quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Show Boat & Cabaret: Anna Kendrick & The Kit Kat Girls divinamente decadentes...

Quando Jerome Kern escreveu o eterno „Show Boat“, para mim a maior obra do teatro Musical Americano (que estreiou em 1927 na Broadway), jamais pensou que um dia sua divertida canção “Life upon the wicked stage” (“A vida sobre o palco perverso”) seria um dia apresentada assim…


Originalmente o personagem, Ellie, cantava este leve número para suas fãs, contando as os perigos e as “árduas” tarefas e obrigações de uma jovem na vida artística”… Nas duas primeiras versões cinematográficas de “Showboat” (1929 e 1936) ele foi retirado, na versão de 1951 (MGM) colocado numa outra parte da estória como número “estelar” para Marge & Gower Champion.


Alguns anos antes a MGM filmou “Till the clouds roll by” (1946), uma “bem criativa” biografia de Kern, que começava com o “Opening” de Show-Boat” na Broadway: nesta cena a maravilhosa Virginia O’Brien – que jamais sorriu nas telas – cantou “Wicked Stage”…


Bem... um pouco longe do “feeling” original mas pelo menos a canção não foi esquecida…


Realmente recomendo ver este video com O'Brien para uma "comparação" no final da postagem.



Em 1998, houve um grande acontecimento na Broadway: The leading Ladies, show moderado por Julie Andrews, que apresentava várias das Leading Ladies que naquele ano se apresentavam na Broadway em diversos Shows.



Nesta versão de 1998 Anna Kendrick (na época com uns 12 ou 13 anos) canta o número numa versão “compartida” com as Kit Kat Girls (para quem não se lembra as Kit Kat Girls são as dançarinas de “Cabaret” que depois de dançar exercem uma outra profissão no "Kit Kat Club"), que na produção daquele ano na Broadway estavam mais decadentes do que nunca: sujas, com marcas roxas nos corpos; umas indicando pancadas, outras indicando práticas sexuais mais brutais, roupas rasgadas, arranhões, cabelos despenteados e sujos, axilas não depiladas… Deliciosos horrores. Ótimas bailarinas e atrizes!


No meio delas esta “menininha”, esta criaturinha meiga e pueril, que tem como linhas de entrada:”Mama thinks I’m living in a convent” (A primeira linha da canção de Sally Bowles (“Don’t tell Mama”) em “Cabaret”, que no filme seria substituída por “Bye Bye, mein lieber Herr”, motivo há pouco tempo de uma outra “Tertúlia”.

O resto do número, o único que reúne dois números de diferentes obras, deve ser assistido. Só assim é possível apreciá-lo:
idéia genial e endiabrada.
Inspirada.



P.S. os acordes iniciais e (práticamente) finais (normalmente usados enquanto as bailarinas andam ou movem suas cadeiras… assim como foram usados para Liza no filme, em “Bye Bye, mein lieber Herr”) são extremamente associados aos compositores de “Cabaret”: Kander & Ebb… Um dia destes revendo “Lola Montez” (de Max Ophüls) filme de 1955 (ou seja bem anterior à obra teatral “Cabaret” de 1966) fui confrontado com os mesmos acordes, enquanto Lola anda “pelo circo de sua vida” – mas esta “inspiração” para a dupla Kander & Ebb já uma outra estória…

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