sexta-feira, 9 de abril de 2010

Theater an der Wien: campanha publicitária, memórias e história...

Adoro a campanha publicitária do „Theater an der Wien“. Que efeitos. Com estas faces para cada Òpera, a campanha tomou um ar mais “pessoal” como que dando à qualquer das obras sua própria personalidade em termos visuais, seu próprio “rosto”. Aqui um cartaz adornando a rua em frente do meu escritório… Muito especial: “Die Besessenen” (“Os Possuídos”).
O Theater an der Wien foi a primeira “grande” Ópera de Viena e hoje em dia é sua Ópera mais nova (traduzido como „Teatro no Viena“ por que o „Wien“, que na realidade é feminino e aqui está declinado, era um rio, que hoje em dia está canalizado… este teatro está situado na sua antiga margem esquerda… A “Linke Wienzeile”).


Sua construção foi inspirada pelo grande sucesso de „A Flauta mágica” de Mozart, que tinha estado em cartaz em 1791 num teatro, que já não mais existe, chamado “Freihaustheater”. Sim, Viena necessitava uma Ópera maior.
Finalizado em 1801 em típico “Empire”, ele é hoje em dia muito diferente do que foi originalmente, tendo passado por incríveis transformações arquitetonicas nestes últimos 209 anos. Sua única faixada original e preservada é a chamada “Papagenotor” ao seu lado direito na “Millöckergasse”. Neste pequeno prédio lateral viveu Beethoven entre 1803 e 1804 enquanto compunha “Fidelio”, que aliás estreiou no “an der Wien”. Detalhe: até hoje ainda existe nesta vizinhanca um restaurante que Beethoven frequentava (Uma Taverna) e que se chama "Ludwig van"...
Aqui estreiaram trabalhos de Beethoven como a Eroica (Terceira Sinfonia) em 1805 ou a Quinta Sinfonia, Operetas como “O Morcego” (Die Fledermaus) de Strauss e algumas outras de Lehár, inclusive "Die lustige Witwe" (“A viúva alegre”).
Depois da Segunda Guerra Mundial o “an der Wien” abrigou o “Ensemble” da “Staatsoper” que estava completamente bombardeada. Sob a direção do fantástico Karl Böhm aconteceram neste palco legendárias performances de obras de Mozart.
Karl Böhm, era também o pai do ator Karl-Heinz Böhm, conhecido no Brasil principalmente pelos filmes de “Sisi” no qual interpretou o Imperador Francisco José e pelo fotógrado – assassino de pobre Moira Shearer – no cruel filme de “culto” “Peeping Tom”.

Até hoje a melhor acústica da cidade o “an der Wien” foi “pivot” principal para construir incríveis carreiras e (as por mim chamadas) "pontes" internacionais. Entre elas a de uma linda porém “pequena voz”, que jamais teria sido tão notada e prezada como a do maravilhoso soprano Elizabeth Schwarzkopf que, até o final de sua carreira, tinha dois lares no mundo da Ópera: Viena e Covent Garden.

Saudades de ter trabalho nesta casa nos anos 80. Tempo gostoso, produtivo.
Aqui uma foto com a bailarina Laura Edmunds, os dois cansados na festa depois da Premiére de “Die lustige Witwe” (“A viúva alegre”): Época em que toda minha vida estava dentro de uma bolsa com as coisas do Ballet e em que flores significavam agradecimento...

Minha amiga, a bailarina Gloria Costa (com quem voltei a ter contato pela Internet – que coisa boa!) tinha-me falado do “an der Wien” anos antes, ainda no Brasil, durante as aulas de Eric Valdo. Ela tinha trabalhado aqui nos anos 70. E nos reencontramos, primeiro no mundo “virtual” exatamente por causa de uma postagem que fiz sobre um ballet que dancei nesta casa (vide minha postagem de 28.08.2009).

O Theater an der Wien passou por uma fase de “musicais” durante a qual sua acústica foi “desperdiçada” para cantores que só cantavam com microfones. Hoje, voltou ao seu esplendor de “Opera House” e junto à “Staatsoper” e à “Volksoper” compõe o “trio” de Óperas que temos em Viena.

Como mencionado no início da postagem, aqui algumas das “faces” de seu repertório. Lindos trabalhos gráficos que realmente presenteiam uma “personalidade” à cada Ópera! Geniais! Marketing at its very best!
Orfeo ed Euridice,

Il Turco in Italia,

Fidelio,

Iphigénie en Tauride,

Pelléas et Mélisande,

Ariodante,

Messiah,

Tancredi,

Intermezzo,

The rakes's progress

e o meu predileto: Die Besessenen (Os possuídos)

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