quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Follies (1971) e a tenacidade de Stephen Sondheim...

Há poucos dias resolvi ouvir de novo o CD da produção da Broadway de 1971 “Follies”.
Sim, o imcompreendido, maltratado e massacrado “Follies” que estava muito mais adiante de sua época do que se supôs na época. Até hoje este trabalho ainda causa grandes controvérsias... e está muito além do nosso tempo.

Toda a estória de “Follies” foi inspirada numa foto de uma senhora de idade, muito glamourosa e bem vestida, na frente de um cinema que estava sendo demolido. O cinema? Nao me lembro... A senhora? Gloria Swanson dando outra variação do tema “Norma Desmond”… Muito eficaz!

Eu não tive am 1971 a possibilidade de ver a original (sumptuosa) produção. Há aguns anos atrás também não consegui ir a N.Y. para ver uma nova produção (nao mais tão sumptuosa, deu algum lucro ao contrário de 1971) que não foi tão massacrada pela crítica como a original.
Conheço visualmente só um “Follies in Concert” (com Lee Remick, Carol Burnett, Barbara Cook e Liliane Montevecchio entre outros) que foi filmada no Met nos anos 80.
Ficaram só as fotos, as memórias de um “Follies” (que só trata de memórias) que não vi... Alexis Smith,Yvonne de Carlo (a trágica Carlota de “I’m still here”) e Gene Nelson (grande sapateador, bailarino e frequente partner de Doris Day nos anos 50) devem ter estado incríveis... Mas, como a foto de Gloria, todas minhas "memórias" de "Follies" se equiparam a fantasmas... assim como os próprios fantasmas de todos os personagens os assombram...
Conhecem a estória? Um ex-produtor da Broadway reúne várias de suas "vedetes" para uma reuniao. No mesmo teatro onde todos (jovens) tiveram nome, fama, sucesso... e o fantasmas do passado voltam. Este teatro, que foi transfomado num cinema, depois num cinema pornográfico vai ser demolido para dar lugar a um estacionamento... Vários dos personagens sao interpretados por dois atores (um para o presente, outro para o passado!).

Como estava dizendo, resolvi ouvir este CD de novo e depois de muito tempo sem ouví-lo, fiquei de novo não só maravilhado com a riqueza da música mas também pelos maravilhosos textos de Stephe Sondheim. Sondheim at his very best! Afiado, preciso, tenaz... encontrando a medúla de sentimentos como só ele consegue…

Aqui um lindo exemplo de sua tenacidade descrevendo dois lados de uma mulher:

Lucy is juicy
But terribly drab.
Jessie is dressy
But cold as a slab.
Lucy wants to be dressy.
Jessie wants to be juicy.
Lucy wants to be Jessie
And Jessie Lucy.

…atingindo a medúla, comentando a (rápida) Passagem dos anos:

Who's that woman.
That cheery, weary woman
Who's dressing for yet one more spree?
Each day I see her pass
In my looking-glass--
Lord, Lord, Lord, that woman is me!
E "Broadway Baby", eternizando a “luta” pelo estrelato na Broadway com muito humor:

Broadway Baby,
Making rounds all afternoon,
Eating at a greasy spoon
To have on my dough.
Oh...AtMy tiny flat
There's just my cat.
A bed and o chair
StillI'll stick it tillI'm on a bill
All over Times Square.
Someday, maybe,
If I stick it long enough,
I may get to strut my stuff
Working for a nice manLike a Ziegfeld or a Weismann
In a great bigBroadway show!

E uma pequena parte de "I'm still here" (O carro chefe de Carlotta/ De Carlo) que é inesquecível, simplesmente uma obra-prima:

First you're another
Sloe-eyed vamp,
Then someone's mother,
Then you're camp.
Then you career from career
To career.
I'm almost through my memoirs.
And I'm here...
Sinto falta de ouvir textos assim... Sinto falta de encontrar trabalhos musicais assim; extremamente bem estruturados, complexos, densos e cheios de emocoes e sentimentos... Sinto realmente muita falta de teatro musical assim...

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