"Mem'ries light the corners of my mind,
misty, water-colour mem'ries
of the way we were.... "

Os anos passam e às vezes nos lembramos com muito prazer e afeto de alguma coisa que, em alguma época de nossas vidas, disfrutamos muito... Ontem olhando meus livros encontrei um volume de contos e estórias curtas de Oscar Wilde e folheando este reecontrei, com muito prazer e muito afeto, "The nightingale and the rose". Trinta anos depois de ter lido este conto pela primeira vez, fiquei ainda mais emocionado com sua simplicidade, com sua fantasia e real desfecho (e com toda aquela eloquencia tao wildiana, aqui usada simplesmente para narrar as desventuras deste pequeno e preocupado rouxinol). Coloquei aqui este link para quem quizer le-lo... Vale a pena. Eu recomendo muito!
How do I love thee? Let me count the ways.
Bons atores como George Kennedy, Olivia Hussey, Sally Kellermann e Bobby Van estão como “peixes fora d’água” nêste filme enquanto maravilhosos e talentosos outros como John Gieguld, Charles Boyer, Michael York, Peter Finch e Liv Ullmann estão completamente perdidos e nada à vontade! Nada mesmo! Um caso terrível de desperdício de talento!
Muitos ainda se lembram de „Funny Girl“ (como diz meu amigo Cláudio de Berlim: “ Uma relíquia”) e de como Streisand nos encantou por mais de duas horas com as peripécias, alegrias e tristezas de Fanny Brice... A jovem Barbra foi uma escolha mais do que adequada para o filme de 1968 dirigido pelo mestre William Wyler, já tendo antes causado um grande impacto com sua atuação no original na Broadway que estreiou em 1964. Streisand durante uma época gravou várias canções de Fanny como por exemplo “My man” e “Second hand Rose” (que chegou a ser um Top 40 Hit).
Bem antes de “Funny Girl” um filme chamado “Rose of Washington Square” com Alice Faye, Tyrone Power e Al Jolson foi feito em 1939 na 20th Century Fox. Este foi tao óbvia- e descaradamente baseado na estória de Fanny Brice e Nicky Arnstein que ela processou o estúdio por invasão da sua privacidade – e ganhou! A Fox teve que retirar várias cenas musicais do filme que estavam associadas à Brice... Seria interessante saber se hoje em dia existem cópias “completas” deste filme – Tenho que pesquizar o DVD... Em “Rose” nao foi só incluída a canção título (de um “Follies”) com também “My man” – o carro-chefe de Brice que Ziegfeld tinha achado, na década de 20 em Paris. “Mon Homme” foi traduzido ao inglês e, por insistência de Ziegfeld, cantado sériamente por Brice, o que causou um grande impacto nos “Follies de 1921”, já que o público estava acostumado a ve-la só como cômica. Ela também desta vez deixou de usar o sotaque "jidisch" que sempre usava no palco (logo ela que nao falava jidisch) e usou um mid-atlantic english. O seu infeliz casamento com “Nicky” Arnstein certamente deve ter contribuído muito à sua interpretação desta “chanson”.
A “biografia” de Fanny (no musical) foi bastante “fantasiada” e alguns fatos foram completamente omitidos. Seu nome verdadeiro era Fania Borach, nascida em Nova York em 1891, filha de judeus húngaros donos de um bem sucedido “Saloon”. Em 1908 ela deixou de ir à escola para ir trabalhar num “Burlesque-Theatre” (ele começou sua longa associação com Florenz Ziegfeld em 1910 , estrelando seu “Follies” – uma relação intensa de trabalho que duraria até os anos 30!), ela foi casada durante sua adolescência com um barbeiro chamado Frank White, “Nicky” passou 14 meses em Sing-Sing antes de se casarem (ela o visitava toda semana), êles viveram 6 anos juntos antes de casarem-se em 1918, ela nao só teve uma filha de “Nicky” Arnstein (Frances, que casou com o produtor Ray Stark que produziu “Funny Girl”) mas também um menino, William que tornou-se um artista plástico. “Nicky” nao tinha vergonha de estar sendo sustentado por sua mulher, como sugerido no filme. Muito pelo contrário: êle era mais o menos um sangue-suga, um tipo “esponja”, que não tinha o menor problema em usar e gastar o dinheiro de Fanny. Ele não se “entregou” à polícia (por estar envolvido com uma “gang” no roubo de ações no valor de US$ 5.000.000,-) e na realidade se escondeu dela durante bastante tempo. Ele foi de novo em 1924 para a prisão aonde passou três anos. Quando saiu divorciou-se de Fanny – que tinha, durante anos, usado uma grande parte de seu dinheiro com advogados etc. “Nicky” era americano, ou seja, nada daquela coisa de sotaque estrangeiro ou de charme “continental” como Omar Sharif no filme.
Numa de suas raras aparicoes cinematográficas, Fanny pode ser vista como Baby Snooks no musical de Judy Garland “Everybody sing” (1938). Outras aparições suas no cinema incluem “My man” de 1928 (aonde cantou o seu “clássico” de “vítima dependente”) , "Be Yourself!” (1930) assim como “The great Ziegfeld” (1936) onde reprisa “My man” e “Ziegfeld Follies” (1946). No dois últimos ela interpreta a si mesma.
Apesar de ter dito que abandonaria o rádio (aonde atuava como Baby Snooks desde 1936) ela havia já assinado um contrato prolongando o show! Como diria “Baby”: