta disto depois de analisar muitas vêzes êste livro... Na primeira vêz em que o le, o leitor está sob a “síndrome de Zweig” (como eu a descrevo); não consegue parar de lê-lo.

Zweig, gênio...
Eu muitas vezes penso na ousadia do “subtítulo” de sua biografia de Marie Antoinette: "Retrato de um caráter médio" (tradução livre minha do alemão). Mas aí está o "pointe": Zweig com todas suas interpretações psicológicas nos mostra que Antoinette não era má (mas também não era boa), não era linda (mas também não era feia), não era inteligentíssima (mas também não era burra), não era uma fantástica espôsa e mãe (mas também não era péssima)... um caráter médio... Pouco importa ao leitor se suas pesquisas históricas tenham sido perfeitas ou não (e não fôram); as nuances da personalidade desta mulher são o que importa (apesar dele desmentir completamente a “lenda” do “O povo não tem pão para comer” e "Porque não comem bolo?", provando que esta frase foi falada uns 200 anos antes por uma princesa de origem espanhola e não por Antoinette... ).
Em “Carta” êle nos dá de presente tôda sua sensibilidade encima de uma bandeja... Eu penso no quanto existia de Lisa e de Stefan dentro do próprio Zweig... Zweig e tôda a sua extrema sensibilidade, que por um lado é maravilhosa para nós leitores mas que o levou ao brutal pacto de morte/suicídio com sua espôsa em 1942 em Petrópolis (aqui seus dois lados; o sensível e o brutal...). Tudo causado pela extrema depressão pela extrema falta de esperanças, por causa do sistema Nazi na sua pátria, pela destruição da Europa, seu "lar"... êles dois e o mundo não viam um final para a Segunda guerra mundial... Não existia "futuro", não existiam mais perspectivas para êles no “exílio”. Esta constatação acabou com êle e sua esposa.
"Carta" foi filmado em 1948 (Letter from an unknown woman). Uma pequena obra-prima que até em círculos de cineastas já foi práticamente esquecida. Eu me alegro de poder colocar aqui algo sôbre êste filme inesquecível (do roteiro ao guarda-roupa, dos cenários à luz, da fotografia à direção e dos desempenhos à pesquisa de época). Um filme de extrema elegância visual, e de uma fotografia em prêto-e-branco como poucas foram feitas... Max Olphüs conseguiu criar em Hollywood um filme extremamente europeu. Usou tudo o que pode da técnica americana mas acentuou fortemente um ar todo europeu que é quase único nêste filme. Ele não vendeu-se a Hollywood, só usou e abusou descarademente da sua técnica da época para criar êste filme. Joan Fontaine, então já quase no final da sua áurea década de 40 ("Rebecca", "Suspicious" pelo qual recebeu o Oscar antes de sua irmã, "Jane Eyre" entre outros) ou seja, no auge de sua carreira, dá aqui talvez sua melhor interpretação no cinema como a frustrada Lisa Berndle, antes de cair numa série de papéis que a tornaram a “carinha” mais antipática das telas de Hollywood nos anos 50. Louis Jourdan, no seu segundo filme em Hollywood (sua estréia foi no “Caso Paradine” de Hitchcock ao lado de Alida Vali) e no apogeu de sua beleza, cria um Stefan Brand que nos choca... infelizmente seu "futuro" (que vemos rápidamente quando êle recebe a "carta") não lhe deu o que êle sonhava ou esperava, por sua própria culpa. Ele transformou-se numa sombra do que foi, numa caricatura de si mesmo... e Jourdan fica derepente feio e velho diante dos nossos olhos. Não mais o jovem gênio que interpretava Mozart maravilhosamente na sua juventude e por quem Lisa se apaixonou eterna- e abandonadamente... Sómente um homem frustrado, fútil, superficial e solitário.
Um detalhe interessante que adicionou muita força à dramaturgia do filme foi o fato de Stefan não ser, como no livro, um escritor porém um pianista. Estava Zweig querendo nos contar algo semi-biográfico???? Qual é a conecção entre Stefan Brand e Stefan Zweig?
As ruas de uma Viena no início do século XX são lindas, escuras cópias européias sem o clichée vienense de Hollywood. Olphüs não deixou-se levar pelo "glamour" de Hollywood, e nao quiz nem "embelezar" nem “americanizar” o decór. Sente-se no ar o cheiro de maçãs assadas no "Prater", cheira-se a poeira da têrça-feira (o dia para bater os tapêtes no pátio interior dos prédios burguêses), ouve-se suavemente temas musicais vienenses que não chegam nem a serem totalmente registrados ou a transformarem-se em clichées enquanto os dois jantam num "separée", o frio da noite reflete o frio dentro de uma Lisa que não é amada, no hospital do govêrno sente-se o cheiro de éter no ar... e a estação... a estação é o símbolo de tudo que muda (e às vezes parte para sempre) na vida de Lisa: a ida para Linz com a família, a despedida de Stefan, a despedida de seu filho...

Stefan nunca aprendeu a lembrar-se de Lisa, a menina pobre que morava no seu prédio e que já o amava profundamente. Ela só foi um objeto que usou. Quando ela volta de Linz já uma jovem e bonita dama êle tem seu primeiro caso de amor com ela sem lembrar-se que ela foi aquela menina descalça apaixonada por êle. Êle parte para a Itália, promete voltar em duas semanas mas não volta jamais para Lisa. Ela foi esquecida. Ela tem um filho seu, pobre, humilhada no hospital do govêrno mencionado acima e lhe dá seu nome de solteira: "Pai desconhecido".

14 anos depois, já muito bem casada, ele a encontra de nôvo na Ópera e sente-se atraído por ela... mas não se lembra da jovem moça com quem êle têve aquêle grande caso de amor. Esta parte do filme foi ligeiramente mudada... no filme ela vai a sua casa (já tinha despedido-se do seu filho na estação) e nota finalmente a superficialidade do caráter dele... ela, num momento em que êle não está na sala, sai e não volta jamais. Simplesmente sai de sua vida. Já no livro ela passa a noite com êle, apaixonada e no dia seguinte Stefan, que tinha-a confundido com uma "Cocotte" quer pagá-la pela noite... Uma cena muito, muito cruel que Lisa (Zweig) descreve na carta... no livro.

De qualquer forma já é tarde; o compartimento do trem no qual seu filho partiu de férias deveria ter estado fechado: cólera...
A criança pega a doenca e morre. Lisa também e morrendo, escreve a carta para Stefan e lhe conta toda sua estória. Ela, a mulher que o amou loucamente em três fases distintas da sua vida, a mulher de quem ele nunca se lembrou... a mulher desconhecida.
Quando êle acaba a carta, lê que a paciente morreu antes de terminar a carta...

Joan Fontaine (1917) assim com sua irma Olivia deHavilland (1916), a "Melanie" de GWT (ambas nascidas no Japão e as primeiras irmas na história do cinema que ganharam “Oscars”) e Louis Jourdan (1919) ainda vivem...

Oxalá êste filme venha a ser redescoberto. Uma jóia... um magnífico brilhante na carreira dos dois!!!! E na de Olphüs, junto ao seu brilhante “Lola Montez” com Martine Carol!

P.S. Gostaria ainda de deixar meus parabéns aqui à cidade de Petropólis pelo fato de terem aberto um Museu Stefan Zweig, coisa que até hoje aqui na Austria, seu país de nascimento, nunca foi feita... e acho que nem cogitada. Mesmo assim Stefan Zweig sempre será este maravilhoso escritor que encantará muitas e muitas gerações...

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P.S.2 Esta postagem foi sugerida pela minha amiga Maurette. Por este motivo é também dedicada à ela! Obrigado!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

“A primavera em Goscieradz” (Léon Wyczólkowski)

Encontrei este quadro há pouco tempo e ele me encantou…
Passamos por um momento semelhante em Viena já que a primavera está realmente reentrando em nossas vidas com toda sua glória… e eu me identifiquei com “Le printemps à Goscieradz” (1933). Sinto como se aquele lugar em frente à janela fosse meu, como se tivesse acabado de colocar aquele livro no seu peitoril… Como se os raios de sol ainda aquecessem meu corpo...



Não sei nada sobre seu pintor, Léon Wyczólkowski.
Só o que li na Wikipedia – e isso não vou copiar – poucas informações que consistem básicamente de suas datas de nascimento e morte, do fato que era polones e que foi um dos grandes representantes do movimento jovem polones na pintura… Nada mais.

Gostei de outros quadros que vi…
Fortes, coloridos, ensolarados, dinamicos… e cheios de temperamento, de vida, de força. Como estes dois:





Força... qualidade muito típica do povo polones.
Bom encontrar algo novo para pesquisar… Oba!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Easter Parade (Desfile de Páscoa)

Considero „Desfile de Páscoa“ (Easter Parade, MGM 1948) uma daquelas preciosidades musicais, uma verdadeira pequena jóia que a Metro criou nos anos 40. É um “filminho” compacto e gostoso para se assistir num dia chuvoso, melhor ainda se fosse na antiga e já há muito extinta “Sessão das duas” depois de chegar-se da escola...



Deliciosos números musicais com Judy, Fred, Ann Miller (que teve que dançar neste seu primeiro filme na Metro de sapatos rasos, senão ficaria mais alta que Fred) e até Peter Lawford, a música de Irving Berlin, o colorido da época, os guarda-roupas criados pela talentosa “Irene”, a precisa direção do
"ex-coreógrafo" Charles Walters... Tudo isso emoldurado pelos magníficos cenários da Metro.

No meio dos anos 70 recebi de minha amiga Flávia uma coleção de discos que seu pai (o antigo “chefe” da TV Globo, da “Grobis”, Walter Clark) não queria e mandou para mim de presente (Ele sempre me incentivava na questão “cinematográfica”). Lembranças boas…



Este foi meu primeiro contato com este filme – sim, através da trilha musical!!! E que trilha: sómente Irving Berlin (quando perguntaram a Fred Astaire em que lugar ele colocaria Irving Berlin na música americana, ele respondeu “Irving Berlin É a música Americana”).
Muitos anos depois eu descobriria uma cena que foi cortada do filme. Um incrível “Tour-de-force” para Judy, chamado “Mr.Monotony” (vide minha postagem de 04 de junho de 2010), que foi cortado de “Parade” por acharem-o muito “risquée” para uma platéia de 1912 (ano em que se passa o filme). Grande (e desconhecida) canção de Berlin, hoje em dia editada e assim "salva" de perder-se para sempre nos arquivos da MGM.



A cena final do filme transformou-se num clássico.
A música passou a ser uma espécie de “hino inoficial” da Páscoa (da mesma forma que “Have yourself a merry little Christmas”, também cantada por Garland em outro fime, tornou-se uma das mais tocadas canções de Natal) e o texto descreve com simplicidade um evento que até hoje tem grande importancia para New York, para seu turismo e também para sua sociedade: A parada da Páscoa…



Na realidade todo o filme gira ao redor desta “date” que os dois tem nesse domingo de Páscoa, antes de chegar-mos ao final feliz…

(Gosto de relembrar que um dos produtores foi chamado às pressas ao studio no primeiro dia de filmagens de “Easter Parade”. Judy e Fred tinham que beijar-se numa cena e Judy se recusava a faze-lo. “Porque?”, perguntou o produtor. Sua resposta foi simplesmente “Ainda não fomos apresentados”. O gelo foi quebrado e os dois se admiraram mútuamente até o final do trabalho – ao contrário de muitas lendas que são contadas sobre o “comportamento” de Garland durante filmagens. “Parade” tornou-se nas bilheterias o filme de maior sucesso tanto de Judy como de Fred)



„In your Easter bonnet, with all the frills upon it,
You’ll be the grandest fella in the easter parade”




“I'll be all in clover and when they look us over,



We'll be the proudest couple in the easter parade”



“On the avenue, fifth avenue, the photographers will snap us,
And you'll find that you're in the rotogravure”




“Oh, I could write a sonnet about your easter bonnet,
And of the guy I'm taking to the easter parade”




Esta “parada” anual acontece na Quinta Avenida entre as ruas 49 e 57 (Bem na altura da Catedral de St. Patrick’s) e é a “menos organizada" das paradas nova-yorkinas… é mais um “get-together” para se admirar os “bonnets” (gorros, chapéus de Páscoa como descritos na canção) e para ser admirado… Para ver e para ser visto!



Vendo uma foto desta parada em 1900 e uma outra da cena final do filme, só posso dizer:

Hooray!!! VIVA A METRO-GOLDWYN-MAYER!!!



Desejo a todos lindos feriados e Feliz Páscoa!!!!!

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domingo, 17 de abril de 2011

Remanso: Vladimir Malakhov...



Vladimir Malakhov, Parrish Maynard & Keith Roberts (ABT) no interessantíssimo trabalho de 1997 do coreógrafo espanhol Nacho Duato!



Assisti muitíssimas vezes Vladimir aqui na Ópera, durante os anos em que ele trabalhou em Viena - Tenho que dizer, que nunca o vi assim, como em "Remanso". Gosto muito desta "persona" criada aqui, mesmo que só para este Ballet...



Infelizmente este video não existe "inteiro" no Youtube... apesar do segundo dar uma certa "repetição" do que se viu no primeiro, nos dá a possibilidade de ver o ballet até final... Prestem atenção à minha "dica" entre os dois vídeos... Assim não precisarão rever tudo...

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Para não rever tudo o que se acabou de ver, puxem para 6:56 Minutos...

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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Seems like old times: Uma canção e „Annie Hall“ ( ou “Memórias e os Ovos”? )

Sabemos, e está provado, que o olfato desperta nossas mais antigas e profundas memórias… Toda vez que chego ao Rio e no aeroporto do Galeão, sorry, Tom Jobim entro num taxi, sinto “cheiro de Rio” – aquela exagerada humidade do ar, misturada com o verde da baía de Guanabara e toda aquela fascinante poluição unida à pitoresca “sujeira” que nos dá as “Boas-Vindas” à cidade maravilhosa.

A caminho da Zona Sul sempre me “pego” relembrando coisas que se passaram já há décadas… Old times… Viagens para Penedo, aquele caminho antigo pela Avenida Brasil para pegar a Dutra em direção a São Paulo, adolescencia... Como era bom sair do Rio...

A música exerce sobre mim o mesmo efeito e estranhamente “tropecei” numa velha memória, que ainda por coincidência cita ostentativamente “old times”…



"Seems Like Old Times" é uma lindíssima, romantica canção popular bem emocional... música e letra de Carmen Lombardo & John Jacob Loeb de 1945.

Ela não foi gravada muitas vezes (fala-se de uma boa versão de Ella Fitzgerald de 1968) e eu só vim conhece-la através de “Annie Hall” (bobamente chamado no Brasil de “Noivo neurótico, Noiva nervosa”), sensível filme de Woody Allen de 1977 no qual ela tem um papel central no enredo – também nas memórias do personagem masculino principal “Alvy Singer” (Allen).





Interpretada pela "levada" Diane Keaton (que por este filme aliás, ganhou um Oscar), com aquela vozinha dela que “mal chega” mas que é afinadíssima, extremamente efetiva e muito agradável, ela tornou-se um “hino” da minha juventude. Em 1977 o mundo estava todo ali, esperando por mim, esperando para ser descoberto… E eu acho que revi “Annie Hall” no cinema pelo menos umas dez vezes. Adorava o filme e também aquele „LOOKDiane Keaton que na época nos influenciou muito… muito mesmo... (a mim até hoje!)



Gravei as músicas e vários diálogos com meu gravadorzinho, vi uma sessão de “meia-noite” no Caruso ser interrompida porque um morcego estava voando na sala, fui acompanhando o filme até ele acabar sua “tournée” pelo “circuito” dos cinemas do Rio…

Comédia de Woody Allen? Definivamente. Mas também uma das maiores declarações de amor já colocadas nas telas… Um “mundo” composto de N.Y., livros, ativismo político, Mozart, depressão, metafísica, memórias de infancia, crises existenciais, programas de rádio e TV, músicas, ciúme, psiquiatras, amor, reflexões… e aquele descabido amor que Woody sente por N.Y.



Diane Keaton a canta num “Night-Club”, com seu jeito todo pessoal:

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A segunda vez porém, na qual “Old times” é tocada, somos confrontados com Allen e Keaton, aliás Alvy e Annie, se reencontrando, muito tempo após sua separação, num café em Manhattan (e depois com uma série de sentimentais “flash-backs” dos dois). No final desta cena Woody nos conta uma velha piada de Groucho Marx:

Um homem vai a um psiquiatra e diz
- “Doutor, o meu irmão está maluco, pensa que ele é uma galinha”
("Doc, uh, my brother's crazy; he thinks he's a chicken.")
- “Bem, porque voce não o interna?”
("Well, why don't you turn him in?")
- “Eu o faria... mas preciso dos ovos… “
("I would... but I need the eggs.")

E arremata, terminando o filme com este lindo pensamento (não tão típico para uma comédia mas “Allen” em sua essencia):

“Bem, eu acho que é bem assim o jeito como me sinto sobre as relações; voce sabe, elas são totalmente irracionais e loucas e absurdas… Mas eu acho que seguimos vivendo-as porque, a maioria de nós… precisa dos ovos”
(Well, I guess that's pretty much now how I feel about relationships; y'know, they're totally irrational, and crazy, and absurd, and... but, uh, I guess we keep goin' through it because, uh, most of us... need the eggs)

Tudo isto ao som dos acordes e notas finais de “Seems like old times”.

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Genio não se discute… Um filme vencedor de 4 Oscars, entre eles os de melhor filme (1977), melhor diretor (Allen) e melhor atriz (Keaton). Woody Allen e seu uso inimitável e original da música americana nos seus filmes!

Detalhe: “Annie” é o apelido com o qual Keaton sempre foi chamada por sua família, “Hall” é seu real sobrenome…
O filme seguinte de Woody foi "Manhattan" (também com Keaton e mais uma cena com a Brooklyn Bridge) - outra declaração de amor... desta vez porém à N.Y.

sábado, 9 de abril de 2011

REMEMBERING: Madeline Kahn ( e tres cenas aloupradas... )

"As aventuras do irmão mais esperto de Sherlock Holmes" é um filme "esquecível".

Mas não para mim...

Foi uma daquelas enlouquecidas produções e comédias do final dos anos 70 que nos fez rir começando ou no Caruso ou Veneza, depois no Copacabana, no Paissandú... até acabar ou no "Coral" ou no "Scala", notórios "pulgueiros" da Praia de Botafogo (todos cinemas extintos do Rio de janeiro...).

Esta era a sequencia de cinemas (durante um "desaparecimento" de filme) para um cinéfilo no Rio - cada vez mais longes e em piores recintos.
Uma "via crucis" antes de perdermos o filme para sempre...

Isto em épocas - pasmem - em que não existiam vídeos e o único que conseguíamos "roubar" de um filme predileto era o diálogo (ou trilha sonora) através de um gravadorzinho portátil... com microfone! ("o máximo"). Bem, de vez em quando conseguíamos um cartaz, umas fotos promocionais... Mas jamais confessarei "como"...



Aqui a inesquecível e talentosíssima Madeline Kahn junto a Gene Wilder e Marty Feldmann... Nossa, todos tres já mortos... e ainda me/nos fazendo rir!!!!!! Deus os tenha - e obrigado por toda esta deliciosa loucura encenada pelo fascinante Mel Brooks ( e com - como poderia me esquecer dele? Never! - Dom DeLuise!).

Madeline, por sinal, tinha feito "Twentieth Century" e por causa de seu comportamento tão cheio de "estrelismo" as portas de teatro da Broadway ficaram fechadas para ela até sua morte, há alguns anos atrás.
Uma pena... tanto talento mas "profissionalismo" nao perdoa quem falta a espetáculos e se faz de diva. Ela foi "desligada" da produção no meio da temporada... (Como me falaram que eu estava aqui dando uma indireta, cortei a frase que estava aqui).
Alguém ainda se lembra dela no enlouquecido "What's up, Doc?" de Peter Bogdanovich como Eunice?



ou em "Paper Moon" (também de Peter Bogdanovich) como a engraçada porém, patética (e muito triste) Trixie Delight? (Nome que aliás adoro). Por este foi até nomeada para um Oscar que perdeu para Tatum O'Neal.



ou como a (taradíssima) noiva de Frankenstein em "Jovem Frankenstein"????



ou até aqui em "Sherlock" numa louca versão de "O Baile des Máscaras" (Madeline foi na realidade treinada na juventude para ser cantora lírica!!!! E virou comediante! Delicioso caminho...)



Desculpem-me, só um pensamento, um curto intermezzo: não se pode dizer que o "Besteirol" foi criado no Brasil... Nasceu com esta safra de atores tão especiais da "escola" Mel Brooks.

Olhem estas cenas abaixo e comprovem! (E prestem atenção em como Gene "pira" completamente dançando o "Cangoroo". Adoro!!!!! Louco, louco...).

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e, como poderia faltar? "Un ballo in maschera"(Verdi) numa versão Melbrookiana... e na parte final Madeline canta, como que para mim :-), "Riccardo, Riccardo!".
Nossa que postagem maluca... mas temos estado tão sérios nos últimos tempos, que sentia que já era hora de trazer um pouco de bom-humor de novo para as "Tertúlias"!

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sexta-feira, 1 de abril de 2011

REMEMBERING: "Tammy" e tantas outras estórias...


„Tammy“
é uma maravilhosa canção vencedora de um “Oscar” de um filminho bem medíocre chamado “Tammy and the Bachelor” que foi feito pela Universal.



Debbie Reynolds é “Tammy”, uma mocinha sulista, Leslie Nielsen (of all people), antes de ficar com aquela cara de “esclerosado” que adquiriu na sua velhice (que me parece ter começado aos 40) é o “mocinho”. Quem rouba o filme porém é a maravilhosa Mildred Natwick, grande atriz secundária com uma longa carreira, que neste filme só aparece com um gato que parece ser uma prolongação (ou será um prolongamento?) do seu próprio corpo… Reassisti Mildred há pouco, já bem idosa no seu último filme, “Ligações perigosas”, motivo da minha última postagem.



Esta música tem uma parte na “história” dos Leitner: minha mãe me conta que quando estava no auge de sua gravidez, um amigo americano de papai, “Ross” chegou ao Rio. Quando ela abriu a porta de entrada do apartamento para recebe-lo, com seu vestido vermelho e já com um “barrigão”, ele exclamou: “Parece um Papai Noel!!!!!”. Mamãe estava na época aprendendo violão (ela tocava piano) e estudando “Tammy”. Quando saíam à tardinha para passear pela calçada (então ainda bem estreita) da Avenida Atlantica, “Ross” ía-lhe ensinando a letra de “Tammy”. E os dois cantavam…
Boas amizades. Boas lembranças.

Não possuo uma foto dos tres (Mamãe, Papai e Ross) na praia de Copacabana, tenho porém esta, antes do meu nascimento, nas Tres Cachoeiras em Penedo – Tenho a ligeira desconfiança que quem a tirou foi Eliana Caminada… Foi num dia em que passearam para lá juntos com Dadá (tia de Eliana e pessoa muito, muito querida) e a Vovó dela (que me conheceu como bebe).



Em 1997 eu estava passeando no Algarve quando ouvi de uma lojinha de discos esta canção, que não ouvia há "milenios": Entrei e comprei na hora o CD… Ainda hoje o ouvimos! Esta música ocupa um lugar muito especial nas nossas memórias, sentimentos...

Às vezes gosto de colocar estas estórias aqui – é bom preservá-las…
Minha mãe chega amanhã à Viena pois no domingo celebramos juntos meu aniversário.
Que sortudo sou… Esta postagem é para lhe desejar uma boa viagem e dizer-lhe: "Bem-vinda!"

Aqui Debbie Reynolds numa interpretação gostosa e emocionada, até com um sotaque sulista bem convincente, nos conta como „Tammy is in love…”. Uma canção tão "básica", de linha melódica tão simples e ao mesmo tempo tão eficaz e emocional... Como disse: Boas lembranças!

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