O que é a verdade? Todos nós, em alguma altura de nossas vidas, já fizemos esta mesma pergunta…
“Les Girls” (MGM, 1957) é práticamente um musical esquecido. Apesar de ter sido maravilhosamente recebido pela crítica e público em 1957, não conseguiu um “lugar ao sol” na história do musical de Hollywood. Assim como “Silk Stockings” (com Cyd Charisse e Fred Astaire, MGM 1957) o score foi composto por Cole Porter (em “Girls” no seu último trabalho para o Cinema, “Meias de Sêda” tinha sido feito para a Broadway e interpretado por Hildegard Kneff e Don Ameche). Os dois musicais representam o “Canto do Cisne” da MGM no que diria respeito à musicais. Gone were the “good ol’ days”… Muitos seriam ainda feitos em outras companhias (“South Pacific”, “The Music Man” etc.) mas nada pode se comparar aos musicais da era dourada da Metro – mesmo nos anos 50!
“Les Girls” é talvez o mais “filosófico” dos musicais da Metro já que se preocupa com uma pergunta eterna: “O que é a verdade?”.
Dirigido pelo “mestre” George Cukor (“A woman’s director”), que aqui simplesmente “arranca” fantásticas interpretações da “desconhecida” finlandesa Taina Elg (que anos depois arrasaria no musical “Irma la Douce” na Broadway), da “reinventada” Mitzi Gaynor (que até então só tinha feitos papéis “sexy” na Fox e que por causa de “Girls” ganharia no ano seguinte o cobiçado papel de Nellie em “South Pacific”) e da eterna Kay Kendall… Ah… Bonita, engraçada, sofisticada, amorosa, incandescente, hilária, trágica Kay… nos seus tres únicos filmes em Hollywood Kendall conquistaria todos nós… para sempre! Esposa de Rex Harrison, conhecida só na Inglaterra do clássico “Geneviéve” – uma maravilha MUITO recomendável de filme – ela faleceria de leucemia em 1959… Ela tinha um perfil “aristocrático ingles” que era muito difícil de ser fotografado. Ela “agradecia” este perfil a um acidente de carro e a um cirurgião plástico ingles. Ela disse para Dirk Bogarde: “The surgeon had only two noses in his repertoire, "this one and the other one…”. Mais sobre a fabulosa Kay outro dia aqui nas Tertúlias).
Além de várias outras distinções (inclusive ser o último «real» musical de Kelly) «Les Girls» é um dos poucos musicais de Hollywood que mostram um palco como um real palco… e não como um estúdio da Metro que “derepente” cabe num pequeno teatro de variedades. Me refiro à uma única cena: “Ladies in Waiting” – todas as tres versões dela inclusive aquela na qual Kay Kendall está completamente bebada (e tão hilária quanto na cena em que canta “La Habanera”) e nos conquista definitivamente…
A linha do roteiro de “Les Girls” pode parecer muito simples mas o filme tem um encanto. O “plot” é contado de tres pontos de vista diferentes num tribunal…
Um detalhe que amo: em frente ao prédio do Tribunal anda durante todo o filme um homem que leva um cartaz (aqueles que antigamente eram chamados de “Sandwich”) com as seguintes palavras: “What's Truth?”. E como sua presença “incomoda” a todos que acabaram de dar seu depoimentos deixando-os completamente constrangidos, aflitos… Um dos detalhes mais ignorados do filme e, para mim, de suma importancia na linha dramática da estória. Sensacional!
Esta linha dramática, este “contar uma estória” é óbviamente inspirada pelo filme "Rashômon" de Akiro Kurosawa, que tinha sido feito alguns anos antes. George Cukor, que danadinho!
Vamos ser sinceros: quem pode dizer se uma pessoa disse a completa verdade ou só em parte? Ou se imparcialmente só contou parte dela? Todos nós, em alguma altura de nossas vidas, fomos vítimas de uma “verdade mal contada”, não é? Ou foi só por representar outro ponto de vista, outro "enfoque" da "nossa" verdade?
E a questão é deixada em aberto: Quem realmente pode julgar o que é a Verdade? O que é a Verdade?
P.S. Um detalhe simpático. Originalmente as tres “girls” teriam sido Cyd Charisse, Leslie Caron e Carol Haney – teria sido um outro filme mas imaginem só os números de dança... pensem nisso...
terça-feira, 28 de junho de 2011
quinta-feira, 23 de junho de 2011
REMEMBERING: Leontyne Price
Viena, 18.6.2011
Ontem acordei com o que chamo de “My Leontyne Price-Mood”. Entre meus vários CDs busquei um (capa abaixo) com «A» gravação de «Chi il bel Sogno de Doretta» de «La Rondine» (Puccini). Uma de suas interpretações que mais prezo, mais admiro… E fiquei pensando, refletindo sobre a carreira desta excepcional artista…
Que longo caminho percorreu esta menina de Laurel, Mississipi…
Filha de uma parteira e de um marcineiro que a encheram de amor (esperaram 13 anos pela “chegada” dessa criança em 1927), já na tenra infancia Leontyne demonstrou seu talento em relação à música. Com tres anos de idade seus pais lhe deram um piano de brinquedo – para logo colocá-la em aulas sérias com uma professora local. O “gramofone”da família foi vendido para interar o “sinal” de um piano verdadeiro para a menina Leontyne. A patroa de uma tia sua (que era lavadeira), Mrs. Chisholm, figura de influencia local, incentivou não só seus estudos de piano como também sua extraordinária voz.
O resto é história.
Com a ajuda financeira dos Chisholm e do baixo Paul Robeson (que deu um concerto beneficente para ela) ela pode aceitar uma bolsa de estudos na Julliard – pois seu “alvo” era tornar-se uma professora…
Uma revival de “Porgy and Bess” de Gershwin em 1953 mudaria sua vida. Neste mesmo ano o “Met” convidou-a para cantar com o Ensemble no Ritz Theater da Broadway para uma Gala de fins caritativos. Ela foi então a primeira afro-americana a cantar “com” o Met (apesar de não ter sido a primeira a cantar “no” Met).
Mais anos de muito estudo, definição de repertório, aprendizado em recitais, tournées pelos U.S.A., India e Australia seguiram… Até que em setembro de 1957 ela debutou no palco da Ópera (“Dialogues de Carmélites” de Poulenc). Antes ela já tinha sido convidada por Herbert von Karajan para debutar no Scala (sob sua regencia) em “Salomé”, ela porém declinou. Não sei realmente porque…
Em 1958 mais uma vez von Karajan convidou-a para «Aida» na Staatsoper em Viena – palco que seria muito importante para todo o resto de sua carreira, palco no qual foi declarada “Prima Donna assoluta”. Leontyne Price virou a cabeça do público vienense, revolucionou o mundo da Ópera aqui e tornou-se o ídolo dos estudantes que a carregavam desde a entrada dos artistas da Staatsoper até o Hotel Sacher, onde se hospedava.
No ano seguinte ela retornaria à Viena não só para repetir seu sucesso como “Aida” mas também para debutar como Pamina em “A flauta mágica” de Mozart. Sua pura voz e um “entendimento” mais do que simplesmente “gramático” do idioma alemão deram-lhe a facilidade de entender a delicadeza e projetar a leveza de um Mozart, assim como anos mais tarde abririam-lhe as portas para a complexidade das perfeitas, poéticas frases musicais de um Richard Strauss…
Depois de Viena seguiram-se “debuts” no Covent Garden, Arena di Verona e no “La Scala”.
Rudolf Bing, o temido diretor do Met, convidou-a para uma única performance de “Aida” no Met em 1958. Ela não aceitou, como lhe foi recomendado pelo seu “manager”: “Leontyne Price está destinada a ser uma grande artista. Quando ela debutar no Met, será como uma grande Dama, não como uma escrava”, disse ele.
Um ano mais tarde Bing a ouviu uma vez mais em Verona em “Il Trovatore” e a convidou para o Met – desta vez para vários papéis. Ela aceitou.
Ela debutou junto a Corelli em “Trovatore” (num, por ssim dizer “debut duplo”) e o público a ovacionou por 42 minutos! Um “record” até hoje na história dessa casa.
Entre os vários papéis que lhe foram oferecidos figurava também Cio-Cio-San de “Butterfly” que ao contrário da “lenda” foi interpretada SEM maquiagem branca .
Sua última “Ópera” foi “Aida” em 3 de janeiro de 1985. Uma carreira de 32 anos que ainda continuou em concertos e recitais em Hamburgo, Viena, Paris, Lucerna e no Festival de Salzburgo por mais 12 anos. Seu poder vocal foi fenomenal. Ela sempre alcançou os “High Cs” com muita facilidade – ela mesmo disse que, debaixo do chuveiro, alcançava regularmente também um “High F”. Fenomenal.
Inspiração de grandes artistas como Kiri Te Kanawa, admirada por «colegas de profissão» como Pavarotti (“Só poucas cantoras conseguem encher um “Hall” para um concerto ou um recital: Joan Sutherland, Leontyne Price e Marilyn Horne”), Placido Domingo (“O mais lindo Soprano de Verdi que até hoje ouvi”) e até Callas (“Eu ouço muito amor em sua voz”).
Leontyne recebeu muitas homenagens em sua bela carreira – a última em 2008 “Honoree at National Endowment for the Arts Opera Honors”.
Ela vive em Greenwich Village.
Gostaria de deixar aqui dois momentos, bem diferentes, de sua fase concertante. A ária de «La Rondine» ao qual me referi quando comecei a escrever esta postagem… o que ouvi ontem…
Que momento supremo!!!!
…e, já celebrando o (nosso) verão que entrará dia 21... “Summertime” de Gershwin. "Carro-chefe" que ela nunca esqueceu apesar de que técnicamente não se compara ao canto lírico que a tornou famosa em todo o mundo. Eu adoro...
Eterna Leontyne Price!!!
Ontem acordei com o que chamo de “My Leontyne Price-Mood”. Entre meus vários CDs busquei um (capa abaixo) com «A» gravação de «Chi il bel Sogno de Doretta» de «La Rondine» (Puccini). Uma de suas interpretações que mais prezo, mais admiro… E fiquei pensando, refletindo sobre a carreira desta excepcional artista…
Que longo caminho percorreu esta menina de Laurel, Mississipi…
Filha de uma parteira e de um marcineiro que a encheram de amor (esperaram 13 anos pela “chegada” dessa criança em 1927), já na tenra infancia Leontyne demonstrou seu talento em relação à música. Com tres anos de idade seus pais lhe deram um piano de brinquedo – para logo colocá-la em aulas sérias com uma professora local. O “gramofone”da família foi vendido para interar o “sinal” de um piano verdadeiro para a menina Leontyne. A patroa de uma tia sua (que era lavadeira), Mrs. Chisholm, figura de influencia local, incentivou não só seus estudos de piano como também sua extraordinária voz.
O resto é história.
Com a ajuda financeira dos Chisholm e do baixo Paul Robeson (que deu um concerto beneficente para ela) ela pode aceitar uma bolsa de estudos na Julliard – pois seu “alvo” era tornar-se uma professora…
Uma revival de “Porgy and Bess” de Gershwin em 1953 mudaria sua vida. Neste mesmo ano o “Met” convidou-a para cantar com o Ensemble no Ritz Theater da Broadway para uma Gala de fins caritativos. Ela foi então a primeira afro-americana a cantar “com” o Met (apesar de não ter sido a primeira a cantar “no” Met).
Mais anos de muito estudo, definição de repertório, aprendizado em recitais, tournées pelos U.S.A., India e Australia seguiram… Até que em setembro de 1957 ela debutou no palco da Ópera (“Dialogues de Carmélites” de Poulenc). Antes ela já tinha sido convidada por Herbert von Karajan para debutar no Scala (sob sua regencia) em “Salomé”, ela porém declinou. Não sei realmente porque…
Em 1958 mais uma vez von Karajan convidou-a para «Aida» na Staatsoper em Viena – palco que seria muito importante para todo o resto de sua carreira, palco no qual foi declarada “Prima Donna assoluta”. Leontyne Price virou a cabeça do público vienense, revolucionou o mundo da Ópera aqui e tornou-se o ídolo dos estudantes que a carregavam desde a entrada dos artistas da Staatsoper até o Hotel Sacher, onde se hospedava.
No ano seguinte ela retornaria à Viena não só para repetir seu sucesso como “Aida” mas também para debutar como Pamina em “A flauta mágica” de Mozart. Sua pura voz e um “entendimento” mais do que simplesmente “gramático” do idioma alemão deram-lhe a facilidade de entender a delicadeza e projetar a leveza de um Mozart, assim como anos mais tarde abririam-lhe as portas para a complexidade das perfeitas, poéticas frases musicais de um Richard Strauss…
Depois de Viena seguiram-se “debuts” no Covent Garden, Arena di Verona e no “La Scala”.
Rudolf Bing, o temido diretor do Met, convidou-a para uma única performance de “Aida” no Met em 1958. Ela não aceitou, como lhe foi recomendado pelo seu “manager”: “Leontyne Price está destinada a ser uma grande artista. Quando ela debutar no Met, será como uma grande Dama, não como uma escrava”, disse ele.
Um ano mais tarde Bing a ouviu uma vez mais em Verona em “Il Trovatore” e a convidou para o Met – desta vez para vários papéis. Ela aceitou.
Ela debutou junto a Corelli em “Trovatore” (num, por ssim dizer “debut duplo”) e o público a ovacionou por 42 minutos! Um “record” até hoje na história dessa casa.
Entre os vários papéis que lhe foram oferecidos figurava também Cio-Cio-San de “Butterfly” que ao contrário da “lenda” foi interpretada SEM maquiagem branca .
Sua última “Ópera” foi “Aida” em 3 de janeiro de 1985. Uma carreira de 32 anos que ainda continuou em concertos e recitais em Hamburgo, Viena, Paris, Lucerna e no Festival de Salzburgo por mais 12 anos. Seu poder vocal foi fenomenal. Ela sempre alcançou os “High Cs” com muita facilidade – ela mesmo disse que, debaixo do chuveiro, alcançava regularmente também um “High F”. Fenomenal.
Inspiração de grandes artistas como Kiri Te Kanawa, admirada por «colegas de profissão» como Pavarotti (“Só poucas cantoras conseguem encher um “Hall” para um concerto ou um recital: Joan Sutherland, Leontyne Price e Marilyn Horne”), Placido Domingo (“O mais lindo Soprano de Verdi que até hoje ouvi”) e até Callas (“Eu ouço muito amor em sua voz”).
Leontyne recebeu muitas homenagens em sua bela carreira – a última em 2008 “Honoree at National Endowment for the Arts Opera Honors”.
Ela vive em Greenwich Village.
Gostaria de deixar aqui dois momentos, bem diferentes, de sua fase concertante. A ária de «La Rondine» ao qual me referi quando comecei a escrever esta postagem… o que ouvi ontem…
Que momento supremo!!!!
…e, já celebrando o (nosso) verão que entrará dia 21... “Summertime” de Gershwin. "Carro-chefe" que ela nunca esqueceu apesar de que técnicamente não se compara ao canto lírico que a tornou famosa em todo o mundo. Eu adoro...
Eterna Leontyne Price!!!
Marcadores:
Memórias...,
Musica,
Opera,
REMEMBERING,
Vien,
Viena
sábado, 18 de junho de 2011
REMEMBERING: On such a night as this... de Jeanette MacDonald e Liza Minelli a Michael Feinstein e Greta Keller...
Sabendo que minha amiga Danielle Crepaldi gosta muito de Jeanette MacDonald, dedico-lhe com muito carinho esta postagem que, acho, vai dar-lhe uma nova informação sobre uma não mais tão jovem Jeanette!
Na semana passada estava ouvindo no carro o último CD de Liza Minelli que chama-se “Confessions” – um “relato” bem honesto sobres suas canções preferidas, aquelas que ela costumava cantar depois dos shows, junto aos seus companheiros de teatro – aqueles momentos íntimos nos quais a classe artística “entertain” a classe artística… momentos que existem até hoje no bar do “Algonquin” na 44th Street em N.Y..
Este “álbum” parece ter sido feito em momentos de grande dificuldade na vida de Liza – antes e depois de uma operação que fez. Tudo acompanhado do sabor amargo de “dor” e “recuperação”. Chapeau para esta artista que não só escolheu material musical perfeito para sua voz e técnica momentaneas, como também por ter passado “por cima” da dor…
Entre as canções que interpreta, uma se destacou imensamente para mim: “On such a night as this”. Quanto mais a ouvia, mais parecia-me já conhece-la… seu texto melancólico “conta” de Julieta, Gershwin, Wagner, Robert Taylor, Garbo, Judy Garland e Jeanette Mac Donald!
Sua melodia ficou gravada na minha cabeça e eu me “peguei” cantarolando-a durante dias…
Ontem me lembrei de onde a conhecia… e loucamente comecei a mexer em tres gavetões lotados de cassetes que não são tocados há anos !
Finalmente encontrei um de Michael Feinstein chamado „Live at the Algonquin“ (mais uma vez o Algonquin… e os shows dados no famoso “Oak Room” que foi gerenciado muitos anos por uma cantora austríaca que nao só cantava como também cozinhava (no “Oak Room” do Algonquin pode-se jantar muito bem) em sete línguas: Greta Keller
(para quem não a conhece basta ouvir na trilha sonora de “Cabaret” a canção “Heiraten”).
De volta a Michael Feinstein. Sim, foi ele que ressucitou esta esquecida canção de Hugh Martin (compositor entre outras de grandes sucessos de Garland como «The trolley Song », «Have yourself a merry little Christmas “, “The boy next door” e de cinco musicais da Broadway!).
Mas porque “esquecida”?
Em 1962 Marshall Barer e Hugh Martin estavam escrevendo o « score » de um novo musical para a Broadway. Este deveria ser chamado “A little Night Music” (título que não tem nenhuma relação com o musical de Stephen Sondheim composto mais tarde).
O show estava sendo escrito especialmente para duas pessoas: a veterana do cinema (e de recitais) Jeanette MacDonald e uma jovem menina que começava a “despontar”, Liza Minelli.
MacDonald, já uma “quase sessentona”, estava bem longe dos seus dias “glamourosos” na Metro e de sua muito especial, singular beleza…
Este número, um dueto cantado por MacDonald e Minelli, deveria “se passar” com as duas índo de set a set no velho Backlot da MGM!
Que fantástica idéia – ouvir a própria Jeanette cantando sobre ela mesma e Liza sobre sua mae!
There’s something in the air that you can sense
Elusive but unbearably intense
The Stars are hanging there in bright suspense
As they prepare to light immense events
On such a night as this
did young Lorenzo swear
he’d gladly swim a thousand seas
to please his lady fair?
On such night
did Wagner write
“The evening star”?
‘Neath such a moon
stood Lorna done
and Lochinvar?
On such a night as this
Did gentle Juliet cry
“Forget that I’m a Capulet
and set me by thy side”?
Hurry, my sweet
Wings on your feet
You musn’t miss
The sheer delight
On such a night
as this
‘Twas such a night as this
when Judy Garland swore
“I just adore him
How I can ignore the boy next door”?
On such a night
Did Gershwin write
His Rhapsody ?
On such a set
did young Jeanette
sing, “Lover come back to me”?
On such a night as this
Did Robert Taylor sigh
As Garbo gave a little cough
And wandered off to die?
Lately I find
I’m disinclined
To reminisce
Except, perhaps
On such a night as this…
Aqui Tod Hall num momento "romantico" com "On such a night as this"!
Outro detalhe da produção – ao meu ver também muito interessante – foi uma outra composição chamada “Wasn’t it romantic?”.
Jeanette tinha cantado em “Love me tonight” (com Maurice Chevalier) a canção intitulada “Isn’t it romantic?”.
Uma cena pedia que uma MacDonald mais velha cantasse “Wasn’t it romantic?” simultaneamente a imagem de uma jovem MacDonald, numa tela, na cena de “Love me tonight” cantando “Isn’t it romantic?”.
Que idéia sensacional…
Mas MacDonald adoeceu gravemente com um problema coronário do qual já sofria desde os anos 50 e que seria para ela fatal. O projeto foi esquecido, Liza estreiou em “Flora, the red Menace” e estas canções caíram no “limbo” do esquecimento. Agora foram ressucitadas.
Uma pena o mundo não ter visto “A little Night Music”.
Agora nos resta a memória destas melodias e muita imaginação…
Na semana passada estava ouvindo no carro o último CD de Liza Minelli que chama-se “Confessions” – um “relato” bem honesto sobres suas canções preferidas, aquelas que ela costumava cantar depois dos shows, junto aos seus companheiros de teatro – aqueles momentos íntimos nos quais a classe artística “entertain” a classe artística… momentos que existem até hoje no bar do “Algonquin” na 44th Street em N.Y..
Este “álbum” parece ter sido feito em momentos de grande dificuldade na vida de Liza – antes e depois de uma operação que fez. Tudo acompanhado do sabor amargo de “dor” e “recuperação”. Chapeau para esta artista que não só escolheu material musical perfeito para sua voz e técnica momentaneas, como também por ter passado “por cima” da dor…
Entre as canções que interpreta, uma se destacou imensamente para mim: “On such a night as this”. Quanto mais a ouvia, mais parecia-me já conhece-la… seu texto melancólico “conta” de Julieta, Gershwin, Wagner, Robert Taylor, Garbo, Judy Garland e Jeanette Mac Donald!
Sua melodia ficou gravada na minha cabeça e eu me “peguei” cantarolando-a durante dias…
Ontem me lembrei de onde a conhecia… e loucamente comecei a mexer em tres gavetões lotados de cassetes que não são tocados há anos !
Finalmente encontrei um de Michael Feinstein chamado „Live at the Algonquin“ (mais uma vez o Algonquin… e os shows dados no famoso “Oak Room” que foi gerenciado muitos anos por uma cantora austríaca que nao só cantava como também cozinhava (no “Oak Room” do Algonquin pode-se jantar muito bem) em sete línguas: Greta Keller
(para quem não a conhece basta ouvir na trilha sonora de “Cabaret” a canção “Heiraten”).
De volta a Michael Feinstein. Sim, foi ele que ressucitou esta esquecida canção de Hugh Martin (compositor entre outras de grandes sucessos de Garland como «The trolley Song », «Have yourself a merry little Christmas “, “The boy next door” e de cinco musicais da Broadway!).
Mas porque “esquecida”?
Em 1962 Marshall Barer e Hugh Martin estavam escrevendo o « score » de um novo musical para a Broadway. Este deveria ser chamado “A little Night Music” (título que não tem nenhuma relação com o musical de Stephen Sondheim composto mais tarde).
O show estava sendo escrito especialmente para duas pessoas: a veterana do cinema (e de recitais) Jeanette MacDonald e uma jovem menina que começava a “despontar”, Liza Minelli.
MacDonald, já uma “quase sessentona”, estava bem longe dos seus dias “glamourosos” na Metro e de sua muito especial, singular beleza…
Este número, um dueto cantado por MacDonald e Minelli, deveria “se passar” com as duas índo de set a set no velho Backlot da MGM!
Que fantástica idéia – ouvir a própria Jeanette cantando sobre ela mesma e Liza sobre sua mae!
There’s something in the air that you can sense
Elusive but unbearably intense
The Stars are hanging there in bright suspense
As they prepare to light immense events
On such a night as this
did young Lorenzo swear
he’d gladly swim a thousand seas
to please his lady fair?
On such night
did Wagner write
“The evening star”?
‘Neath such a moon
stood Lorna done
and Lochinvar?
On such a night as this
Did gentle Juliet cry
“Forget that I’m a Capulet
and set me by thy side”?
Hurry, my sweet
Wings on your feet
You musn’t miss
The sheer delight
On such a night
as this
‘Twas such a night as this
when Judy Garland swore
“I just adore him
How I can ignore the boy next door”?
On such a night
Did Gershwin write
His Rhapsody ?
On such a set
did young Jeanette
sing, “Lover come back to me”?
On such a night as this
Did Robert Taylor sigh
As Garbo gave a little cough
And wandered off to die?
Lately I find
I’m disinclined
To reminisce
Except, perhaps
On such a night as this…
Aqui Tod Hall num momento "romantico" com "On such a night as this"!
Outro detalhe da produção – ao meu ver também muito interessante – foi uma outra composição chamada “Wasn’t it romantic?”.
Jeanette tinha cantado em “Love me tonight” (com Maurice Chevalier) a canção intitulada “Isn’t it romantic?”.
Uma cena pedia que uma MacDonald mais velha cantasse “Wasn’t it romantic?” simultaneamente a imagem de uma jovem MacDonald, numa tela, na cena de “Love me tonight” cantando “Isn’t it romantic?”.
Que idéia sensacional…
Mas MacDonald adoeceu gravemente com um problema coronário do qual já sofria desde os anos 50 e que seria para ela fatal. O projeto foi esquecido, Liza estreiou em “Flora, the red Menace” e estas canções caíram no “limbo” do esquecimento. Agora foram ressucitadas.
Uma pena o mundo não ter visto “A little Night Music”.
Agora nos resta a memória destas melodias e muita imaginação…
Marcadores:
Broadway,
Feinstein Michael,
Keller Greta,
MacDonald Jeanette,
Minelli Liza,
Musica,
REMEMBERING
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Makarova & Baryshnikov: Giselle (1977)
Depois de muito tempo sem ver um ballet, reencontrei esta maravilhosa performance de Makarova e Baryshnikov de 1977.
„Giselle“.
Meu Ballet preferido.
Mas acho que já repeti isso aqui inúmeras vezes!
Sem mais palavras.
Simplesmente me recostei, descruzei os bracos e deixei o maravilhoso talento destes dois grandes intérpretes fluir para dentro de mim e apoderar-se dos meus sentimentos... quanta emoção...
Ah, que tempos maravilhosos estes do ABT...
P.S. Andava «descansando» do mundo do Ballet – meio cansado de "fanatismo" de Ballet... Hoje fiz uma exceção e foi bom rever algo assim tão maravilhoso…
„Giselle“.
Meu Ballet preferido.
Mas acho que já repeti isso aqui inúmeras vezes!
Sem mais palavras.
Simplesmente me recostei, descruzei os bracos e deixei o maravilhoso talento destes dois grandes intérpretes fluir para dentro de mim e apoderar-se dos meus sentimentos... quanta emoção...
Ah, que tempos maravilhosos estes do ABT...
P.S. Andava «descansando» do mundo do Ballet – meio cansado de "fanatismo" de Ballet... Hoje fiz uma exceção e foi bom rever algo assim tão maravilhoso…
Marcadores:
ABT,
Ballet,
Baryshnikov Misha,
Makarova Natalia
quinta-feira, 9 de junho de 2011
The Shop around the Corner: Budapest, Chicago, New York…
Sou apaixonado por lojas antigas, lojas com “história”, com passado, com vida… Adoro esta atmosfera de um “estabelecimento” com “fundamentos”, sólido, estável… Luvarias, Chapelarias, Lojas de música, Livrarias...
„The Shop around the corner“ (MGM, 1940) com Margaret Sullavan (grande concorrente e alvo da cólera de Katharine Hepburn no início de sua carreira) e James Stewart, é um daqueles “filminhos” gostosos e simpáticos para se ver numa sessão da tarde de um dia de chuva.
Amo a atmosfera deste filme, da fotogtrafia, dos personagens, da “loja” de presentes no centro de Budapest. (o roteiro foi baseado numa peça de Miklós Lázló chamada “Parfumerie”).
Sob a direção do “mestre” Ernst Lubitsch, os personagens se desenvolvem de uma forma cheia de “fluidez”: dois empregados da loja que se odeiam (e sem a menor idéia que se correspondem…): Klara Novak (Sullavan) e Alfred Kralik (Stewart). O dono da loja, Sr. Matuschek (Frank Morgan, o “Mágico de Oz”), um outro empregado ganancioso, Ferencz Vadas (o grande ator Joseph Schildkraut), a “caixa”, uma senhora apaixonada pelo Sr.Matuschek, por quem é secretamente amada, Flora Kaczek (Sara Haden) e o engraçado e espirituoso “entregador”, Pepi Katona (maravilhosamente desempenhado por William Tracy) que nos dá os momentos mais simpáticos do filme!
Óbviamente a MGM não poderia deixar um “roteiro desses”, tão “perfeito para o público familiar” (amado e venerado por Louis B-Mayer) empoeirar em prateleiras e em 1949 uma segunda versão, dessa vez musical, foi feita: “In the good old Summertime”.
Dirigido sábiamente por Robert Z.Leonard, nesse “remake” o “plot” foi transferido de Budapest para uma Chicago no início do século XX. O que dá uma qualidade “de época” (bem fotogenica por sinal) ao filme.
Contou não só com grandes canções (como o Hit de 1906 de Eva Tanguay, “I don’t care”), lindo colorido, cenários e figurinos “ao nível” da Metro como também a com a presença de Judy Garland e Van Johnson (nos papéis principais, desta vez chamados de Veronica Fischer e Andrew Larkin), do meu queridíssimo (austríaco) S.Z. Sakall (no papel do Sr. Oberkugen, o dono da loja), da simpatissíssima Spring Byington (como a caixa, Nellie) e até Buster Keaton como um empregado/sobrinho do Sr. Oberkugen.
A camera e as cores nos levam de volta aos tempos das lojas com balcões de mogno, cheiro de Madeira e de um estilo todo “parisiense” como um “Magazin” (alguém ainda se lembra da “Barbosa Freitas” em Copacabana? Tinha móveis como os que ainda se encontram nas “Galeries Laffayette” em Paris ou no “Saks” e no “Bergdorf & Goodman” – minha favorita – na 5th Avenue em N.Y., só para citar algumas… Porque tudo isso é “aniquilado” no Brasil? Porque esta falta de consideração ao “tradicional”?).
Nesta versão a loja do Sr. Oberkugen é uma loja de música… o que dá à talentosa Judy chance de se esbaldar em várias canções da época…
como em “Meet me tonight in Dreamland”:
Judy parece ter-se literalmente “esbaldado” com o material "tradicional americano" que foi-lhe dado para cantar – insistindo até que a canção “Last Night when we were young” fosse incluída no filme… Essa porém foi cortada dele na edição final. Apesar de muito conhecida pelo “Soundtrack” do filme e até por uma outra gravação de Garland, “Last Night” só foi vista nas telas finalmente em 2004 no documentário ”Judy Garland: By myself”.
A produção de “Summertime” foi coroada por um momento muito pessoal de Garland. Para a cena final do filme ela escolheu, para o papel de sua filhinha com Van Johnson. Uma criança que no futuro nos traria muitos momentos inesquecíveis: sua própria filha, Liza Minelli, aqui em seu "debut" cinematográfico!
Se sou sincero, tenho que admitir que esta segunda versão me agrada muito mais do que a primeira. Ainda é mais adequada para se assistir numa tarde chuvosa na “Sessão da tarde”.
Não quero porém de nenhuma forma tirar o crédito de “The Shop” pois é um filme maravilhoso e bem mais denso e “complexo” do que “Summertime” (e que aliás foi selecionado para preservação no Registro cinematográfico nacional dos U.S.A. na Biblioteca do Congresso por ser “culturalmente, históricamente ou estéticamente significante”). É simplesmente uma questão de gosto… Quando o reassisto, me transporto para minha adolescencia… de volta às épocas da “Sessão das Duas”…
O musical da Broadway “She loves me” foi também baseado na mesma estória… Nunca veremos a produção cinematográfica da MGM, pela qual Blake Edwards e Julie Andrews (ambos em fases tenebrosas e bem frustrantes de suas carreiras) foram pagos US$ 1 milhão para NÃO fazer o filme… humilhação esta jamais sofrida anterior- ou posteriormente por membros da profissão…
(como confirmado num artigo de 1973: "Blake Edwards and Julie Andrews are reportedly being paid 1 million dollars settlement by MGM not to shoot their previously committed film, She Loves Me").
O filme “You’ve got Mail" (1998) com Meg Ryan e Tom Hanks foi também baseado na mesma estória (alguém reparou que a loja nos quais os dois trabalham chama-se “The Shop around the corner”?). Não é realmente dos meus prediletos…
Mas porque hoje “lojas”? Na minha última estadia em N.Y. fiquei realmente decepcionado com a forma com a qual as livrarias lá estão desaparecendo…
Impressionante.
Triste!
No último dia porém tive uma grata supresa. Passeando na parte da manhã pelo Upper East Side entrei por acaso na rua 59 e entre a Lexington e a Park Avenue, ou seja, práticamente “just around the corner” do Waldorf Astoria, encontrei a “Shop” que estava buscando: Argosy Bookshop!!!!! A minha “Shop around the Corner”!
Um mundo fascinante de raros livros antigos, muitos assinados, autógrafos, "americana", fotos, gravuras, mapas…
Tudo isso “emoldurado” de madeiras, cultura (principalmente no atendimento), cantos de leitura, pilhas de livros, porão…
Consegui “Catalina” de W. Somerset Maugham (que buscava há anos)!
Caíram literalmente nas minhas mãos dois volumes com todas as “short-stories” de Maugham… Não foi o preço porém o peso dos dois livros que me “freiou” de comprá-los… já no avião tinha-me arrependido de ter tomado tal atitude… No dia seguinte à minha chegada à Viena já estava eu “on-line” em contato com um vendedor de “Argosy”, encomendando os livros… que chegaram na sexta-feira passada… Minha amiga Maurette já os viu "ao vivo" pelo Skype e vibrou... Lindos volumes de 1953 com capa de couro... como livros deveriam sempre ser!
Claro que eu adoraria muito ter um contato com uma livraria como Anne Bancroft o teve com Anthony Hopkins em “84 Charing Cross Road”, por cartas (Conhecem o filme?) mas os tempos de hoje nos permitem ser um pouco mais rápidos (e assim não correr o risco que de alguém comprar os volumes que me interessam).
Ontem mesmo já entrei em contato com Argosy de novo… procurando mais livros que meinteressam… desta vez Paul Gallico… Ah, e as fotos e volumes autografados por Nureyev, Baryshnikov, Sybley e Dowell, Peter Martins, Fonteyn… e as primeiras edições de Fitzgerald… Um mundo…
Como disse anteriormente: uma loja antiga (de 1925, by the way), com “história”, com passado, com vida… com a atmosfera de um “estabelecimento” com “fundamentos”, sólido, estável… Que beleza!
Finalizando – como resisitir? Judy Garland, danadinha, eterna e elétrica em „I don’t care!”.
Viva o celulóide!
„The Shop around the corner“ (MGM, 1940) com Margaret Sullavan (grande concorrente e alvo da cólera de Katharine Hepburn no início de sua carreira) e James Stewart, é um daqueles “filminhos” gostosos e simpáticos para se ver numa sessão da tarde de um dia de chuva.
Amo a atmosfera deste filme, da fotogtrafia, dos personagens, da “loja” de presentes no centro de Budapest. (o roteiro foi baseado numa peça de Miklós Lázló chamada “Parfumerie”).
Sob a direção do “mestre” Ernst Lubitsch, os personagens se desenvolvem de uma forma cheia de “fluidez”: dois empregados da loja que se odeiam (e sem a menor idéia que se correspondem…): Klara Novak (Sullavan) e Alfred Kralik (Stewart). O dono da loja, Sr. Matuschek (Frank Morgan, o “Mágico de Oz”), um outro empregado ganancioso, Ferencz Vadas (o grande ator Joseph Schildkraut), a “caixa”, uma senhora apaixonada pelo Sr.Matuschek, por quem é secretamente amada, Flora Kaczek (Sara Haden) e o engraçado e espirituoso “entregador”, Pepi Katona (maravilhosamente desempenhado por William Tracy) que nos dá os momentos mais simpáticos do filme!
Óbviamente a MGM não poderia deixar um “roteiro desses”, tão “perfeito para o público familiar” (amado e venerado por Louis B-Mayer) empoeirar em prateleiras e em 1949 uma segunda versão, dessa vez musical, foi feita: “In the good old Summertime”.
Dirigido sábiamente por Robert Z.Leonard, nesse “remake” o “plot” foi transferido de Budapest para uma Chicago no início do século XX. O que dá uma qualidade “de época” (bem fotogenica por sinal) ao filme.
Contou não só com grandes canções (como o Hit de 1906 de Eva Tanguay, “I don’t care”), lindo colorido, cenários e figurinos “ao nível” da Metro como também a com a presença de Judy Garland e Van Johnson (nos papéis principais, desta vez chamados de Veronica Fischer e Andrew Larkin), do meu queridíssimo (austríaco) S.Z. Sakall (no papel do Sr. Oberkugen, o dono da loja), da simpatissíssima Spring Byington (como a caixa, Nellie) e até Buster Keaton como um empregado/sobrinho do Sr. Oberkugen.
A camera e as cores nos levam de volta aos tempos das lojas com balcões de mogno, cheiro de Madeira e de um estilo todo “parisiense” como um “Magazin” (alguém ainda se lembra da “Barbosa Freitas” em Copacabana? Tinha móveis como os que ainda se encontram nas “Galeries Laffayette” em Paris ou no “Saks” e no “Bergdorf & Goodman” – minha favorita – na 5th Avenue em N.Y., só para citar algumas… Porque tudo isso é “aniquilado” no Brasil? Porque esta falta de consideração ao “tradicional”?).
Nesta versão a loja do Sr. Oberkugen é uma loja de música… o que dá à talentosa Judy chance de se esbaldar em várias canções da época…
como em “Meet me tonight in Dreamland”:
Judy parece ter-se literalmente “esbaldado” com o material "tradicional americano" que foi-lhe dado para cantar – insistindo até que a canção “Last Night when we were young” fosse incluída no filme… Essa porém foi cortada dele na edição final. Apesar de muito conhecida pelo “Soundtrack” do filme e até por uma outra gravação de Garland, “Last Night” só foi vista nas telas finalmente em 2004 no documentário ”Judy Garland: By myself”.
A produção de “Summertime” foi coroada por um momento muito pessoal de Garland. Para a cena final do filme ela escolheu, para o papel de sua filhinha com Van Johnson. Uma criança que no futuro nos traria muitos momentos inesquecíveis: sua própria filha, Liza Minelli, aqui em seu "debut" cinematográfico!
Se sou sincero, tenho que admitir que esta segunda versão me agrada muito mais do que a primeira. Ainda é mais adequada para se assistir numa tarde chuvosa na “Sessão da tarde”.
Não quero porém de nenhuma forma tirar o crédito de “The Shop” pois é um filme maravilhoso e bem mais denso e “complexo” do que “Summertime” (e que aliás foi selecionado para preservação no Registro cinematográfico nacional dos U.S.A. na Biblioteca do Congresso por ser “culturalmente, históricamente ou estéticamente significante”). É simplesmente uma questão de gosto… Quando o reassisto, me transporto para minha adolescencia… de volta às épocas da “Sessão das Duas”…
O musical da Broadway “She loves me” foi também baseado na mesma estória… Nunca veremos a produção cinematográfica da MGM, pela qual Blake Edwards e Julie Andrews (ambos em fases tenebrosas e bem frustrantes de suas carreiras) foram pagos US$ 1 milhão para NÃO fazer o filme… humilhação esta jamais sofrida anterior- ou posteriormente por membros da profissão…
(como confirmado num artigo de 1973: "Blake Edwards and Julie Andrews are reportedly being paid 1 million dollars settlement by MGM not to shoot their previously committed film, She Loves Me").
O filme “You’ve got Mail" (1998) com Meg Ryan e Tom Hanks foi também baseado na mesma estória (alguém reparou que a loja nos quais os dois trabalham chama-se “The Shop around the corner”?). Não é realmente dos meus prediletos…
Mas porque hoje “lojas”? Na minha última estadia em N.Y. fiquei realmente decepcionado com a forma com a qual as livrarias lá estão desaparecendo…
Impressionante.
Triste!
No último dia porém tive uma grata supresa. Passeando na parte da manhã pelo Upper East Side entrei por acaso na rua 59 e entre a Lexington e a Park Avenue, ou seja, práticamente “just around the corner” do Waldorf Astoria, encontrei a “Shop” que estava buscando: Argosy Bookshop!!!!! A minha “Shop around the Corner”!
Um mundo fascinante de raros livros antigos, muitos assinados, autógrafos, "americana", fotos, gravuras, mapas…
Tudo isso “emoldurado” de madeiras, cultura (principalmente no atendimento), cantos de leitura, pilhas de livros, porão…
Consegui “Catalina” de W. Somerset Maugham (que buscava há anos)!
Caíram literalmente nas minhas mãos dois volumes com todas as “short-stories” de Maugham… Não foi o preço porém o peso dos dois livros que me “freiou” de comprá-los… já no avião tinha-me arrependido de ter tomado tal atitude… No dia seguinte à minha chegada à Viena já estava eu “on-line” em contato com um vendedor de “Argosy”, encomendando os livros… que chegaram na sexta-feira passada… Minha amiga Maurette já os viu "ao vivo" pelo Skype e vibrou... Lindos volumes de 1953 com capa de couro... como livros deveriam sempre ser!
Claro que eu adoraria muito ter um contato com uma livraria como Anne Bancroft o teve com Anthony Hopkins em “84 Charing Cross Road”, por cartas (Conhecem o filme?) mas os tempos de hoje nos permitem ser um pouco mais rápidos (e assim não correr o risco que de alguém comprar os volumes que me interessam).
Ontem mesmo já entrei em contato com Argosy de novo… procurando mais livros que meinteressam… desta vez Paul Gallico… Ah, e as fotos e volumes autografados por Nureyev, Baryshnikov, Sybley e Dowell, Peter Martins, Fonteyn… e as primeiras edições de Fitzgerald… Um mundo…
Como disse anteriormente: uma loja antiga (de 1925, by the way), com “história”, com passado, com vida… com a atmosfera de um “estabelecimento” com “fundamentos”, sólido, estável… Que beleza!
Finalizando – como resisitir? Judy Garland, danadinha, eterna e elétrica em „I don’t care!”.
Viva o celulóide!
Marcadores:
Andrews Julie,
Broadway,
Garland Judy,
Hollywood,
Memórias...,
Musica,
Stewart James,
van Johnson
sexta-feira, 3 de junho de 2011
301 Park Ave., N.Y., Waldorf=Astoria: não só um belo endereço mas uma jóia do Art-Deco... You're the Top!
Durante minha vida aprendi uma coisa muito importante: to let it go (deixar ir, largar, soltar).
Como posso me expressar mais precisamente? Bem, se algo “se acabou” como, por exemplo, um trabalho, uma amizade, uma fase da vida, um relacionamento... Eu “deixo ir”, sei "soltar".
Let it go…
Mas existem momentos - por que são muito positivos - nos quais é muito difícil "soltar"...
Não consigo no momento “deixar uma boa memória" ir, desaparecer:
a semana que passei em New York há pouco tempo.
Dias repletos de harmonia, de divertimento e até de (como sempre em N.Y. – por mais que um a conheça) descobertas…
Pela primeira vez fiquei hospedado no Waldorf=Astoria (sim, sim, o nome oficial é com um hífen – uma das raríssimas palavras em portugues que terminam com um “n” - este o porque da expressão "Meet me at the hifen").
E um novo mundo de descobertas se abriu para mim.
Além do „grandeur“, ótimo serviço, bom gosto, impecáveis quartos, objetos de arte (que estátuas Art-deco mais maravilhosas no Bar principal) e simpatissíssimo „Staff“, um novo mundo abriu-se para mim, não só em termos de Art-Deco como também de história.
Agradecemos a existencia do Waldorf=Astoria, à uma disputa familiar: William Waldorf-Astor concorreu ao Senado e não conseguiu votos suficientes. Para “vingar-se” não só de parte de sua família (a que não o apoiou) como também dos “Four hundred” de Nova York, ele resolveu mudar-se para a Inglaterra, de lá administrar seus bens e mandou colocar abaixo sua mansão da Quinta Avenida para construir um hotel! Deve-se chamar atenção ao fato de que a Quinta Avenida na altura da 34th Street era a zona mais fina e residencial de Manhattan no final do século XIX. Um hotel era inadmissível, um escandalo na realidade.
O “Waldorf” foi inaugurado em 1893 e tinha 13 andares de altura.
O detalhe mais “sarcástico” dessa estória é o fato de que vizinha à esta propriedade se encontrava a mansão de sua tia, Mrs. Astor, líder da alta sociedade nova-yorkina (mesmo que composta só de novos ricos do "novo-mundo". Sua residencia ficou mais do que oprimida ao lado desse imenso hotel. Mrs Astor mandou construir uma outra mansão “Uptown” e abandonou sua casa e sua famosa sala de bailes (o porque dos “New York-four hundred” é fácilmente explicável: o salão de baile de Mrs. Astor, só acomodava 400 convidados… então a “Upper-crust” ficou resumida à 400 pessoas – quem não era convidado para esses famosos bailes não era “in”) .
Seu filho John Jacob Astor IV colocou a mansão abaixo e construiu, ao lado do Hotel Waldorf, o Hotel Astoria, que abriu suas portas em 1897 e era quatro andares mais alto que o Waldorf.
Os hotéis foram construídos como duas unidades separadas mas o Astoria foi planejado de uma forma que uma “conexão” poderia ser feita na altura do “Peacock-Room”.
“Peacock” é um pavão… e na última década do século XIX, suas plumas estavam en vogue para adornar os chapéus das senhoras. Como a sociedade feminina nova-yorkyna tinha descoberto os “almoços fora”, esta sala vivia cheias de senhoras e, óbviamente, destas plumas (como diria Stephen Sondheim na sua canção: The ladies who lunch…). À elas agradece seu nome. No atual Waldorf=Astoria existe um Peackcock-Room... apesar de chapéus não existirem, quanto menos plumas de pavão... e pouca gente sabe o porque desse nome.
A “disputa” ou “briga familiar” de certa forma acabou; eles esqueceram o assunto e os dois hotéis foram conectados, usando uma única recepção e dando início ao que até hoje conhecemos como “um templo” em questões de hoteleria. Este novo Hotel uniu o nome dos dois hotéis existentes: The Waldorf =Astoria. Na época o maior hotel do mundo, foi o primeiro a promover eventos caritativos, bailes de sociedade (ao qual todo o “who’s who” nova-yorkino comparecia) e a ter “Room-Service”, coisa até então desconhecida!
No final dos anos 20 do século XX a zona “posh” de Manhattan já tinha se mudado ou para “Upper Midtown” ou para “Uptown”. Foi comprada uma grande parcela na Park Avenue entre as 49th e 50Th Street para um novo hotel e o “antigo” Waldof=Astoria foi demolido para dar lugar a um outro marco da skyline de Manhattan: o Empire State Building (que, junto ao Chrysler Building, utiliza, da forma mais bonita que conheço,o uso de mármore em sua portaria. Art-Deco pura.)
O contrato para a construção do “novo” Waldorf=Astoria foi fechado horas antes do “Crash”, da queda da bolsa de 1929. Por pouco não teríamos o que é hoje um grande legado arquitetonico e histórico para N.Y.. O Waldorf=Astoria definitivamente pertence ao patrimonio cultural de N.Y..
As construções do “Waldorf-Astoria”, do “Empire State Building” e de parte do “Rockefeller Center” entre 1929 e 1933 foram grandes fatores de “ajuda” durante os anos da Depressão. Deram emprego a milhares de homens.
Se o Empire State foi construído num tempo “record” (14 meses), os 47 andares do Waldorf-Astoria demoraram um pouco mais .
Este só foi aberto ao público em 1933.
Na época ele transformou-se de novo no maior hotel do mundo (1508 quartos) e tinha um dos Night-Clubs mais interessantes de New York: o “Starlight Roof” (que infelizmente não mais funciona). Localizado no décimo-oitavo do edifício o seu teto era móvel, ou seja, em noites estreladas ou de lua, o teto se abria e os “customers” dançavam ao luar… isn't it romantic?
Aqui se apresentaram muitos nos anos 40 e 50: Frank Sinatra, a grande Rosemary Clooney (a tia de George, para quem não a conhece), Dinah Shore, Lena Horne...
É a “casa longe de casa” do presidente, onde, até hoje na suite presidencial, se encontra a cadeira de balanço de John F. Kennedy (Por falar em legados… Cole Porter e sua esposa, Linda, viveram nas “Towers” de 1934 a 1964. Seu piano, um maravilhoso “Steinway & Sons” está hoje em dia perto do Lobby da Park Ave. Eu o olhei com grande respeito, homenageando-o silenciosamente – Acho que Cole entendeu!)
Vale a pena pesquisar mais sobre a história deste maravilhoso hotel: só a cozinha é do tamanho do quarteirão e produz mais de 14.000 mil "meals" por dia! (O Waldorf=Astoria ocupa todo um quarteirão).
Não só Cole Porter mas também Marilyn Monroe, a colunista Elsa Maxwell (as duas, na próxima foto, na suite de Monroe), Bing Crosby viveram aqui (“Bing” teve que mudar-se das Towers para um andar mais baixo – sofria de medo de Alturas!). Assim como Frank Sinatra (que ficou com a suite 33a – a de Cole & Linda Porter!).
Ginger Rogers, Walter Pidgeon, Lana Turner e Van Johnson trabalharam em “Week-End at the Waldorf” (MGM, 1945), um remake de “Grand Hotel”, filmado on location no hotel!
Reis, rainhas, princípes e princesas – todos se hospedaram aqui. Grace Kelly e Rainier do Monaco celebraram aqui seu noivado.
O Hotel tem uma própria plataforma ferroviária subterranea (que pertence oficialmente à Grand Central Station na rua 42). Esta foi usada, entre outros, por Roosevelt – o elevador é imenso pois foi construído para o carro do presidente.
Todos os presidentes americanos, desde Roosevelt, viveram, quando em N.Y., no Waldorf=Astoria.
O Hotel criou a famosíssima “Waldorf Salad” (imortalizada num verso de “You’re the Top” de Porter: “You’re the Top, you’re a Waldorf salad…”)
E como sou um grande “eater” na hora do “Breakfast” estarei sempre grato ao Waldorf=Astoria pela criação de um dos maiores pecados culinários matinais: Eggs Benedict! God bless!!!!
Como meu pai os amava… Bem, filho de peixe, peixinho é…
Bem, como seja, não estou querendo deixar esses momentos passar… Aqueles momentos quando descia ao Lobby, tendo descansado dos passeios diários e arrumado, perfumado, tomava um Drink – às vezes só um copo de vinho tinto no Bar principal, antes de sair para jantar… Ouvindo os acordes do lindo relógio da Exposição Mundial… e o piano de “Sam” – uma maravilhosa pianista com quem fizemos amizade… Ela tocou para mim não só “Laura” como também “My melancholy Baby”… Ahhh, que vida boa!!! (E o Bartender, Tom, era amigo de Colin Donnel, que muito admirei em “Anything goes” – vide a postagem passada!)
P.S. uma dica: se voce tem alguma conta do Waldorf=Astoria… Se seus pais ou avós passaram a lua de mel lá ou alguém de sua família esteve lá… Não importa o ano: apresentando a conta original, o hotel ficará com a conta para o museu do hotel, mas lhe dará o mesmo preço pago na época…
P.S.2 Meu Lobby predileto: o da Park Ave.
P.S.3 Thanks Cole!
">
P.S.4 Obrigado Erich por este lindo presente!
Como posso me expressar mais precisamente? Bem, se algo “se acabou” como, por exemplo, um trabalho, uma amizade, uma fase da vida, um relacionamento... Eu “deixo ir”, sei "soltar".
Let it go…
Mas existem momentos - por que são muito positivos - nos quais é muito difícil "soltar"...
Não consigo no momento “deixar uma boa memória" ir, desaparecer:
a semana que passei em New York há pouco tempo.
Dias repletos de harmonia, de divertimento e até de (como sempre em N.Y. – por mais que um a conheça) descobertas…
Pela primeira vez fiquei hospedado no Waldorf=Astoria (sim, sim, o nome oficial é com um hífen – uma das raríssimas palavras em portugues que terminam com um “n” - este o porque da expressão "Meet me at the hifen").
E um novo mundo de descobertas se abriu para mim.
Além do „grandeur“, ótimo serviço, bom gosto, impecáveis quartos, objetos de arte (que estátuas Art-deco mais maravilhosas no Bar principal) e simpatissíssimo „Staff“, um novo mundo abriu-se para mim, não só em termos de Art-Deco como também de história.
Agradecemos a existencia do Waldorf=Astoria, à uma disputa familiar: William Waldorf-Astor concorreu ao Senado e não conseguiu votos suficientes. Para “vingar-se” não só de parte de sua família (a que não o apoiou) como também dos “Four hundred” de Nova York, ele resolveu mudar-se para a Inglaterra, de lá administrar seus bens e mandou colocar abaixo sua mansão da Quinta Avenida para construir um hotel! Deve-se chamar atenção ao fato de que a Quinta Avenida na altura da 34th Street era a zona mais fina e residencial de Manhattan no final do século XIX. Um hotel era inadmissível, um escandalo na realidade.
O “Waldorf” foi inaugurado em 1893 e tinha 13 andares de altura.
O detalhe mais “sarcástico” dessa estória é o fato de que vizinha à esta propriedade se encontrava a mansão de sua tia, Mrs. Astor, líder da alta sociedade nova-yorkina (mesmo que composta só de novos ricos do "novo-mundo". Sua residencia ficou mais do que oprimida ao lado desse imenso hotel. Mrs Astor mandou construir uma outra mansão “Uptown” e abandonou sua casa e sua famosa sala de bailes (o porque dos “New York-four hundred” é fácilmente explicável: o salão de baile de Mrs. Astor, só acomodava 400 convidados… então a “Upper-crust” ficou resumida à 400 pessoas – quem não era convidado para esses famosos bailes não era “in”) .
Seu filho John Jacob Astor IV colocou a mansão abaixo e construiu, ao lado do Hotel Waldorf, o Hotel Astoria, que abriu suas portas em 1897 e era quatro andares mais alto que o Waldorf.
Os hotéis foram construídos como duas unidades separadas mas o Astoria foi planejado de uma forma que uma “conexão” poderia ser feita na altura do “Peacock-Room”.
“Peacock” é um pavão… e na última década do século XIX, suas plumas estavam en vogue para adornar os chapéus das senhoras. Como a sociedade feminina nova-yorkyna tinha descoberto os “almoços fora”, esta sala vivia cheias de senhoras e, óbviamente, destas plumas (como diria Stephen Sondheim na sua canção: The ladies who lunch…). À elas agradece seu nome. No atual Waldorf=Astoria existe um Peackcock-Room... apesar de chapéus não existirem, quanto menos plumas de pavão... e pouca gente sabe o porque desse nome.
A “disputa” ou “briga familiar” de certa forma acabou; eles esqueceram o assunto e os dois hotéis foram conectados, usando uma única recepção e dando início ao que até hoje conhecemos como “um templo” em questões de hoteleria. Este novo Hotel uniu o nome dos dois hotéis existentes: The Waldorf =Astoria. Na época o maior hotel do mundo, foi o primeiro a promover eventos caritativos, bailes de sociedade (ao qual todo o “who’s who” nova-yorkino comparecia) e a ter “Room-Service”, coisa até então desconhecida!
No final dos anos 20 do século XX a zona “posh” de Manhattan já tinha se mudado ou para “Upper Midtown” ou para “Uptown”. Foi comprada uma grande parcela na Park Avenue entre as 49th e 50Th Street para um novo hotel e o “antigo” Waldof=Astoria foi demolido para dar lugar a um outro marco da skyline de Manhattan: o Empire State Building (que, junto ao Chrysler Building, utiliza, da forma mais bonita que conheço,o uso de mármore em sua portaria. Art-Deco pura.)
O contrato para a construção do “novo” Waldorf=Astoria foi fechado horas antes do “Crash”, da queda da bolsa de 1929. Por pouco não teríamos o que é hoje um grande legado arquitetonico e histórico para N.Y.. O Waldorf=Astoria definitivamente pertence ao patrimonio cultural de N.Y..
As construções do “Waldorf-Astoria”, do “Empire State Building” e de parte do “Rockefeller Center” entre 1929 e 1933 foram grandes fatores de “ajuda” durante os anos da Depressão. Deram emprego a milhares de homens.
Se o Empire State foi construído num tempo “record” (14 meses), os 47 andares do Waldorf-Astoria demoraram um pouco mais .
Este só foi aberto ao público em 1933.
Na época ele transformou-se de novo no maior hotel do mundo (1508 quartos) e tinha um dos Night-Clubs mais interessantes de New York: o “Starlight Roof” (que infelizmente não mais funciona). Localizado no décimo-oitavo do edifício o seu teto era móvel, ou seja, em noites estreladas ou de lua, o teto se abria e os “customers” dançavam ao luar… isn't it romantic?
Aqui se apresentaram muitos nos anos 40 e 50: Frank Sinatra, a grande Rosemary Clooney (a tia de George, para quem não a conhece), Dinah Shore, Lena Horne...
É a “casa longe de casa” do presidente, onde, até hoje na suite presidencial, se encontra a cadeira de balanço de John F. Kennedy (Por falar em legados… Cole Porter e sua esposa, Linda, viveram nas “Towers” de 1934 a 1964. Seu piano, um maravilhoso “Steinway & Sons” está hoje em dia perto do Lobby da Park Ave. Eu o olhei com grande respeito, homenageando-o silenciosamente – Acho que Cole entendeu!)
Vale a pena pesquisar mais sobre a história deste maravilhoso hotel: só a cozinha é do tamanho do quarteirão e produz mais de 14.000 mil "meals" por dia! (O Waldorf=Astoria ocupa todo um quarteirão).
Não só Cole Porter mas também Marilyn Monroe, a colunista Elsa Maxwell (as duas, na próxima foto, na suite de Monroe), Bing Crosby viveram aqui (“Bing” teve que mudar-se das Towers para um andar mais baixo – sofria de medo de Alturas!). Assim como Frank Sinatra (que ficou com a suite 33a – a de Cole & Linda Porter!).
Ginger Rogers, Walter Pidgeon, Lana Turner e Van Johnson trabalharam em “Week-End at the Waldorf” (MGM, 1945), um remake de “Grand Hotel”, filmado on location no hotel!
Reis, rainhas, princípes e princesas – todos se hospedaram aqui. Grace Kelly e Rainier do Monaco celebraram aqui seu noivado.
O Hotel tem uma própria plataforma ferroviária subterranea (que pertence oficialmente à Grand Central Station na rua 42). Esta foi usada, entre outros, por Roosevelt – o elevador é imenso pois foi construído para o carro do presidente.
Todos os presidentes americanos, desde Roosevelt, viveram, quando em N.Y., no Waldorf=Astoria.
O Hotel criou a famosíssima “Waldorf Salad” (imortalizada num verso de “You’re the Top” de Porter: “You’re the Top, you’re a Waldorf salad…”)
E como sou um grande “eater” na hora do “Breakfast” estarei sempre grato ao Waldorf=Astoria pela criação de um dos maiores pecados culinários matinais: Eggs Benedict! God bless!!!!
Como meu pai os amava… Bem, filho de peixe, peixinho é…
Bem, como seja, não estou querendo deixar esses momentos passar… Aqueles momentos quando descia ao Lobby, tendo descansado dos passeios diários e arrumado, perfumado, tomava um Drink – às vezes só um copo de vinho tinto no Bar principal, antes de sair para jantar… Ouvindo os acordes do lindo relógio da Exposição Mundial… e o piano de “Sam” – uma maravilhosa pianista com quem fizemos amizade… Ela tocou para mim não só “Laura” como também “My melancholy Baby”… Ahhh, que vida boa!!! (E o Bartender, Tom, era amigo de Colin Donnel, que muito admirei em “Anything goes” – vide a postagem passada!)
P.S. uma dica: se voce tem alguma conta do Waldorf=Astoria… Se seus pais ou avós passaram a lua de mel lá ou alguém de sua família esteve lá… Não importa o ano: apresentando a conta original, o hotel ficará com a conta para o museu do hotel, mas lhe dará o mesmo preço pago na época…
P.S.2 Meu Lobby predileto: o da Park Ave.
P.S.3 Thanks Cole!
">
P.S.4 Obrigado Erich por este lindo presente!
Marcadores:
Arquitetura,
Crosby Bing,
Horne Lena,
Memórias...,
Pidgeon Walter,
Rogers Ginger,
Sinatra Frank,
Sondheim Stephen,
van Johnson
Assinar:
Postagens (Atom)