quinta-feira, 8 de novembro de 2012

...e o tempo passou "na janela": The Boy next Door


Hollywood dos anos 40, 50 e até 60 nos presenteou com muitas cenas «de janela».
Nelas as atrizes e heroínas deixavam o interior de seus lares para olhar para o mundo lá fora. Mas sempre protegidas ao mesmo tempo pelo teto e segurança da sua casa, de seu lar.
Com um pé dentro e o outro fora…

A “janela” transformou-se assim num símbolo, na “fronteira” entre o lar, a vida familiar e a descoberta do amor…

Penso em tantas: Audrey Hepburn cantando “Moon River” em “Breakfast at Tiffany’s”, em Monroe flertando de sua janela em “The seven year’s Itch”, de June Allyson e Janet Leigh curiosas com o vizinho (Peter Lawford) em “Little Women”, em Bette Davis olhando a neve no trágico "All this and heaven too" e mais notávelmente na mudança que a “janela” exerce sobre o personagem de Grace Kelly em “Rear window”.
Sem a “janela” ela nao teria transformado-se numa mulher inteira…

Mas ainda é o personagem de Judy Garland, Esther, de “Meet me in St. Louis” (MGM, 1944) que tem todo o fascínio do, diga-se de passagem, «filme família» e do simbolismo da janela nos anos 40! Esther definitivamente me "cativou".


Jeanne Crain (acima) teve em “State Fair” (cinco anos depois de “Louis”) uma cena que foi óbviamente baseada na linguagem visual de Vincente Minnelli (diretor de «Louis»), no “sonho durante o dia”, no simbolismo da janela e de ver “o tempo passar nela” (no qual canta a linda “It might as well be Spring”), expressão aliás eternizada por Chico Buarque de Hollanda em sua romantica (e eterna) “Carolina”.
Mas Crain está "só" sonhando.
Está ausente do que se passa ao seu redor...


Definitivamente é a curiosidade de Garland sobre o “Boy next door” que me fascina…
Apesar de estar “day dreaming” ela está atenta, alerta, concentrada, interessada, se apaixonando…

Curiosa sobre o mundo lá fora…

Querendo ser parte dele...


Do início ao fim esta cena nos conquista: o olhar de Garland, seu indescritível magnetismo e charme, sua roupinha com a qual chegou em casa depis de jogar tenis (óbviamente sem estar suada e desarrumada!), a voz metálica, a linda música e o "Close-up" final.
Este sim, mais do que magnífico...

Viva a dupla “Minnelli/Garland” (no seu primeiro trabalho juntos) por nos dar momento tão fresco, romantico e poético!

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