
Escrita pelo incrível e inteligentíssimo J.B. Priestley (1894 – 1984) em 1937, ela é considerada como uma das melhores obras do que sao chamadas suas “Time plays”: uma série de pecas que joga com diferentes conceitos sobre o TEMPO.
Superficialmente „O TEMPO E OS CONWAYS“ parece contar a estória de um grupo de jovens, cujas esperancas de felicidade na vida serao completamente frustradas – ou pelos seus próprios erros ou pela interferencia de outros (o chamado “destino”?). Num nível mais profundo, esta peca explora a pergunta se a felicidade é realmente possível e se podemos nós mesmos mudar o curso de nossas vidas.
A estrutura deste maravilhoso trabalho é simplérrima, porém bastante revolucionária para a época em que foi escrito (1937).
“Time and the Conways” usa a simples estrutura de tres atos:
* O primeiro em 1919, na casa dos Conway, na noite da festa de aniversário da filha, Kay.
* O segundo passa-se para a mesma noite (aniversário de Kay), na mesma casa, porém em 1937.
* O terceiro ato volta para 1919 e é, na realidade, a continuacao do primeiro ato.
Ato I
No primeiro ato a atmosfera é de uma celebracao – nao só o aniversário de Kay mas também o final da primeira guerra mundial (1918) e o “início” de um novo mundo, em paz, com grandes perspectivas para o futuro. Mrs. Conway tem quatro filhas (Kay, Hazel, Madge e Carol) e dois filhos (Alan e Robin). Os Conways pertencem à alta burguesia. Além deles mais tres personagens aparecem: Gerald, um advogado, Joan, uma jovem apaixonada por Robin e Ernest, um ambicioso jovem de classe social mais baixa... Durante um momento Kay é deixada só no palco, digo, na sala e tem o que pode parecer ser uma “visao” do futuro.
Ato II
Aqui somos confrontados, quase 20 anos depois, com asdesilusoes que caíram sobre os Conway e vemos como suas vidas fracassaram das mais diversas formas: Carol morreu, Hazel casou-se com o sádico, porém próspero Ernest, Robin tornou-se um caixeiro viajante que odeia sua esposa Joan, Madge nao conseguiu realizar seus sonhos socialistas. Kay, de alguma forma, sucedeu em tornar-se uma mulher independente mas nao com seu sonhos de ser uma novelista. A fortuna dos Conway acabou, a casa tem que ser brevemente vendida e a heranca de todos os filhos nao mais existe. A tensao e o rancor explodem, só para serem dominados por um clima de tristeza e miséria “d’alma”. Sómente Alan possui calma interior. No final do ato II ele e Kay sao deixados à sós no palco e Kay descreve sua angústia. Alan opina que o segredo da vida é compreender sua verdadeira realidade; que nossa percepcao do TEMPO como uma linha reta, uma diretíssima (e que temos que pegar e levar da vida o que for possível antes que morramos) é completamente errada. Se pudéssemos ver o TEMPO como eternamente presente dentro de nós mesmos, poderíamos traspassar a linha de nossos sofrimentos e, deixando esta para trás, compreenderíamos que nao haveria mais necessidade de machucar outros ou entrar em conflito com eles.
Ato III (comeca aonde o primeiro ato acabou)
Este é para mim o ato que mais machuca: Nós já sabemos o que vai acontecer com a vida deles – eles nao! Aqui vemos também como as sementes para a destruicao do futuro dos Conway já estavam sendo plantadas... ali, por eles mesmos (de novo minha pergunta: o chamado “destino”?). Ernest é recusado por Hazel e Mrs. Conway, o amor que Gerald sente por Madge é também destruído pelo esnobismo de Mrs. Conway num outro momento de alta arrogancia social! Alan é rejeitado por Joan e aí por diante... Quando o terceiro ato está para acabar, todos os jovens se reúnem para jogar uma espécie de jogo para “ver o futuro”: nervosa, angustiada e sem saber porque, Kay, a aniversariante, parece ter uma visao do “futuro” que vimos no segundo ato. A peca acaba com Alan prometendo que um dia no futuro será capaz de dizer-lhe algo que a ajudará...
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