Sem dúvida um dos grandes FILMES de todos os tempos é “All that Jazz“ (Bob Fosse, 1979).
Sublinho e escrevo em capitais a palavra FILME pois „All that Jazz“ está muito além de ser “só” um musical… Um grande FILME, que contém cenas musicais, quase encerrando a carreira de Bob Fosse no cinema (ele ainda escreveria o roteiro e dirigiria “Star 80”, filme que, ao contrário de “Jazz”, não alcançaria nenhum sucesso nem com o publico nem com a crítica).
Trabalho “auto-biográfico” muito sensível e brilhantemente dirigido e editado… Na minha “biblioteca de lembrancas” ficaram armazenadas várias cenas, vários detalhes da vida de Bob, alí tão nítidos, tão expostos… e seu “love affair” com Ann Reinking – no filme fazendo o papel dela mesma… que nos levou a um próprio “love affair” com ela… Grande Ann…
Ann, musa de gerações, bailarina “danadinha”, expressiva, cheia de personalidade e aquele raro “quoi” que destaca uma bailarina de uma estrela.
Na verdade a carreira de Ann no cinema foi muito limitada… Numa frustrada tentativa só “dramática” (sem dança) sua presença num esquecido filminho com Dudley Moore e Amy Irving foi quase patética… mas quando a vemos em “Annie”, e especialmente em “Jazz” , passamos a entender a fascinação de Fosse com esta bailarina – que começou seu trabalho com ele no coro de “Pippin” (Broadway, 1972) e coroou sua carreira na obra-prima de Bob, o inesquecível e revolucionário “Dancin’” (Broadway, 1978), que tive a sorte de ver, no qual fazia o papel principal.
Revolucionário? Sim… um musical só dançado… nada de cantorias e texto… só dança, pura dança no melhor sentido da palavra… É desta forma que gosto de lembrar-me dela. Uma rainha contando suas estórias, suas dores, seus amores, suas tristezas e felicidades através da dança…
Uma memória pessoal: aqui uma foto de um quadrinho, na realidade uma caricatura de Al Hirschfeld, que está pendurada no Bar do legendário Hotel Algonquin em N.Y.... exatamente sobre a mesa na qual da última vez me sentei para tomar um Martini-Dry... Lá "estávamos" eu e Ann (!) em grande companhia: Bebe Neuwirth e Joel Grey!
Hoje, terminado uma trilogia de postagens sobre Ann (as “REMEMBERING: Ann Reinking”), recoloco-as todas aqui, juntas… destacando porém o video DESTA atual “tertúlia”:
como mencionei acima, ficaram armazenadas várias cenas deste filme na minha “biblioteca de lembranças” – mas minha predileta deixei para o final…
Ela não é a famosa cena da morte de Joe Gideon (o “alter-ego” de Fosse que foi interpretado no cinema pelo magnífico Roy Scheider),na qual Ann e Ben Vereen aparecem, mas uma cena que se passa quando ele está em coma por causa de um enfarte…
Sua vida, suas mulheres, sua filha… todas passam por ali… e destacadamente Ann Reinking, no “Top” de seu extremo magnetismo cenico e cinematográfico, rouba totalmente, para mim, o Show…
Grande "All that Jazz", grande Ann…
e mais um gostinho de "Jazz" e Reinking...
REMEMBERING: Ann Reinking (Part II) 29.JUN.2012
Reinking é a criadora de uma passo de dança chamado “Raising the Roof” – eu juro que não sei qual é e morro de curiosidade para saber (se alguém souber, por favor me conte!).
Ela fez absoluta questão de incluir este passo na coreografia do número musical “We’ve got Annie” (do delicioso filme "Annie" de 1982 – infelizmente uma nova versão foi feita há poucos anos e não chega aos pés deste – pequeno - sucesso do cinema dos anos 80. Na Broadway porém havia sido o que se chama de um sucessão!)
Reinking, bailarina de coreografias muito mais “exigentes”, bailarina suprema de Bob Fosse e de seu estilo, comentou o seguinte sobre esta:
“A expressão de puro contentamento” ("the expression of pure joy").
E eu lhe dou toda a razão…
Que coreografia feliz !
Bom fim-de-semana a todos !
REMEMBERING: Ann Reinking (Part I) 07.JUN.2012
Reinking, atriz, bailarina e coreografa, aqui numa cena que nao faz parte das mais famosas de “All that Jazz”, um relato quase auto-biográfico de Bob Fosse no qual a propria Ann Reinking tem um papel práticamente auto-biográfico como sua “amante”.
“Everything old is new again” foi um pequeno sucesso de Peter Allen que teve uma pequena carreira e que foi o primeiro marido de Liza Minelli (que contou que ela nao sabia que ele era gay humoradamente disse: "Let me put it this way: I'll never surprise anybody coming home again as long as I live."). Música divertidíssima, animadissíma que nos faz sorrir...
Amo este número… e como posso descreve-lo da forma mais adequada e simples?
Sim, por ser absolutamente simples e cheio de vida!
De fato ele "transborda" vida. Coisa boa!
Amo Reinking, brincando, bem-humorada, linda, simples…
com as pernas mais invejadas dos anos 70 e 80… que corpito!!!!
E quanto talento! Estas cenas fazem "bem" à minha alma...
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
sábado, 19 de janeiro de 2013
Close-up: Pawla Kuczyńskiego
Há algumas semanas atrás tive a grande sorte de ser introduzido ao trabalho do artista polones Pawla Kuczyńskiego, pelo meu querido amigo Mauri Aklander; pessoa questionadora, sempre em busca de novos artistas, novas dimensões… bem… «filho de peixe peixinho é» (Vejam a postagem que fiz sobre sua mãe, a artista plástica, Ruth Palatnik Aklander em 29.07.2012).
Pawla, nascido em 1976, é muitas vezes descrito como um “chargista”.
Não concordo exatamente por achar que seu trabalho excede esta nomenclatura.
Sua preocupação central, seja com o terceiro mundo, seja com «la merde» que os políticos falam, seja com guerras, tem, para mim, uma outra dimensão… social, política, economica, humana… juntando às vezes até uma colherada de poesia...
Mas não irei me extender com palavras descrevendo o que voces podem ver e sentir observando seu trabalho… seria como narrar um filme que pode ser assistido, narrar um livro que pode ser lido ou um Ballet que poder ser visto…
Desfrutem deste lindo trabalho do jovem artista polones que, provávelmente, ainda muito nos dará… Aqui uma curta seleção de seu trabalho:
domingo, 13 de janeiro de 2013
Gelsey Kirkland & Baryshnikov: Themes and Variations (Balanchine)
Ohhh, Gelsey Kirkland... Gelsey e seus braços...
Como sempre palavras parecem supérfluas para tentar descrever o que Gelsey faz em cena.
O que vemos em Gelsey quando está em cena.
E o que sentimos.
Maravilhoso o fato que podemos rever estes poucos e raros vídeos de uma carreira que foi tão rica...e infelizmente tão curta!
E para quando voces tiverem 34 Minutos disponíveis...
aqui o Ballet completo ( e "de lambuja" uma interessante entrevista com Gelsey).
Mr.B. como sempre, danadinho!
Ladies and Gentlemen,
Gelsey & Baryshnikov, Americam Ballet Theatre, 1978.
Those sure were the good old days!
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domingo, 6 de janeiro de 2013
Nunca é realmente tarde para se realizar um Sonho (ou "Le Spectre de la Rose").
Lillian Gish ( 1893 – 1993), lenda do cinema e teatro americano a quem eu já deveria ter dedicado 20 “tertúlias”, trabalhou de 1912 a 1987 sendo uma das poucas pioneiras do Cinema mudo que fez uma real carreira no cinema sonoro…
Spectre de la Rose foi assitido pela primeira vez nos U.S.A. (e também por Lillian Gish) em 1916, bailado por Vaslav Nijinsky e Tamara Karsavina… o primeiro Ballet a ser dançado no “Met”. Trabalho que juntou, além dos grandes bailarinos, os talentos do compositor Weber, de Leon Bakst nos cenários e figurinos, do coreógrafo Michel Fokine…
(acima filme "fake" feito de fotos de Nijinsky e Karsavina, bonito trabalho mas não verdadeiro - infelizmente não existe nenhum material filmado de Nijinsky)
Patrick Dupond, que no filme “She dances alone” foi Nijinsky ao lado de Kyra Nijinsky (na vida real filha de Vaslav), teve uma grande época na Ópera de Paris e no Ballet internacional nos anos 70 e 80… Eu tive a grande felicidade de assistí-lo com "Les Etoíles" da Ópera de Paris ainda no Rio...
Mas o que uma coisa tem que ver com a outra? Temos que viajar à Metropolitan Opera House, N.Y. (ou o „Met“ como é chamado íntimamente por seus fãs e frequentadores) que abriu suas portas em 22 de Outubro 1883 na Broadway entre a 39th e a 40th Street… (O prédio atual, no Lincoln Center, só foi inaugurado em 1966!).
Aos 100 anos de sua abertura foi organizado no Met um espetáculo que reuniu um “Who’s who” da Ópera Internacional: nomes, na época, atuais como Domingo, Sutherland, Pavarotti, Ludwig mas também nomes que já não mais estavam ativos nos palcos, como a húngara Martha Eggerth, como a brasileira (e no Brasil ignorada) Bidú Saião…
Mas nesta “Gala” uma atriz “roubou” o espetáculo… e realizou um sonho de toda uma vida… Lillian Gish. Para o “Spectre de la Rose” de Patrick Dupond, ela foi “A debutante” que adormece numa cadeira depois do seu primeiro baile... Ela, que era só 10 anos mais jovem que o Met, estava aqui com 9o anos. Linda no palco, elegante, classuda, digna, sendo amada, aplaudida e respeitada por não sei quantas gerações de fãs.
Lillian, a lenda que ainda viveria quase 10 anos e que faleceria só em 1993 – pouco tempo antes de cumprir o seu centésimo aniversário. Mulher culta, bela na sua idade, em qualquer idade e cheia de dignidade – sem aquelas deformações que as plásticas, silicones e botoxes “da vida” fizeram em tantas outras que hoje em dia andam por aí com 90 anos parecendo bruxas… não, parecendo não, como perfeitas bruxas… Não deveriam deixar pessoas assim sair à rua : assustam as crianças… :-)
Como ela mesmo diz na introdução do vídeo, depois de ter assistido Les Ballets Russes e Nijinsky, este virou o seu grande sonho… fez aulas de dança com Ruth St.Dennis mas nem o tempo, nem sua carreira no Cinema (e depois no Teatro) e nem já sua idade na época lhe permitiram fazer este “dream come true” . Para esta curta aparição ela foi ensaiada nor ninguém menos que Natalia Makarova, que aprendeu este papel diretamente de sua criadora, Karsavina. Que Début para Lillian Gish aos 90 anos!
Ela realmente esperou muito mas quando finalmente estreiou, a produção foi perfeita! (Abaixo Karsavina ensaiando o papel da Debutante com Fonteyn).
Como me deixou feliz assistir este video. E, principalmente, este outro “enfoque”, esta outra leitura do ballet que automáticamente “aconteceu” na minha cabeça: porque uma Senhora de 90 anos não pode estar a sonhar (ou a relembrar?) com o amor, com o Espectro da Rosa? Coisa linda. Plena.
Ao assistir e reassistir, fiquei com saudades dela e daquele rostinho para sempre “moço” que assisti pela última vez em “The Whales of August”, filme magnífico e humano, ao lado de Bette Davis (1987).
Como esta homenagem me emocionou...
Amei mais uma vez , e de outra forma, este Ballet que vem da magnífica tradição e época única na história dos “Les Ballets Russes” e de Fokine, Bakst, Nijinsky, Diaghilev, Karsavina…. Nao é mera coincidência que tantos talentos se reunam assim, numa época, num devido lugar… coincidências assim definitivamente não existem!
Minha alma se encheu de melancolia ao ver um jovem Patrick Dupond antes do terrível desastre que em 2000, aos 40 anos (somos da mesma idade) deixou-o impossibiltado de recuperar-se físicamente para o Ballet e prosseguir com sua brilhante carreira.
Sobre Gish só me resta dizer, melhor, repetir uma expressão inglesa que acho muito adequada, apropriada à ela:
“There are people who get old and people that age” (Existem pessoas que ficam velhas e pessoas que ficam com idade).
Sim... pessoas que ficam velhas e outras que ficam com idade! Voces "vem" ao que me refiro?
Esta é a real essencia desta Tertúlia… este “querer realizar um sonho”, mesmo que com idade, é o que faz a diferença. Toda a diferença. É o que nos mantém vivos, jovens… Só quando deixamos de sonhar é que nos tornamos velhos... E este é também o tema central de “The Whales of August”, filme que profundamente recomendo.
Dedicando esta tertúlia à todas as dignas Senhoras de idade, digo só:
Obrigado Lillian por esta sábia licão de vida: Nunca é realmente tarde para se realizar um Sonho…
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Wiener Staatsballet, Concerto de Ano-Novo... o início do meu Ano-Novo...
Começar o Ano-Novo sem assistir o Concerto de Ano-Novo é para mim inconcebível.
Meu ano realmente só começa MESMO com o som de Strauss, acareciando minha alma… Highlight para “Les Balletomanes” é a irresistível “Valsa do Danúbio Azul” MAS existem outros momentos nos quais os bailarinos do Wiener Staatsballet aparecem…
Como nesta maravilhosa apresentação do dia 1/1/2010 na qual o solista principal é o “Premier Danseur” de nossa Ópera, o meu querido amigo Vladimir Shishov! (ainda sob a direção de Renato Zanella – que está hoje na Ópera de Athenas - e com excelentes, originais figurinos de Valentino no nosso Museu de História da Arte/ Kunsthistorisches Museum!). Abaixo Vladimir na última produção de "O Quebra-Nozes" na nossa Ópera.
Divirtam-se com esta Tertúlia cheia de música… e cores!
E como estou hoje “bonzinho” depois de ter ontem tomado uma série de resoluções para o Novo Ano, ainda dou de lambuja um outro número (desta vez no Palácio Belvedere com conhecidos como Eno Peçi, Davide Dato e Shane Wuerthner entre outros) para voces:
“An der schönen blauen Donau” (1/1/2012)
Será que voces reconhecerão esta velha melodia? :-)
Hoje às 11:15 horas o Concerto de 2013 inicia... querem passar para o nosso Café que se transforma até as 14:00 horas num Brunch?
De qualquer forma, quero com esta "Tertúlia" dividir com voces como o Ano para mim começa - e isto no dia em o ano começa!
Um lindo 2013 para todos nós!
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