sábado, 18 de outubro de 2008

Supporting Actors/Actresses II : Gladys Cooper

Continuando a minha série sobre atores/atrizes coadjuvantes, repito o que escrevi no meu relato sôbre Mary Boland (Vide a primeira postagem desta série, Supporting Actors/Actresses I: Mary Boland, de 1 de agosto de 2008): Penso já há muito tempo em fazer uma série de postagens em homenagem a vários “Supporting actors and actresses” – aqueles que já vimos centenas de vezes nas telas e de quen nao sabemos mais os nomes ou exatamente aonde os vimos... Vamos agora também pensar na palavra "support" e em companhia de quem esta particular atriz esteve: Bette Davis, Laurence Olivier, Joan Fontaine, Ginger Rogers, Vivien Leigh, Deborah Kerr, Audrey Hepburn, Judy Garland, Gene Kelly, Kay Kendall, Cary Grant, Rex Harrison, Jennifer Jones, David Niven, Burt Lancaster, Loretta Young, Wendy Hiller, Rita Hayworth, George Cukor, Vincente Minelli, Somerset Maughan ... e isto só para citar alguns... quase um "Who's who?" das "performing arts", nao é verdade?

Bem vinda a "Tertúlias", Gladys Cooper!!!!!


Filha de um famoso jornalista, Cooper (1888, Inglaterra - 1971, U.S.A.) começou sua carreira teatral em 1905 no teatro musical em peças como “Bluebell in Fairyland” e “The Belle of Myfair”, em 1907 virou uma corista no famôso Gaiety Theatre em Londres e durante a Primeira Guerra Mundial foi a “paixão” (em termos de II Guerra Mundial comparável à "pin up" Betty Grable) dos soldados inglêses. Trabalhou numa produção de “The importance of being Earnest” de Oscar Wilde, assim como, em 1919, em “Home and Beauty” de Somerset Maughan. Nesta foi criticadíssima por Aldous Huxley que a encontrou “estática, demasiadamente estatuesca, atuando todo o tempo como se fôsse Galatéa, recentemente desempetrificada e ainda não à vontade, nao acostumada à forma de viver dos sêres humanos”.

A partir de 1922 ela encontrou o estrelato no palco (já tendo também trabalhado no cinema mudo na Inglaterra desde 1913) na peça “The second Mrs. Tanqueray”. Entre seus grandes êxitos nos anos 20 a peça “The letter” (A carta, 1927) também de Somerset Maughan por quem foi extremamente elogiada e que a aclamou dizendo: “Gladys Cooper transformou-se de uma atriz indiferente numa atriz extremamente competente!”. “The Letter”, uma estória de traições, infidelidade e mentiras passada numa plantação fora de Singapura (na mais incrível tradição Maughanesca!!!!!! ) foi filmada em 1940 e trouxe muito prestígio e indicacao ao Oscar para Bette Davis).


Só a partir de 1940 Gladys Cooper entrou realmente em nossas vidas quando interpretou Beatrice Lacy a simpatissíssima irmã de Max DeWinter (Laurence Olivier) em "Rebecca" (Hitchcock, 1940 e no Brasil "Rebecca, a mulher inesquecível", título com o qual brincávamos dizendo "Rebível, a mulher inesquebeca"... lembram? ) que é um apoio para “ela” (Será que alguém aqui já tinha se dado conta que o nome do personagem principal feminino em “Rebecca”, no caso Joan Fontaine – vide minha postagem “Carta de uma mulher desconhecida, Stefan zweig” de 13 de agosto de 2008 – nunca tem seu nome mencionado???????? Nem no filme, nem no livro... ).


A partir deste momento Gladys nao parou de trabalhar nos papéis mais variados possíveis que eram óbvios para uma atriz de tamanha versatilidade. E para citar só alguns: a snob e finíssima mãe do “noivo” que não aceita a menina classe média/baixa Ginger Rogers para seu filho de Philadelphia em “Kitty Foyle” (RKO 1940),
A sexualmente desprezada, mal amada, amarga mulher de Nelson (mais uma vez Laurence Olivier) que o perde para “That Hamilton Woman” (MGM 1941), que nao é nada mais nada menos do que Emma Hamilton no corpo de uma deslumbrante Vivien Leigh no auge de sua beleza (e que num grande "tour de force" como Emma acaba bêbada, velha e feia na sarjeta e depois até presa... ) e, num grande desempenho, bem caracterizada, como a tirânica e possessiva Mrs. Vale, mãe velha da solteirona, complicada e doente mental “Charlotte”(Bette Davis em “Now, Voyager” - A viagem, Warner 1942). Gladys recebeu uma indicação ao Oscar. Perdeu.

Também não podemos esquecer de invejosa, angustiada freira que, torturada por seus própios demônios, nao podia aceitar que Deus tivesse elegido uma garôta pobre, burrinha, práticamente analfabeta como Bernadette para “presenciar o aparecimento de Maria" em “The Song of Bernadette” (A canção de Bernadette, MGM 1943) ao lado de Jennifer Jones. Esta coitada, que é digna de pena, é colocada cara-a-cara com a revelação da divindade do caráter de Bernadette, que já havia sido injustamente transformada em “Irmã Maria Bernarda” por uma insegura igreja que não sabia o que fazer com ela, e se arrepende... Nada pior na vida do que o remorso... Mais uma indicação ao Oscar para Gladys. Perdeu uma segunda vêz.


Versátil como sempre foi a boa Beatrice Hamimgtons que “une” Joseph Cotten à linda Jennifer Jones (as duas mais uma vez trabalhando juntas) em “Love Letters” de 1945 (foto abaixo), uma mulher de altíssima sociedade em “The bishop’s Wife” (1947 ao lado de Cary Grant, Loretta Young e David Niven), a tia de Judy Garland, a “Manuela” da Comédia-Musical “The Pirate” (O pirata, MGM 1948 também com Gene Kelly) de Vincente Minelli e a mãe preocupada de um rapaz que está apaixonado por Emma... a fútil, sonhadora Emma Bovary... sim, mais uma vêz ela com Jennifer Jones em “Madame Bovary” (MGM 1949) também de Vincente Minelli.


Seu complexo personagem em “Separate Tables” que desempenhou nao só na Broadway (primeira foto abaixo) mas também em Hollywood (segunda foto abaixo) em 1958 ( com "minha querida" Deborah Kerr, sua oprimida e recalcada filha... ), atuação sua muito aclamada ao lado também de Burt Lancaster, David Niven, Rita Hayworth, Wendy Hiller e outros...


...e como também “The bright one” na Broadway em 1959 ao lado da encantadora, mágica e inesquecível Kay Kendall, na época casada com Rex Harrison e no auge de sua curta carreira, que logo depois sucumbiria à uma terrível leucemia...


... e, para finalizar esta lista (que é realmente curta em relação aos trinta e poucos filmes que fez) a encantadora, jovial, descomplicada mas também finíssima, aguda e retóricamente precisa Mrs. Higgins, mãe do professor e grande suporte à Eliza no grandioso “My fair Lady” (Minha bela Dama, Warner 1964, dirigido pelo grande George Cukor). Mrs. Higgins trouxe-lhe uma terceira indicação ao Oscar e também uma terceira perda. Aqui Cooper ao lado de Audrey Hepburn e de Wilfrid Hyde-White...



Seu ínico premio foi um Golden Globe em 1965 pela séria “The Rogues” com David Niven, Charles Boyer, Gig Young e Larry Hagman.

Até o final de sua vida Gladys Cooper continuou entre o West-End, a Broadway e Hollywood.
Ela foi casada três vezes, teve duas filhas (no primeiro e segundo casamento) e não existem quase relatos sôbre sua vida como pessoa privada. Melhor assim.
Ela morreu em 1971 aos 82 anos de idade.
Deixou uma grande heranca para todos nós: Muitos momentos brilhantes nas telas do cinema com muito talento e técnica usados precisamente para nos dar esta grande satisfação em vê-la... assistí-la....
Por todo este legado, por todos estes momentos: Obrigado GRANDE Gladys!!!!

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