segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Judy Garland: the great Lady has an Interview (1946)



The Great Lady Has An Interview
, número do filme da MGM de 1946 “Ziegfeld Follies”, tem toda uma excitante história de criação, inventividade, espontainedade e "daquelas" casualidades... daquelas que fazem de uma obra de arte algo indiscutívelmente eterno!


Kay Thompson, uma das mais fortes personalidades que já trabalharam em Hollywood teve em 1945 a idéia para “The great Lady”: uma paródia sobre uma “atriz de peso”, uma “Lady” da sétima Arte na melhor tradição de uma Bette Davis ou de uma Greer Garson. Ela idealizou, escreveu, compos e fez o arranjo musical e vocal do número…

“The great Lady” conta a estória de uma “atriz de peso” que está cansada de ter papéis monumentais em filmes monumentais… Filmes e papéis destinados a ganhar “Oscars”.

Ela literalmente "sonha" por papéis mais “sexy” no qual ela possa mostrar mais pernas, atuar mais com seu “torso”… Ela sonha e se compara à Betty Grable, à Ginger Rogers


Mas seu próximo filme já está fixo e marcado, uma biografia sobre “Madame Crematante” (Gretchen Crematante, entre nous...), a inventora do alfinete de seguranca!!!! E é isso o que ela relata ao senhores da imprenssa, aos “members of the fourth state”.


Na realidade Kay, com o imenso humor que possuía, havia composto o número especialmente para Greer Garson – atriz “de peso” da época conhecida dos grandes dramas e (também) por filmes “biográficos” como “Madame Curie”.

Quando Kay apresentou porém o projeto e o número para Greer, acompanhada sómente por um piano, esta, que não era realmente conhecida pelo seu humor e não era particularmente amiga de comédias, recusou o número na hora!

Não são todos os seres humanos que tem o dom de saber rir de si mesmos…

Vincente Minnelli
, amissíssimo de Kay e que na época namorava Judy Garland teve a espontanea (e genial) idéia de colocar sua futura esposa neste papel.
Ele havia colocado Judy no seu primeiro papel adulto em “The clock” (1945) que porém ainda não havia estreiado… Apesar da relutancia da MGM em colocá-la neste papel, Minnelli “matou dois coelhos de uma cajadada”: não só conseguiu este genial pedaço de “casting” como também conseguiu ser ele mesmo escalado para dirigir o número (Charles Walters, que haveria dirigido , recebeu um outro número no filme, ficou porém como coreógrafo de “Lady”.


Nascia um trabalho de puro genio: a combinação Garland-Thompson-Minnelli-Walters criou um dos mais originais números musicais jamais feitos na Metro. Sim trabalho de puro genio…

Thompson, que tornou-se a melhor amiga de Garland e madrinha de Liza (com quem morou até sua morte) faria, como atriz, o famoso “Funnny Face” (1957) ao lado de Fred Astaire e Audrey Hepburn e teria a rara distinção de ser talvez a única atriz que roubou descaradamente a cena enquanto contracenava com Fred em “Ring them bells” – mas esta é uma outra estória… ).


Kay Thompson trabalharia muito no futuro vocalmente com Garland, alcançando talvez o ápice da sensibilidade de um trabalho em conjunto no número “Look for the silver lining” (Veja a “tertúlia” de 04.12.2012).

Além disso tudo “The great Lady” tem outra distinção: décadas antes de “Rap” existir, Judy nos dá aqui, com o arranjo e direção vocal de Thompson um “show de Rap”.


Confiram!

Judy: afetadérrima, pseudo-dramática, pseudo-britanica, histérica, empostadíssima, diferentíssima de seus papéis juvenis, cheia de ares, de caras e bocas e divinamente louca! Uma danadinha!!!!!
Quanto talento! Admiro, Adoro!

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