segunda-feira, 28 de junho de 2010

Shirley MacLaine, her looks, lives and kicks...


MacLaine sempre me fascinou – como atriz, como „maluca“ (não só a “persona kookie” que encarnou nos anos 50 e 60 mas também a escritora de livros sobre reencarnação dos anos 80 e 90…) e como uma beleza singular. Não estou falando de uma beleza do tipo “Garbo”, “Lamarr” ou “Leigh” porém de uma menina que era uma gracinha ! Que carinha…

E mesmo já aos 40 (em tempos nos quais não era “políticamente incorreto” fazer-se reclames para peles - Ave... pagará Shirley em várias vidas por isto?) Shirley sabia que, mesmo não tendo sido uma boa bailarina, tinha umas das pernocas “show-business” mais encantadoras do planeta!!!!! I love this picture!!!!!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Let's face the music and dance...

Esta tertúlia não é dedicada a Fred & Ginger. Ela não quer fazer comparações. E não quer nem elogiar nem criticar ninguém… Esta não é, em absoluto, a razão desta tertúlia! Todos sabemos que Fred & Ginger são incomparáveis, inimitáveis – e neste ponto não me refiro à “técnica” porém à “química” que existia quando os dois apareciam nas telas, nunca igualada por outra dupla de bailarinos na história dos musicais.
Repito: não quero me referir à dupla Bernadette Peters & Steve Martin (ele, aliás, nunca dançou!) em relação à magnífica dupla da RKO.


Quero porém mencionar esta cena, elogiar a linguagem cinematográfica e, acima de tudo, esta fabulosa idéia.


Graças à Danielle, que recuperou para nós cenas de “Pennies from Heaven” (1981), posso dar continuação às minhas postagens de 30.07.2009 e de 11.06.2010.

Um inteligente roteiro que, como “idéia” central, tem seus personagens “dublando expontaneamente” canções da época da depressão (época na qual o filme é também passado) como que esta fosse sua única possibilidade de expressão. Maravilhoso "veículo" para o casal (da época) Peters & Martin. Acima numa foto também de 1981.

“Pennies” é um filme especial. Para conhecedores de bom cinema. Para cinéfilos.

Nunca me esqueci da primeira vez que o assisti. Num quarto de hotel em Hong-Kong com uma vista maravilhosa. Mas o filme me prendeu mais naqueles instantes...



Gosto especialmente deste número. Principalmente do momento no qual os personagens de Peters & Martin sobem ao palco e dançam na frente da tela paralelamente a Astaire & Rogers (reparem no “detalhe” do lencinho sendo jogado – perfeito em sincronização).

Uma linguagem cinematográfica muito especial. Muito delicada – combinada com muito talento e longos ensaios – não só para os bailarinos como também para a camera.
Acho que deveríamos “redescobrir” “Pennies

terça-feira, 22 de junho de 2010

Dorian Gray (2009): a alma, o juízo e Botox...


"The artist is the creator of beautiful things. To reveal art and conceal the artist is art’s aim. The critic is he who can translate into another manner or a new material his impression of beautiful things." (“O artista é o criador de coisas belas. Revelar a arte e ocultar o artista é a finalidade da arte. O crítico é aquele que pode traduzir para uma outra forma ou para um novo material, a sua impressão das coisas belas”)
Oscar Wilde, Prefácio de “O retrato de Dorian Gray”

Assisti no sábado passado a nova versão de „Dorian Gray“ de Oliver Parker, o jovem (1960) e muito britanico diretor de "Othelo" (1995), "An ideal Husband" (1999) e "The importance of being Earnest" (2002) - os dois últimos com o genial Rupert Everett.

Achei este novo trabalho interessante, bem feito e quase fiel à obra de Wilde. Diferente de versões já vistas… como por exemplo a com Hurd Hatfield

ou a com Helmut Berger.
O jovem Ben Barnes não nos encanta a partir do primeiro momento.
A célebre “Beleza” de Dorian “falta” de certa forma. Mas Barnes é um bom ator e com o passar do tempo acreditamos no seu personagem – principalmente pela forma como sua libertinagem e vida sexual dissoluta nos é mostrada – o que não teria sido possível na versão da MGM de 1945… apesar desta ter “acabado” com a carreira de Hurd Hatfield pelas sugestões sobre a bissexualidade de Dorian… Lembram-se quem foi seu primeiro amor, Sybill Vane? Angela Lansbury. Sim, ela também foi jovem um dia…
Muitos “erros” foram, em comparação às versões anteriores, “concertados”, retificados. Por exemplo sua «noiva» não é filha do pintor do retrato e sim de Lord Henry Wotton, que colocou toda uma noção hedonística na cabeça de Dorian (da qual ele nunca se libertou). Por outro lado o pintor, que na realidade é apaixonado por Dorian e por sua “beleza”, recebe até um “agradecimento” deste em forma sexual.

O filme porém falha terrívelmente no final. Não vemos um desesperado Doriam querendo se "redimir", querendo acabar com o quadro e enfiando-lhe uma faca – a fonte de todo seu sofrimento que provávelmente se tornaria eterno. Vemos porém Lord Henry incendiando-o… o que não tem nada que ver com a obra de Oscar Wilde e tira muito do "caráter" do personagem “Dorian”.

Um detalhe chamou-me demais a atenção (Achei-o por sinal magnífico): Muitas vezes se vê o sótão (onde o retrato de Dorian ficou escondido) do ponto de vista da pintura. Sim, a luz é mais clara, “branca” e ao mesmo tempo difusa – diferenciando assim a forma com que o quadro “vê” em comparação à forma com a qual os personagens “vêm”. Temos a sensação que o quadro “vive” e presencia toda a tragédia.

Outro ponto fascinante para mim é a forma como o “Millieu” baixo e sórdido, no qual Dorian circulava e “vivia” todas suas perversidades, “cheira” mal e lembra demais o ambiente sujo e vezes nojento criado por Wilde no seu romance pornográfico “Teleny” (ainda hoje discute-se se a Wilde é realmente o autor). Por falar-se em pervesidade… aqui uma definição do próprio Wilde:
"perversidade é um mito inventado por gente boa para explicar o que os outros têm de curiosamente atractivo".

Me resta só dizer que acho “Dorian” e sua estória, hoje em dia, em tempos de um enlouquecido “culto” à juventude e inconsiderada “cobiça de viver” cada vez mais rápida- e intensivamente, mais do que relevantes.
Hoje Botox & Plásticas apagam os rastros da vida de qualquer face – e suas «vítimas» não perdem suas «almas» como Dorian, mas talvez o juízo…


Estudos começam a provar que Botox não só paraliza a “mímica” do rosto com também o cérebro…

sábado, 19 de junho de 2010

Terpsichore, Hot-Dogs e Sapateado!


O que poderia acontecer com uma idéia de transformar a “Love Goddess” das telas, Rita Hayworth, na musa da Dança? Um filme bobinho, horas cafonérrimo porém divertidíssimo... ótima escolha para uma tarde de um dia chuvoso...
Quando Terpsichore “desce” à terra (o filme chama-se “Down to Earth”, Columbia 1947) pois algum produtor está fazendo um musical sobre ela (no qual é retratada de uma forma que nada agrada à original), vem disposta a conseguir o papel principal (o que rápidamente consegue com seu “talento”) e transformar o show num espetáculo sério (o que também faz!) de Dança e Cantos “gregos” (na concepção de Hollywood). Numa cena que lembra demais “The Band Wagon” (A Roda da Fortuna) de Minelli que não seria feito até 1953 na Metro, o espetáculo “sério” tem sua Premiére e é um desastre. Terpsichore reconhece o “gosto americano”, diz algo eterno e profundo como “Voces gostam mesmo é de pipoca, hot dogs, Coca-Cola e Sapateado… Pois bem!” e deixa o Show ser feito como originalmente concebido (que óbviamente torna-se um grande sucesso!).

Aqui Terpsichore que, como uma das nove musas, sabe todas as coreografias e “audiciona” para o Show da Broadway… Ah, como adoro Hollywood…
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Ohhh... quase esquecia: esta Tersichore também canta e sem precisar da partitura... (Deixou, por assim dizer, Euterpe desempregada...).
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Para quem tiver curiosidade e paciencia, a coreografia “séria”, como imaginada por Hollywood (com um fabuloso bailarino que chamava-me Marc Platt) que lembra um pouco alguma coisa meio “Ruth St.Dennis misturada com um pouco de Doris Humphrey e temperada com elementos de Ted Shawn em pura concepção Hollywoodiana … “ (e de um tamanho "kitsch" só superado pelos filmes de Carmen Miranda e pelos Shows de Bette Midler).

Um único momento me agrada pois a fotografia é Linda – a aparição de Terpsichore como que nascendo de uma concha - mesmo que aqui óbviamente confundida com Aphrodite, a Deusa do Amor…

No que voltamos à persona Rita Hayworth e aquelas liberdades (aqui uma não histórica porém mitológica!) que só Hollywood conseguia e tomava! Rita aparece aqui de forma quase voluptuosa… Bonita.
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Vide minha postagem de 19.07.2009 na qual conto o porque de Orson Welles ter dito sobre a “Deusa” Hayworth:
Um momento por favor:
CAVALOS suam,
SERES HUMANOS transpiram…
MISS HAYWORTH “fulgura”!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

REMEMBERING: Kathleen Ferrier

Contraltos…

Este timbre vocal que contínuamente mais e mais desaparece com o passar dos anos… Não é à toa que Mezzos, como Christa Ludwig, e até Sopranos líricos como Waltraud Meyer, tenham “assumido” nas últimas décadas o trabalho dos Contraltos como, por exemplo, em “Das Lied von der Erde” de Gustav Mahler, compositor de grande importancia na carreira de Kathleen Ferrier (Pergunto-me se este “desaparecimento de um tipo de voz tem alguma causa genética? Pelo menos na Europa Central ouve-se cada vez mais mulheres com vozes finas e estridentes, como gralhas… na rua, na televisao, no rádio…).
Começando sua vida professional como telefonista, Ferrier (que na realidade era pianista) foi descoberta por mero caso, debutou como cantora muito tarde aos 30 anos e transformou-se em questão de dez anos numa amada artista internacional – da dona de casa ao homem de negócios, do trabalhador de fábrica à futura Queen Elizabeth, todos seus fãs. Sua reputação ainda lhe faz justiça: o maior contralto lírico que a Inglaterra já produziu e, sem dúvida, a mais emocional cantora de Oratórios.

Ferrier construiu um interessantíssimo repertório durante sua curta carreira , mesmo que para alguns um pouco “peculiar”: Lucretia de Britten, que foi composta para ela, Orfeo em “Orfeo ed Euridice” de Gluck (“The Rape of Lucretia” e “Orfeo” foram as duas únicas Óperas que cantou), Purcell, Bach, Canções inglesas, Oratórios de Haendel, Elgar e mais tarde Brahms, Schubert, Schumann e, notávelmente, Mahler (quando o “departamento alemão”/ “das deutsche Fach”, principalmente as “Lieder” tornaram-se quase uma obsessão).
Sua voz que ainda hoje, depois de quase 60 anos de ter-se silenciado, é imediatamente reconhecida pelo seu timbre único, reflete o amor e a profunda compreensão que tinha pela música que interpretava, pela sua arte. Ela é vibrante, clara, de uma articulação perfeita e, acima de tudo, despretensiosa. Sim, despretensiosa. Rara qualidade que a torna simples, verdadeira, ao comunicar seus sentimentos. Um canto honesto, cheio de grande convicção e dignidade (“aquela qualidade inglesa” que nos faz perguntar, como alguém uma vez brilhantemente disse um dia, o porque de terem perdido a Índia…).

Sua vida e morte possuem “um que” quase literário. Mas jamais de um sentimentalismo barato. Kathleen só deixou-se levar emocionalmente pela música.
Por outro lado a tragédia de sua doença nos faz indagar sobre o que pensava, sobre o que se passava no seu interior ao interpretar “Kindertotenlieder” (Chants sur la mort des enfants – nao conheço uma tradução para o portugues) de Mahler, por já estar muito doente na época em que as gravou.

Alguém uma vez contou: “Ela não deixava ninguém ver o seu interior; só pouquíssimos viram mais do que a face que ela apresentava ao mundo. Mesmo assim nenhum deles conseguiu olhar profundamente dentro de sua alma”.

Kathleen adoeceu gravemente em 1951 com cancer de mama. Em 53 este já havia-se alastrado pelo seu corpo e ossos e em fevereiro deste ano, durante o segundo ato de uma apresentação de “Orfeo ed Euridice” seu femur sofreu uma fratura espontanea causando-lhe imensa dor. Sem mover-se ela terminou a Ópera, o público nada percebendo. Levada para o hospital, ela faleceu em outubro. Só tinha 41 anos.

Mas esta nao é a real razão desta tertúlia (como porém resistir a contar alguns fatos sobre tão interessante personalidade?) e sim um curto momento na época de seu Début no Festival de Salzburgo sob a direção de ninguém menos que Bruno Walter, o grande maestro austríaco com quem teve uma relação profissional de quase filha e pai:

“Das Lied von der Erde” (A Canção da Terra) de Mahler não é só técnicamente difícil como também emocionalmente forte. Durante as últimas notas a palavra „ewig“ (para sempre) é várias vezes repetida. Kathleen, tomada pela emoção do momento, não conseguiu cantar os tres últimos “ewig” por causa das lágrimas que lhe escorriam pelo rosto e caiu num grande choro, soluçando em palco aberto… Por esta “falta de profissionalismo” ela implorou o perdão de Bruno Walter que, também emocionado, contestou: “Querida Miss Ferrier, se todos nós (referia-se à Filarmônica de Viena) fossemos tão profissionais como a Senhora, estaríamos todos nos desfazendo em lágrimas”.

Que generoso momento…


Aqui uma curta parte de "Kindertotenlieder"...
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domingo, 13 de junho de 2010

Pinocchio e um dos horrores da minha infancia...

Não sei mais o ano ou com quem estava ou o Cinema.
Sei que era bem pequeno e que literalmente uma sensação de horror me invadiu, no escuro do Cinema.
Acredito que esta foi a primeira vez que tive realmente “medo” na minha vida e quase fiz nas calças…

Em comparação à esta cena, para mim, a transformação da madrasta de "Branca-de-Neve" em bruxa foi um conto de fadas e “Malificent” (Carabosse) de “A bela adormecida” um charme, uma senhora atraente e chique.

Um momento assustador. Claustrofóbico. Imaginem, estar preso num outro corpo… Pinocchio, que estava felicíssimo, divertindo-se na “Ilha dos Prazeres” tem esta "supresa" e passa por esta horrível situação.

Será que este é o motivo de sempre termos esta infantil reação de que “algo vai acontecer” quando estamos passando por uma fase maravilhosa? Que não “merecemos” tanta felicidade?

Anos depois de ver o filme de Disney, já morando aqui em Viena, assisti uma entrevista com François Truffaut na qual ele repetia uma afirmação sua publicada muito anteriormente nos seus famosos “Cahiers du Cinéma”:
Para ele a cena mais assustante da história do cinema era essa. Nada de Hitchcock ou terror. Pinocchio mesmo.
Pelo menos assim relaxei.
Nada como estar em boníssima, ilustre companhia quando se entra em panico…
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Estar contente e satisfeito: Life is just a bowl of Cherries...

Não sei própriamente como a expressão „Life is just a bowl of cherries“ surgiu.
Seu significado porém é, principalmente hoje em dia, confortante:
Estar contente, estar feliz quando tudo está indo bem e a vida está gostosa, quando tudo está “round” ou só Life is just a bowl of cherries - something that you say which means that life is very pleasant.

Como somos “mimados” hoje em dia e como éramos mais fáceis de satisfazer, não? Só uma tigela com cerejas já bastava para nos deixar feliz?

Dois acontecimentos de ontem deixaram-me extremamente feliz. Acontecimentos simples relacionados a reencontros, ao passado, ao "resgatar quase toda uma vida". Estes acontecimentos trouxeram-me momentos gostosos, quentes, cheios de boas lembranças... bem "round"... Sim, ontem recebi minha tigela de cerejas! (e a época delas aqui na Austria está chegando!)

Como não poderia deixar de ser aqui uma curta referencia e alusão cinematográfica à esta expressão. Dela nasceu em 1931 uma cançãozinha que tornou-se, na época da depressão, extremamente popular: uma curtíssima (porém fabulosa) cena de um filme que foi realmente esquecido – “Pennies from Heaven” (1981). Para mais informações sobre ele, leiam uma velha tertúlia de 30.07.2009.

Aqui Steve Martin, Jessica Harper e (principalmente) minha querida Bernadette Peters dando „um banho“ de Show-Business. Mais sobre “Pennies” (Graças à querida Danielle) ainda por vir nas próximas semanas!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Baryshnikov, Solor, 1969...


Quando Baryshnikov recebeu a medalha de ouro do Kirov na Competição Internacional de Ballet em Moscou em 1969, Maya Plissetskaya, que estava no juri deu-lhe 13 pontos dos possíveis 12...

O que mais posso dizer?
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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Get Happy, Mr.Monotony "ou uma curta estória sobre um terno, dois filmes, duas cenas e um pouco da música americana"

Muitas lendas existem sobre uma inesquecível cena de um „esquecível“ filme chamado „Summer Stock“ (MGM 1950 e no Brasil estranhamente chamado "Casa, comida e carinho”... deveria um dia fazer uma postagem sobre títulos de filmes em portugues... ) na qual Judy Garland interpreta “Get Happy”, outra das inesquecíveis canções de Harold Arlen que ela eternizou nas telas (entre elas “Over the Rainbow” e “The Man that got away”).

Durante toda a filmagem de “Summer Stock” a camera teve que ser muito gentil com Judy. Quando ela entrou no primeiro dia para os ensaios, toda a crew “perdeu a fala”: Nunca Judy havia estado tão gorda!
O diretor (Charles Walters, grande veterano dos musicais) decidiu-se rápidamente. Não tendo à sua disposição nem um bom “script” nem grandes canções ele realmente necessitava de seus dois Astros principais para o sucesso do filme: Judy e Gene Kelly (aqui no seu terceiro filme com ela e irresistívelmente jovem e dinamico, ainda antes de "An american in Paris" e "Singin' in the rain").

Como Judy faria o papel de uma “fazendeira” não importou muito o fato de estar gorda. A produção continuou.
Quando esta foi terminada, passaram-se umas seis semanas até Charles, já editando o filme, notar que uma cena adicional seria necessária para “completar” a trama. Esta cena seria “Get happy”, o seu “canto do cisne” na MGM, ou seja a última que Judy rodaria neste estúdio (ela seria despedida durante seu próximo filme).

Judy foi chamada de volta ao estúdio. E para a surpresa geral ela tinha, no meio tempo, perdido uns 20 quilos!

Este fato não passou desapercebido nem ao público nem aos críticos da época e, por uma "coincidencia", que em breve descobrirão, cogitou-se que esta cena teria sido uma cena não utilizada de um filme anterior - lembrem-se, ela estava magra...

Todos estes interessantes ingredientes misturaram-se à “súbita” despedida de Judy da Metro (seu “lar” por 15 anos) e uma “lenda” nasceu. Na verdade a explicação deste "mistério" é bem simples:
“Get Happy” foi realmente filmada 6 ou 7 semanas depois da produção de “Summer Stock” ter acabado. Como Judy estava de novo magérrima (como esteve durante a época de seu casamento com Minelli) foi decidido rápidamente que ela usaria algo que já havia usado num filme anterior e que havia lhe caído bastante bem. Algo com um "toque especial", algo intemporal, distante da atmosfera do filme. Este “terno” de “Easter Parade” (MGM 1948, “Desfile de Páscoa” com Fred Astaire, Judy, Ann Miller e Peter Lawford) que usara no número “Mr.Monotony” do magnífico Irving Berlin.

O resultado é um magnífico número... que é tão diferente do resto que, mesmo que Judy estivesse gorda, pareceria não pertencer ao filme.

Este “Tuxedo” tornaria-se uma des suas “marcas registradas” no palco (aliás inspirando muita gente… até Dietrich)
e como a cena (vide fotos acima e abaixo) havia sido cortada de “Easter Parade” não haveria problema.

"Mr.Monotony" de "Easter Parade" foi reencontrada há alguns anos nos arquivos da Metro (como eu gostaria de trabalhar lá... ) e usada como um dos mais famosos “Outtakes” da história do Cinema em “That’s Entertaimment III”. "Mr.Monotony", uma canção “propositalmente monótona” de Berlin, que aqui tem uma brilhante, inspirada e elétrica interpretação de Garland. Não sabe-se realmente se o número teria sido editado assim. Quando resolveram cortar o número completo do filme, os cortes estavam definidos, a escolha das cenas não. Se alguém um dia tiver a paciencia recomendo o DVD de “Entertaimment”. Lá, nos "Special features", estão mais ou menos 40 versões da CADA curta sequencia. Impressionante.
Que maravilha reencontrar-se uma jóia assim. Divirtam-se. Como um outro grande talento, Mickey Rooney, disse há pouco tempo: "Judy at the top of her career!" (e falando-se de talento assim: uma vez perguntaram a Fred Astaire que “lugar” ele daria a Mr. Irving Berlin na música Americana… ele respondeu simplesmente: Mr. Berlin É a música Americana!)
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terça-feira, 1 de junho de 2010

The painted Veil: Um Cocktail de Adultério, Satie e Somerset Maughan ("avec" suas "pecadoras")

Sempre adorei os livros de Somerset Maughan… Tantas estórias maravilhosas ele nos contou. Quantos arquétipos nos fez reviver... Reencontro na minha estante o primeiro livro dele que li. “Histórias dos Mares do Sul”. Abrindo a primeira página encontro minha jovem assinatura datada de 1977. Somerset, amigo já de “quase uma vida”.

Lembro-me de minha primeira visita a Singapura e do Hotel Raffle’s no início dos anos 80. Lá, no bar principal, debaixo dos ventiladores de teto, bebi um “Singapore Sling” e disse um “Cheers” em sua homenagem, já que este Hotel foi por muito tempo seu “lar” na Ásia.

Talvez sejam todos estes acontecimentos motivos para eu ter apreciado tanto o (para mim novo) filme de um diretor que não conhecia. A nova versão de “The painted veil” do jovem americano (ele nasceu em 1960) John Curran.

Somerset e suas eternas “heroínas”. Muitas delas traidoras, pecadoras, adúlteras.

Entre elas algumas que conseguiram seu «final feliz», ou seja, as que foram perdoadas/ poupadas por Mr. Vaughan. Por exemplo Miss Sadie Thompson de “Rain”, a vulgar prostituta dos mares-do-sul que , sendo práticamente reformada por um missionário fanático, acaba "reformando-o". (Gloria Swanson deu vida à Sadie.

Alguns anos poucos depois Joan Crawford também)
Ou Julia Lambert de “Theatre” (Vide minha tertúlia de dezembro de 2008), um personagem amoral mas tão deliciosamente «humanamente errado», já que inteligente- e incansávelmente vingativo, para ser ignorado… Uma adúltera que nos conquista como leitores – e todos nós torcemos por ela no final da estória que nos é relatada. O que aconteceu depois do final que lemos é parte de nossa imaginação. E como Mr. Maughan nos dá “pano para manga”.

Outras não tiveram tal sorte – Existem aquelas que não só são punidas por muito tempo como também chegam a encontrar a morte…

Sua frustrada e infeliz Sophie de «The Razor’s Edge» (O Fio da Navalha), passa pelo inferno, vai e volta do purgatório não sei quantas vezes durante a vida. Drogada, alcóolatra, abandonada, aniquilada, decandente morre só. Assassinada por algum dos “seus homens”.
Anne Baxter deu uma boníssima interpretação à Sophie (aqui ao lado do Tyrone Power). Mais sobre «The Razor’s Edge», a estória de um homem procurando “outros caminhos”, uma outra vez!

Mildred, a maldita garçonete de «Of human Bondage» (Servidão humana) é tão baixa, tão horrívelmente suja e degradada que sua morte (de sífilis) não nos surpreende… Penso que Mildred seja talvez o personagem mais promíscuo, mais sórdido da literatura.
Tres vezes Mildred apareceu nas telas do cinema : primeiro via uma feroz Bette Davis que, com muita razão, viu neste personagem sua chance ao estrelato (apesar do fato de que todas as atrizes de Hollywood da época não aceitaram este papel). Mesmo assim acho-a caricata, exagerada. Lembro-me de ter suspirado depois de sua morte – pelo menos toda a gritaria num sotaque pseudo-cockney havia parado!

A segunda Mildred que assisti foi a magnífica Eleanor Parker. Atriz com A maiúsculo. Linda mulher que na época devia passar muito distante de qualquer espelho. Para mim a definitiva Mildred.


Sobre a terceira não vale muito a pena se escrever: uma terrível Kim Novak, completamente errada para o papel. Totally miscast!

Também Leslie Crosbie, a adúltera esposa de um dono de uma plantação em “The Letter” - a dramatização de 1927 de sua curta estória “The casuarina Tree”. Ela procura sua morte. Ela práticamente coloca-se nas mãos da mulher que amava verdadeiramente o homem que matou – seu amante. E agindo assim ela mesmo se “executa”. A única das “heroínas” de Somerset que não espera o destino e faz justiça consigo mesma. Uma adúltera que transforma-se - com ajuda - quase numa sacerdotisa. No filme mais uma vez uma feroz Bette Davis exercendo desesperadamente toda a gama de emoções de A a Z (Venetian Blind and all...), tão típica do seu trabalho dos anos na Warner e que lhe renderia muitas nominações ao “Oscar”.

Não sei exatamente o porque de Somerset Maughan ter-se ocupado tanto com o adultério. Algumo motivo deve ter tido.
Talvez, como um documentário sobre sua vida deve ser lançado no próximo ano, tenhamos brevemente uma explicação…

Uma de suas pecadoras sofre longamente, por um tempo que nos parece definitivamente eterno, num inferno que ela mesmo criou para si:
Na primeira versão de The painted Veil/ O Véu pintado, Kitty Fane, uma inglesa diga-se de passagem, tinha sido desempenhada estranhamente por uma Garbo desempenhando "Garbo" (e usando uma sucessão de estranhos turbantes "meio sulamericanos" e incrívelmente “chic”, limpa e sequinha para estar no interior da China durante uma epidemia de cólera no húmido verão!). Aqui o poster alemão – talvez a melhor coisa deste filme!

Esta “nova” versão (2006) de John Curran conta não só com uma excelente e sensível fotografia, eficazes cortes como também com um elenco que age perfeitamente “fiel” à esta esquecida obra. O “ícone” Diana Rigg como a Madre Superiora, Edward Norton como o traído marido e Naomi Watts como Kitty.
Mas não posso deixar de mencionar uma das coisas que povoou meus dias, minha noites, intensamennte depois de ter assistido este filme: o fabuloso uso das “Gnossienes” de Erik Satie e não das muito mais populares “Gymnopédies”.
Um efeito único. Sagaz. Perfeito. De uma “finesse” cenica tão inteligente e sugestiva que até agora, escrevendo sobre elas, acordes voltam vívida- e nítidamente à minha memória. Mais uma vez sensibilidade no Cinema. Num simples detalhe. Só este fato já é motivo suficiente para assistir este filme…

Ouçam…
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P.S. Não faz muito tempo estive na British Bookshop pois procurava alguns ítens. Qual não foi minha surpresa e tristeza ao descobrir que Somerset Maughan (que apesar de seu incrível sucesso NUNCA foi um “queridinho” dos críticos) não está mais “on print”. Sim. Nenhuma editora inglesa imprime mais seu trabalho. Mais um…