domingo, 17 de junho de 2012

Francesco Libetta, Camille Saint-Saëns e o Festival de La Roque d’Antherón

O fantástico pianista italiano que sempre muito me impressiona, foi muito bem descrito em algumas críticas como “um aristocrata poético dos teclados com perfil e porte de um príncipe da Renascença” ("poet-aristocrat of the keyboard with the profile and the carriage of a Renaissance prince" - M.Gurewitsch, Ney York Times) ou “elegancia e charme, com um que, um toque de frivoilidade aristocrática que não pensamos em voltar a ver” (". . .elegance and charm, (...), with a hint, a touch of aristocratic frivolity that we did not think we would ever witness again.") e (minha preferida) “… um sopro de conhecimento que se se extende muito além do mundo da música e do repertório do piano” (". . . a breadth of knowledge that extends far beyond the world of music and the piano repertoire.").



Ele chamou pela primeira vez a atenção dos “Connoiseurs” de música com sua apresentação ao vivo dos 53 estudos de Godowsky, que são por sua vez baseados nos 27 Estudos de Chopin! Obra de complexa dificuldade – não só técnica- como também emocionalmente…

Seu repertório inclui Mozart, o trabalho COMPLETO de Händel e Chopin, as 32 Sonatas para Piano de Beethoven assim como a maior parte do trabalho de Schubert, Schumann, Debussy e Ravel


Eu o vi pela primeira vez no festival de La Roque d’Antherón na Franca. Este Festival, criado por Bruno Mansaingeon é, para mim, um dos mais sensíveis eventos, festivais de piano da Europa… talvez por sua extrema “democracia”, sua Arena.



Mesmo para quem não esteve lá: reparem no video na concentração do publico – devido talvez à proximidade do palco, a audiencia é envolvida pela atmosfera musical, emocional do momento... Quase que como num ritual. Como numa Cerimonia… mas não é isso realmente o que a Arte significa para quem a ama? De um filme de Jeanette MacDonald e Nelson Eddy como „Oh Marietta“ (que assisti ontem pela primeira vez) a um recital clássico, de uma noite na Ópera (que terei hoje à noite para mais uma vez assistir talentos amigos) à uma exposição…



Os horizontes deste magnífico talento parecem se ampliar de dia a dia… Ele não é só um Maestro (colaborando com o Balletto del Sud e regendo os grandes Ballets de Tchaikowsky) como também é compositor… Seus trabalhos já incluem tres Concertos para Piano, peças sinfonicas, música eletronica , Ballets e até música para filmes. Seu trabalho literário inclui Ensaios sobre estética e história como, por exemplo, música de compositores da Renascença, reconstruções de Madrigais, vida cultural no dinal do século XVIII…


Em 2009, sua primeira Ópera, “Ottocento” (sobre 800 vítimas de uma Guerra religiosa no Sul da Itália em 1840) teve sua Première em Roma. Ele foi apontado “o mais inspirado e criativo” dos artistas de sua geração!

O “corriere della Sera” escreveu uma vez: “…tal milagrosa virtuosidade e tanto delicado sentimento para a melodia que um não pode deixar de ponderar se outro artista de sua geração – ou na Itália ou em outro lugar – pode ser comparado a ele” (". . . such miraculous virtuosity and such a delicate feel for melody that one cannot help wondering whether any other artist of his generation - whether in Italy or elsewhere - can be compared to him.")

Para mim a Arte de Francesco Libetta representa uma incrível simbiose... do palco com o público, de suas mãos com o teclado, de sua habilidade com as dificuldades técnicas, do seu genio de intérprete com outro genio de composição, de sua alma com a música...
A mais perfeita harmonia!


Aqui um estudo de Camille Saint-Saëns. Onde esta "perfeita harmonia" à qual acima me referi está presente... quase que palpável! Divirtam-se com este grande músico!






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