Animadíssimo para assitir amanhã Liza Minelli aqui em Viena peguei-me refletindo sobre a força destas mulheres “pequenas”. Quero dizer “baixinhas” mesmo… Sim.
Liza é um desses exemplos (Quanto talento e força dentro daquele corpo de pequena estatura). Minha avó também foi uma dessas fortes mulheres. Esta costumava sempre dizer:
“Nos pequenos frascos se encontram os melhores perfumes” adicionando depois de uma bem refletida pausa dramática “e os piores venenos!”.
Mas não é verdade?
Reecontrei hoje por acaso um livrinho que comprei aqui em Viena numa tarde ensolarada de um dia em fevereiro de 1983. Lembro até hoje desse dia. Um livro adorável chamado “The small Woman” – a estória de coragem e força de uma “mulher pequena”. De uma mulher sem instrução que vinha de uma família bem proletária londrina. De uma mulher que aos 27 anos de idade – depois de ter sido recusada por todas as instituições de missionários por sua falta de «background» foi só para a China, seguindo o que acreditava ser seu destino. De uma mulher que influenciaria fortemente muitos destinos e salvaria muitas vidas de crianças numa China em guerra invadida por forças japonesas em 1938.
Seu nome foi Gladys May Aylward (em chines: 艾偉德 ). Uma heroína!
Sua primeira «residencia» na China seria com a missionária inglesa Jeannie Lawson na “Morada da sexta felicidade” (Nome escolhido, para despertar curiosidade, para um “hotel” para viajantes no qual contavam estórias – na maioria das vezes bíblicas).
Um bonito detalhe: Os chineses desejam-se cinco felicidades… Riqueza, longevidade, boa saúde, virtude e uma morte em paz na velhice… Deve-se decidir por si mesmo o que vem a ser para si a “sexta felicidade”.
Em 1958 a vida de Gladys foi filmada por Hollywood… A pobre, que havia retornado para a Inglaterra e que tentara em vão voltar à China (um visto de entrada lhe foi recusado pelo governo comunista), estava já nessa época vivendo em Taipei onde tinha aberto o orfanato que administraria até sua morte, aos 68 anos, em 1970, ficou bastante “insultada” pela forma com a qual sua vida foi tratada.
Insultada não realmente pelas liberdades que foram tiradas em termos históricos mas pelo fato de Ingrid Bergman, uma mulher “alta” (e o livro do ano anterior ao filme de Alan Burgess chama-se realmente “The small Woman”), loira e de sotaque escandinavo, interpretá-la. Gladys era não só pequenina mas bem morena e possuía um forte sotaque proletário “cockney” (e não negava suas raízes). Mas o fato de terem transformado o seu “love interest” (no filme um terrível Curd Jürgens meio travestido de chines) num “Eurásio” como que para assim não “chocar” o público americano com um romance “interracial”, foi a gota que fez o copo transbordar. Gladys tinha muito orgulho desse amor que perdeu para sempre durante a guerra (Ela também achou, como a pessoa simples e até rude que era, que as cenas de amor foram muito exageradas e que passavam uma impressão deturpada de sua pessoa).
Agora, posso ser sincero? Eu adoro este filme… sempre adorei!
Fecho de certa um olho, esqueço que Bergman era (em todos os sentidos) bem diferente da “small woman” (Mina amiga Danielle e eu estamos de acordo que não gostaríamos de ter Ingrid como parente… ), tento esquecer que Curd Jürgens está ali, presente no filme e deixo-me levar por outros personagens como o Mandarim (o fabuloso Robert Donat de “Adeus, Mr. Chips!”), Jeannie Lawson (Athene Seyler), Hok-A (Michael David) e o engraçado Yang (Peter Chong).
Sim, “the small women”…
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