segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Marie Antoinette: se a vida fosse assim, mais como um roteiro antigo de Hollywood...

Existem cenas de filmes que apesar de distorcer a história (Hollywood sempre foi mestre nisso) são na realidade melhores do que a própria…



Durante seus anos em Versailles, antes da morte de Louis XV e de tornar-se rainha de França, Marie Antoinette evitou ao máximo qualquer contato com a ex-chapeleira (millinery), cortesã e amante de Louis XV, Jeanne Bécu, La Comtesse du Barry.



Por insistencia por parte de sua mãe, a imperatriz Maria Theresia d'Austria, e do Embaixador austríaco em França (que pensavam estratégicamente em “não desagradar” o Rei, o que é políticamente fácil de explicar) ela finalmente concordou e, durante um baile em Versailles, dirigiu-se à uma das mais notórias cortesãs da história dizendo as seguintes palavras:

«Il y a un bon nombre de gens à Versailles aujourd'hui»



Só e nada mais do que isto. Antoinette deixou bem claro ao Embaixador, Conde Mercy, que não tinha a absoluta intenção de falar mais do que estas palavras com Du Barry. Esta ficou contente por ter conseguido mais um triunfo e estas palavras entraram para a história.

Hollywood e seus roteiristas não puderam deixar tão ilustre cena passar tão “despercebida” e, mudando a história descaradamente, transformaram este “encontro” em algo mais imponente em termos cinematográficos, algo mais forte em termos de roteiro.



(Detalhe, o filme era “Marie Antoinette”, MGM 1938. Uma incrível produção – iniciada por Irving Thalberg - com a lindíssima Norma Shearer – então uma das rainhas da Metro, e o mais bonito perfil da história do cinema, esposa de Thalberg - e um jovem Tyrone Power):




Após uma entrada triunfal num baile que Antoinette está dando, Du Barry (a atriz Gladys George) agride-a verbalmente ao acusar a falta de Louis XVI e mencionar o “quarto das crianças” – Antoinette demorou anos para produzir um herdeiro, um real problema, devido ao seu casamento ainda não consumado. Além disso nota como Louis está bem representado por seu primo – sugerindo também a existencia de um caso de amor entre Antoinette e o Duc de Orléans – no filme Joseph Schildkraut.



Mme. du Barry: I presume I shall not have the honor of meeting his Royal Highness?
Marie: My husband does not care for dancing, madame.
Mme. du Barry: Quite the family man, isn't he? The fireside, the nursing room and all that? Well, here is my old friend and how well he takes the husband's place!

“Toni” que, no filme, tinha prometido ao rei (Louis XV e neste caso John Barrymore) “comportar-se bem”, sente-se como se “tivessem pisado nos seus calos”, dá início a um diálogo que simplesmente adoro:



Marie:
I'm sorry you feel your triumph incomplete, madame. My husband has better sense than I. He knows where to draw the line.
King Louis XV: Will you dance, Madame?
Mme. du Barry: So that's it? I'm dirt, ah? Not good enough for your high and mightiness?
Marie: But, nooo, madame! Royalty loves an occasional roll in the gutter, don't they Grand-pappa?
I enjoy nothing more than meeting people of broad experience. You see I've never walked the streets of Paris, but I am sure you could tell me something about
that.


Com isto “Toni” insinua simples e diretamente um “faire le trottoir” para Du Barry, que insultada abandona o Baile na companhia de Sua Majestade Louis XV.



Eu particularmente adoro a frase na qual se refere à aristocracia e como “amam uma rolada ocasional na sarjeta”… Ah, se a vida fosse assim…

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