Talvez hoje em dia as pessoas não sejam mais tão „influenciáveis“ pelo Cinema como já foram… Outros meios de informação (ou diversão) talvez sejam mais eficazes. Mas não podemos duvidar, nem por um momento, que em épocas mais cheias de naïveté, tardes passadas no Cinema influenciavam não só „as modas“ mas também o comportamento do público da época… Minha mãe relembra como, ainda mocinha, ela, suas amigas e irmãs voltavam da „Sessão das Môças“ cheias de idéias para copiar o vestido e o penteado de uma certa atriz… E como cada uma tinha „sua“ atriz. A favorita de minha mãe, a esquecida Anita-Louise, a de uma irmã sua era Lana Turner e por aí vai… A verdade é que o em geral queria-se ficar "bonito". O amor das irmãs mais velhas era Clark Gable! Mas olhemos alguns exemplos, em geral, de como o Cinema influenciava…
"The Carioca" (Flying down to Rio, 1933) e „The Continental“ (The gay Divorcée, 1934) foram apenas duas de várias danças de salão com Fred & Ginger que o cinema introduziu (e fez grandes lucros com discos, partituras, etc.!)
O Telefone branco foi um „Must“ eternizado pelo Cinema. Um „touch“ de chic não só para Fred e Ginger usarem nos decórs brancos de „Top Hat“ (O Piccolino, RKO, 1933) mas também accessível aos „seres humanos“ (dava um trabalho para limpar!).
E os penteados… Aqui tem muito „pano para manga“…
A chatérrima Shirley Temple e seus famosos cachinhos: Até minha mãe foi uma das vítimas que aos 5 anos de idade teve seu primeiro „permanente“ para parecer-se à Shirley.
Louise Brooks virou moda e causou „furor“ nos anos 20 com seu corte de cabelo (Príncipe Valente?) de Jazz-Baby, de „moderna“. Influenciou com seu comportamento não só muitas atrizes (entre elas Joan Crawford em início de carreira) como também toda uma geração.
Veronica Lake, que cobria metade do rosto com seus cabelos loiros, foi muito imitada – e criticadíssima, até pelo governo, durante a época da II Guerra Mundial: Como muitas mulheres estavam trabalhando em fábricas, os cabelos à la Lake ficavam presos („engafinhados“) nas máquinas e causaram até casos seríssimos de escalpe… ihhh…
Ingrid Bergman, a eterna „Maria“ do clássico de Hemingway „For whom the Bell tolls“ (Por quem os sinos dobram, 1943), tinha duas cabelereiras profissionais arrumando, secando, penteando, eriçando, ajeitando seu cabelo durante toda a rodagem do filme e isto para todos os Takes (comentário de Ingrid em sua autobiografia). Imaginem só como os „seres humanos normais“ (sem esta entourage) da rua, dos escritórios, dos supermercados, das lojas, dos „lares“ ficaram com este corte de cabelo…
Viajar, por exemplo à Paris, pelo menos para o povo Norte-Americano, não é uma atitude muito relacionada à cultura porém à busca das „Locations“ e do „clichée“ parisiense de filmes como „Gigi“, „An american in Paris“, „The last time I saw Paris“, „Irma la Douce“, „Charade“, „Love in the afternoon“, „Paris when it sizzles“, „Sabrina“, „Funny Face“ (como Audrey fez filmes em Paris…) e por aí vai a lista…
(Da mesma forma que Salzburg virou moda, um „must“ depois de „The Sound of Music“ (A Noviça Rebelde, 20th Century Fox, 1965) – Que Mozart não me escute!)
Quando Clark Gable em „Aconteceu naquela Noite“ (It happened one Night, 1934) tirou a camisa na frente de Claudette Colbert e o público viu que não estava usando uma camiseta (daquelas sem manga) como roupa íntima, as mulheres suspiraram, os homens o admiraram e a venda das camisetas caiu tanto nos U.S.A que a maioria das fábricas faliu!
Aqueles insultos à estética, aqueles „Tamancos“, os chamados „sapatos de plataforma“ que Carmen Miranda usava para disfarçar as curtas pernas e ficar mais alta, viraram moda… e voltam de tempo em tempo para o desgosto de todos que apreciam proporções e linhas clássicas.
Mas, para mim, a mudança mais drástica e interessante em termos de comportamento social foi causada pelas cenas „nos quartos“ dos filmes de Hollywood:
O „Hays Code“ - que gerou a pior fase de censura no cinema Norte-Americano e para mim o maior causador e influenciador do excessivo "pudor americano" que existe até hoje – proibiu, entre outras coisas, que duas pessoas aparecessem numa mesma cama ao mesmo tempo: seria considerado „imoral“. Para solucionar todas as conversas de „marido e mulher“ etc. e tal (o marido não poderia ir dormir de pé, não é?) foram inventadas as camas separadas, das quais ouvimos os ótimos diálogos de Mirna Loy e William Powell
como também – já 20 anos depois, na televisao – de Lucille Ball e Desi Arnaz.
E esta moda existe até hoje… Esta "recusa" ao duplo leito matrimonial foi realmente adotada e nao só nos U.S.A.! Moda?
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