Uma querida amiga acabou de chegar de N.Y., onde pode assistir a nova produção de „A little Night Music“ de Stephen Sondheim.
Ela está ainda „delirando“ com a „cachoeira de talentos“ que pode presenciar…
Mas não é para menos…
No Cast:
Broadway's Darling # 1 Bernadette Peters como Desirée Armfeldt e
Elaine Stritch como Madame Armfeldt!
Elaine substituiu a incomparável Angela Lansbury!
(Assim como Bernadette substituiu Catherine Zeta-Jones - não a imagino em "Night", aliás não imagino-a na Broadway! Se eu tivesse minha escolha - e uma varinha de condão - gostaria de ver Bernadette e Angela juntas apesar de amar Stritch... )
Aqui algumas fotos desta produção que, pelo que parece, deve ser impecável! Será que ainda poderei ve-la em fevereiro? Com Bernadette?
E aqui tres fotos com o elenco original: Zeta-Jones & Lansbury!
Finalizando com minha querida, eterna Bernadette, só dando um "gostinho" de "Send in the Clowns" (com sua eterna indagação "Isn't it rich?" e sua eterna exclamação "My fault I fear!" - que belo, sensível trabalho... Como amo Stephen Sondheim!)
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sábado, 31 de julho de 2010
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Amanhã (ou Elisabeth Schwarzkopf, Richard Strauss & Morgen)
Quantas vezes pensamos no amanhã… No amanhã que nos trará melhores momentos, no amanhã que nos dá esperanças, no amanhã no qual o sol despontará de novo no horizonte, no amanhã… Não de uma forma dramática ou escapista (à la “Tomorrow is another day” de Scarlett O’Hara) mas de uma forma esperançosa (talvez até algo sonhadora, tenho que admitir).
O amanhã me fascina e neste momento da minha vida parece que o amanhã torna-se a cada dia mais importante – no comforto que eu quero que ele me traga… E todo dia acordo e penso que existe um amanhã. Talvez porque o „Hoje“ não está sendo agradável, anseio pelo amanhã… E todo dia constato que existe um amanha… como se adiasse a cada dia a realização desta esperança…
Richard Strauss, o único compositor que conheço que soube compor o que está escrito entre duas vírgulas, as pausas e os curtos “inputs” que existem entre elas, compos muito cedo em sua carreira uma “Lied” chamada “Morgen”. Um pequeno trabalho muito sensível, limpo. De uma suavidade e transparencia admiráveis.
Und morgen wird die Sonne wieder scheinen,
(E Amanhã o sol voltará a brilhar)
und auf dem Wege, den ich gehen werde,
(E no caminho, pelo qual irei,)
wird uns, die Glücklichen, sie wieder einen
(irá ele nos, os felizes, reunir)
inmitten dieser sonnenatmenden Erde...
(no meio desta terra que respira sol… )
Und zu dem Strand, dem weiten, wogenblauen,
(e para a praia, para o longínquo azul ondulado)
werden wir still und langsam niedersteigen,
(vamos baixar calmamente e devagar)
stumm werden wir uns in die Augen schauen,
(em silencio vamos nos olhar nos olhos)
und auf uns sinkt des Glückes stummes Schweigen
(e sobre nós cai o calar mudo da felicidade…)
Acompanhem o texto ouvindo a música e depois leiam o final abaixo...
">
Elisabeth Schwarzkopf, uma das poucas cantoras que compreendeu que talvez „aquilo“ que se encontrava „entre as vírgulas” era de suma importancia na obra de Strauss também cantou “Morgen”. E como…
Schwarzkopf tinha uma profunda compreensão do trabalho dele – e este “caiu como uma luva” na sua voz. Com ela sinto o sol brilhando… principalmente como canta a palavra “scheinen” (brilhar) se referindo, logo na primeira linha, ao próprio Sol. Ela transforma-o em algo quase palpável: vibrante, vigoroso, imenso… Bem, até Amanha!
O amanhã me fascina e neste momento da minha vida parece que o amanhã torna-se a cada dia mais importante – no comforto que eu quero que ele me traga… E todo dia acordo e penso que existe um amanhã. Talvez porque o „Hoje“ não está sendo agradável, anseio pelo amanhã… E todo dia constato que existe um amanha… como se adiasse a cada dia a realização desta esperança…
Richard Strauss, o único compositor que conheço que soube compor o que está escrito entre duas vírgulas, as pausas e os curtos “inputs” que existem entre elas, compos muito cedo em sua carreira uma “Lied” chamada “Morgen”. Um pequeno trabalho muito sensível, limpo. De uma suavidade e transparencia admiráveis.
Und morgen wird die Sonne wieder scheinen,
(E Amanhã o sol voltará a brilhar)
und auf dem Wege, den ich gehen werde,
(E no caminho, pelo qual irei,)
wird uns, die Glücklichen, sie wieder einen
(irá ele nos, os felizes, reunir)
inmitten dieser sonnenatmenden Erde...
(no meio desta terra que respira sol… )
Und zu dem Strand, dem weiten, wogenblauen,
(e para a praia, para o longínquo azul ondulado)
werden wir still und langsam niedersteigen,
(vamos baixar calmamente e devagar)
stumm werden wir uns in die Augen schauen,
(em silencio vamos nos olhar nos olhos)
und auf uns sinkt des Glückes stummes Schweigen
(e sobre nós cai o calar mudo da felicidade…)
Acompanhem o texto ouvindo a música e depois leiam o final abaixo...
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Elisabeth Schwarzkopf, uma das poucas cantoras que compreendeu que talvez „aquilo“ que se encontrava „entre as vírgulas” era de suma importancia na obra de Strauss também cantou “Morgen”. E como…
Schwarzkopf tinha uma profunda compreensão do trabalho dele – e este “caiu como uma luva” na sua voz. Com ela sinto o sol brilhando… principalmente como canta a palavra “scheinen” (brilhar) se referindo, logo na primeira linha, ao próprio Sol. Ela transforma-o em algo quase palpável: vibrante, vigoroso, imenso… Bem, até Amanha!
sábado, 24 de julho de 2010
Baryshnikov, Misha... Palavras supérfluas!
Procurando vídeos de Baryshnikov no Youtube dei-me conta de que não existe realmente muito material sobre ele... Não, se se pensa no quanto ele dançou.
Reencontrei "White Nights", filme que tenho em DVD, e mesmo assim revi esta cena, que já vi centenas de vezes, como se fosse a primeira vez. Misha sempre surpreendente-me de novo. Sempre vejo algo novo. Uma nuance nova. Como se sua dança, mesmo que preservada em celulóide, se adaptasse ao meu "ritmo biológico".
Como meu querido amigo, o bailarino Antonio Negreiros disse uma vez sábiamente: Misha é o bailarino da NOSSA geração. Ele é aquele que mais nos influenciou, que revolucionou a técnica e nossa maneira de entender a dança. Único. Antes de sua chegada ao Ocidente já se passara a «revolução Nureyev» mas isto aconteceu intensamente para uma geração anterior à nossa.
De volta a “White Nights”… Palavras seriam supérfluas.
Porque tentar descrever nelas o que se ve, sente e entende ao ver Misha aqui dançando, gritando por liberdade?
Palavras são, neste caso, completamente supérfluas.
Palco para Misha e a maravilhosa coreografia de um outro grande ídolo meu: Twyla Tharp!
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P.S. Oh... e para quem ficou na dúvida. Sim, esta é Helen Mirren!
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terça-feira, 20 de julho de 2010
Dalilas... Sansão e Saint-Saëns
Ouvi falar que a Warner planeja uma versão futurística (!?!?!) da história bíblica “Sansão e Dalila” e dei-me conta das tantas “Dalilas” que já vi ou no cinema ou no palco (Tenho que admitir que nunca li a Bíblia).
Para mim a mais fascinante encarnação (em termos visuais) foi a de Eleanor Parker representando a cantora Marjorie Lawrence cantando minha ária preferida: ♫ ♪ Mon coeur s’ouvre à ta voix… ♫ ♪ de “Sanson et Dalila” de Camille Saint-Saëns (No maravilhoso filme “Interrupted Meldody”, 1955, vide minha postagem de 3.3.2009).
A imagem clássica de uma bela (e falsa) sedutora desempenhada por uma das mais lindas e talentosas mulheres do cinema: Parker, que foi nominada ao Oscar por este trabalho (Mesmo tendo sido dublada pela cantora do “Met” Eilleen Farrell).
A austríaca Hedy Lamarr, ou melhor Hedwig Eva Maria Kiesler, que no apogeu de sua carreira era chamada “The most beautiful woman in the world”, foi a escolhida por Cecil B. DeMille para estrelar no épico “Sansão e Dalila” em 1949 ao lado do canastrérrimo Victor Mature (que era também filho de um austríaco de Innsbruck).
Obs.: Dois fatos imortalizaram mais esta “façanha babilônica” de DeMille do que o próprio filme em si: em “Sunset Boulevard” de Billy Wilder (Crepúsculo dos Deuses, 1950) quando “Norma Desmond” (Gloria Swanson) visita DeMille no Set de um filme que está fazendo são os bastidores, cenários e alguns figurantes de “Sansão” que vemos…
O outro fato (bem mais divertido por sinal) foi o comentário de Groucho Marx: “Não gosto de nenhum filme no qual o peito do ator principal é maior do que o da atriz!” ("I don't like any movie where the leading man's chest is bigger than the leading lady's").
No palco a última Dalila que assisti foi Agnes Baltsa. Na pequena tela Elina Garanca. E em “discos”, cassettes e CDs tantas outras… Obs.2: Não gosto nada da interpretação de Callas como Dalila.
Mas uma voz especial quiz colocar aqui, tive que… e espero que voces desfrutem: a inesquecível Marilyn Horne que, como sempre digo, possui ao meu ver um “jeito conquistador” já que transmite, passa o que canta sempre como uma “verdade” - independente da condição técnica e do momento de carreira no qual se encontrasse! (E isto mesmo que seja uma mentira como no caso de nossa imoral Dalila… ).
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Para mim a mais fascinante encarnação (em termos visuais) foi a de Eleanor Parker representando a cantora Marjorie Lawrence cantando minha ária preferida: ♫ ♪ Mon coeur s’ouvre à ta voix… ♫ ♪ de “Sanson et Dalila” de Camille Saint-Saëns (No maravilhoso filme “Interrupted Meldody”, 1955, vide minha postagem de 3.3.2009).
A imagem clássica de uma bela (e falsa) sedutora desempenhada por uma das mais lindas e talentosas mulheres do cinema: Parker, que foi nominada ao Oscar por este trabalho (Mesmo tendo sido dublada pela cantora do “Met” Eilleen Farrell).
A austríaca Hedy Lamarr, ou melhor Hedwig Eva Maria Kiesler, que no apogeu de sua carreira era chamada “The most beautiful woman in the world”, foi a escolhida por Cecil B. DeMille para estrelar no épico “Sansão e Dalila” em 1949 ao lado do canastrérrimo Victor Mature (que era também filho de um austríaco de Innsbruck).
Obs.: Dois fatos imortalizaram mais esta “façanha babilônica” de DeMille do que o próprio filme em si: em “Sunset Boulevard” de Billy Wilder (Crepúsculo dos Deuses, 1950) quando “Norma Desmond” (Gloria Swanson) visita DeMille no Set de um filme que está fazendo são os bastidores, cenários e alguns figurantes de “Sansão” que vemos…
O outro fato (bem mais divertido por sinal) foi o comentário de Groucho Marx: “Não gosto de nenhum filme no qual o peito do ator principal é maior do que o da atriz!” ("I don't like any movie where the leading man's chest is bigger than the leading lady's").
No palco a última Dalila que assisti foi Agnes Baltsa. Na pequena tela Elina Garanca. E em “discos”, cassettes e CDs tantas outras… Obs.2: Não gosto nada da interpretação de Callas como Dalila.
Mas uma voz especial quiz colocar aqui, tive que… e espero que voces desfrutem: a inesquecível Marilyn Horne que, como sempre digo, possui ao meu ver um “jeito conquistador” já que transmite, passa o que canta sempre como uma “verdade” - independente da condição técnica e do momento de carreira no qual se encontrasse! (E isto mesmo que seja uma mentira como no caso de nossa imoral Dalila… ).
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
Raina Kabaivanska - Tosca
domingo, 18 de julho de 2010
Do Ballet aos Musicais: Doris dances...
Aos 14 anos de idade Doris Kappelhoff, filha de imigrantes alemães, teve um sério acidente que deixou-a impossibilitada de mover-se por 18 meses e também acabou com o sonho no qual já há muito investia: ser uma bailarina.
O mundo perdeu uma bailarina mas ganhou uma cantora (e depois atriz): Doris Day.
Durante o princípio dos anos 50 Doris teve muitas oportunidades de provar que poderia ter sido uma boa bailarina.
Principalmente nos seus primeiros musicais.
Aqui uma das minhas cenas prediletas… Ao lado do fabuloso Gene Nelson no (quase) esquecido (porém delicioso) «Lullaby of Broadway» (No Brasil estranhamente chamado de "O Rouxinol da Broadway", 1951). Prestem bastante atenção à “limpeza” dos seus movimentos durante a parte em “slow-motion”… Quem teve boa escola não desaprende...
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O mundo perdeu uma bailarina mas ganhou uma cantora (e depois atriz): Doris Day.
Durante o princípio dos anos 50 Doris teve muitas oportunidades de provar que poderia ter sido uma boa bailarina.
Principalmente nos seus primeiros musicais.
Aqui uma das minhas cenas prediletas… Ao lado do fabuloso Gene Nelson no (quase) esquecido (porém delicioso) «Lullaby of Broadway» (No Brasil estranhamente chamado de "O Rouxinol da Broadway", 1951). Prestem bastante atenção à “limpeza” dos seus movimentos durante a parte em “slow-motion”… Quem teve boa escola não desaprende...
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quarta-feira, 14 de julho de 2010
Quem vê cara não vê coração...
...ou neste caso "Quem ouve canção não vê coração"?
Finalizando uma série de postagens sobre "Pennies from Heaven" (25.07.2010, 11.06.2010 e 30.07.2009) mais uma cena favorita...
"It's a sin to tell a lie" com a sensacional Jessica Harper!
E uma vez mais um agradecimento imenso à querida Danielle que nos possibilitou rever "Pennies"! (e indiretamente fez-me ver e reconhecer como no trabalho - hi hi - ando bem parecido à Harper desta cena...)
Finalizando uma série de postagens sobre "Pennies from Heaven" (25.07.2010, 11.06.2010 e 30.07.2009) mais uma cena favorita...
"It's a sin to tell a lie" com a sensacional Jessica Harper!
E uma vez mais um agradecimento imenso à querida Danielle que nos possibilitou rever "Pennies"! (e indiretamente fez-me ver e reconhecer como no trabalho - hi hi - ando bem parecido à Harper desta cena...)
sábado, 10 de julho de 2010
O Cinema e os Cockneys?
Não conheço realmente muitos exemplos mas fato é que o Cinema teve uma certa fixação com os “Cockneys”. Hoje penso em Rita Hayworth em “Cover Girl”…
Óbviamente “Eliza Doolitle” não foi um personagem criado para o Cinema (e muito menos para um musical) mas não podemos nem por um momento duvidar que a “peculiaridade” de seu sotaque cockney nada contribuiu ao incrível sucesso de “Pygmalion” e de “My fair Lady” (Julie Andrews, que criou Eliza em “My fair Lady” sempre achou divertido o fato de ter aprendido “cockney” de um professor de fonética americano!).
Mas nem todas as experiencias em transformar atores (independente de suas origens) em cockneys foram tão bem sucedidas (e elaboradamente preparadas em termos de fonética ) como as “Elizas” de Andrews e Audrey Hepburn (Processo só comparável à transformação de uma “english upper-class girl” como Vivien Leigh numa sulista “Scarlett O’Hara”)
Por acaso uma boa tentativa cabe à propria Vivien em “Sidewalks of London”, ao lado de Charles Laughton, como uma cantora de rua “cockney” (dois ou tres anos – luz? – antes de “Scarlett”).
Dietrich deu vida a um personagem cockney em “Testemunha de acusação” (Witness for Prosecution) no qual não conseguimos acreditar plenamente…
…e Dick van Dyke conseguiu criar o mais imperfeito sotaque cockney da história do cinema como “Bert” em “Mary Poppins”! Até hoje minha amiga Colleen O’Connor e eu nos referimos à coisas meio “phoney” dizendo “like Dick van Dyke’s accent in Mary Poppins”.
Mas uma demonstração Hollywoodiana de “ser cockney” conseguiu superar a falta de autenticidade de van Dyke: Rita Hayworth (e uma das vozes que usou nos anos 40 – ela sempre foi dublada) no delicioso número “Poor John” de “Cover Girl” (1944).
Mas, "justiça seja feita", apesar do sotaque ser péssimo a coreografia é uma gostosura, uma delícia em termos de “Entertainment” – e as finas pernas de Hayworth simplesmente lindas!
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Óbviamente “Eliza Doolitle” não foi um personagem criado para o Cinema (e muito menos para um musical) mas não podemos nem por um momento duvidar que a “peculiaridade” de seu sotaque cockney nada contribuiu ao incrível sucesso de “Pygmalion” e de “My fair Lady” (Julie Andrews, que criou Eliza em “My fair Lady” sempre achou divertido o fato de ter aprendido “cockney” de um professor de fonética americano!).
Mas nem todas as experiencias em transformar atores (independente de suas origens) em cockneys foram tão bem sucedidas (e elaboradamente preparadas em termos de fonética ) como as “Elizas” de Andrews e Audrey Hepburn (Processo só comparável à transformação de uma “english upper-class girl” como Vivien Leigh numa sulista “Scarlett O’Hara”)
Por acaso uma boa tentativa cabe à propria Vivien em “Sidewalks of London”, ao lado de Charles Laughton, como uma cantora de rua “cockney” (dois ou tres anos – luz? – antes de “Scarlett”).
Dietrich deu vida a um personagem cockney em “Testemunha de acusação” (Witness for Prosecution) no qual não conseguimos acreditar plenamente…
…e Dick van Dyke conseguiu criar o mais imperfeito sotaque cockney da história do cinema como “Bert” em “Mary Poppins”! Até hoje minha amiga Colleen O’Connor e eu nos referimos à coisas meio “phoney” dizendo “like Dick van Dyke’s accent in Mary Poppins”.
Mas uma demonstração Hollywoodiana de “ser cockney” conseguiu superar a falta de autenticidade de van Dyke: Rita Hayworth (e uma das vozes que usou nos anos 40 – ela sempre foi dublada) no delicioso número “Poor John” de “Cover Girl” (1944).
Mas, "justiça seja feita", apesar do sotaque ser péssimo a coreografia é uma gostosura, uma delícia em termos de “Entertainment” – e as finas pernas de Hayworth simplesmente lindas!
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quinta-feira, 1 de julho de 2010
MAYERLING, o Ballet (Kenneth MacMillan)
"Prólogo":
Dia 18 de junho passado fui apanhado no escritório por uma senhora muito elegante para irmos à Opera de Viena. Esta senhora, que chegou puntualmente ao meu trabalho para apanhar-me, encantou-me com sua discreta elegancia em negro, suas pérolas e seu leve perfume. Apanhamos um taxi e fomos tomar um café e um copo de vinho antes do espetáculo no Café do “Hotel Sacher”, para mim um “must” antes de qualquer acontecimento na Opera. Conversando animadamente fomos depois caminhando para os nossos lugares na “Wiener Staatsoper” (o Hotel Sacher está só alguns passos de distancia). Para quem não sabe: esta senhora é minha mãe! E como orgulhoso estava este filho em companhia de tão bela Dama. Não é todo mundo que tem esta “sorte” na vida, não é?
Tertúlia:
Estávamos muito animados para assistir o Ballet de Sir Kenneth Macmillan “Mayerling” (1978).
Não conhecíamos este trabalho – que tem como tema um dos episódios mais misteriosos e feios da história da Austria. O “suposto” suicídio do arquiduque Rudolph Habsburg-Lothringen (filho do imperador Franz Joseph e da neurótica “princesinha alemã” Elisabeth, conhecida como “Sisi” – mais uma estória de Marketing!) e sua amante, a jovem baronesa Vetsera.
Não esperávamos tamanha decepção.
Sou um grande fã do trabalho de MacMillan. Infelizmente “Mayerling” não pertence para mim de nenhuma forma ao que chamo de “linguagem da dança”. Um Ballet “lotado” de personagens principais e fatos históricos que passam até por nós (conhecedores do “plot” pois conhecemos bem a historia da Austria) de forma tão completamente desapercebida, que, nas duas “pausas”, tem que ser lidos no programa.
É totalmente impossível para qualquer pessoa que não conheça profundamente os fatos deste complexo, político momento da história da Austria, compreender este Ballet.
Eu me pergunto se os próprios bailarinos o compreendem, já que, infelizmente, só conheço pouquíssimos (e estes “pouquíssimos” são amigos queridos, aliás, também frequentadores das “Tertúlias”… ) com outros interesses além do Ballet – o que implica, quando penso nestes jovens bailarinos de hoje em dia, num nível cultural muito baixo.
A vida não consiste só de “Grand-Jetés” e “Entrechats”.
Usando um termo “agrário” mas bastante adequado à cena atual da dança: Que Monocultura…
Sei que não se deve generalizar e estou ciente que este comentário pode ser «mal recebido» pela geração mais nova - mesmo assim arrisco-me a faze-lo pois de certa forma poderia gerar alguma coisa positiva: Ora, se esta geração que está técnicamente tão boa, se desenvolvesse um pouco mais também intelectualmente...
Lembro-me do mestre Zdenek Hampl (vide a tertúlia de 30.05.2009) dizendo-me: “para poder dançar bem um bailarino tem também que entender o que é uma raiz quadrada… “
De volta ao trabalho de Macmillan, tenho que me referir a um típico caso de falha de “leitura”.
Pensem em outros Ballets ou diferentes formas de expressão artística e escolham uma.
Em bons trabalhos – sejam estes Óperas, Ballets, Sinfonias, Concertos, Pinturas, Esculturas – não é necessário “ler-se” a explicação do que se está vendo («ler» significa ser uma outra arte : literatura) pois a própria «língua” da específica forma de arte que o expectador está vivenciando, “conta” o que é para ser contado/sentido. Conta o que o autor quis comunicar/expressar.
Pensem no complexo e magnífico “Die Kameliendame” de John Neumeyer (Vide minha tertúlia de 15.02.2010) – mesmo que alguém não saiba quem são Manon Lescaut e Des-Grieux, compreenderá/sentirá o Ballet.
A linguagem da dança, neste caso, conta-nos o que tem que ser contado.
O mesmo não acontece em “Mayerling” pois sem “auxílio” de leitura seria impossível compreende-lo…
Em "Mayerling", tive a completa sensação de “tradução”. Sim, um trabalho que só tentou TRADUZIR o que foi escrito num livro, contado num filme (houveram vários), numa outra língua, numa outra forma de arte para “Ballet” e que, exatamente por este motivo, falha completamente.
Coreográficamente o Ballet não oferece “altos e baixos” e é de uma regularidade medonhamente cansativa, “boring”.
Regularidade “insossa” que muito me fez lembrar a cozinha inglesa – não existe nem sal nem pimenta neste trabalho.
Ele é “linear”.
Sem altos nem baixos.
Sem nenhum ápice.
Deu-me na realidade um grande sono...
Nada típico de MacMillan que tem trabalhos eternos, maravilhosos...
Vão dizer-me que a cena do suicídio é o ápice.
Pode ser.
Mas ela não é dançada.
É uma cena de teatro.
E esta não é a língua do Ballet.
Tudo isto e certas “liberdades” tomadas em relação à história (como, por exemplo, colocar o ingles George William Middleton como amante da imperatriz Elisabeth… fato não provado históricamente, que coloca muito em questão a “seriedade” de um trabalho que quer ser históricamente tão “exato”) fazem de «Mayerling» uma obra muito questionável…
e muitíssimo chata...
C'est tout!
Dia 18 de junho passado fui apanhado no escritório por uma senhora muito elegante para irmos à Opera de Viena. Esta senhora, que chegou puntualmente ao meu trabalho para apanhar-me, encantou-me com sua discreta elegancia em negro, suas pérolas e seu leve perfume. Apanhamos um taxi e fomos tomar um café e um copo de vinho antes do espetáculo no Café do “Hotel Sacher”, para mim um “must” antes de qualquer acontecimento na Opera. Conversando animadamente fomos depois caminhando para os nossos lugares na “Wiener Staatsoper” (o Hotel Sacher está só alguns passos de distancia). Para quem não sabe: esta senhora é minha mãe! E como orgulhoso estava este filho em companhia de tão bela Dama. Não é todo mundo que tem esta “sorte” na vida, não é?
Tertúlia:
Estávamos muito animados para assistir o Ballet de Sir Kenneth Macmillan “Mayerling” (1978).
Não conhecíamos este trabalho – que tem como tema um dos episódios mais misteriosos e feios da história da Austria. O “suposto” suicídio do arquiduque Rudolph Habsburg-Lothringen (filho do imperador Franz Joseph e da neurótica “princesinha alemã” Elisabeth, conhecida como “Sisi” – mais uma estória de Marketing!) e sua amante, a jovem baronesa Vetsera.
Não esperávamos tamanha decepção.
Sou um grande fã do trabalho de MacMillan. Infelizmente “Mayerling” não pertence para mim de nenhuma forma ao que chamo de “linguagem da dança”. Um Ballet “lotado” de personagens principais e fatos históricos que passam até por nós (conhecedores do “plot” pois conhecemos bem a historia da Austria) de forma tão completamente desapercebida, que, nas duas “pausas”, tem que ser lidos no programa.
É totalmente impossível para qualquer pessoa que não conheça profundamente os fatos deste complexo, político momento da história da Austria, compreender este Ballet.
Eu me pergunto se os próprios bailarinos o compreendem, já que, infelizmente, só conheço pouquíssimos (e estes “pouquíssimos” são amigos queridos, aliás, também frequentadores das “Tertúlias”… ) com outros interesses além do Ballet – o que implica, quando penso nestes jovens bailarinos de hoje em dia, num nível cultural muito baixo.
A vida não consiste só de “Grand-Jetés” e “Entrechats”.
Usando um termo “agrário” mas bastante adequado à cena atual da dança: Que Monocultura…
Sei que não se deve generalizar e estou ciente que este comentário pode ser «mal recebido» pela geração mais nova - mesmo assim arrisco-me a faze-lo pois de certa forma poderia gerar alguma coisa positiva: Ora, se esta geração que está técnicamente tão boa, se desenvolvesse um pouco mais também intelectualmente...
Lembro-me do mestre Zdenek Hampl (vide a tertúlia de 30.05.2009) dizendo-me: “para poder dançar bem um bailarino tem também que entender o que é uma raiz quadrada… “
De volta ao trabalho de Macmillan, tenho que me referir a um típico caso de falha de “leitura”.
Pensem em outros Ballets ou diferentes formas de expressão artística e escolham uma.
Em bons trabalhos – sejam estes Óperas, Ballets, Sinfonias, Concertos, Pinturas, Esculturas – não é necessário “ler-se” a explicação do que se está vendo («ler» significa ser uma outra arte : literatura) pois a própria «língua” da específica forma de arte que o expectador está vivenciando, “conta” o que é para ser contado/sentido. Conta o que o autor quis comunicar/expressar.
Pensem no complexo e magnífico “Die Kameliendame” de John Neumeyer (Vide minha tertúlia de 15.02.2010) – mesmo que alguém não saiba quem são Manon Lescaut e Des-Grieux, compreenderá/sentirá o Ballet.
A linguagem da dança, neste caso, conta-nos o que tem que ser contado.
O mesmo não acontece em “Mayerling” pois sem “auxílio” de leitura seria impossível compreende-lo…
Em "Mayerling", tive a completa sensação de “tradução”. Sim, um trabalho que só tentou TRADUZIR o que foi escrito num livro, contado num filme (houveram vários), numa outra língua, numa outra forma de arte para “Ballet” e que, exatamente por este motivo, falha completamente.
Coreográficamente o Ballet não oferece “altos e baixos” e é de uma regularidade medonhamente cansativa, “boring”.
Regularidade “insossa” que muito me fez lembrar a cozinha inglesa – não existe nem sal nem pimenta neste trabalho.
Ele é “linear”.
Sem altos nem baixos.
Sem nenhum ápice.
Deu-me na realidade um grande sono...
Nada típico de MacMillan que tem trabalhos eternos, maravilhosos...
Vão dizer-me que a cena do suicídio é o ápice.
Pode ser.
Mas ela não é dançada.
É uma cena de teatro.
E esta não é a língua do Ballet.
Tudo isto e certas “liberdades” tomadas em relação à história (como, por exemplo, colocar o ingles George William Middleton como amante da imperatriz Elisabeth… fato não provado históricamente, que coloca muito em questão a “seriedade” de um trabalho que quer ser históricamente tão “exato”) fazem de «Mayerling» uma obra muito questionável…
e muitíssimo chata...
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