A original produção de Rodgers & Hammerstein de „Cinderella“ para a televisão foi ao ar (ao vivo, imaginem!) em 1957…
Outras produções para a televisão da mesma obra seriam feitas ao decorrer dos anos mas alguma coisa ainda permanece de certa forma “inatingível” nestas produções… Acho que talvez pela simplicidade, pela “naiveté” da época, do preto-e-branco, dos “truques” feitos ao vivo (como por exemplo o do vestido que Cinderella recebe da fada-madrinha para ir ao baile), do “calor” gerado por interpretações honestas…
Rodgers e Hammerstein aceitaram rápidamente a proposta da NBC para criar este musical para a TV principalmente por um motivo: a possibilidade de trabalhar com Julie Andrews (na época triunfando em “My Fair Lady” na Broadway). Este trabalho parece ter sido brindado com muita harmonia e sensibilidade. Elementos que até hoje podem ser “sentidos” ao assistí-lo.
Uma jovem Julie de 22 anos é absolutamente honesta (e linda) e nos conquista completamente como Cinderella (aqui entre nós: que delícia ve-la nesta idade... ainda 7 anos antes de Mary Poppins! Que voz mais preciosa!),
as deliciosas Ilka Chase, Kaye Ballard e Alice Ghostley são a madastra e as meia-irmãs (mais engraçadas do que realmente más), os veteranos da Broadway Dorothy Stickney e Howard Linday dão vida aos bem-humorados rainha e rei, o “casting” de Edith Adams como a fada-madrinha jovem, brincalhona (bem longed a sua sexy “Daisy Mae” de “Lil’ Abner” (Ferdinando) é inspirado e o novato Jon Cypher embeleza o papel do “Prince Charming” com sua maravilhosa voz…
Num documentário sobre “Cinderella” Kaye Ballard nos conta de um ensaio em particular em que todos os atores estavam presentes. Richard Rodgers e Oscar Hammerstein tinham “tirado do forno” um segundo dueto de amor para Cinderella e o príncipe (o primeiro chamado “Ten Minutes ago”). Richard sentou-se ao piano e começou a tocar e cantar… nenhum dos olhos naquela sala de ensaio naquele dia permaneceu seco tal a comoção geral.
A música, de beleza comovente é de uma simplicidade enorme. Seu texto descreve básicamente tudo o que dois apaixonados se dizem e perguntam… “será que vejo tudo assim só por causa do meu amor por voce”? Comprovem.
♫ ♪ ♫ Do I love you because you're beautiful,
or are you beautiful because I love you?
Am I making believe I see in you a girl too lovely to be really true?
Do I want you because you're wonderful,
or are you wonderful because I want you?
Are you the sweet invention of a lover's dream
or are you really as beautiful as you seem?
Am I making believe I see in you a man too perfect to be really true?
Do I want you because you're wonderful,
or are you wonderful because I want you?
Are you the sweet invention of a lover's dream
or are you really as wonderful as you seem? ♪ ♫ ♪
Rodgers & Hammerstein teriam num bem próximo futuro algumas “chateações” com Julie: Quando esta fez seu primeiro show de TV com Carol Burnett (Julie and Carol at Carnegie Hall, 1962), aproveitou para fazer um número satírico chamado “Family Pratt”, que foi descaradamente baseado na “Family Trapp”, do musical de Rodgers e Hammerstein , “The Sound of Music” (A Noviça rebelde). Julie achava o personagem da novice tão absurdamente ridículo e não perdia nenhuma chance para debochar dele (“We’ll brig you a happy song that I used to sing when I was a happy nun back home in Switzerland…”) o que chateava demais Rodgers e Hammerstein. Julie mal sabia que em dois anos assinaria um contrato para dar vida à Maria von Trapp nas telas, papel que a transformaria, junto à Mary Poppins, numa estrela internacional! Mas isto é “pano para manga” para uma outra hora…
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