domingo, 21 de fevereiro de 2010

Kathryn Grayson: 1922 - 2010

Zelma Hedrick poderia ter sido um nome passável para quem nasceu em Winston-Salem, North Carolina mas não era o nome que a MGM queria colocar nas marquises dos cinemas para promover seu maior soprano dos anos 40. Então Kathryn Grayson nasceu!

Hoje em dia não se fala mais deste nome – mas ela foi uma das rainhas da Metro e dos seus gloriosos musicais.

Como vários outros «da casa» (Lana Turner, Mickey Rooney, Ava Gardner, Judy Garland) ela passou por um longo período de preparação para debutar em «Andy Hardy’s private Secretary» - série com Mickey Rooney que era usada como « escada », ou seja como o lugar para o Debut de várias atrizes (por exemplo também Esther Williams) como uma espécie de “teste”. Logo seguiram outros filmes como “Rio Rita”, “Thousands Cheer” e seu primeiro grande sucesso “Anchors Aweigh” (1945) com Gene Kelly e Frank Sinatra.
O «cliche» do «soprano» (Kathryn tinha uma linda coloratura, por sinal) não lhe poupou terríveis filmes e ela foi muitas vezes uma grande vítima da arrogancia dos chamados “filmes de prestígio” da Metro. Lembro-me de uma terrível “Je suis Titania” de “Mignon” num filme esquecido (e esquecível) ao lado de Mario Lanza e David Niven
Seus tres últimos filmes, respectivamente de 1951, 52 e 53 foram seus melhores:




Como Magnolia em «Show Boat» ao lado de Howard Keel e Ava Gardner (detalhe, a esquecida Miss Grayson era o primeiro nome do elenco !) ela teve a incrível possibilidade de eternizar-se neste “Musical dos Musicais”, com a inolvidável musica de Jerome Kern!

Em «Lovely to look at» (com Red Skelton, Ann Miller, Zsa Zsa Gabor e mais uma vez Howard Keel), um “remake” de “Roberta”, ela teve não só um ótimo papel numa ótima produção mas eternizou uma linda música (Vejam o vídeo abaixo !).

Sua tempestuosa «Lilli Vanessi/Catarina” de “Kiss me Kate” (com Ann Miller, Bob Fosse, Tommy Rall e pela última vez Howard Keel, que provou ter, como Petruchio, um “corpo” neste filme!) acabou com o cliché de soprano, atriz comportada. Kathryn Grayson está simplesmente maravilhosa neste papel. Enfezada, agressiva, "felina"... Outra Kathryn!

Seu “I hate Men” é um dos momentos mais divertidos do cinema musical – e quanta técnica… Uma “megera realmente ainda nada domada”! (vejam minha postagem de 18.02.2009)
Mas a partir de 53 os musicais estavam começando a entrar em declínio, acabar. Seu contrato com a MGM também acabou. Ela ainda fez dois filmes em outros estúdios mas sua carreira havia realmente terminado. Uma pena este "timing" - exatamente quando teve seus melhores papéis!
Há alguns anos revi-a na TV, bem “Senhora” e gorda num episódio the “Murder, she wrote” com Angela Lansbury que sempre primou em trazer “antigas colegas” do cinema de volta às telas!

Kathryn Grayson morreu tranquilamente, dormindo aos 88 anos na noite de 17 de fevereiro passado.
Mais uma estrela para iluminar o céu…

Como disse na ocasião do falecimento de Cyd Charisse – sinto-me meio “viúvo” quando estas lendas do cinema morrem! Obrigado por tudo, Miss Grayson!
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