terça-feira, 2 de agosto de 2011

Summertime (1955): Hepburn e seu rosto translúcido...

Que falta nos faz o verão este ano… o verão que ainda não se fez presente na Austria.


Desde ontem ando “doentinho” em casa e ouvi não só “Summertime” de Gershwin como também assisti o sincero, poético “Summertime” de David Lean (1955), filme que considero e amo muito… Deve ser pela falta que o verão me faz…

Estranho iniciar uma postagem exatamente com a cena final de um filme... Mas sinto que Hepburn despediu-se de muitos maneirismos à partir deste filme... como que dando início à uma nova fase de sua carreira... quantas obras primas ainda estariam por vir...


Hepburn num desempenho de “olhar translúcido”. Sim, refiro-me aos olhares profundos, transparentes que dá, durante os quais todo seu rosto se ilumina, como que translúcido mostrando todos seus sentimentos, toda a beleza interior e extremo talento que esta grande atriz carregava consigo. Quanta aura.


Os primeiros olhares assim que pude constatar nela foram em «Song of Love» e depois em «The African Queen”… Mas "sombras" ainda destes olhares... ainda muito distante da magnitude destes e de muitos outros... Como se "ve" o desenvolvimento interior desta atriz - como ser humano - com o passar dos anos... Que beleza!

Mas aqui estou eu de novo, com dificuldades para escrever sobre ela.
Kate sempre me deixou boquiaberto demais, sem palavras para poder sequer sugerir o que vejo e sinto na sua arte… Acho dificílimo expressar o que sinto com seu desempenho… Um bloqueio gramatical completo.
Talvez esse seja o real motivo de escrever tão pouco sobre ela…




Que rosto… eterno...


Não vou falar muito sobre esta obra-prima sobre esta “declaração de amor” de Lean à Itália. Admiro demais a atmosfera frágil, de profundo amor, de realização desta pequena obra-prima (que parece ser meio esquecida!) que foi totalmente filmada em Veneza.


Reassistam, assistam… Eu prometo: Vale a pena!!!

Tres detalhes:
O primeiro se refere ao nome do personagem de Kate… Jane Hudson. Jane a solteirona, querendo realizar, viver um grande amor… Tão predestinada e disposta a amar, tão diferente de outra Jane (Hudson) do Cinema… estão todos ainda lembrados de Bette Davis em «Whatever happened to Baby Jane ?” Sim… a outra Jane Hudson… tão diferente desta!

O segundo reúne toda a elegancia do Cinema… O simbolismo de fogos de artifício explodindo e de um sapato esquecido num pequeno balcão enquanto os dois amantes desaparecem pela primeira vez para dentro de um quarto…


O terceiro: “Graças” à cena em que cai num Canal, Hepburn ficou com uma infecção cronica nos olhos… Fato que deve ter sido bem deconfortável até o final de sua vida mas que em futuros anos lhe daria um certo olhar “aguado”, “choroso” que foi muito bem utilizado por ela...


Bem, se Kate conseguiu até encorporar seu “Parkinson” e tremor de cabeça aos seus personangens…
O que poderia se esperar desse genio?

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