domingo, 2 de fevereiro de 2014

Um final nada feliz...

Aqui uma postagem "reciclada" de 3 de dezembro de 2011...

Considero „Funny Girl“ uma pequena preciosidade.
Uma peça, um filme único sobre a vida de Fanny Brice que lançou um talento único: Streisand (em 1964, na data que estreiou "Funny Girl" Streisand ainda era uma "menina" de 21 anos de idade... )


(para quem não sabe: eu NÃO sou fã de Streisand… acho que com o passar dos anos ela deixou para trás a “menina Jiddish” para transformar-se numa persona “larger than life”, associadíssima à California e muito chata… mas a Streisand dos primeiros anos, dos primeiros discos, dos primeiros shows de televisão, dos primeiros filmes, era adorável… como em “Funny Girl”, uma biografia bem “criativa” sobre a vida de Fanny Brice, seu primeiro filme).


O final do filme deixa porém, para mim, algo a desejar e quando me refiro a um final nada feliz, não estou referindo-me à triste estória de amor entre Fanny e Nick
Na versão da Broadway o show terminava com uma repetição de “Don’t rain on my parade”, mostrando que esta mulher era forte, corajosa, cheia de energia…


Na versão para o Cinema esta música foi trocada por um velho sucesso de Fanny Brice: My Man… Para meu gosto, uma típica canção de “vítima”. Uma canção cantada por uma mulher dependente, burra (“Two or three girls has he, that he likes as well as me… But I love him” Ora, que absurdo… Oh, Nick, "vá plantar batatas!"), oprimida… O desempenho de Streisand neste número pode ser singular e espetacular mas esta canção transforma o personagem Fanny, no final do filme, numa mulher completamente oposta ao que tínhamos visto nas duas horas prévias… como se houvesse desaprendido tudo o que levava na sua "mala"...

Um final nada feliz para o filme…

Acho, porém, que uma outra mudança “da Broadway para Hollywood” foi ainda bem mais trágica. Ela está relacionada também ao final do filme, já que involve a troca da canção anterior a “My Man”. No filme Streisand canta um curto, sincero número chamado “Funny Girl”, que foi composto especialmente para o filme (para justificar o título do filme… como se isto fosse necessário… ). Gosto muito desta canção… mas é um monólogo que ela faz sobre si mesma. Não questionando o amor que sente por “Nick” e sim indagando se ela é realmente uma “funny girl”. Uma direção completamente oposta ao roteiro original faz com que o personagem perca totalmente sua “força”:

A canção que estava neste “Spot” da peça é uma outra preciosidade que ficou, por assim dizer, “perdida”. Não fez parte de nenhum disco de Streisand (com exceção do disco da gravação do elenco original em 1964), do seu repertório…


Só depois de bem mais velha Streisand redescobiu este tesouro que havia perdido, há muito tempo… mas com sua (criada) afetação californiana não deu mais a “rendition” que dava, quando era ainda a “menina Jiddish” do início de sua carreira … Esta música é como uma moldura sobre o caráter de Fanny e seu (descabido) amor por Nick – mas em nenhum ponto ela transforma-se na vítima sofredora e dependente em que se transformou cantando “My Man”. Ela constata um amor ("in everyway, everyday I need less of myself, I need more him...") mas jamais ela é "a vítima".


Sim... um final nada feliz para o filme…

Procurando na Internet não consegui encontrar uma foto sequer deste número – que ela cantava no seu camarim de teatro… por isto, aqui o interior da capa do disco, escaneado hoje… a foto abaixo é a da mencionada cena:
“The Music that makes me dance”.


Como só existem videos mais recentes de Streisand cantando esta música (que nada me agradam), decidi colocar aqui uma outra “funny girl”: Liza Minneli (ao lado de Mikhail Baryshnikov) no empoeirado “Baryshnikov on Broadway”.
Liza sensacional dando vida à esta beleza de melodia (e texto):
(HIS IS THE ONLY) MUSIC THAT MAKES ME DANCE…



...e para quem ainda tiver a paciencia de "ouvir" (inclusive "introduction"), aqui a menina Streisand em 1964 cantando esta maravilha!

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