quinta-feira, 30 de julho de 2009

Pennies from Heaven (1981) e crianças dançando... o meu pesadelo pessoal!

NUNCA fui fã de crianças dançando no cinema, muito menos daqueles prodígios que apareciam antigamente. Pobre Shirley Temple. Talvez com exceção de uma cena, na qual sapateou com „Bo“ Jangles, sempre achei-a uma das criaturas mais chatas e abomináveis que apareceram nas telas do cinema para nos assombrar. Crianças dançando… Gene e Fred tentaram dançar com eles... com resultados, para o meu ver, desastrosos.

Mas como „toda regra tem uma exceção“ gostaria hoje de mencionar um inteligentíssimo filme de Herbert Ross chamado „Pennies from Heaven“ (1981). Este, por sua vez, foi baseado num filme da BBC e foi, na realidade, apesar de „musical“, o primeiro filme dramático de Steve Martin. Neste filme existe uma das poucas cenas com crianças que realmente adoro (As outras são do musical muito especial „Annie“). Lembro-me que assisti "Pennies" pela primeira nos anos 80 num quarto de Hotel... para ser mais específico: no Sheraton de Hong-Kong... (chic, hein?) e fiquei enlouquecido com este filme.

O enredo é simples. Também duro e forte. Personagens reais e sérios durante a época da Depressão nos U.S.A.transformam-se quase em arquétipos: um „fallen Angel“, ou seja, a professorinha primária que cai em desgraça por tornar-se „a outra“ na vida de um homem, „a eterna sofredora“ a mulher traída, a frígida esposa que tem que aceitar certas práticas sexuais do seu marido que não estão de acordo com ela, o „Canalha“, um „Gigolo“ que encontra a professorinha no seu caminho „para baixo“ e transforma-a numa prostituta, o „Herói“, um sonhador sem muita moral que é acusado de um crime (estupro) que não cometeu e condenado à morte.
Tudo isto „regado“ com maravilhosas canções dos anos 30 mas com um detalhe sutil: nenhum dos atores canta. Eles estão sendo dublados por gravações originais. Estas são usadas das formas mais variadas e contribuem para o status de quase „culto“ que este filme possui. Sempre refletindo o estado mental, a „mood“ na qual o personagem neste preciso momento se encontra. Um grande momento, um dos melhores do filme: O casal principal dança ante uma tela de cinema „Let’s face the Music and Dance“, uma cena de quase suicídio, na frente de Astaire & Rogers em „Follow the Fleet“ (1936).


Um outro bom exemplo: a esposa está deitada na cama depois de ter sido „usada“ pelo marido (como ela mesmo refere-se a „fazer amor“).
- Ele está fazendo a barba, de costas para ela. Tagarelando.
- Ela se levanta devagar e com olhar fixo de ódio começa a cantar/sincronizar uma doce canção de amor chamada „Yes, it’s true“ (I love you), dirigindo-se diretamente a ele.
- No meio do caminho ela apanha uma tesoura e continua em sua direção. Cantando.
- Ao chegar quase ao final da canção, ela, já com o braço elevado, está para lhe cravar a tesoura nas costas quando ele
– CORTE –
vira-se e diz „Voce disse alguma coisa?“.
Ela, que na realidade está deitada na cama, responde titubeando e sem graça: „Não…“.


Um momento soberbo de cinema! Genial!

Jessica Harper é a esposa, Christopher Walken o gigolo e, my darling, Bernadette Peters o arquétipo do „Fallen Angel“, a professorinha. Bernadette, a única de todo o elenco que realmente é uma atriz de musicais, e para quem deve ter sido mais difícil o fato de não estar cantando ela mesma. Mesmo assim recebeu um Golden Globe por sua atuação. Infelizmente não consegui minha cena preferida „Life is just a Bowl of Cherries“ – só esta foto! Quem sabe um dia… Eu tenho o filme…

Mas, como começamos este relato hoje falando sobre crianças no cinema, vamos acabar voltando a elas.
Aqui uma cena que amo.
Não só as crianças mas a interpretação „sabida“, cheia de estilo de Bernadette Peters com todos os trejeitos, olhares e „carinhas e boquinhas“ das cantoras dos anos 30 sincronizando „Love is good for anything that ails you!“.
Hoje uma postagem mais divertida, Let’s have fun! Yeahhh!
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e para quem ainda tiver um pouco de paciencia... um curto trailer do filme (com um PEDACINHO da cena na frente da tela do cinema... reparem no jogar do lenço... fascinante!)
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