domingo, 23 de agosto de 2009
Penedo/ Itatiaia, Dona Manuela, a arte de comer simples- e frugalmente
Penedo, minha "terra"...
Há quase um ano atrás fui ao Brasil para passar três semanas e estive em Penedo, acho que o único lugar neste vasto mundo que chamo de “casa”. Estar lá, olhar para as pedras do rio, para o perfil da Serra de Itatiaia, respirar aquele ar, dançar Polkas, Mazurkas e “Letkiss-Jenka” no “Clube Finlandês”, passear pelas estradas da minha infância, abraçar as árvores que ainda estão lá, reencontrar amigos de toda uma vida – principalmente minha amiga Marie - é estar “em casa”.
Num dos meus passeios encontrei na rua Dona Manuela, uma pessoa linda e querida, já com mais de 80 anos e ainda trabalhando para “sobreviver” . Mas mesmo esta “luta” não impede que Dona Manuela viva sorrindo. Aquele sorriso branco, tão em contraste com sua pela negra, simples, honesto, sincero… (Ah, se o povo austríaco compreendesse isto – esta terra seria um verdadeiro paraíso!). Conversamos muito e ela me contou que agora não mais trabalha como lavadeira e sim cozinha para uma Senhora: “Ah, eu faço aquela comidinha nossa do interior, voce sabe, aquela comidinha do campo. Aquela comidinha saudável, sem gordura, sem muito tempero, leve… um arrozinho, um feijãozinho com um pouquinho de manteiga…”.
Que linda! Que sábia! Fiquei feliz por ela, por estar assim, bem. Lembro-me da coitadinha levando trouxas de roupa na cabeça… indo a pé, quilometros, para casa. Ah, estas “Santas” do interior do nosso Brasil… Estas que jamais serão mencionadas. Estas que existem…
Nos despedimos, eu dei-lhe um beijo vindo do fundo do coração, e lá se foi Dona Manuela, quase saltitante, com aquele sorriso e vivacidade contagiante e deixou-me com este “presente”. Um pouco mais “rico”, feliz... Meu amigo Mauri nos observava e acho que também sorriu, interiormente.
Ontem fiz um almoço aqui em casa para uns amigos queridos, entre eles um holandês de Amsterdam, que viveu anos com uma brasileira de Lindóia, no estado de São Paulo.
E o que resolvi fazer? Nada de salmão, nada de camarões e molhos, nada exótico, nada de assados envoltos numa “farse” ou delírios gastronomicos da “Nouvelle Couisine”. Não.
(Todas as fotos dos pratos são “emprestadas” do Internet… Ontem não fizemos fotos…)
Fiz, com a inspiração de Dona Manuela, uma comidinha do “Campo”: Uns Franguinhos de forno, Creme-de-Milho, Batatas Doces e Aipins, Cenourinhas levemente caramelizadas com muita salsinha, Couve e uma imensa salada verde, cortadinha bem miudinha (nao como na Europa) com Agrião e (ao lado, porque nao é todo mundo que gosta) coentros… Nossos amigos Sabine e Remko adoraram. Gios de Amsterdam “vibrou”: “Comida de Fazenda”, disse vivaz! Almoçamos das 14.00 às 18.00 Hs… preciso dizer se gostaram?
Pois é, “não precisa ser sempre Caviar”, não é verdade?
Obrigado Dona Manuela e saiba que sou muito grato por ter tido na minha vida este privilégio: conhecer pessoas bonitas, decentes, honestas de Penedo como a Senhora, Seu Eduardo (jardineiro), Marcolina (cozinheira), Seu Aristídes (outro jardineiro), Santina (fazia o melhor feijão do mundo!), Maria (arrumadeira da “Chácara”), Seu Benedito (outro jardineiro, que já na época da minha infancia “falava” com suas plantas), Neusa, Nina, e tantos outros… Fiquem todos com Deus! O tempo passou mas eu não esqueci de voces! Nunca conseguiria…
Mari & Mauri, para Voces dois!
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