Se existissem palavras possíveis de descrever completamente Natalia Makarova eu as usaria… todas... mas na realidade não as encontro…
Passam na minha cabeça adjetivos que só representam uma pequena parte desta grande artista. Ela, na realidade, é um “Melange” deles:
Natalia brilhante, emocionante, emocional.
Voadora, desafiadora, elegante.
Ousada, musical, conservadora e inovadora.
Natalia lírica, poética, agressiva.
Exótica, erótica, neurótica, real, inteligente.
Natalia forte, sensual. Natalia frágil, sensual.
Natalia grande artista. Natalia mulher.
Natalia risonha, trágica, brincalhona, doce...
Natalia e suas visoes, seus sonhos,
seus mil demonios.
Natalia mil mulheres.
Makarova nasceu em 1940. Eu às vezes não consigo acreditar que no próximo ano completará 70 anos. Penso que foi „ontem“ que a vi dançando pela última vez. Foi no célebre „Lago“ com Anthony Dowell no Covent Garden em 1982. Que maravilha. Uma noite e uma performance inesquecíveis. Lembro-me de não poder adormecer no meu quarto de hotel e de ter saído para passear no meio da noite por Mayfair!
Eu sempre achei impressionante como ela conseguia projetar-se no espaço, como se fosse muito maior do que realmente era. A primeira vez que percebi isto foi quando a assisti em „Le Sacre du Printemps“ de Glen Tetley em N.Y., ainda com o ABT.
Durante os anos 70 e 80 os „dissidentes“ estavam „in“: Natascha anunciou, durante uma Tournée do Kirov em Londres, sua intenção de permanecer no mundo Ocidental por necessidade de liberdade artística. Isto aconteceu em Londres em 1970.
Nureyev tinha ficado no Ocidente em 1961, Baryshnikov só viria em 1974, Goudonov (para quem as coisas nao „funcionaram“ tão bem) em 1975. Apesar da imprensa internacional citar muito mais os passos e peripécias de seus companheiros masculinos (as vezes também por razões de nenhuma forma relacionadas à danca) Natascha era A BAILARINA dos anos 70.
Uma outra „lenda“ para mim, Gelsey Kirkland (Vide minha postagem de 29.06.2009) admitiu em sua biografia, „Dancing on my Grave“, sempre ter copiado „descaradamente“ Natascha. Também na magreza.
Natascha influenciou toda uma geração de bailarinas. Infelizmente não é todo corpo que é tão „magro“ como o de Natascha. Muitas bailarinas do ABT, New York City Ballet etc. tiveram grandes distúrbios relacionados à bulemia e à anorexia – inclusive Gelsey (que hoje em dia prega o „Thin, in Ballet, is not „in“!).
Não devemos esquecer de sua remontagem de „La Bayadére“ ainda nos anos 70 e – bem depois de ter parado de dançar - seu „coaching“ com a maravilhosa canadense Evelyn Hart que „reinventou“ completamente suas Odette/Odille com um „empurrãozinho“ de Natascha.
Um de seus poucos „empreendimentos“, que realmente não me agradou, foi sua „excursão“ ao teatro Musical em „On your Toes“. Até hoje não compreendo como ela recebeu um „Tony“ em 1983, por sua atuação na Broadway. Achei-a terrível. Também seu discurso de agradecimento foi meio „embarassing“. Mas esta é uma opinião minha.
Existe em DVD um péssimo programa de televisão, do final dos anos 80, chamado „Natascha“ (a direção e a camera são reamente péssimas!) no qual uma curta cena de „On your Toes“ foi colocada. Nao acho que ela „falando“ esteja à vontade, „no seu elemento“ como na Dança. Uma bailarina tão maravilhosa… o que importa sua voz? Mas pelo que li Natascha tem trabalhado desde os anos 90 como atriz. Também em russo.
Existem dúzias de vídeos seus no Youtube… Odette, Odille, aulas, ensaios, Kitri, Julieta, Manon, Aurora, A Morte do Cisne… uma maravilha depois da outra. Quiz porém colocá-la aqui em Raymonda. Uma das minhas preferidas variações! Acho-a musicalmente de uma exatidão maravilhosa… perfectly pin-pointed (o que para mim significa nunca adiantar-se, nem que seja por um milésimo de segundo). Perfeita!
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