quarta-feira, 3 de junho de 2009

Frances Farmer and God


Desde a trágica Segunda-Feira passada penso neste “Essay” escrito ainda na High-School por Frances Farmer (sim, a maravilhosa atriz que, anos depois lutou contra o sistema Hollywoodiano, perdeu e passou muitos e muitos anos num hospício, não sendo louca – mais sobre ela um outro dia).
A mensagem desta ainda adolescente não saiu-me da cabeça por todos estes dias. Tive que sentar-me e traduzí-la. Voces entenderão.

“… e ninguém nunca aproximou-se de mim e disse „Voce é uma boba. Não existe tal coisa como Deus... “. Eu não acho que ele foi assassinato. Eu acho que Deus só morreu de velhice. Quando dei-me conta que ele não mais existia, isto não me chocou. Talvez pelo motivo de nunca ter-me deixado impressionar pela religião. Eu ía à escola dominical e gostava das estórias – estórias sobre Cristo e a Estrela de Belém. Elas eram bonitas mas eu não acreditava nelas. Era tudo muito vago. Deus era algo diferente. Deus era algo real. Algo que eu podia sentir. Mas existiam só certos momentos nos quais eu podia senti-lo. Eu costumava deitar-me entre os frescos, limpos lençóis à noite, tendo esfregado meus cotovelos e unhas e dentes para entao conversar com Deus. Eu estava limpa. Nunca havia estado mais limpa. E de uma certa forma sentia Deus. Eu só não estava certa do que era. Só esta sensação de frescura, limpeza e escuro. Mas aquilo não era religião. Existia um lado muito físico nisto tudo. Depois de um certo tempo, mesmo à noite, o sentimento de sentir-me com Deus não durava mais. Eu comecei a ponderar sobre o que o Pastor dizia... que Deus ve até o menor pardal cair do ninho e que ele toma conta de todas as suas crianças. Mas se Deus era pai de todas as crianças, então aquela limpeza que eu sentia à noite não era Deus. A partir daí, quando eu ía para a cama à noite, começava a pensar que estava limpa e logo em seguida que estava com sono. Então eu adormecia. Isto não impediu-me de desfrutar menos da limpeza. Mas eu sabia que Deus não mais estava lá. Algumas vezes achei bastante prático lembrar-me dele. Principalmente quando eu perdia coisas importantes. Depois de correr desbaforida pela casa, cansada de procurar, eu conseguia parar no centro de um quarto e fechando meus olhos, dizia: “Por favor Deus, deixe-me encontrar meu chapéu azul com a fita vermelha”. E normalmente funcionava. Isto deixou-me muito satisfeita até o dia em que comecei a pensar que se Deus amava todas suas crianças igualmente, porque se preocupava com meu chápeu azul enquanto outros perdiam seus pais e mães para sempre? Eu comecei a perceber que Ele não tinha muito o que haver nem com a morte das pessoas nem com os chapéus. Estas coisas aconteciam caso ele quizesse ou não. E Ele mantinha-se no “Céu” e pretendia não notar. Eu pensei um pouco sobre o porque de Deus ser tao inútil. Parecia uma perda de tempo pensar nele. Fiquei muito orgulhosa de ter por mim mesma descoberto tudo isto, sem a ajuda de ninguém. Me intrigou porém o porque de outros não terem também descoberto. Deus tinha ido embora. Porque não conseguiam ver isto? Isto ainda me intriga”.
(Tradução livre de Ricardo Leitner 02.06.2009)

Um comentário:

Anônimo disse...

uma belissima atriz que não acreditava em deus!!cada um vive de acordo com as suas crenças e deve se respeitar isso!fiquei muito curioso pra saber como foi a vida da bela Frances e por que ela foi parar em um hospício!Marcos Punch.