terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Marília Pera: (N)a cara do espelho


A maioria dos meus amigos sabe que eu, um dia, adorei Marília Pera... e sua voz!

Quando, ainda adolescente, “acordei” para o mundo teatral Marília passava por uma incrível fase, acompanhada, assim como Marco Nanini, pela maravilhosa professora de fonética, impostação e canto “Dona” Fernanda, com quem tive o prazer e privilégio de fazer aulas.


Quando revi Marília há poucos anos em “Alo Dolly” no João Caetano fiquei chocado:
Presenciei, ao vivo, o que já havia sentido, previsto em videos (como sua homenagem à Carmen Miranda, também no João Caetano).
Sua voz tornou-se extremamente fanhosa e caricata. Como se a cantar ela estivesse fazendo uma caricatura do que um dia foi...

Ela è “entoada”, não perdeu sua técnica popular e não grita (bem, hoje em dia existem microfones no palco) mas transformou-se e “parou” naquele clichè de "carióóóca" que tanto insiste em colocar nos palcos (o que em “Dolly”, que se passa em N.Y. em 1890, nao tem o que haver! Até mais em "tournèes" em outros estados brasileiros) inclusive na sua voz… fanhosa, gasquita…

Mas estes devem ser recursos que usa para continuar cantando nos palcos, depois de ter cumprido mais de 70 - o que, pensando-se em termos de energia física, é fenomenal!

Para todos, de gerações mais jovens, que não conhecem a Marília “crooner”, aqui uma amostra do que ela um dia foi, num Show que assisti no Teatro Casa Grande chamado “Feiticeira” (acho quem em 1976… ).

Um dos textos mais maravilhosos "do mundo" (amo, mesmo que o "Castellano" seja bastante questionável... Na realidade um „portuñol“ de grande inventividade!!!!), atribuído hoje à Nana Caymmi (?!? é dela????). Será? Sei que ela cantou-o, anos depois…

Aqui uma esplendida Marília numa intepretaçao que me é muito querida, cara e que me desperta muitas memórias boas:

Às vezes pergunto pra cara do espelho
Que olhos são esses
Que sonhos não mostram
Que medos disfarçam
Que dores escondem
Nenhuma resposta
Só novas perguntas

Que un dia yo me vea
En la cara do espejo
do jeito que eu sou
no da forma que pienso que quiero que sea…

Y nunca me esconda de
mi la procura de un mas que perfecto



Quisiera quisiera
Quisiera quisiera
Quisera saber

Se deuses e santos
São loucos que pensam
Ser deuses e santos
Y os ojos do espejo refleten su luz

Que um dia eu me veja
Na cara do espelho, coberta de trapos
De medos, de cores, de falsos amores,
Morrendo e nascendo
No mais que presente
Vivendo, vivendo
Vivendo, vivendo




8 comentários:

João Roque disse...

Que pena não se poder ver o vídeo...

cecilia disse...

Que raridade! Obrigada.

cecilia disse...

Que raridade! Obrigada

Regina Ferraz disse...

Ricardo querido.Não sou carnavalesca mas ví
Muito Marilia Pera por aí. Carmem Miranda inesquecível um encanto..... Sempre você nos faz
lembrar de tantas coisas interessantes e agora nesse
justo momento passa um Bloco Africano por aqui.
Talvez você quisesse estar perto,como diz KiKí
soltando os demônios por ai.Muito louco o Brasil!!!
Grandes beijos com nosso carinho.Regina e Roberto.​

M.A,. disse...

Só uma correçãozinha na letra:
De medos, de cores, de falsos temores(coberta de trapos, de medos, de cores)

E não De medo de cores, de falsos... bjs

As Tertulías disse...

é só a vírgula que falta entre "medo" e "de cores"???

Mary Sunday disse...

Não consegui ver o vídeo que Você postou morrendo de dó, pois fiquei curiosa.Realmente, Marília Pera – grande atriz, por sinal – em Dolly, deixou a desejar. Assisti a peça, no Teatro Casa Grande, e tive a sensação de que ela se cansava, que por estar no palco quase o tempo todo do espetáculo, em muitos momentos esgotava suas energias, comprometendo a apresentação.Tive uma enorme pena.Bjks.

As Tertulías disse...

Vou mandar o video para voce!