quinta-feira, 15 de abril de 2010

Gershwin: Our Love is here to stay

Após minha volta de Paris, depois do meu aniversário, aconteceu um fato curioso… era como se eu quizesse a qualquer preço segurar o tempo, não deixar que passassem aqueles bons momentos, aquelas quentes recordações… O que mais natural do que recomeçar a ver filmes “passados” em Paris? Qualquer imagem do Arco do Triunfo ou da Praça da Concórdia me prendia… Vieram “Sabrina”, “Charade”, “Love in the afternoon”, “Funny Face”, “Paris when it sizzles” (pareceu-me até que Audrey Hepburn só fazia filmes passados em Paris!), “The last Time I saw Paris”, "O Arco do Triunfo",“Gigi” e finalmente “An american in Paris” (curiosamente chamado no Brasil de “Sinfonia em Paris”!).
Num devido momento voltaram memórias ainda muito mais antigas… que andavam em algum lugar, esquecidas... Tempos da dança… Conhecidos reunidos em frente à uma daquelas imensas (e profundas) televisões à cor dos anos 70 que ocupavam um enorme espaço, assistindo o filme. Por um único motivo: O Ballet final! Alguns pela primeira vez. Eu já tinha-o descoberto muitos anos antes no extinto “Cinema I” de Copacabana. Muitos maravilhados com as pernas e extensões de Caron, outros com a forma viril, dinamica de Kelly, outros com o sapateado.

“Minha” cena preferida apareceu então na tela… Filmada num estúdio da MGM, simbolizando a margem esquerda, a "rive gauche", do Sena na altura entre Notre Dame ae a Isle St.Louis, e com aquela simplicidade absoluta dos grandes trabalhos, Leslie e Gene dançaram apaixonadamente ao som de “Our Love is here to stay” (por sinal última composição inacabada de George Gershwin: seu irmão Ira Gershwin escreveu o texto e um de seus melhores amigos, o pianista Oscar Levant- que também aparece neste filme – acabou a composição de “Our Love”. Que sorte a nossa!).

Um trabalho magnífico com aquela simplicidade dos sentimentos delicados, vulneráveis. A coreografia de Gene transmite precisamente isso e mostra mais uma vez o fenomeno da economia dos gestos para alcançar um efeito profundo, um "insight".
Estes conhecidos do Ballet da época admiraram-se com meu gosto simples.
Será que admirariam-se ainda hoje ao saber que este número está entre os meus cinco prediletos de Hollywood ?

Resumindo: um daqueles números inspiradíssimos, no qual a música, o texto, a coreografia, o cenário, as cores, a camera e os intérpretes se "casam" perfeitamente!

E, ainda por cima, o texto diz tudo…

Ah, a simplicidade de AMAR!

It's very clear, our love is here to stay
Not for a year but ever and a day
The radio and the telephone and the movies that we know
May just be passing fancies and in time may go

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But oh, my dear, our love is here to stay
Together we're going a long, long way
In time the Rockies may crumble, Gibraltar may tumble
They're only made of clay
But our love is here to stay

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