Um dia desses fiz uma pergunta ao Antonio (do excelente Blog “O Falcão maltês”): „Voce se lembra da primeira vez em que entrou num cinema?”
Talvez para gerações mais novas seja um pouco “arcaico” e irrelevante o que quiz sugerir mas eu ainda me lembro muito bem do “acontecimento” de “ir-se ao cinema” e na minha cabeça passa um filme no qual vejo salas e saguões de cinemas como o “Roxy”, “Copacabana”, “Rian”, “Caruso”, “Bruni” mas principalmente o “Metro Copacabana”. Sim o meu querido Metro; aquele “templo” da sétima arte com seu tapete macio e alto, suas paredes de mogno, suas fotos das “estrelas” da Metro, seus espelhos, seu “baleiro” elegante e o melhor ar-condicionado do Rio de Janeiro. Nesse templo assisti “festivais” de Operetas, de Garbo… e nos primeiros domingos do mes o festival «Tom and Jerry» às dez da manhã.
Lá assisti pela primeira vez “O Mágico de Oz”, “Lili” (só esses dois já são dois "marcos" na minha vida), "A grande Valsa", "Oh! Marietta", "Rosemarie" (sendo filho de autríaco assisti, melhor, tive que assistir toda e qualquer Operetta já produzida nesse planeta!) e tantos, tantos outros... até “The Boyfriend” com Twiggy no início dos anos 70… Que templo…
O Metro não "cheirava" a Rio de Janeiro e sim a uma Hollywood enfeitada de sorrisos de Jeanette MacDonald, de olhares afetados de Miliza Korjus, de notas maravilhosas e bem cantadas de Ilona Massey (como p.e. em "Balalaika"), do mistério de Garbo, do glamour de Billie Burke como "Glinda" no "O Mágico de Oz", dos sons de Luis Gravet fazendo-se de Strauss na "A Grande Valsa" ao lado da austríaca Luise Rainer, da inocencia (no grande desempenho) de Caron em "Lili"... de "Cinema"....
Esta cena de “Radio Days” traduz em imagens tudo o que tento dizer: esta sensação maravilhosa e inesquecível de entrar num Cinema…
Estas imagens (do Radio City Music Hall, esta preciosidade do Art Deco) me fazem “voar” de volta a um tempo em que a vida parecia ser mais descomplicada, bem... para mim, pelo menos... Saudades!
Muito Obrigado, Woody Allen, por ter eternizado esta sensação, este momento aqui! No Radio City ou no Metro Copacabana a emoção era a mesma!
Eu e milhões de outras pessoas "com mais de quarenta" ainda podem se identificar com estes momentos preciosos... sim, o "Cinema", um templo...
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