quarta-feira, 3 de março de 2010

Honolulu: memórias da minha mãe!

Adoro quando minha mãe conta-me suas memórias “cinematográficas”. São memórias muito valiosas, cheias de sensibilidade, bonitas... principalmente as de sua infancia.

Em Manáus dos anos 30 as sessões de Cinema aos sábados eram um «acontecimento social». Todo mundo que era alguém ía ao cinema (Uma Tia minha sempre entrava por último para chamar atenção ao seu novo traje da semana!!!)
Os cinemas mais frequentados eram o « Avenida » e o “Polyteama”. Ficavam lotados. Foi num destes que uma vez interromperam a sessão das crianças para comunicar aos gritos, com aquele “savoir-faire” bem típico do nosso povo, que o Brasil tinha entrado na Guerra. Ela conta como as crianças ficaram desesperadas, entraram em panico com medo e saíram nervosas correndo para casa. Inclusive ela. Quanta “psicologia”!

Num destes cinemas minha mãe assistiu ao seu primeiro filme. Ela não mais se recorda do nome do filme – mas tem a ligeira impressão de que era um filme com Ruby Keeler… Bem, to make a long story short, o filme começava com uma cena com um balanço, no qual a atriz principal (supostamente Keeler) se embalava… E qual não foi a decepção desta menininha de 3 ou 4 anos (mamãe) quando no segundo, no terceiro, no quarto filme de sua vida não viu mais um balanço… para ela filmes tinham que comecar com balanços! (Até hoje brinco com ela quando num musical aparece um “balanço” e penso naquela menininha da “geração Shirley Temple” com seus cachinhos! Olhem só que carinha mais simpática!)
Poucos anos passaram e o “love affair” de minha mãe com o cinema já tinha começado (“Filho de peixe peixinho é” , voces devem estar pensando…) e ela se encantou com um filme de Eleanor Powell (remember her ?)) chamado “Honolulu”. (Never heard of, não é verdade?) Estas ainda eram épocas nas quais as moças de família “imitavam” as artistas, fazendo os mesmos penteados, as mesmas roupas. Tudo num mundo bem mais cheio de naïveté do que o nosso atual, que nos força a perder nossa sensibilidade! (Bem, pelo menos “tenta” muito. E como... Não perderemos esta batalha!)
Ela conta, até hoje e muito animada, de como, ainda menininha, ficou completamente fascinada por Eleanor e seu jeito exótico de bailar, de usar o “Sarong”, flores no cabelo, colares... voces lembram que esta "fantasia" era usada por quase todas as meninas no Carnaval? Isto senão estivessem vestidas ou de "Melindrosa" ou "Tirolesa"... quando penso nestes tempos, pareciam sómente existir estas tres fantasias femininas para pular o Carnaval... Oooops, já estou eu divagando e saíndo, como sempre, do assunto... Honolulu.

Viva o Youtube! Encontrei cenas do filme – que ela assistiu há mais de 70 anos – e quando chegar do Brasil terá o prazer de rever a talentosíssima Eleanorzinha dançando o “Hula” ( e sapateando-o!). Estou curioso para ver como será sua reação... as vezes cenas de cinema, armazenadas na nossa memória, "mudam" tanto com o passar dos anos... Aloha….
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