sexta-feira, 25 de novembro de 2011

REMEMBERING: Marilia Barbosa... talento, lembranças, reencontros...


A vida é cheia de „desencontros“. Porém quando um “reencontro” acontece, esse faz com que todos os desencontros sejam esquecidos…


Reencontrei esta cançãozinha com a qual Marilia Barbosa é 100% associada, lembram? Acho que foi trilha de uma novela chamada “Saramandáia” e fez muito sucesso.
Uma graça de delicadeza, sem dúvida.



Mas ela é muito mais do que isso.
Marilia possui aquele “tal de que” de um forte talento brasileiríssimo, que sempre admirei. “Cantriz” de muita técnica, muito coração e alma… Daquelas cantoras que lançam a voz através de uma sala de espetáculos e a última fila ouve sua precisa e clara dicção tão claramente como a primeira. Cantora de boníssimo, raro repertório, muito pesquizado e estruturado, fiel à raízes da música popular brasileira. Cantora nada acomodada que se jogava Brasil à fora com aquele rojão chamado “Projeto Pixinguinha” promovendo de forma muito honrada a cultura nacional. Mulher admirável.
Sim, muito talento e sensibilidade unidos a muito amor e dedicação pelo que faz.

Na minha adolescencia eu conhecia Marilia só da televisão.
Jamais esquecerei-a, ao lado de Maria Cláudia (o que aconteceu à esta talentosa atriz?) e Lucia Alves numa pequena companhia teatral (acho que liderada por José Lewgoy) numa antiga (e infelizmente esquecida) novela da “Grobis” chamada “Nina”.
As tres moças eram as “Mimosas” e Marilia teve a oportunidade de se “esbaldar” nos números musicais dos anos 20… Uma delícia!

Em 1979 eu audicionei para “O Rei de Ramos”, musical de Chico Buarque/Francis Hime e Dias Gomes (direção Flavio Rangel). Durante os ensaios tornei-me amigo dessa pessoa que, antes de tudo, fazia “parte do grupo”, falava e brincava com todo mundo, sem ares de estrela…

(Uma lembrança: Lembro-me de um ensaio, pouco antes da estréia, ao qual apareceram de surpresa algumas pessoas relacionadas à “A Ópera do Malandro” como Marieta Severo, Elba Ramalho, Francis e sua esposa e o próprio Chico para nos assistir. Pendurados a tira-colo alguns outros “agregados” a Chico como Cristina Buarque de Holanda… é óbvio que o “Rei” não era uma obra "intelectual" e eles se retiraram sem uma palavra para o elenco de o “Rei” (reação, aliás, de nenhuma cortesia – Marilia Pera, numa outra noite, fez o mesmo “faux-pas” – quelle finesse… mas Marilia Barbosa já havia deixado o espetáculo... ). Eu acredito até hoje que a voz maravilhosa assim como o carisma de Marilia "incomodou" muita gente naquele dia, como que se tivesse-as conscientizado de muita coisa... Marilia não pertencia à "panelinha"... Bravo!)



Era um prazer imenso ouví-la cantando noite por noite. A forma com que enriqueceu e “torneou” as composições de Chico/Hime – que aliás não eram das melhores da dupla – foi única…
“Qualquer amor, Eu corro atrás,
Qualquer calor, Eu quero mais,
Qualquer amor, Qual nada“
Penso em Marilia, em sua natural e animada eloquencia e em como emitia sua voz através do Teatro João Caetano. Aquela coisa do talento imenso que fascina, emociona, nos envolve e abraça… Coisa rara…

Tudo isso unido àquela carinha que parecia recortada de um desenho de Erté…



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(Aqui o elenco inteiro no “Rei”: Paulo Gracindo, Felipe Carone, Carlos Kopa, Leina Crespi, Roberto Azevedo, Marilia... (E eu com minha vassourinha eternizando os lixeiros do – extinto – DLU… ) Flavio Rangel, que gostava muito de mim (e me dedicou lindas palavras que ficaram eternizadas num programa) disse uma vez, na frente de todo o elenco, para o meu orgulho, que a “Zooteca”, este número acima, era “o número do Leitner!”)
P.S. A figurinista Kalma Murtinho me deu seu OK para suspender a bermuda do lixeiro para poder mostrar um pouco mais de "pernas"... Eu tinha 19 anos... e boas pernas! Ha ha ha!


Aprendemos a gostar um do outro, a nos respeitar, a nos querer muito bem…

Mas o tempo passa e a gente perde contato com pessoas queridas (estou falando das épocas antediluvianas sem e.mails, nas quais um telefonema da Europa para o Brasil custava uma fortuna!).

Não é que nesta última semana nos reencontramos no “Facebook”?
Foi como se o papo anterior tivesse sido ontem… Surpresa gostosa, acalorada!
O “filhinho” dela (que conheci menininho!) já tem 39 anos e já lhe presenteou 2 netinhas… pode?

Como fez bem, depois de mais de 30 anos, ainda sermos capazes de falar de carinho um pelo outro…
Eu disse: “Nesta segunda parte de nossas vidas não perderemos mais contato!”.

No meu programa do “Rei” assinado por todo o elenco no dia de estréia Marilia escreveu: “Ricardo querido, quero te encontrar sempre. E sempre que o acaso não ajudar, quero encontrá-lo de propósito. Marilia”. Pois é, 32 anos depois, estamos aqui…

Aqui alguns momentos de Marilia - 1985 - que já há muito aprecio...
Hoje encontrei um motivo mais do que bonito para adicioná-los às “Tertúlias”.

Marilia, esta postagem é óbviamente dedicada a voce!
Beijo, querida!
Ricardo


TU QUÉ TOMÁ MEU HOMEM (L.Mariano, Ary Barroso)

AVE-MARIA (Vicente Paiva): oooooh... que coisa linda!


Ave-Maria


e com a maravilhosa Araci Cortes cantando "MORENO FACEIRO/AI IOIÔ"

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