terça-feira, 30 de dezembro de 2014

"As Tertúlias" e o Ricardo desejam um Feliz Ano-Novo...


... a todos que acompanham aqui este "diário" (sim, às vezes dou "uma bandeira ou outra") e assim, desta forma desejo-lhes um Ano-Novo de Paz, Harmonia, Amor e Saúde.


Vamos nos despedir de 2014 com simpatia, delicadeza, agradecimento (por pior que foi para muitos), sem pressas, com muita calma...

...e o que mais apropriado do que "auld lang syne" para dizer isso do fundo de nossa alma?

Com agradecimento

Ricardo

domingo, 28 de dezembro de 2014

Good Morning Heartache, Sit down...


Num dos primeiros filmes “sérios” que assisti na minha vida, “Lady sings the Blues” ("O Ocaso de uma estrela, 1972), conheci por primeira vez esta canção que até hoje me é muito querida… como também o filme que me faz relembrar muitas coisas de uma certa época da minha vida...
Como todo trabalho de “Arte” que revemos, relemos, reouvimos, revivemos depois de muitos anos, uma nova “Leitura” acontece automáticamente com o passar dos anos… pois nós mudamos e passamos a entender coisas de formas diferentes por causa da nossa experiencia de vida, independentemente de como esta tenha sido...


Como Diana Ross canta na fabulosa canção de Billie Holiday:
Good Morning Heartache, sit down…

O que fazer quando se nota que uma dor não quer nos abandonar?
Realmente não acredito que as pessoas se “largam” e sucumbem à dor…
Mas que um entendimento da dor e uma certa aceitação dela é de extrema importancia, isso sim…
Senão podemos acabar com ela, nos desdedir dela, então temos que aprender a conviver com ela…
e nada mais "civilizado" do que ser educado com ela... que ela entre e se sente...


Good morning heartache
You old gloomy sight
Good morning heartache
Thought we said goodbye last night
I tossed and turned until it seemed you had gone
But here you are with the dawn
Wish I forget you, but you're here to stay
It seems I met you
When my love went away
Now everyday I start by saying to you
Good morning heartache what's new?

Stop haunting me now
Can't shake you nohow
Just leave me alone
I've got those Monday blues
Straight to Sunday blues
Good morning heartache
Here we go again
Good morning heartache
You're the one
Who knew me when
Might as well get use to you hanging around
Good morning heartache
Sit down…



E aqui a fabulosa (verdadeira) Lady Day numa inesquecível interpretação…


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

We need a little Christmas...


Revendo esta cena da „falida“ Auntie Mame (maravilhoso filme de 1973 com Lucille Ball, um "daqueles" - como no livro de Patrick Dennis - que enche nossa alma de esperanças quase já esquecidas).


Tia Mame tinha sido arrasada finaceiramente pelo Crash da Bolsa de 1929… a relação com nossa situação atual me “apareceu” claramente... a crise mundial, a crise do Euro, da Rússia com a Ucrania, Da Korea do Norte com os U.S.A., da política brasileira, de ideologias, de guerras finaceiras e religiosas em nome de radicalismo, de terrorismo… e decidi como tia Mame não deixar-me levar pela depressão (não deixar esta depressão mundial me deprimir – me recuso!) e sim celebrar um Natal lindo de paz, harmonia e felicidade…

Pensando menos em bens materiais e sim nos maravilhosos bens espirituais que estão dentro de nossas almas: nossas heranças pessoais... sejam familiares ou de amigos ou de cultura ou de aprendizado…


Então, queridos “Tertuliadores”:

Meu, nossos votos para um Feliz Natal repleto de serenidade…

...como ele deve ser!

Precisamos de um "Little Christmas"...

domingo, 21 de dezembro de 2014

Uma Beleza, uma vida movimentada: Lina Cavalieri (1874 - 1944) e a Arte... até hoje...


Lina Cavalieri, que na realidade chamava-se Natalina (por ter nascido na Itália no dia de Natal de 1874) foi, além de uma das mais lindas mulheres de sua época uma famosa cantora de Ópera, “Diseuse” e atriz…


Tendo perdido seus pais ainda muito jovem, ela foi enviada para uma escola interna, melhor dito, para um orfanato dirigido com muita disciplina por irmãs católicas o que não foi muito compatível com o alegre temperamento dela…
Ainda bastante jovem ela conseguiu chegar a Paris onde sua aparencia lhe abriu portas e mais portas como cantora nos Cafés boêmios… Ela começou sériamente a estudar canto enquanto se apresentava em “Music-Halls” pela Europa afora.


Quando, depois de anos de estudo, fez seu début “operático” em 1900 em Lisboa, já contava com quase 26 anos, o que na época era considerado já “uma certa idade”. Mas Lina, por todo o resto de sua vida, foi sempre considerada mais jovem do que aparentava… Bons gens provávelmente… Mas disciplina, modos saudáveis, inteligencia e comedimento ajudam também...


No mesmo ano ela casou-se com seu primeiro marido, o príncipe russo Alexandre Bariatinsky. Em seguida vieram apresentações na Opéra de Monte-Carlo , no Teatro Sarah Bernhardt onde cantou com Caruso em Fedora. Dali foi só um salto para o (antigo) Metropolitan em N.Y. onde debutou em 1906.


Cavalieri que era admirada não só por sua singular beleza mas também por sua voz e grande habilidade dramática, permaneceu por duas estações com o Metroplitan onde, entre outras, cantou Manon Lescaut de Puccini. Nesta época (1906 – 1908) seu público se referia à ela como “a mulher mais linda do mundo”.


Mulher de grande disciplina – o que incluía sua controlada alimentação, ela pertencia à uma geração de mulheres que se espremia constantemente, diáriamente dentro de um apertado espartilho…


Como Cavalieri conseguiu coordenar este costume com as necessidades respiratórias de cantora, não posso dizer… nem imaginar… Mas temos que admitir que o resultado fotográfico é de um esplendor único!


Seu segundo marido foi Robert Winthrop Chanler, membro da família Astor e dos “400” da Sociedade Nova Yorkyna (descobri há pouco tempo que a definição que a sociedade consistia só de “400” foi determinada pelos Astor, já que o salão de baile de Mrs. Astor só comportava realmente 400 pessoas). Eles se separaram logo após a lua de mel, Cavalieri esperou até 1912 pelo divórcio e embarcou para St. Petersburg e para a Ucrania onde se tornou uma da últimas estrelas no período pré-revolucionário.

Outra Óperas do seu repertório: La Bohème, La Traviata, Faust, Manon, Andrea Chénier, Thaïs, Les Contes d'Hoffmann , Rigoletto, Mefistofele, Adriana Lecouvreur, Tosca, Hérodiade, Carmen, Siberia e Zazà.


Ela casou-se uma vez mais em 1913 com o tenor frances. Em 1915 retornou à Itália e fez alguns filmes mas quando seu país natal envolveu-se na Primeira Guerra Mundial ela retornou aos USA onde ainda fez quatro filmes. Pena todo este material cinematográfio ter sido perdido…

Mais uma vez ela retornaria à Itália para viver, com seu quarto marido, Paolo d’Arvanni.


Já com mais de 60 anos quando a Segunda Guerra explodiu ela ainda trabalhou como uma enfermeira voluntária…
Quando um bombardeio americano começou perto de sua casa no dia 8 de fevereiro de 1944, Cavalieri, já com 69 anos enviou todos seus empregados imediatamente para abrigos anti-bombas dentro de sua propriedade. Ela, porém, e seu marido se atrasaram pois ainda resolveram pegar todas suas maravilhosas jóias… não deixá-las para trás… os dois foram mortos. Por causa das jóias... e todos os empregados no Abrigo sobreviveram…

Algumas poucas gravações de Lina sobrevivem até hoje…
Não se deve, óbviamente, comparar nem sua técnica vocal nem a qualidade técnica das gravações da época com materiais mais atuais…
Mesmo assim, interessantes momentos…
Acho que a "persona" Lina sobrevive pelo seu charme, glamour, elegancia, "savoir-faire" - qualidades quase inexistentes hoje em dia em tantas áreas das Artes...



Dois dos quadros que considero mostrar de melhor forma sua beleza e carisma são os portraits de Giovanni Boldini (quadro este comprado por Maurice Rothschild) e de Adolfo Müller-Ury. Este segundo quadro é agora propriedade do Metropolitan.


Mas mais notávelmente seu rosto é encontrado constantemente na arte, quase fanática de Piero Fornasetti, cujo trabalho é repleto de uma quase doentia obsessão pelo (belíssimo) rosto de Cavalieri e por sua “persona”…

E esta, confesso, foi a verdadeira razão que me fez criar esta Tertúlia, pesquisá-la.

Tento estado há duas semanas e meia num restaurante, no centro de Viena, que tem toda uma parede adornada com o rosto de Cavalieri e pela arte de Fornasetti, tive, primeiro, que descobrir de quem era este trabalho (Obrigado a Jayme Budiansky!), depois a quem pertencia este cativante rosto…

...e como tudo em minha vida, uma coisa levou à outra e à outra e à outra e cá estou tendo lido tanto sobre esta interessante mulher que levou uma vida tão movimentada, flexível… de país para país, de continente para continente e tudo isto em épocas em que viajar não era uma coisa simples, corriqueira, "normal".
Ainda por cima tudo isso pela Arte! (Bem, imagino que sua existencia finaceira também lhe importasse "um pouquinho"... senão houvesse pensado nas jóias...)


Ela está, de certa forma ainda aqui…

Trouxe-me muitos momentos de interessante pesquisa e sonhos (muitos sonhos) nas últimas semanas...

Abaixo Fornasetti e um pouquinho de sua obsessão... Posso até, de certa, leve forma, entende-lo...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Ballet-Hommage (Forsythe, Horecna, Lander): 2014, Dec. 17th

It is always so refreshing and interesting to visit a show during the season, not only on its premiere, in order to make some comparisons about its “process of ripening”, like I love to put it - since I believe that a show is never “ripe” in its Premiere!


Even if yesterday’s programme, “Ballet-Hommage”, consisted of The secon detail (Forsythe), Contra Clockwise Witness (Natalia Horecna) and Études (Harald Lander) I will not refer to the brilliant choreographies, music, costumes as I have done already so in another critic that is dated Dec. 15th 2013, more or less a year ago…


“The second detail” included the wonderful stage presence of Nikisha Fogo, a dancer that has joined the company not long ago, in 2013 and has been surprising us more and more in this short time. Miss Fogo’s stage charisma reminds me ironically of one element – fire – which translated to Portuguese would simply mean “Fogo”. I do not believe in coincidences… Clean Technique, lovely lines, amazing arms and personality. I am looking forward to seeing more of Miss Fogo’s achievements in the future.

Maria Yakovleva, Alice Firenze, Natasha Mair (role début) and Prisca Zeisel were confident and quite sure of what they were doing – But even though “here and there” some more musicality to accompany the music of Thom Willems could have been required, the female Ensemble did very good work.

Alexis Forabosco, Vladimir Shishov and Masayu Kimoto (also a role début) were at ease in a choreography that seems to suit them very well. Davide Dato “stopped the show” with his usual precision – such a relief to be able to enjoy this dancer’s performance after his last year’s injury.

Greig Matthews seemed quite uninterested in what he was doing, in a kind of behavior that I could ONLY refer to as “blasé”, as if he was sometimes just marking, bored. I wonder why all that fire and stamina disappeared. He had enough of it, just two years’ ago when everyone believed that he was going to turn very soon into a bright star.
Sometimes talent can be a curse.


“Contra Clockwise Witness” had its choreographic highlights framed by the talents of Andrey Kaydanovskyi – a dancer that always move me in this role - and especially Céline Janou Weder which brought down the house with her performance!


It was the first time that I have seen her in the role of “Hertha Strugg”, strong, confident, beautiful… even though an “accident” happened “backstage” that could have prevented her of getting on with the show, she continued marvelously… but I will not write about that – it is the duty of the Opera’s direction to find the responsible person to this irresponsible, unjustifiable conduct !

Nikisha Fogo (in a role début as the “bride”) gave us the impression of an actress with endless experience and made us nearly forget her young age… I repeat what I wrote above: I am looking forward to seeing more of Miss Fogo’s achievements in the future.


Another personality that left a strong impression on me yesterday was Géraud Wielick – this young dancer developed immensely during this last season: He grew up not only physically but also as a strong stage personality. A man and not a boy anymore. He, so to say, "ripened"! As one of the “angels” he acted with great self-sureness beside Maria Alati, Ioanna Avraam, Alice Firenze, Eszter Ledán, Ketevan Papava, Alexis Forabosco and Eno Peçi – experienced, very professional dancers that can “shake” an audience whenever they choose to.

Just Roman Lazik, a very predictable dancer, seemed quite at unease, as a fish out of water.


“Études” – the highlight of the evening – had as its “Ballerina” Anna Tsygankova, a guest from “Het Nationale Ballet” (Amsterdam). Even if audiences gave her a very good, warm reception, I was not so impressed by her work. She seemed to be extremely concentrated on the technical issues of the role and gave us quite a cold impression – I worried sometimes about her balance… as if, when held by a partner, she would place her weight too much on the back… First I thought that this was the blame of one of the boys. But no, this happened with every single other that partnered her.

Leonardo Basílio (role début) was unfortunately very nervous – but one must understand that “Études” is a very big step. It is, as a ballet, what one would call “a notch above”. A huge step, many light-years away from the corps-de-ballet. The audience gave him a very friendly reception: I do believe personally that Mr. Basílio will surely have a brilliant future. His "persona" on stage is warm and his manner a pleasant one.


The three sylphs were a joy to look at. Not only three beauties but three enchanting, technically capable dancers that know their way very well around on stage: Eszter Ledán, Maria Tolstunova and Flavia Soares (above).

Vladimir Shishov (also in a role début) gave us with his overwhelming presence. A “premier Danseur”, the “one” at the State Opera, Mr. Shishov was at ease. Very concentrated but extremely relaxed, musically pin-pointed. A powerful performance.


Dumitru Taran, a dancer that I very much admire, was the biggest surprise of the evening for me. Technically brilliant (and referring to Ditta Rudle’s critic from December 11th: with “perfect foot-work”), self-confident, elegant… A dancher with “beaucoup de chic”. Mr. Taran’s example of how a dancer, if not lazy, can develop steadily, should be an example to many others… It is definitely not easy to keep a “low-profile” and such humility when one possesses such a talent!

Simply summarizing: another very entertaining evening filled with lots of talent!

Ballet-Hommage - On stage videos from DelbeauFilm on Vimeo.


All pictures: Wiener Staatsoper.
Video: Delbeaufilm - with my kind Thanks.

domingo, 14 de dezembro de 2014

A beautiful City... Godspell, 1973


Uma produção de uma „High School“ que depois se transformou numa produção „off-Broadway“... Godspell transformou-se num filme...


Um filme sem muita verba que foi práticamente filmado ao ar livre (que inventividade!) numa New York deserta... Arrasado pela campanha publicitária que envolvia “Jesus Christ Superstar” no mesmo ano (1973) “Godspell” teve seu pequeno sucesso… mas incrívelmente no Rio de Janeiro, na sua estréia no cinema “Pax” na Praça Nossa Senhora da Paz, alcançou uma façanha… transformou-se em „cult“ para toda uma geração carioca!

Eu estive lá…
e tantos amigos…
e estas músicas ainda hoje nos conectam…

Quanta alegria nestas caminhadas por N.Y. Sim, quanta alegria...

(acima o já falecido David Haskell, um ídolo meu)

Anos depois usei «Beautiful City» para acompanhar um trabalho de Urbanismo na Faculdade de Arquitetura…
Coisas, Belezas das quais não nos desprendemos por toda uma vida…



segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Barbara: Göttingen


Pensando na maravilhosa Barbara (1930-1997) e em "Göttingen" que compos em 1965...


Que tempos mais sensíveis... cheios de uma fragilidade e vulnerabilidade inesquecíveis...