Existem momentos muito especiais no mundo do Cinema… E este é um deles! Saudades de quando o vi pela primeira vez nos anos 70… no „finado“ Cinema II na Raul Pompéia, no Rio de Janeiro, em companhia de amigos como Mari, Flávia, João, Mayr, Brigitte, Ana Valéria, Mauro…
Mas antes uma pequena explicação… Ontem, exatamente no Valentine’s day, recebi um e.mail desaforado de uma pessoa que já há muito tempo coloquei para fora da minha vida. Não há razão para ninguém ter que aturar uma pessoa agressiva, neurótica, invejosa, desaforada por toda uma vida… N'est ce pas?
Agora, eu pergunto: não é reação extremamente sintomática o fato dela me escrever exatamente no “Valentine’s day”? Não é que eu realmente ligue nem para esse dia, nem para todo o comércio que ele trás consigo… mas, logo ela, “psicóloga”, uma pessoa (em suas próprias palavras) “interiorizada”, dá a “bandeira” da sua insatisfação exatamente neste dia… “Physician, heal Thyself!”!
Fico assustado como uma pessoa pode tranformar-se nessa pessoa amargurada, frustrada, feia, mentirosa, cheia de raiva, possuída pela inveja que é… Fui advertido há alguns anos, quando ela esteve aqui me visitando. Chamaram-me a atenção ao fato dela, em mais de uma semana na minha casa, não ter aberto sua carteira nenhuma vez, nem para pagar um café ou uma passagem de bonde e ter-se aproveitado de mim, da minha hospitalidade, boa fé, generosidade…
Por isso aqui minha resposta ao seu e.Mail: Uma dedicaão atrasada de “Valentine” a todos os meus reais amigos! Um momento de amor no Cinema… bem, na realidade, bem mais do que só amor: um momento de paz, cheio de mágica, inventividade, imaginação, poesia… Sim, uma resposta com carinho e amor às pessoas que realmente significam muito e tem seu lugar bem definido na minha vida!
Gene Kelly, vindo do grande sucesso de “An American in Paris” (MGM, 1951) – estranhamente chamado “Sinfonia em Paris” no Brasil – jogou-se no grande projeto “Singin’ in the rain” (chamado “o melhor filme de todos os tempos” por François Truffaut) e arriscou mais uma vez o papel principal feminino com uma (práticamente) desconhecida: Debbie Reynolds (Debbie, ainda hoje viva, tinha feito uma pontinha como Helen Kane (Boo-boo-pi-doo) em “Three little Words” em 1950 e tido um pequeno papel como irmã caçula de Jane Powell em “Two weeks with Love” em 1951). Debbie que “sabia dar seus passinhos de dança” não era realmente uma “bailarina” e não, neste sentido, a do filme… Gene deu grande destaque à Cyd Charisse, que, depois de “Rain”, tornou-se uma estrela de maior magnitude… Detalhe: me referi acima com “mais uma desconhecida” à Leslie Caron, que em 1951, ao lado de Gene, fez seu début em “American in Paris”, o filme do ano, vencedos do Oscar de melhor filme de 1951, graças ao talento de Vincente Minnelli!
De volta à esta simples cena (exatamente nesses momentos, nos quais Gene transforma sua dança numa plataforma simples e pura, ele me fascina ao máximo… precisamente como em “Our Love is here to stay” de “American”):
quando Gene (Don Lockwood) entra com Debbie (Kathy Selden) no studio deserto para lhe fazer uma declaração de amor, usa as luzes suaves para criar um efeito de luar, a escada como um balcão, mais luzes como um jardim florido e estrelas, ventiladores como uma suave brisa, névoa das montanhas distantes… criando aquele momento precioso em que o dia, ao por-do-sol, já não é mais dia mas ainda não é noite… Perfeito. O cenário está pronto para ele dizer o que quer…
Sim, atrasado mas de coração: um Happy Valentine… para voces!!! Cheio desta aconchegante simplicidade… desta criatividade que nos permite transformar tudo num momento especial, que faz com que o amor transforme todos os dias do ano num “Valentine”, independente da data…
(E quanto à gorda Senhora Ana LeRavia (anagrama), supere esta fase do “amor-próprio ferido” - no way, you are out of my life! - e fique feliz por inspirar-me com um personagem que algum dia usarei em algum conto ou livro: a gorda, amarga, invejosa “Mme. LeRavia”… LeRavia => la rabia “en castellano” => a raiva… ).
Muito, muito Obrigado pela inspiração para esta “tertúlia”!
Um comentário:
eu tenho DVD desse filme e essa cena entre o grande Gene e a Debbie é muito linda!!! Marcos Punch
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