quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

The ladies who lunch...


O talentosíssimo e sensível Stephen Sondheim escreveu esta maravilhosa e perspicaz canção para o seu „show“ de 1970 chamado „Company“… mas vamos dar antes um passeio por New York do início do século passado para sabermos quem são estas “ladies who lunch”


Quando o primeiro “Waldorf=Astoria” foi criado (no quarteirão onde hoje em dia se situa o Empire State Building) abriu-se uma nova “porta” para as Senhoras da sociedade nova-yorkina: finalmente um restaurante, um ambiente digno para senhoras que gostariam de almoçar, sem respectivos consortes, só “entre elas”.
Uma nova possibilidade, um novo horizonte, uma nova dimensão social foi fundada… e foi depois "extremamente bem" exportada...


Como a moda da época usava e abusava das “plumas de pavão” (como o “clothes-horse”, a divina Gloria Swanson “ditava”) em leques, chapéus etc., o salão de encontro das damas foi apelidado de “The peacock room”.
Nome este que foi levado para o atual Waldorf=Astoria.
De quantas fofocas, mentiras e intrigas este "salão" já deve ter sido testemunha...


Foi iniciada uma nova “cultura gastronomica” – desde a decoração até os Menús “for the ladies” (mais leves, mais frugais para manter “a linha” – a waste-line – tão apertada dentro de espartilhos… ).


Bebidas foram criadas (como o famoso “Alexander” que contém um pouco de Brandy mas muito creme-de-leite doce e Crème-de-cacao), flores passaram a "entrar e sair de moda" (!!!???), arranjos para piano dos sucessos da época foram compostos de forma mais floriada e toda uma indumentária para o “lunch” foi idealizada… de mes a mes, de ano em ano... Na realidade o almoço “fora” oferecia às senhoras (como oferece até hoje) uma diferenciação (e um pretexto), em termos de guarda-roupa entre a tarde e a noite… Pensando em termos de economia… Wow!!! Quantos negócios lucraram (e lucram) das “ladies who lunch” até hoje…


The ladies who lunch…

Elaine Stritch cantou este número, que tão bem descreve a filosofia das “ladies who lunch”, na primeira produção de “Company” de 1970.
Sondheim captou perfeitamente a “essencia” destes almoços… fato que me foi confirmado quando uma queridíssima amiga de muitos e muitos anos, já há algum tempo atrás, comentou certos almoços de “ladies” com a seguinte frase:

“Não entendo… Elas falam mal umas das outras, brigam, fofocam, se odeiam, ficam de “mal” e depois saem para almoçar juntas… não dá para compreender…”.
Eu não compreendo.


Existe um esquecido filme, chamado de “Opposite Sex” (MGM 1956), um “remake” de “The Women” (MGM 1940) com June Allyson, Joan Collins, Agnes Moorehead, Ann Miller, Ann Sheridan, Dolores Gray e várias outras, que é cheio dessas cenas “ferinas”… que terminam, muitas vezes, "acabando" com a anfitriã!


Quando, às vezes, uma das atrizes sai de um determinado recinto, onde estão todas reunidas, e as restantes encontram imediatamente um motivo para falar, fofocar… Hilário… mas, pelo que já ouvi, bem verdadeiro…

A abertura de “The ladies who lunch” de Sondheim já diz tudo…

I'd like to propose a toast
Here's to the ladies who lunch
Everybody laugh
Lounging in their caftans
And planning a brunch
On their own behalf
Off to the gym, then to a fitting
Claiming they're fat
And looking grim, 'cause they've been sitting
Choosing a hat
Does anyone still wear a hat?
I'll drink to that


Aqui a fantástica Patti Lupone numa interpretação que ainda considero superior à de Stritch (Stritch, ótima atriz, não canta realmente e Patti tem uma voz, para musicais, abençoada por Terpsícore – não é à toa que foi a primeira “Evita”). Que voz!!!!!!

Meu “Brinde” pessoal para as “Ladies who lunch”! TOGETHER!!!!!!!!!!



Para quem tiver a curiosidade de ver/ouvir Stritch...


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